Sie sind auf Seite 1von 9

Pedofilia, Publicidade e Machismo

"UM ESTÍMULO SEXUAL QUE AS MAÇÃS PODRES NUNCA ESQUECEM"

Se o ato de protesto do WLM (Woman Liberty Movement) contra os


concursos de beleza estadunidenses, fato que ficou registrado como “A
queima do sutiã de Outubro de 68”(Bra-Burning), em Atlantic City, foi
intencional ou não, se ocorreu ou não, pouco se pode saber. Segundo
textos pesquisados, não houve queima de nenhum sutiã ou qualquer
apetrecho estético. Entretanto, várias foram as manifestações de repúdio
a cultura machista ocorridas neste ato: teatro de guerrilha, porcos
coroados como Miss América, “bombas de fedor”, etc. Mas ainda assim,
este ato de protesto e “tentativa de incêndio”, tornou-se um dos maiores
símbolos da história recente da luta das mulheres. Graças aos jornais que
escandalizados, forjaram uma matéria para caracterizá-las como loucas e
histéricas. O tiro saiu pela culatra. Um mito foi criado em favor da luta
feminista. Mas se estas mulheres não tivessem radicalizado em seus
protestos, tal “história” teria tido alguma repercussão?

Eis uma época que o movimento feminista caracterizava-se por atitudes


enérgicas, inovadoras e contrárias as normas morais vigentes de
comportamento social. A simbologia da “queima dos sutiãs” correu o
mundo, estimulando outras mulheres a se manifestarem contrariamente a
situação social que lhes era imposta.

Sendo as mulheres a maioria da população mundial é fácil identificar o


risco que é para a sociedade machista, uma consciência feminista ativa e
disposta a lutar. Se já não era mais possível manipular as idéias das
mulheres que faziam parte deste momento histórico, a opção foi
“preparar” a percepção das futuras gerações de mulheres para que
também não fossem influenciadas por tal evento e pela própria luta
feminista.

Dezenove anos após “a queima dos sutiãs” foi lançado no Brasil uma
propaganda que até hoje meche com o imaginário sexual masculino e
teve grande repercussão no futuro comportamento feminino: “O primeiro
sutiã a gente nunca esquece”. A propaganda “parida” da cabeça do
homem conhecido por Washington Olivetto tinha como estandarte a
revalorização do espartilho moderno: o sutiã. Esta indumentária do
vestuário feminino havia sido descartada a duas gerações como uma
representação simbólica da libertação do corpo feminino. Mas como é
comum, para que tal legitimação se fizesse compreensível era necessário
uma contribuição do próprio oprimido, neste caso um “toque feminino”.

Coube a Camila Franco e a Rose Ferraz a construção de um roteiro que


reafirmasse as máximas machistas e preconceituosas dirigidas e
induzidas às mulheres.

Máximas que já existissem no imaginário coletivo, que reafirmassem o


papel social das mulheres como o de objeto de desejo. Máximas que
revigorassem valores morais machistas, como o de que é papel do
pai/protetor apresentar a menina ao convívio da sociedade, para que esta
possa ser admirada e despojada em matrimônio,

fato comum nos rituais de passagem conhecidos como bailes de


debutante ou nas “festas da décima quinta primavera”. Entretanto a
principal idéia usada para difundir a ideologia machista passou pela
pseudolibertação sexual (controle do corpo feminino) e sua sujeição
como objeto de desejo masculino. Idéia nada nova, difundida até pela
Igreja Católica, e que a muito é estimulada pelos meios de comunicação.

Nela a mulher seria o símbolo humano da “pureza e pecado”. A idéia foi


realçada pelo fetiche perfeito: usar a imagem das colegiais. A imagem
comum da mídia pornográfica que representaria a “inocência e malícia”,
retratando a passagem da infância para a adolescência – momento que a
garota entra em condições sexuais de procriar.
Vejam o comercial: (para ver o comercial acessem o blog)
Vencedor dos principais prêmios da propaganda mundial (logicamente
por reafirmar valores machistas e usar de técnicas sutis de manipulação),
o comercial do “ 1º sutiã” contem um singular número de
“subliminaridades”, de exposição do corpo de uma criança/adolescente
que podem ser muito bem caracterizados como exploração sexual.

Na época a atriz de 11 anos (idade regulamentar que determina o limite


entre a infância e a adolescência – idade conveniente para expressar uma
transição no comportamento feminino) representa uma garota que estaria
sem sutiã e que observa que todas as suas colegas de escola
obedeceriam a normatividade da indumentária. Podemos dizer que numa
representação simbólica que tal “roteiro” também relaciona-se a metáfora
da mulher pós-movimento feminista dos anos 60 e 70, uma mulher que
estaria olhando para os comportamentos do passado (das antigas
normalistas, garotas que estudavam em escolas de freiras nos anos 50 e
aprendiam a ser prendadas, “bem comportadas” e seguir as regras de
etiqueta) e os comparando como o da sua geração “bicho-grilo”
(sexualmente mais ativas, com muitos parceiros, mas mães divorciadas
ou de produção independente).

foto de normalista

Mas o “roteiro” não se complementa de modo tão simples e reproduz o


conceito moral de que é seguindo os estímulos do pai (leia: desejos
masculinos), que a garota se enquadraria no comportamento "mais
adequado as mulheres" e, por conseqüência, nos “sonhos” masculinos.
A adequação as vontades masculinas fica explícita na cena final em que a
adolescente é assediada por um jovem com jaqueta estilo “rebelde sem
causa” dos anos 50.

Mas este não foi o maior dos males, a soma ideológica da psicologia do
desejo sexual dentro do marketing e da difusão propagandística da
mulher/menina como objeto no cinema, provavelmente tem hoje
resultados diretos no comportamento sexual descrito como pedofilia.
E não se assustem e nem minimizem o poder que os comerciais de TV
têm na cabeça das futuras gerações, pois se você é capaz de lembrar-se
destes comerciais, mesmo que passados cerca de 20 ou 10 anos, é sinal
de que as imagens se enraizaram em seu imaginário e provavelmente seu
comportamento psíquico foi de algum modo influenciado. Vamos a um
teste: alguém se lembra dos comerciais do ”Tio Sukita” dentro de um
elevador com uma “sexy ninfeta”?

Afinal esta é a função da propaganda publicitária, como está escrito na


frase de um livro específico da área sobre como funcionam “os princípios
psicológicos da publicidade”, de Armando Sant’anna:

“A publicidade provocando as emoções nos indivíduos cuida de


impulsionar seus desejos latentes com tanta força, que eles se sintam
impelidos a trabalhar para poder satisfazê-los”.

O pior é percebemos que cerca de duas décadas após a vinculação desta


propaganda, ocorre um significante aumento nas denúncias de casos de
pedofilia. Infelizmente não se é possível avaliar se os casos aumentaram
ou se apenas estão sendo mais expostos a público, mas é muito provável
que se analisarmos o modo como eles tem exercitado os seus atos – a
partir de "presentes" dados a crianças - veremos uma similaridade etária
com o homem desta campanha publicitária. Ou seja, poderia ser qualquer
homem adulto aquele que aparece no comercial seja ou não parente da
suposta adolescente.
Para que isso culminasse nesta propaganda"original", não faltaram
estímulos na época. Por influência da mídia, num espaço de 10 anos após
a manifestação, como os casos dos filmes Menina bonita (1978) e A lagoa
Azul (1980), ambos com a mesma atriz norte-americana (Brooke Shields),
reforçam tal tese.
Se apesar de tudo, ao menos o primeiro abordava o tema da exploração
sexual na infância, mesmo que expondo o corpo da ainda menina Brooke
Shields, o segundo era pura ideologia patriarcal que reconstruía o mito
machista de Adão e Eva para a futura “geração eco-vega”. Ambos
cansaram de passar na TV nos anos de 1980 e o segundo passa pelo
menos tres vezes no ano nas Sessões da tarde. Horário bem próprio para
se encontrar crianças e mulheres em casa.

Com a “emancipação feminina” a pleno vapor nos anos de 1980 (saída ao


mercado de trabalho e equiparação dos cargos e salários, o controle da
maternidade – “a pílula”, o fim do casamento como “única alternativa
profissional”, etc.,), é lamentável observarmos que o debate sobre a
condição da mulher na atualidade se encontra num refluxo histórico.
Basicamente resumido a questões pontuais de legalização (do aborto a
igualdade salarial e violência familiar).*** Um grave erro já que em sua
origem radical na WRM (American Woman’s Rights Movement), em 1848,
o Estado (as Leis) – junto com a Família e a Igreja – era o principal alvo
do movimento feminista. Isso quando o feminismo não está totalmente
deletado do cotidiano feminino.

Neste sentido citamos “o sifilítico filosofo alemão FWN”:


“Imagina-se uma organização jurídica soberana e geral, não como uma
arma para a luta, mas como uma arma contra a luta” - A genealogia da
moral

É..., vivemos uma das fases mais conservadoras da história recente das
mulheres e, quiça, do mundo. O reacionarismo existente nesta
propaganda se não foi mais um colaborador deste fato no Brasil, ao
menos, foi um visionário do futuro que se projetava para as mulheres
após a fase radical da última onda feminista. Namoro na TV, anel de
castidade, sonho de moda e modelo (a nova miss universo), os
cosméticos (que assumiram o papel dos eletrodomésticos) são os temas
em voga por influência das Vogues da mídia.

Logicamente a descrença geral possui relação como o fim da URSS – que


poucos avanços havia trazido para a questão das mulheres - e do ideal da
revolução popular, ocorrido no fim da década de 1980 e início da década
de 1990 – que em muito influenciaram para esta estagnação.

Acrescente a isso a ideologia massificada na mídia geral de que o


capitalismo não mais acabará e logo se compreende, mas não se justifica,
que quase todos os movimentos de maior repercussão das décadas de
1960 e 1970 (Feminista, Negro, Gays e Lésbicas, Ecológico) vivem agora
de discursos do tipo “inclusão social”, atos de “manifestações festivas”
ou de interesses de “desenvolvimento sustentável”. Todos muito bem
explorados pelos discursos políticos conservadores. “Utopia” é a palavra
da moda quando, numa conversa, idéias radicais se manifestam.

Entretanto é a idéia dúbia em relação ao “certo” e “errado”, em relação a


sexualidade do nocivo e do permitido, (ou seria permissivo?) quem sabe
é a nossa maior chaga da ressaca ideológica dos comerciais publicitários
dos anos de 1980.

A sexualidade deve ser muito bem controlada para a manutenção e


estímulo do mercado do sexo. E é muito bem utilizada para a manipulação
e para o controle do corpo feminino. Tanto a pornografia ou “a imagem da
pureza” pode ser utilizadas em comerciais de diversas maneiras, mas
com o mesmo intuito. Uma mulher seminua no comercial de cerveja pode
ter uma conotação de vulgar, de “errado”, mas atende aos interesses e
desejos masculinos; já uma adolescente de 11 anos ganhando seu
primeiro sutiã foi passada para a sociedade de forma “pura”.

Mas não é porque tem uma criança “vestida de anjo” que o comercial não
terá conotação “pornográfica/erótica”. Na verdade, vai ser bem mais
perverso por sua “cortesia”. Pois a sutileza de tal propaganda tende a nos
direcionar para a negação da sexualidade, reprimindo-a. Tende a nos
induzir a não observar o que realmente acontece, pois o politicamente
correto impõe que se crianças não possuem sexualidade (obvia mentira),
não se pode ter a sexualidade despertada pela imagem dela. E assim,
negamos o que vimos. Ou seja, se você identificar algo erótico, vulgar ou
pornográfico nas imagens de TV seria porque estes são seus desejos?
Ou seria o caso de admitir que estamos sendo manipulados? Mas já que
estamos numa sociedade individualista, já que cabe a culpa, a “culpa”
então acaba sendo individualizada. A culpa recai sobre as vitimas que
denunciam tais atos, pois possuem uma mente poluída ou suja – como se
ainda existi-se algum lugar no mundo que já não tivesse sido infectado
pela química história das indústrias. Ficando assim a máxima de que
“cada cabeça é um mundo” e “a maldade esta na cabeça de cada um”.
Mas nós Maçãs Podres não nos enganamos, neste “universo que é a
humanidade” não existe ou existiu uma só pessoa que não soubesse
diferenciar o que é ou não opressão e exploração. Ainda mais quando o
fato se dá no campo da sexualidade. Analisando como a mídia utiliza a
mulher e a criança para vender produtos de diversas origens, desde um
carro até uma boneca a idéia sempre é oferecida como proposta de
presente (compra/troca), de futuro (tempo) e em questões que resumem a
mulher como objeto de desejo, mãe e esposa “com sorrisos de creme
dental e felicidade de margarina”.
A condição torna-se ainda mais degradantes quando ficamos sabendo
que os comerciais dos produtos a serem vendidos para as mulheres têm
– digamos - uma “essência masculina”. Por exemplo: a frase do comercial
“o primeiro sutiã a gente nunca esquece” foi inspirada em vários homens
ligados a virilidade sexual como o Pelé (representante da destreza física -
“a primeira Copa a gente nunca esquece“), Ayrton Senna (representante
da projeção do falo num automóvel - “a primeira Ferrari a gente nunca
esquece”), segundo o tal de Olivetto. Assim, a visão de mundo que se
vende para as mulheres é a visão que os homens têm do mundo. E o
maior malefício é a contribuição das mulheres para tais vendas.

Um conectivo curioso que ambos Pelé e Ayrton Senna se relacionaram,


ao menos, com uma mesma mulher que em muito tem importância para a
exposição do corpo feminino como produto e objeto de desejo: Xuxa.
Mesmo não nos aprofundando nas critica ou análise dos fatos que
envolvem a imagem que projetaram desta mulher, e que ela aceitou,
lembraremos apenas que se alguém procurar imagens do filme de 1979
(Amor, Estranho Amor) ou programa Xou da Xuxa logo identificará
objetivas conotações sexuais adultocêtricas e machistas, referentes a
infância, reafirmando valores de segmentação sexual das crianças em
jogos de “meninos contra meninas”, além de fortes conotações racistas e
pedófilas.

Se não é nenhuma novidade que a “História Oficial” constitui-se numa


compilação de fatos parciais e que a intenção é de construir uma
consciência de passado a partir da visão de mundo dos opressores. Ou
que parte do controle social se dá na tentativa de forjar uma realidade que
justifique os diferentes níveis de dominação, ou seja, de se criar um
“passado” capaz de naturalizar as diferenças sociais, dando-lhes um
caráter essencial de imutabilidade e impotência revolucionária. A
novidade é percebermos que toda “ficção” é uma propaganda de
marketing que projeta em nossa consciência não só o presente a ser
comprado, mas um futuro desejado. Desejado por nossos opressores.
Um futuro de opressão camuflada.

Se a “interpretação” do passado real, em nada pode alterá-lo em seus


fatos concretos, em favor da manutenção dos privilégios sociais, uma
memória artificial do futuro tem sido construída e amplamente difundida
pelos meios de comunicação. Mas se a “História Oficial” pode ser
desmascarada, mais complexo é desconstruir a consciência coletiva das
pessoas quando “estas lembranças do futuro” não se encontram escritas
em livros didáticos, mas sim nos valores morais surgido das
propagandas de TV que se impregnaram no imaginário coletivo.

A manipulação dos registros humanos na “História Oficial” visa mascarar


o resultado transformador das lutas dos que se rebelaram ao longo do
tempo. Mas como não foi (e não é) possível prever com plena exatidão o
resultado total do comportamento humano, a tentativa de criar
mecanismos de deslegitimação da luta e dos símbolos feministas, nos
comerciais e anúncios publicitários, podem ter gerado uma reação
imprevista. Uma reação que estimulou desejos sexuais reprimidos pela
civilização e repudiados pela maioria dos homens e mulheres. O pior é
que as vítimas desta manipulação não são os próprios repressores e sim
as mesmas vítimas da opressão, ou seja, neste caso específico, mulheres
e crianças. Se não é ou foi possível viajar no tempo e espaço e
transformá-lo concretamente, apagando "o fogo dos sutiãs de 1968",
parece ter sido possível a implantação de um chip de memoria futura, a
projeção ideológica de um futuro sutilmente idealizado pelos opressores.

Como nós Maçãs Podres não temos pudores, lançaremos um vídeo


completamente parcial com nossa "Versão Oficial" dos fatos analisados
aqui, mesmo que a denúncia venha em tom de ironia, a função é mostrar
a manipulação histórica da imagem das mulheres/crianças/adolescentes
nas propagandas de TV e programas ditos "infantis". Nosso deboche é
um fruto podre do desrespeito que temos a qualquer pessoa (homem ou
mulher) que ceda aos interesses ideológicos citados no texto e induzem a
condicionamentos psicológicos e comportamentais nas crianças para
facilitarem a manutenção do machismo. Assistam os vídeos e tirem suas
próprias conclusões.

Para ver os vídeos:


http://nucleogenerosb.blogspot.com/2009/06/p
edofilia-e-machismo.html
***Sobre isso, é interesante ler o artigo “As Organizações Não-Governamentais
(ONGs) Feministas Brasileiras” :

“...foi o distanciamento das ONGs o ativismo, comprometendo sua capacidade de


monitorar políticas de forma mais crítica e lutar por reformas mais substantivas. As
atividades atualmente desenvolvidas pelas ONGs feministas bem como os laços que
estabelecem, levam-nas a concentrarem mais energias e recursos em atividades mais
técnicas e menos contestatórias. Alvarez (1998b) refere-se ao processo de
institucionalização do movimento na América Latina.”

http://www.4shared.com/file/95676533/e97016ba/As_organizacoes_nao-
governamentais_feministas_brasileiras.html

Das könnte Ihnen auch gefallen