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Resumo
Foi objetivo do presente trabalho replicar a estrutura bi-fatorial do sexismo (hostil e benevolente), proposta
por Glick e Fiske (1996), bem como verificar as relações entre esses fatores e as diferenças de gênero no
endosso a tal ideologia. A avaliação das atitudes sexistas hostis e benevolentes deu-se através do Inventário
de Sexismo Ambivalente, composto de 22 afirmativas, com opções de resposta Likert de seis pontos, o qual
foi respondido por uma amostra de 540 estudantes universitários de ambos os sexos. A análise dos resulta-
dos confirmou a estrutura bidimensional do sexismo, evidenciou a presença de uma correlação positiva sig-
nificativa entre as escalas de sexismo hostil e benevolente e demonstrou que os homens apresentaram atitu-
des sexistas significativamente mais hostis que as mulheres. Os dados obtidos ofereceram suporte à teoria
do sexismo ambivalente, que concebe o sexismo benevolente como uma forma de se legitimar o seximo
hostil e perpetuar as desigualdades de gênero.
Palavras-chave: sexismo; relações de gênero; atitudes sobre a mulher.
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Trabalho foi apresentada no Simpósio Relações sociais de gênero: Possibilidades e perspectivas de análise psicosso-
cial na XXXI Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Psicologia.
Endereço para correspondência: Rua Marquês de Valença, 80 apto. 602, CEP. 20550-030 Rio de Janeiro – RJ, E-
mail: mcris@centroin.com.br.
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O interesse pelo estudo científico do pre- tumam receber salários menores que os dos
conceito, sob a perspectiva psicossocial, surgiu homens, nos mesmos cargos, além de serem
a partir da clássica publicação da obra intitula- excluídas de certas posições consideradas
da “A natureza do preconceito”, por Gordon mais apropriadas ao sexo masculino. Já o se-
Allport, em 1954, na qual foram lançadas as xismo interpessoal relaciona-se às atitudes e
bases para as investigações a respeito da natu- condutas negativas que os homens dirigem às
reza de tal fenômeno, assim como dos métodos mulheres nas relações interpessoais.
para a sua redução. Nessa obra, Allport (1954) Na explicação do sexismo, as teorias
conceituou o preconceito como uma antipatia feministas (Méndez, 1995, Zurutuza, 1993)
ou hostilidade dirigida a grupos ou a membros partem do pressuposto de que a dicotomia
específicos desses grupos, devido a generaliza- público versus privado característica da socie-
ções incorretas. dade patriarcal, na qual coube ao homem o
Atualmente, porém, tornou-se consenso controle das instituições econômicas, legais e
na literatura a tendência de se considerar o pre- políticas e, à mulher, o cuidado da casa e dos
conceito como uma atitude negativa dirigida filhos e a satisfação da sexualidade do marido,
aos membros de determinados grupos sociais, dotou o homem com um poder estrutural que
em função de sua pertença ao grupo (Smith e lhe concedeu a primazia de grupo dominante e
Mackie, 1995). Desse modo, o preconceito, fez com que a família se constituísse em lócus
enquanto um tipo particular de atitude, apre- privilegiado de reprodução dos valores patri-
senta um componente cognitivo, um afetivo e arcais referentes à superioridade masculina e à
um comportamental (Fiske, 1998). inferioridade feminina.
O componente cognitivo expressa-se Esses valores, constantemente reforça-
através de estereótipos, isto é, de crenças e re- dos durante o processo de socialização, é que
presentações a respeito dos atributos negativos levam os meninos a desenvolverem represen-
que caracterizam os membros de determinados tações de masculinidade associadas à figura
grupos sociais. Já o componente afetivo mani- do homem como forte, dominador e responsá-
festa-se através de sentimentos e avaliações vel pelo sustento da família e representações
negativas dirigidas a certos grupos e configura de feminilidade relacionadas à mulher como
o preconceito propriamente dito. O aspecto uma pessoa dócil, submissa e responsável pe-
comportamental, por fim, associa-se à discri- lo lar e pela prole. Tais representações sobre a
minação, ou seja, à tendência à prática de atos supremacia masculina compõem, portanto, o
hostis e persecutórios aos membros de determi- substrato psicológico que justifica as atitudes
nados grupos sociais, devido a sua pertença ao de discriminação, opressão e dominação femi-
grupo. nina.
Entre as diferentes possibilidades de ex- Em síntese, para as teorias feministas, o
pressão do preconceito encontra-se o sexismo, sexismo pode ser entendido como um resquí-
que compreende avaliações negativas e atos cio da cultura patriarcal, isto é, como um ins-
discriminatórios dirigidos às mulheres, em fun- trumento utilizado pelo homem para garantir
ção de sua condição de gênero (Lips, 1993), e as diferenças de gênero, que se legitima atra-
pode se manifestar sob a forma institucional ou vés das atitudes de desvalorização do sexo
interpessoal, muito embora a primeira propicie feminino que vão se estruturando ao longo do
o contexto cultural adequado à segunda (Lott e curso do desenvolvimento, apoiadas por ins-
Maluso, 1995). trumentos legais, médicos e sociais que as
Nesse sentido, o sexismo institucional normatizam.
associa-se às práticas de exclusão promovidas A literatura mais recente tem mostrado,
por entidades, organizações e comunidades que contudo, que as atitudes tradicionais a respeito
impõem às mulheres certas barreiras, impedin- da mulher vêm sendo substituídas por novas
do-lhes assim de ter as mesmas oportunidades formas de sexismo, nas quais a antipatia a elas
que os homens em situações de trabalho, na dirigida tem se expressado de forma simbólica
política, etc. Assim, por exemplo, no Brasil ou indireta. Assim é que Swim, Aikin, Hall e
(Bruschini, 1994), bem como nos Estados Uni- Hunter (1995), tomando por base o tipo de
dos (Glick, 1991; Lott, 1997), as mulheres cos- diferenciação que vem sendo adotada na área
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do racismo (McConahay, 1986; Sears, 1988), contra a mulher apresentam maior probabili-
distinguiram entre uma forma de sexismo anti- dade de aderir, também, às atitudes mais tradi-
go (old-fashioned) e uma forma de sexismo cionais. Por outro lado, foi observado que os
moderno. O sexismo antigo define-se pelo en- homens apresentaram resultados significativa-
dosso a papéis de gênero tradicionais, trata- mente mais altos que as mulheres em ambas
mento diferencial entre mulheres e homens e as formas de sexismo.
estereótipos sobre a menor competência femi- De modo semelhante, Tougas, Brown,
nina, enquanto o sexismo moderno associa-se à Beaton e Joly (1995) encontraram uma alta
negação de que a discriminação contra a mu- correlação entre uma medida de neo-sexismo
lher ainda exista e a um antagonismo contra as por eles desenvolvida e uma outra medida de
atuais lutas da mulher por maior inserção na sexismo antigo, embora tenham constatado
sociedade e contra o suporte governamental a que apenas o neo-sexismo constituía um bom
políticas destinadas a apoiar a população femi- preditor das atitudes a respeito da ação afir-
nina. O sexismo moderno, portanto, baseia-se, mativa. Nesse sentido, concluíram que a exis-
também, em sentimentos negativos sobre as tência de uma norma social geral contra o se-
mulheres, muito embora eles sejam mais enco- xismo faz com que as pessoas camuflem suas
bertos e relacionados a práticas mais contem- crenças negativas sobre a mulher através de
porâneas (Deaux e LaFrance, 1998). um discurso de igualdade, razão pela qual as
A literatura mais recente tem mostrado, escalas de sexismo moderno seriam mais ade-
contudo, que as atitudes tradicionais a respeito quadas à identificação dos sentimentos negati-
da mulher vêm sendo substituídas por novas vos contra a mulher prevalentes na sociedade
formas de sexismo, nas quais a antipatia a elas contemporânea.
dirigida tem se expressado de forma simbólica Glick e Fiske (1996) ofereceram uma
ou indireta. Assim é que Swim, Aikin, Hall e significativa contribuição ao estudo dessas
Hunter (1995), tomando por base o tipo de di- novas formas de sexismo, ao se deterem na
ferenciação que vem sendo adotada na área do análise da ambivalência a elas associada. Des-
racismo (McConahay, 1986; Sears, 1988), dis- se modo, propõem que esse tipo de preconcei-
tinguiram entre uma forma de sexismo antigo to expressa-se através de duas diferentes face-
(old-fashioned) e uma forma de sexismo mo- tas – sexismo hostil e sexismo benevolente –,
derno. O sexismo antigo define-se pelo endos- com a primeira manifestando-se através de
so a papéis de gênero tradicionais, tratamento grande antipatia contra a mulher e, a segunda,
diferencial entre mulheres e homens e estereó- por meio de sentimentos e condutas positivas
tipos sobre a menor competência feminina, em relação a mulher (como, por exemplo, a
enquanto o sexismo moderno associa-se à ne- afirmação de que “o homem não pode viver
gação de que a discriminação contra a mulher sem a mulher”).
ainda exista e a um antagonismo contra as atu- Na explicação das origens do sexismo
ais lutas da mulher por maior inserção na soci- hostil, os autores (Glick e Fiske, 1996) con-
edade e contra o suporte governamental a polí- cordam com as teorias feministas, ao defende-
ticas destinadas a apoiar a população feminina. rem a idéia de que a supremacia e a domina-
O sexismo moderno, portanto, baseia-se, ção masculinas que caracterizam a ideologia
também, em sentimentos negativos sobre as patriarcal, ao reforçarem os papéis sociais as-
mulheres, muito embora eles sejam mais enco- sinalados aos gêneros e, conseqüentemente, os
bertos e relacionados a práticas mais contem- estereótipos associados a tais papéis, constitu-
porâneas (Deaux e LaFrance, 1998). em a base dessa modalidade de preconceito
Os autores (Swim e cols., 1995) verifica- que, nos dias de hoje, dirige-se particularmen-
ram, ainda, que as duas formas de sexismo, te às mulheres que desafiam o poder masculi-
operacionalizadas através de uma escala desen- no (feministas), brigam por ele (mulheres em
volvida para esse fim, apresentaram-se como altos cargos) ou procuram controlá-lo
duas dimensões independentes, porém correla- (mulheres que seduzem os homens).
cionadas, numa indicação de que as pessoas Em contrapartida, o fato de caber às
que endossam atitudes sexistas mais modernas mulheres a função biológica da reprodução e a
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função social de cuidar da casa e dos filhos, gênero. Assim, por exemplo, o fato de um ho-
assim como satisfazer as necessidades masculi- mem elogiar uma colega de trabalho por sua
nas de intimidade e satisfação sexual, levou ao beleza, mas não por sua competência, pode
desenvolvimento de uma outra forma de ideo- encobrir a crença de que os homens são superi-
logia social que se expressa na superioridade ores às mulheres no que diz respeito à compe-
feminina nas relações diádicas, na visão ideali- tência profissional.
zada da mulher como objeto romântico e nas Fundamentando-se nessas concepções
atitudes de reverência e proteção a seu papel de teóricas, Glick e Fiske (1996) desenvolveram
mãe e esposa que configuram o sexismo bene- o Inventário de Sexismo Ambivalente e valida-
volente. ram-no através de seis diferentes estudos en-
Desse modo, Fiske e Glick (1995) assi- volvendo estudantes universitários e pessoas
nalam que tanto o sexismo hostil quanto o be- adultas, em que se verificou a presença de dois
nevolente são compostos de três diferentes diferentes fatores associados à estrutura bi-
componentes: o paternalismo, a diferenciação dimensional que norteou a construção do ins-
de gênero e o heterossexualismo. O paternalis- trumento, os quais mantinham forte correlação
mo diz respeito à tendência do homem intera- positiva entre si. Os autores constataram, ain-
gir com a mulher como um pai, o que implica da, que a escala de sexismo hostil apresentou
tanto a expressão de uma figura de autoridade correlações com a escala de sexismo moderno
(paternalismo dominador ou hostil) quanto a de Swim e cols. (1995), o mesmo não aconte-
manifestação da figura do provedor e protetor cendo, entretanto, com a escala de sexismo
(paternalismo benevolente). A diferenciação de benevolente. No que diz respeito às diferenças
gênero compreende um pólo competitivo, no de gênero, observou-se que os homens tende-
qual o homem, ao se identificar com seu pró- ram a apresentar resultados significativamente
prio gênero, passa a desenvolver atitudes com- mais altos que as mulheres em ambas as esca-
petitivas em relação às mulheres como forma las, embora tais diferenças tenham sido mais
de manter sua auto-estima elevada, e um pólo acentuadas no caso da escala de sexismo hostil.
complementar, expresso em atitudes positivas A análise dos estudos que vêm sendo
suscitadas pelas representações a respeito dos realizados com o Inventário de Sexismo Ambi-
papéis de mãe e esposa. Por fim, os homens se valente revela que tal instrumento tem demons-
alternam entre o desejo de manter relações ínti- trado boas características psicométricas, no que
mas e prazerosas com as mulheres (intimidade se refere à identificação e comparação de atitu-
heterossexual) e o desejo de dominá-las, em des sexistas hostis e benevolentes, não apenas
virtude de se sentirem ressentidos com a vulne- em amostras norte-americanas, mas também
rabilidade que demonstram nas relações ínti- em amostras chilenas (Mladinic, Saiz, Diaz,
mas (hostilidade heterossexual). Ortega e Oyarce, 1998), mexicanas (Expósito,
Cumpre registrar, entretanto, que para Moya e Glick, 1998), coreanas (Kim, 1998) e
Glick e Fiske (1996), o sexismo benevolente, alemãs (Eckes e Six-Materna, 1999) Conside-
apesar de se manifestar através de atitudes de rando-se entretanto a inexistência de estudos
proteção, idealização e afeto dirigidas às mu- brasileiros direcionados à abordagem de tais
lheres e, em conseqüência, ser por vezes até questões, o presente estudo pretendeu verificar
aceito por elas, é apenas subjetivamente positi- a estrutura fatorial do referido inventário em
vo (“a mulher não é explorada, mas ao contrá- amostras brasileiras, bem como as interrelações
rio é protegida e amada”), já que ele se encon- entre seus fatores e as diferenças de gênero
tra permeado pela mesma ideologia subjacente manifestas no endosso a eles.
ao sexismo hostil (“a mulher pertence ao grupo
mais fraco e inferior, e por isso precisa ser cui- Método
dada e protegida”). Amostra
Em outras palavras, o sexismo benevo- A amostra foi composta por 540 estu-
lente, ao se apoiar em crenças sobre a inferiori- dantes universitários pertencentes a vários cur-
dade feminina, típicas da ideologia patriarcal, sos das áreas humanas e tecnológicas de dife-
serve apenas para justificar o poder masculino rentes instituições de ensino públicas e priva-
e reforçar, desse modo, as desigualdades de das localizadas na cidade do Rio de Janeiro.
123 Sexismo hostil e benevolente
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