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O documento discute a norma culta brasileira e as críticas dos linguistas ao ensino do português no Brasil. Argumenta-se que os linguistas defendem uma abordagem contextualizada das variedades linguísticas e do letramento, em vez de um foco exclusivo na correção. Também aponta desafios como a falta de comunicação entre teóricos e professores e o tratamento inadequado da variação linguística nos materiais didáticos.
O documento discute a norma culta brasileira e as críticas dos linguistas ao ensino do português no Brasil. Argumenta-se que os linguistas defendem uma abordagem contextualizada das variedades linguísticas e do letramento, em vez de um foco exclusivo na correção. Também aponta desafios como a falta de comunicação entre teóricos e professores e o tratamento inadequado da variação linguística nos materiais didáticos.
O documento discute a norma culta brasileira e as críticas dos linguistas ao ensino do português no Brasil. Argumenta-se que os linguistas defendem uma abordagem contextualizada das variedades linguísticas e do letramento, em vez de um foco exclusivo na correção. Também aponta desafios como a falta de comunicação entre teóricos e professores e o tratamento inadequado da variação linguística nos materiais didáticos.
Antes de Eurico Back, um dos pioneiros da construo universitria da lingustica no Brasil, Aryon Rodrigues, j tinha traado um dos caminhos para a lingustica no Brasil, a chamada lingustica aplicada, atravs do seu texto Tarefas da lingustica no Brasil, em 1965. Ao desenvolver o seu texto, Rodrigues buscava contribuir na sua rea de trabalho para a pedagogia da lngua materna, essencialmente quanto ao seu funcionamento estrutural e social da lngua. Na compreenso de Faraco (2008), a maior parte dos equvocos ocorre na compreenso dos fenmenos lingusticos, que ficam mais visveis mediante as questes identitrias e de valores socioculturais, quando os falantes ficam mais sensveis, externando, muitas vezes, atitudes e juzos de alta virulncia. O texto de Aryon Rodrigues faz referncia a vrias deficincias no ensino de portugus, essencialmente quanto a um conjunto de conceitos e pressupostos nascidos das grandes coordenadas que singularizaram a lingustica frente, por exemplo, tradio gramatical e filologia, o contraste entre lngua falada e escrita e o reconhecimento de diferentes modalidades de escrita. Aryon Rodrigues faz referncia a propriedade na expresso falada e escrita como mais importante que a correo, uma fez que se ligam funcionamento da sociolingustico da lngua. Pois, segundo ele, no h em lngua um padro absoluto de correo, apenas padres relativos s diferentes circunstanciais, o que fortalece a premissa de que a propriedade mais importante que a correo. Nesse sentido, o que ocorre que os linguistas mostram que os falantes variam aleatoriamente suas expresses e toma como baliza no um padro absoluto de correo, mas critrios de adequao circunstanciais. Nesse sentido, os fenmenos lingusticos no so relativos, mas relativos s circunstncias. Se, para a anlise emprica, a variao um dado a ser descrito e compreendido, para a ideologia da lngua homognea, isso um mal a ser combatido, o que deve ser feito com a chamada norma curta, a nica concebvel se a lngua tida como homognea, e em consequncia, o padro absoluto de correo. O certo mesmo que os linguistas tem defendido o ensino das variedades culturas como tambm uma melhor compreenso das variedades da lngua, propondo inclusive que as variedades cultas como um dialeto social e que o ensino fornecesse aos falantes de outras variedades a possibilidade de incorporar esse novo dialeto, tornando- se bidialetais. Hoje est claro que no se pode limitar a discusso s variedades cultas em si, preciso faz-lo em conexo com as prticas socioculturais que as justificam e sustentam: as da cultura escrita. Adquirir familiaridade com as variedades cultas adquirir familiaridade com as prticas socioculturais da escrita. No se deve isolar formas cultas das prticas, pois pode-se perder de vista os complexos processos histricos de construo e transformao da expresso escrita. Quanto maior o letramento, maiores sero a manipulao de textos escritos, a realizao de leitura autnoma, a interao com discursos menos contextualizados ou mais auto-referidos, a convivncia com domnios de raciocnio abstrato, a produo de textos para registro, a comunicao ou planejamento, assim sero maiores a capacidade e as oportunidades do sujeito de realizar tarefas que exijam monitorao, inferncias diversas e ajustamento constante. Os linguistas no so contrrios ao ensino das variedades cultas e tm enriquecido essa discusso ao situar adequadamente essas variedades no contexto das prticas socioculturais da escrita, defendendo uma prtica pedaggica centrada no letramento no sentido amplo e no apenas em formas lingusticas, por que so eles acusados de serem contrrios ao ensino das variedades cultas. O equvoco parece ser o fato de que os acusadores no distinguem como fazem os linguistas, de separar as variedades culturas e a norma-padro. Os lingusticas brasileiros tem sido crticos dessa norma-padro, hoje reduzida norma culta, e de seu ensino. Estes lingusticas no foram os primeiros a fazer crticas, os nossos fillogos e escritores sempre submeteram essa norma crtica, apontando a distncia que havia e h entre os preceitos normativos e os usos cultos reais, distncia que torna a norma-padro impraticvel e disfuncional e reconhea-se com todas as letras, incuo seu ensino, no obstante favorea a difuso da deletria cultura do erro. Faraco (2008) afirma que indispensvel abandonar os projetos padronizadores, nunca prosperaram, pois est claro que o pas passa muito bem sem uma norma-padro para a pronncia, para a escrita sim, ser necessrio, que deveria ter outra natureza, alm da uniformizao ortogrfica existente, precisa-se regulamentar os fenmenos sintticos. Segundo Faraco (2008), o debate dos linguistas sobre o ensino de portugus so interessantes, avanamos na construo de uma pedagogia da leitura, enquanto os alunos esto mais familiarizados com diferentes gneros discursivos e no exclusivamente com o texto literrio. Por isso fundamental que as escolas ofeream aos seus alunos uma experincia da literatura, mesmo sem descuidar com os textos argumentativos. Os sinais mais evidentes da ausncia de uma pedagogia da variao lingustica podem ser encontrados nos livros didticos, nos exames do ENEM e o SAEB. Nos livros os fenmenos de variao so ainda marginais e maltratados, quando se fala em variedades da lngua, predominam referncias variao geogrfica abordada por envolver menos preconceitos do que a variao social. Fala-se, aqui ou ali, no portugus rural, no entanto, os seus aspetos so levados mais para um carter anedtico, no contribuindo em nada para estudos de uma variao lingustica, cuja variao proibida nos meios acadmicos. Raramente os livros didticos tratam da variao social, dos contrastes, dos conflitos, aproximaes e distanciamentos entre as variedades do portugus chamado popular e as variedades do portugus chamado culto. So nestes aspectos que residem os estigmas lingusticos mais pesados em nossa sociedade, uma vez que acultura do erro sempre tem pesado muito em nosso pas. Em todos os nveis da sociedade, nas escolas e nos exames nacionais os contrastes das variaes lingusticas so marcantes. A grande capacidade a ser alcanada ao fim do ensino mdio o domnio dessas prticas sociais e a norma apenas uma parte desse processo maior. O grande desafio, neste incio de sculo e milnio reunir esforos para construir uma pedagogia da variao lingustica que no escamoteie a realidade lingustica do pais, no d um tratamento anedtico aos fenmenos da variao, que focalize os fatos da norma culta/comum/standard no quadro de apoio da variao e no contexto das prticas sociais, eu abandone criticamente o cultivo da norma-padro, que estimule a percepo do potencial estilstico e retrico dos fenmenos da variao. merecedora a anlise na falta de comunicao entre os que teorizam ou escrevem as diretrizes e, os docentes da educao bsica. Mesmo existindo as crticas e aes para resolver estas questes poucos resultados prticos tm sido alcanados, o que dificultam o ensino de portugus no Brasil. Alguns fatores prejudicam a falta de comunicao entre as diretrizes e as escolas, como o aumento das matrculas na escola bsica, o gigantesco xodo rural. Estes processos geraram grandes consequncias para o pas e para o sistema de ensino, entre outros as fragilidades da formao docente, o perfil socioeconmico do magistrio e por fim a desvalorizada o magistrio, submetido cada vez mais a regime extenuante de trabalho e a uma remunerao aviltante. O certo mesmo que a variao sociolingustica, em particular as variedades do portugus popular no est reconhecida pela sociedade brasileira. O senso comum tambm no distingue a norma culta/comum/standard falada da norma escrita. Em consequncia, no rara a crena de que se deve falar como se escreve. Estas diretrizes prejudicam os trabalhos de excelente qualidade no Brasil, como as excelentes gramticas, dicionrios e os constantes levantamentos da norma culta falada e escrita. No entanto, pouco ou nada se tem falado do senso comum ou do modo como se ensina o portugus. Essa situao est a exigir uma criteriosa reflexo. Ns, linguistas, temos de reconhecer que, em geral, temos tido pouco sucesso nas nossas relaes com a escola. No entanto, a passagem para um plano metalingustico s se faria medida que os alunos fossem aprimorando o controle sobre a prpria produo linguista. Embora pensada como uma alternativa, a anlise lingustica no se consolidou, uma vez que sua implantao pedaggica pressupunha um professor com bom domnio da escrita e com um sofisticado saber lingustico, alm de boas condies profissionais, condies que ainda no existem. No ensino mdio os PCNs foram definidos tendo como referncia a proposta de dividir o conhecimento no em disciplinas estanques, mas em reas, com o objetivo de estimular a escola a adotar a prtica da interdisciplinaridade, isso foi importante para diluir as especificidades da rea de linguagens, cdigos e suas tecnologias, que englobam, alm do portugus, as lnguas estrangeiras, as artes, a educao fsica e a informtica. Os PCNs enfatizam o texto literrio como prtica constante em sala de aula, embora no tenha destaque a literatura no ensino mdio. Isso tudo, em nada alterou o cotidiano da escola que continuou a tratar a literatura de modo como sempre o fez, ou seja, repassando uma histria literria reduzida a um grande esquema das escolas literrias, seguindo de listas de autores e obras. O certo mesmo que os PCNs no acrescentaram nada em termos de uma nova concepo de ensino de lngua materna, e isso se deve em grande parte ao imenso fosso existente entre as principais diretrizes da lngua falada e escrita. Torna-se cada vez mais urgente a promoo de enfrentamento para alm dos muros universitrios e do crculo restrito dos linguistas, das questes que envolvem a realidade sociolinguistas no Brasil, principalmente em termos de combate aos estigmas, os preconceitos e a violncia simblica que se pratica com base no modo como se fala a lngua e, a difuso social ampla das variedades cultas de lngua.
Crtica
Ao final do resumo pode-se perceber que o autor a todo o momento lana de questionamentos sobre o que esse ensino-aprendizagem da lngua portuguesa, como ele acontece no sistema de educao atual, onde percebemos a vontade de abrir o leque para uma educao onde a lngua no homognea, ela vista de forma heterognea, onde questes como poltica, cultura so levadas em conta. Ao longo do texto percebemos que so levados em conta o que errado na lngua, no h espao para a variao lingustica e suas diferenciaes, no existem crticas norma culta, um modelo de lngua que no muda. A lngua culta no se adapta aos dias de hoje, podemos perceber que o que fala errado, o que se escreve o certo, um jeito de escrita parado no tempo que no acompanha o jeito de falar dos dias atuais, a um preconceito grande sobre o falante no saber falar sua lngua, se ele no segue a norma culta ele est falando errado, tem que se seguir o modelo arcaico para se inserir como sujeito falante e para que tenha voz em uma sociedade preconceituosa, alheia as mudanas da lngua, pois a gramtica no considera o uso. Com isso na escola o aluno se depara com um modelo totalmente distante da sua realidade, principalmente nas classes desfavorecidas, diferena grande de como se fala no seu bairro, na sua comunidade, no seu dia a dia, e isso o afasta muito mais de aprender um modelo diferente de sua lngua, pois ele a todo o momento lembrado como sua fala errada, no se tem motivao alguma para que o aprendizado ocorra de forma natural e prazerosa. Percebemos assim, como necessrio os educadores mudarem o pensamento dessa norma dita culta, absoluta e verdadeira, que ele esteja aberta a mudanas, assim, como tambm a variao que ocorre a todo o momento, um ensino pautado na realidade e no focado apenas no preconceito, um ensino que foque na valorizao das diferenas da lngua, das pessoas, da nossa sociedade.
Referncias
FARACO. Carlos Alberto. Norma culta brasileira: desatando alguns ns. So Paulo: Parbola Editorial, 2008.