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Piercings, evangelho e cultura

Sandro Baggio

Piercings estão cada vez mais comuns em nossos dias. Algo que há menos uma década era
olhado com reprovação e preconceito, é hoje visto em homens, mulheres, jovens e até
crianças. Se a sociedade parece estar aceitando esses adereços cada vez com mais
naturalidade, os cristãos parecem confusos a respeito. Afinal de contas, a questão da
aparência ainda é assunto de grande discussão e controvérsia em muitos círculos
evangélicos.

A primeira coisa que precisamos ter em mente quando o assunto é aparência pessoal, é que
se trata de algo que muda com o tempo e com o lugar. Usos e costumes estão diretamente
ligados à cultura.

Basicamente uma cultura é formada por três elementos:

- Cosmovisão (a maneira como um povo vê o mundo);

- Sistema de valores (o que é importante para aquele povo);

- Normas de conduta (o modo como um povo se comporta, e isso dizem respeito tanto à
vestimenta, como ao modo de se relacionar com os outros, etc.).

Culturas são diferentes de acordo com sua cosmovisão, valores e normas de conduta.
Arrotar em público após uma refeição é totalmente aceitável (e até louvável) em certas
culturas, e repugnante em outras. Uma mulher com os seios à mostra é normal em muitos
países da África (onde a mesma mulher não pode exibir as pernas acima do tornozelo)
enquanto que o mesmo é obsceno em outras partes do mundo. Beijar na boca em público é
normal aqui no Brasil, mas pode levar alguém à cadeia em certos países islâmicos. Nestes
mesmos países islâmicos, um homem não pode andar de mãos dadas com sua esposa, mas
pode andar de mãos dadas com outro homem. No Ocidente tal prática evoca idéias de
homossexualismo. E por aí vai. Todas essas coisas são formas de expressão cultural.

Podem ser um insulto ou algo escandaloso para os de fora (que não fazem parte da cultura),
mas não são necessariamente erradas para quem é daquela cultura.

O fato é que nenhuma cultura é totalmente igual à outra e nenhuma cultura está acima da
outra. João viu no céu povos de todas as tribos, raças, línguas e nações (grupos étnicos).
Todas as culturas possuem elementos que precisam ser valorizados e outros que precisam
ser transformados pelo Evangelho.

Sendo a aparência pessoal uma questão de expressão cultural, esta aparência também
muda de acordo com a cultura. Pinturas na face e no corpo estão presentes em diversas
culturas. Na Polinésia, os nativos usam a tatuagem para escrever sua história familiar no
corpo. A tatuagem e o piercing no umbigo eram comuns no Antigo Egito. Alguns povos usam
piercing, brincos e outras formas de alteração do corpo (body modification ou simplesmente
body modi).

O problema é que o mundo está ficando pequeno. Estamos nos tornando cada vez mais uma
aldeia global. Esta globalização faz com que certos costumes que antes só eram vistos em
algumas culturas isoladas e lugares remotos da terra, comecem a se tornar moda em todo o
mundo. A tatuagem de henna é um exemplo recente desta realidade.

E quem são os responsáveis pelo lançamento da moda em nosso mundo? Os meios de


comunicação em massa, que muitas vezes mostram artistas, músicos e cantores usando
determinada roupa, adereço, estilos diferentes muitas vezes copiados por nós, ou porque
não dizer, copiados de nós. Isto mesmo!!!

Citando dois exemplos: Os Rapper’s americanos não inventaram um estilo de roupa e


ornamentos, eles já existiam, porém foram popularizados pela mídia. A popularização de
alguns costumes orientais no Ocidente teve forte influência dos Beatles, quando estavam em
sua fase “Flower and Power”. Muitas das batas, camisões e pantalonas que vemos hoje em
nossas ruas, praças, e até na igreja, foram uma influência direta da que é chamada a “maior
banda de todos os tempos”, porém, são “politicamente aceitas” por muitas de nossas
lideranças.

A popularização do piercing foi em 1993 com o vídeo clipe "Cryin", do Aerosmith, onde Alicia
Silverstone apareceu com um piercing no umbigo. Uma banda de rock, uma balada
romântica, uma jovem atriz linda. Elementos essenciais para fazer a moda pop ou cultura
pop, que nada mais é do que uma mistura de culturas e costumes do mundo pós-moderno.

Leornard Sweet, professor metodista e um dos mais interessantes pensadores cristãos de


nossa época, comenta sobre tatuagens e piercings em seu e-book recente "The Dawn
Mistaken For Dusk". Ele diz que, a razão pela qual "body modi" é o assunto nº.1 nas listas
de discussões e bate-papos de jovens cristãos com menos de 30 anos nos EUA, é pelo fato
disto fazer parte da cultura jovem pós-moderna atual (e quase global), uma cultura onde a
imagem é altamente valorizada.

A ironia disso tudo é que cirurgias plásticas e implante de silicone são coisas cada vez mais
aceitas pelos cristãos modernos. Tem personalidades famosas do mundo evangélico
brasileiro com o corpo siliconado. Todavia, como diz Sweet, "Cirurgia plástica é uma forma
severa de alteração do corpo. Isto é aceito, mas brincos e tatuagens, não são?".

Na Bíblia lemos à história de Isaque que deu a Rebeca uma argola de seis gramas de ouro
para ser colocada no nariz (piercing) e, após fazer isto, ajoelhou-se para adorar a Deus.
Penso que se o primeiro ato fosse pecado ou considerado pagão, então Isaque não teria
adorado a Deus em seguida.

"Então lhe perguntei: De quem és filha? E ela disse: Filha de Betuel, filho de Naor, que Milca
lhe deu. Então eu lhe pus o pendente no nariz e as pulseiras sobre as mãos; e, inclinando-
me, adorei e bendisse ao Senhor..." (Gn 24.47, 48a versão revisada)
No livro de Êxodo, percebemos que as mulheres dos hebreus usavam brincos e argolas, os
quais foram oferecidos como oferta dedicada ao Senhor para a construção do Tabernáculo.
Novamente, não penso que Deus aceitaria de seu povo ofertas que representassem
costumes pagãos.

O texto mais intrigante para mim se encontra em Ez 16.11-12:

"Também te adornei com enfeites, e te pus braceletes nas mãos e colar à roda do teu
pescoço. Coloquei-te um pendente no nariz, arrecadas nas orelhas, e linda coroa na
cabeça" (ARA)

Onde o próprio Deus diz que adornou Jerusalém com jóias, pulseiras, colares, argolas para o
nariz e brincos para as orelhas. Ao que parece, tais adornos não eram uma ofensa ao
Senhor.

Uma vez que a Bíblia parece não condenar o uso de piercing, por que deveríamos nós?

Nosso desafio não é condenar, mas orientar as pessoas (principalmente os jovens) para os
riscos que existem em fazer estas coisas sem uma orientação profissional e cuidados de
higiene e saúde.

A pessoa está consciente dos riscos de inflamação, doenças contagiosas e "efeitos


colaterais" diante da sociedade? Está consciente de que algumas alterações são irreversíveis
e, mesmo diante da possibilidade de reversão, podem deixar marcas para o resto da vida?
Mais ainda, precisamos falar sobre questões de identidade, valor pessoal e auto-imagem.
Pois são estas as questões mais importantes para quem está considerando qualquer forma
de alteração do corpo, seja uma plástica no nariz, implantar silicone, colocar um piercing ou
fazer uma tatuagem.

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