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RESUMO
INTRODUÇÃO
Este artigo tem por escopo discutir criticamente os Direitos Humanos das mulheres,
mediante uma breve abordagem histórica e também da análise de suas dimensões na
atualidade.
1
Profª Msc do Curso de DIREITO da UNIFRA - Santa Maria
2
Bacharelanda do curso de Direito da UNIFRA
3
Bolsista PROBIC/UNIFRA – Santa Maria – RS
Endereço para correspondência: Rua Tamanday 225, bloco M, aptº 302. santa Maria – RS. CEP: 97060-540 e-
mail: marcieleberger@bol.com.br
Revista de Pesquisa e Pós-Graduação – Santo Ângelo, 2003.
Vale lembrar que se debruçar sobre problemáticas que o mundo contemporâneo vem
enfrentando significa compreender os mecanismos estruturais em termos políticos, sociais,
econômicos e legais que, via de regra, engendrou o longo e histórico processo de exclusão
social da mulher. Assim, como ponto de partida serão apresentadas breves notas históricas
acerca dos principais direitos alcançados pelas mulheres, e mais adiante serão analisadas as
inclusões destes nos principais documentos do constitucionalismo brasileiro.
Finalmente, ciente que os Direitos das Mulheres são Direitos Humanos pretende-se
contribuir para a luta pela transposição de dogmas e mitos ultrapassados e cultivar a esperança
na efetivação dos direitos já ratificados por vários documentos que tutelam os direitos das
mulheres. Dessa forma, a construção da cidadania da mulher, implica uma reflexão crítica do
papel social e transformador da figura feminina e conseqüentemente, na necessidade de
romper velhos paradigmas.
OBJETIVOS
FUNDAMENTAÇÃO
No que se refere a civilização Romana, seu código legal corrobora com a instituição
jurídica do paterfamilias, a quem era delegado o poder sobre a mulher, filhos, escravos; o
direito, nesta época, era tomado como instrumento de perpetuação das relações entre os sexos
Revista de Pesquisa e Pós-Graduação – Santo Ângelo, 2003.
Ao fazer este breve relato da mulher na Idade Média não se poderia deixar de
comentar a perseguição que se abateu sobre ela e que ficou conhecida como caça as bruxas. A
chamada caça as bruxas, verdadeiro genocídio perpetrado contra o sexo feminino,
caracterizou-se como elemento claro na luta pela manutenção de uma posição de poder por
parte do homem, haja vista que todas as mulheres que tivessem um comportamento pouco
submisso, ou seja, que possuíam espaços de atuação e que escapavam do domínio masculino,
eram perseguidas. (SCHMIDT, 1996).
Dando seqüência a esta abordagem histórica vale lembrar (PIMENTEL, 1992), a qual
afirma que somente a partir da Revolução Francesa, em 1789, influenciada pelos ideais do
iluminismo e do jusnaturalismo, alicerçada no lema da busca de liberdade, igualdade e
fraternidade para todos, é que as mulheres subiram um degrau na evolução da civilização
ocidental, passando a usufruir alguns direitos da cidadania. A partir deste período, dando-se
um salto na história, é possível observar um grande destaque para a condição feminina na
humanidade. Trata-se da Declaração Universal dos Direitos Humanos, redigida por iniciativa
da Organização das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948, no cenário do pós-segunda
guerra mundial, nesta ocasião, Eleonor Roosevelt e as latino-americanas conseguiram
introduzir a palavra “sexo” no artigo 2º da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Revista de Pesquisa e Pós-Graduação – Santo Ângelo, 2003.
Neste viés, a partir do século XIX, com a consolidação do sistema capitalista, ganhou
relevância a luta dos operários e das mulheres em busca de uma vida melhor e da igualdade
entre todos.
Neste sentido, vale lembra Bobbio quando afirma que: “Não se trata de saber quantos
são estes direitos, qual e a sua natureza e seu fundamento, se são direitos naturais ou
históricos, absolutos ou relativos, mas sim qual é o modo mais seguro de garantí-los, para
impedir que apesar das solenes declarações, eles sejam continuamente violados” (1992; 29).
Ou seja, cabe, portanto lutarmos para que estes direitos sejam efetivamente promovidos e
protegidos pelo estado e sociedade evitando, desse modo, que nossa legislação se torne apenas
um “manual de boas intenções”.
Dessa perspectiva pode-se inferir que a reversão da condição de grande parcela das
mulheres, no que concerne aos Direitos Humanos, requer o avanço não apenas no que tange
às políticas públicas ancoradas na eticidade, mas a inserção de um novo olhar sobre as
condições de igualdade jurídica em que se fundamentam tais direitos.
A luta das mulheres pela conquista de seus direitos, no decorrer do século passado, foi
árdua e marcada pela ruptura de velhos paradigmas culturais, decorrentes de relações de
poder historicamente marcadas pela desigualdade entre homens e mulheres. Não obstante
isso, o Código Civil Brasileiro de 1916 manteve a desigualdade entre homens e mulheres a
proporção que serviu para reforçar toda uma construção cultural onde “os homens possuíam
mais poder, mais inteligência, mais iniciativa do que as mulheres” (DORA,1997, p. 20).
Aliás, adverte Yasmin Ximenes dos Santos, a respeito das antinomias das leis brasileiras:
Em que pese os malefícios trazidos aos direitos das mulheres, pelas antinomias das
leis brasileiras, impõe-se apontar a longa lista de conquistas das reivindicações feministas,
que apesar de terem um avanço gradativo destacaram-se pela sua relevada importância.
A primeira vitória de uma luta contínua pela igualdade de direitos foi o direito ao
trabalho fora dos limites do lar, onde a partir do momento em que os homens partiram para a I
Guerra Mundial, em 1914, as mulheres tiveram que assumir postos na indústria e no
comércio. A partir deste momento as mulheres passaram a ter a sua independência financeira,
porém tiveram que enfrentar a dura e cruel realidade da desigualdade salarial entre homens e
mulheres. A busca pela cidadania veio na seqüência sendo inaugurada com o direito ao voto
feminino em 1932, reivindicação constante desde os tempos da República somente foi
alcançada com o advento da Revolução de 30 onde Getúlio Vargas através de uma manobra,
antecipando-se à divulgação do anteprojeto do código eleitoral, decretou o novo código
através de lei, garantindo o voto feminino. Desde então, a mulher, passa a reivindicar o direito
de ser eleita para o governo que é alcançado em 1933, quando foi eleita a primeira deputada
federal. Assim ano após ano, o chamado Movimento de Mulheres foi ampliando suas
conquistas dentre as quais vale destacar: - não pode ser impedida de matricular-se em cursos
superiores, - consegue apoio oficial para evitar a gravidez, inclusive com a ajuda dos médicos
para receitar contraceptivos, - a mulher casada passa a ter os mesmos direitos do marido no
mundo civil, com isso não precisa mais de autorização por escrito dele para ser contratada no
emprego, matricular-se na faculdade, comprar ou vender imóvel e dar queixa na delegacia, -
não pode mais ser deserdada pelo pai por ter sido “desonesta”, leia-se ter perdido a
virgindade. (SCAVONE,1999,p. 224-5).
Cabe, dessa forma lutarmos para que tais direitos transponham as amarras do
formalismo e transformem-se em direitos reais, materiais e substantivos, capazes de combater
as desigualdades entre os sexos e a supressão de direitos.
Apesar da afirmação acima exposta não se pode deixar de relevar os méritos dos
movimentos e ações afirmativas (estratégias empregadas para corrigir as desigualdades entre
homens e mulheres), além das várias Declarações, Leis e até mesmo do reforma sofrida pelo
Codigo Civil que trouxe significativos avanços para os direitos das mulheres.
Revista de Pesquisa e Pós-Graduação – Santo Ângelo, 2003.
METODOLOGIA
RESULTADOS/ CONCLUSÕES
Vale lembrar que a noção dos Direitos Humanos das mulheres deve ter como ponto de
partida a participação ativa das mulheres em termos de reconstrução de sua história, de luta e
de resistência à opressão. Isso significa a desconstrução da visão masculina do mundo
baseada na manipulação do conhecimento, que coloca os homens como referencial para a
compreensão de uma sociedade onde as mulheres são tratadas como invisíveis, no máximo
como coadjuvantes.
Neste viés, revela-se a importância de trabalhos que, como este, traçam o panorama
histórico de uma classe tomada como minoria, haja vista o fato de permitir que as próprias
pessoas interessadas nessa questão possam fazer a avaliação e o diagnóstico da sua vivência
cotidiana, e a partir daí compreender que a conquista da cidadania passa por muitas outras
conquistas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
DORA, Denise Dourado; SILVEIRA, Domingos Dresch. Direitos Humanos Ética e Direitos
Reprodutivos. Porto Alegre: RML, 1998.
OLIVEIRA JR., Jose Alcebíades de. Teoria Jurídica e Novos direitos. Rio de Janeiro:
Humes Júris, 2000.
PIMENTEL, Silvia (org). CLADEM - Comitê Latino Americano para a defesa dos Direitos
da Mulher. Mulher e Direitos Humanos na América Latina. São Paulo: Ltda, 1992.
PIOVESAN, Flavia. Temas de Direitos Humanos. São Paulo: Max Limonad, 1998.
SANTOS, Yasmin Ximenes dos. Os direitos femininos e a lei. In: GUERRA FILHO, Willis
Santiago (Org.). Dos Direitos humanos aos Direitos Fundamentais. Porto Alegre: Livraria
do Advogado, 1997.
SCAVONE, Miriam. As Vitoriosas. Revista Veja, Edição Especial Mulher, São Paulo, ano
34, nº 48, Editora Abril, dezembro de 2001.
SCHMIDT, Mario. Nova Historia Critica Moderna e Contemporânea. São Paulo: Nova
Geração, 1996.