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CARTAS BAIANAS

SETECENTISTAS
USP – UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Reitor: Prof. Dr. Jacques Marcovitch
Vice-Reitor: Prof. Dr. Adolpho José Melfi

FFLCH
FFLCH – FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
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Humanitas
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Membros: Profa. Dra. Lourdes Sola (Ciências Sociais)
Prof. Dr. Carlos Alberto Ribeiro de Moura (Filosofia)
Profa. Dra. Sueli Angelo Furlan (Geografia)
Prof. Dr. Elias Thomé Saliba (História)
Profa. Dra. Beth Brait (Letras)

As imagens da capa, fotografadas por Tânia Lobo, são do Arquivo Público do Estado da Bahia.

Ve n d a s
LIVRARIA HUMANITAS-DISCURSO
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05508-900 – São Paulo – SP – Brasil
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Humanitas – FFLCH/USP outubro/2001


ISBN 85-7506-004-X

SÉRIE DIACHRONICA
FONTES PARA A HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
VOL. 3

CARTAS BAIANAS
SETECENTISTAS
TÂNIA LOBO (ORG.)

PERMÍNIO FERREIRA
UÍLTON GONÇALVES
KLEBSON OLIVEIRA

Humanitas
FFLCH/USP

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO • FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS


4 Cartas Baianas Setecentistas

Copyright 2001 da Humanitas FFLCH/USP

É proibida a reprodução parcial ou integral,


sem autorização prévia dos detentores do copyright
Serviço de Biblioteca e Documentação da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
da Universidade de São Paulo

C322 Cartas baianas setecentistas / organizado por Tânia Lobo ; [colabo-


ração de Permínio Ferreira, Uílton Gonçalves, Klebson
Oliveira] - São Paulo Humanitas / FFLCH/USP, 2001.
240 p. (Série Diachronica: Fontes para a História da Lín-
gua Portuguesa, 3)

ISBN 85-7506-004-X

1. História do Brasil (Bahia) 2. Epistolografia (Cartas setecentistas) 3.


Documentação histórica (Bahia) I. Lobo, Tânia II. Ferreira, Permínio III.
Gonçalves, Uílton IV. Oliveira, Klebson

CDD (21 ed.) 981.03


869.962
Esta publicação foi paga, parcialmente, com verba da CAPES (Proap)

H UMANITAS FFLCH/USP
e-mail: editflch@edu.usp.br
Telefax: 3818-4593

Editor Responsável
Prof. Dr. Milton Meira do Nascimento

Coordenação editorial
Mª. Helena G. Rodrigues – MTb n. 28.840

Diagramação e capa
Diana Oliveira dos Santos

Revisão
Edison Luís dos Santos
Tânia Lobo (org.) 5

Sumário
Apresentação .................................................................... 7

1 – Introdução do Terceiro Milênio a Cartas Setecentistas


1.1–Da pesquisa ........................................................................ 9
1.1.1 – Da pesquisa: histórico ............................................................ 9
1.1.2 – Da pesquisa: objetivos ......................................................... 10
1.2 – Da implementação da pesquisa ........................................ 12
1.2.1 – Da implementação da pesquisa: limites ................................ 12
1.2.2 – Da implementação da pesquisa: realizações ........................... 14
1.3 – Dos documentos ............................................................. 15
1.3.1 – Dos documentos: tipologia .................................................. 15
1.3.2 – Dos documentos: autoria ..................................................... 15
1.3.3 – Dos documentos: descrição física ......................................... 16
1.3.4 – Dos documentos: distribuição geográfica e temporal ............ 17
1.4 – Da identificação dos informantes ..................................... 17
1.4.1 – Da identificação dos informantes: as profissões ..................... 17
1.4.2 – Da identificação dos informantes: a nacionalidade ................ 18
1.5 – Da organização dos documentos ...................................... 20
1.5.1 – Da organização dos documentos: o índice ............................ 20
1.5.2 – Da organização dos documentos: os apêndices ...................... 21
1.6 – Referências Bibliográficas ................................................ 21
1.7 – Da natureza da edição: as normas para a transcrição dos
documentos ................................................................... 23
2 – Índice ........................................................................ 25
2.1 – Cartas e seus Anexos ....................................................... 25
2.1.1– Recôncavo ............................................................................ 25
2.1.2 – Comarca dos Ilhéus ............................................................. 27
2.3 – Devassa .......................................................................... 33
3 – Mapa......................................................................... 35
4 – Documentos ............................................................. 37
Tânia Lobo (org.) 7

Apresentação

Esta edição de cartas baianas setecentistas é o primeiro fruto do


Projeto de Pesquisa das Fontes para o Estudo da História da Língua Portu-
guesa no Brasil (Fontes Primárias Inéditas), que, desde 1997, se desenvol-
ve no âmbito do Programa para a História da Língua Portuguesa – PRO-
HPOR, coordenado pela Profa. Dra. Rosa Virgínia Mattos e Silva. São os
seus autores Permínio Ferreira (Bolsista Desenvolvimento Científico Re-
gional – CNPq), Uílton Gonçalves (Bolsista Iniciação Científica – CNPq)
e Klebson Oliveira (Bolsista Iniciação Científica – CNPq).
Trata-se de um fruto já maduro de uma fase ainda ingênua de exe-
cução do referido Projeto. Ingênua, na medida em que quase não dispú-
nhamos de conhecimento prévio sobre os arquivos baianos – quer públi-
cos, quer privados –, sobre os fundos documentais neles preservados e
sequer sobre que documentos seria mais relevante disponibilizar a um
público-alvo muito específico: lingüistas interessados na investigação do
processo de constituição histórica da língua portuguesa no Brasil. Em
função do referido público-alvo, algumas opções se definiram claramen-
te. Em primeiro lugar, editar documentos a partir de normas de transcri-
ção rigorosamente conservadoras – exceção feita ao desenvolvimento das
abreviaturas –, fornecendo, assim, dados confiáveis para análises lingüis-
tas em qualquer nível – o gráfico-fônico, o mórfico, o sintático. Em se-
gundo lugar, editar documentos produzidos por indivíduos integrantes
de um mesmo estrato social, um tipo de estratégia para facilitar a labori-
osa e, muitas vezes, pouco gratificante tarefa de identificação da naciona-
lidade – se brasileira (perdoe-se o anacronismo) ou portuguesa – de quem
escrevia no Brasil Colonial.
Editam-se aqui, portanto, a partir de normas conservadoras de trans-
crição, rigorosamente aplicadas, 126 cartas oficiais escritas por indivíduos
integrantes de um mesmo estrato social. Todos os remetentes são juízes
ordinários ou juízes de instâncias superiores – desembargadores, vincula-
8 Cartas Baianas Setecentistas

dos a comarcas do Recôncavo da Bahia ou à antiga Comarca dos Ilhéus.


Dos juízes ordinários, sabe-se que também eram conhecidos como juízes
da terra, por serem moradores das localidades onde exerciam a sua jurisdi-
ção e sabe-se que não eram obrigatoriamente formados em leis; já os juízes
de instâncias superiores, além de obrigatoriamente formados em leis, eram,
em princípio, portugueses. Em linhas gerais, esboça-se, então, uma hipó-
tese plausível de caracterização sociolingüística dos informantes: por um
lado, juízes ordinários provavelmente brasileiros e possivelmente não for-
mados em leis e, por outro lado, desembargadores, provavelmente portu-
gueses e certamente formados em leis.
Esperamos que esta edição, ao lado das demais que integrarão a
“Série Diachronica”, possa efetivamente contribuir para o desenvolvimento
das pesquisas sobre a história da língua portuguesa no Brasil, consolidan-
do entre nós a indiscutível necessidade de se construir uma filologia de
textos brasileiros.
Salvador, dezembro de 1999
Tânia Lobo
Tânia Lobo (org.) 9

1-Introdução do Terceiro Milênio


a Cartas Setecentistas
1.1 – Da pesquisa
1.1.1 – Da pesquisa: histórico

A história mais imediata deste trabalho começou em janeiro de


1997, quando a Profª Tânia Lobo descobriu haver uma bolsa de pesquisa
do CNPq, DCR, Desenvolvimento Científico Regional, concedida nor-
malmente a doutores e excepcionalmente a mestres – e todos estes apenas
das regiões menos favorecidas deste país, Norte, Nordeste e Centro-Oes-
te –, de fluxo contínuo, ou seja, sem uma data limite para envio de
proposta. Permínio Ferreira, à época quase recém mestrado, recebeu mui-
to bem a sugestão de enviar um projeto de candidatura a esta bolsa, que
teria a própria Tânia Lobo responsável perante o Departamento de Letras
Vernáculas da Universidade Federal da Bahia e seria indicado pela profes-
sora Rosa Virgínia Mattos e Silva, do mesmo departamento.
O projeto tinha por título Fontes para o Estudo da História da
Língua Portuguesa no Brasil e se inseria em um dos campos de pesquisa
do Programa para a História da Língua Portuguesa – PROHPOR –
pesquisa de fontes para o estudo sócio-histórico do português do Brasil.
Esse programa de pesquisa, iniciado em 1990, está vinculado ao referido
Departamento e desde 1992 recebe financiamento do CNPq. Tânia Lobo,
professora da Universidade já em 92, também participou de sua funda-
ção. Um de seus primeiros bolsistas, de iniciação científica, foi Permínio
Ferreira.
A bolsa, para surpresa principalmente do bolsista (e alguma des-
crença. A notícia da concessão chegou à sua casa dia 1º de abril), que assim
descobriu ser considerado um mestre excepcional pelo CNPq, foi conce-
dida por um ano, renovável por mais um.
10 Cartas Baianas Setecentistas

Permínio Ferreira, assim, iniciou seu trabalho, sob supervisão de


Tânia Lobo, coordenação de Rosa Virgínia Mattos e Silva e ajudado pe-
los bolsistas de iniciação científica do CNPq, Uílton Gonçalves, no pri-
meiro ano, e Klébson Oliveira, nos seis meses finais.
Uma ferramenta não essencial, mas bastante confortável, para o
trabalho de transcrição é o computador. Este trabalho inicialmente con-
tou com uma gentil doação de uma máquina de idade avançada, um
laptop 286, que, mesmo vetusto, facilitou sobremaneira o trabalho. Mais
tarde, a Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão da UFBa – FAPEX –
instituiu um prêmio para pesquisador emergente concedendo uma verba
a ser usada na compra de qualquer bem julgado necessário pelo pesquisa-
dor. Tânia Lobo se candidatou, e, como seria de esperar, foi uma das
premiadas, e a verba foi usada para comprar um notebook Pentium, pro-
vavelmente bisneto do 286, que só não foi perfeito porque problemas de
importação e burocracia impediram sua chegada por mais de seis meses.
Noventa dias antes do final da bolsa, em janeiro de 98, como esta-
belecido, o bolsista pediu sua renovação. Nessa época, o Governo Federal
anunciou que cortaria em muitos por cento a verba do CNPq. Para sur-
presa geral, porém, o CNPq renovou a bolsa por mais seis meses, aí
improrrogáveis.
Assim, chegamos a estas linhas, que pretendem ser uma introdução
às cartas cuja edição foi a razão de existência da pesquisa que deu origem a
este trabalho.

1.1.2 – Da pesquisa: objetivos

A conservação de documentos não é prioridade neste país, apesar


de iniciativas isoladas, que paulatinamente podem vir a constituir uma
política geral, estarem contribuindo para diminuir a sensação de descaso
que normalmente se tem ao entrar em um arquivo pela primeira vez.
Documentos são, em sua maioria, constituídos de um material frá-
gil – papel – pouco resistente às intempéries e idealmente deveriam estar
em local fresco e seco, de temperatura controlada, pois as variações de
temperatura e a umidade são particularmente perniciosos ao papel; o lo-
cal deveria ser abrigado da luz, que deteriora a tinta com a qual se escreveu
Tânia Lobo (org.) 11

o documento, dificultando às vezes bastante a leitura, tornando-a um


desafio além da paleografia.
Apesar do acima dito, alguns desses documentos sobreviveram em
arquivos baianos por mais de duzentos anos. Quando se vai a um arquivo
qualquer, porém, se percebe que, quanto mais se recua no tempo, menor
a quantidade de documentos que pode ser encontrada e menor ainda a
quantidade que pode ser manuseada o suficiente para ser lida. A surpreen-
dente resistência dessa memória escrita de um passado deveria induzir a
um respeito imediato e a cuidados, como sua microfilmagem, que, além
de evitarem os riscos à saúde do pesquisador, quase completamente anu-
lam o manuseio direto do material mais frágil.
A leitura, transcrição e edição dos manuscritos antigos favorecem
sua conservação de dois modos. Por um lado, tiram-nos do esquecimen-
to a que se encontram normalmente relegados, tornando-os visíveis e,
assim, passíveis de porventura maiores preocupações e cuidados. Por ou-
tro lado, caso o pior aconteça – sua destruição –, conservam parte deles
para a posteridade. Qualquer um que já tenha deparado com um docu-
mento de mais de duzentos anos e tenha tido a sorte de manuseá-lo e a
capacidade necessária para chegar a lê-lo sabe que seu conteúdo sozinho
não representa de forma alguma todas as sensações dele vindas.
Claro que a conservação não é o único objetivo a ser alcançado com
a edição de um manuscrito. A visibilidade acima referida tem ainda rela-
ção com a possível dificuldade que a leitura de um documento antigo
possa trazer a um leigo. Não se pretende com isso assustar ninguém: com
a prática, é possível e até se torna fácil ler qualquer coisa, por absurda que
pareça à primeira vista, e letras e grafias e abreviaturas do séc. XVIII, por
exemplo, são em sua maioria de leitura fluente e mesmo agradáveis à
vista. Não é absurdo, porém, que se pense que o texto está virado de
cabeça para baixo, tal a estranheza inicial que ele pode causar.
Considerando-se que o possível interessado em ler estes manuscri-
tos não queira enveredar pelos caminhos da paleografia, a edição é a única
possibilidade que ele terá de utilizar aqueles textos para seus objetivos.
Quanto a estes, a edição aqui apresentada foi pensada para que pesquisa-
dores em lingüística (via de regra, os mais exigentes quanto à manutenção
das características do texto original) não encontrassem obstáculos à utili-
zação destes textos para quaisquer estudos. Contudo, é importante salien-
12 Cartas Baianas Setecentistas

tar que isso de forma alguma inviabiliza ou dificulta o acesso a esses textos
a pesquisadores de outras áreas ou curiosos.
O principal objetivo visado por este trabalho é, assim, a disponibi-
lização de tais textos a qualquer pessoa que a ele queira ter acesso, contri-
buindo para a sobrevivência da memória nacional e, em segundo lugar,
possibilitar a sobrevivência dos testemunhos do passado escrito do país.

1.2 – Da implementação da pesquisa


1.2.1 – Da implementação da pesquisa: limites

Havia quatro perguntas a serem respondidas no início da pesquisa:


onde pesquisar, que tipo de textos pesquisar e de que época e de que lugar
deveriam ser os manuscritos.
As respostas acabaram sendo, com o passar do tempo, um equilí-
brio entre o ideal e o possível.
O ideal é simples de imaginar. O local deveria ser único, bem orga-
nizado, com textos localizáveis ao toque de um botão e disponíveis ime-
diatamente, provido de cadeiras confortáveis, bom café, ar-condicionado
e, se não fosse pedir demais, uma bela paisagem quando não fosse atrapa-
lhar. Os textos, longas cartas altamente confessionais, escritas de próprio
punho, por informantes semi-alfabetizados identificados à exaustão. A
época deveria ser a mais recuada possível, séculos XVI e XVII. O lugar, a
Bahia atual.
Em busca desse ideal, começou-se por procurar os textos. A histo-
riadora Kátia Mattoso relata em seu livro sobre a sociedade baiana no séc.
XIX que se surpreendeu com a leitura de testamentos, porque continham,
em alguns casos, verdadeiras histórias de vida. A procura desses testamen-
tos inspiradores primeiro levou a uma descoberta: textos anteriores ao
séc. XVIII seriam difíceis, e do século passado eram legião. Mais especifi-
camente, o Arquivo Público do Estado da Bahia tem em sua seção Judi-
ciária 01 (um) testamento do século XVII, 98 (noventa e oito) do século
XVIII e 4166 (quatro mil cento e sessenta e seis) do século XIX. Alguns
deles realmente chegam a comover, como o de um senhor cuja última
vontade foi libertar a filha que teve com uma escrava, ou a fazer rir, como
o de um padre que viveu em pecado com uma mulher durante vinte e
Tânia Lobo (org.) 13

cinco anos, tendo com ela dez filhos. Infelizmente todos os testamentos
vistos eram apógrafos ou cópias, escritas normalmente por um padre, que
eventualmente era seu executor, o testamenteiro.
Como as estatísticas em relação a número de testamentos refletem,
até onde foi possível verificar, as dos outros tipos de textos e já que o estado
deles era assustador (de 98 só foi possível manusear 40), escolheu-se o séc.
XVIII como nosso padrão. Caso fossem transcritos todos os testamentos
dessa época, recuar-se-ia no tempo à procura de novos documentos.
Quanto ao local de trabalho, visto que não ofereciam qualquer
obstáculo à sua freqüência, tiveram preferência os arquivos públicos, em
detrimento dos eventualmente burocráticos – por cuidadosos – arquivos
particulares ou de ordens religiosas. O Arquivo Histórico Municipal de
Salvador tinha de longe a melhor paisagem, uma vista maravilhosa da
Baía de Todos os Santos, mas não correspondia em outros aspectos, nesse
caso, mais importantes: os manuscritos que o AHMS preserva são em
geral cópias do séc. XIX, que não indicavam normas de transcrição outras
que não “fidelidade absoluta ao original”, levando em consideração ape-
nas o conteúdo e não se utilizando na transcrição, por exemplo, a grafia
do original.
O Arquivo Público do Estado da Bahia – APEB – foi o escolhido.
Apesar de alguns poréns – o prédio em que se encontra era conhecido,
quando era a quinta de descanso dos jesuítas, como Quinta do Tanque,
em razão de ser extremamente úmido, chegando a minar água de algumas
de suas paredes –, que dificilmente o tornavam o lugar mais adequado
para guardar toneladas de papel. Bem organizado, armazena um quanti-
dade fantástica de textos e se divide em quatro seções: Judiciária, que
comporta em sua maior parte inventários e testamentos dos séculos XVII,
XVIII e XIX; Republicana, com materiais diversos de 1889 até recente-
mente; Imperial, com documentos de natureza variada de 1822 a 1889;
Colonial, que guarda documentos desde o início da colonização do Brasil
até 1822. Sua sala de pesquisas, localizada em um de seus subsolos, é
bastante confortável e adequada, com ar-condicionado, tomadas onde se
pode ligar um computador e um bom café. O Arquivo vem desde o
início de 1999 microfilmando sistematicamente todos os seus textos e
ainda os escanerizando para futura armazenagem digital, o que deve faci-
litar bastante as pesquisas no futuro.
14 Cartas Baianas Setecentistas

O tipo de documento finalmente escolhido, entre as possibilidades


contempladas, foram as cartas oficiais. Essas possibilidades foram cartas
pessoais, condenadas ao perecimento pela sua própria característica de re-
lativa pouca importância; cartas oficiais, vantajosas, pois, apesar de sua
maior formalidade, sendo escritas por oficiais de Sua Majestade, o Rei de
Portugal, deveriam ter seus remetentes mais facilmente identificáveis, o
que revela um certo otimismo exagerado inicial; testamentos, que, como
dito anteriormente, apresentaram problemas se consideramos os objeti-
vos propostos e provavelmente serão publicados em outro trabalho; in-
ventários, que podem conter cópias destes testamentos e inquéritos cri-
minais – interrogatórios ou inquéritos.

1.2.2 – Da implementação da pesquisa: realizações

Primeiramente os índices da Seção Colonial foram compulsados à


procura de documentos que parecessem interessantes aos propósitos, de
acordo com três critérios citados acima: que fossem do século XVIII, já
determinado como século inicial de trabalho; que se originassem da re-
gião que nos interessava inicialmente, Recôncavo Baiano, e cujo tipo fos-
se de nosso interesse imediato, cartas. Nesse primeiro momento, exami-
namos ainda documentos cuja natureza desconhecíamos (inquéritos cri-
minais, um maço contendo documentos sobre uma fundição em Jacobina,
parte do inquérito sobre a Revolução dos Alfaiates) e de localização vária,
embora sempre na Bahia (zona de mineração, Capitania de Ilhéus) e inici-
amos a transcrição de alguns deles.
Em um dos documentos, o de nº 19 do maço 201.1 (cartas de
juízes da capitania de Ilhéus), encontramos uma informação, por inusita-
da, preciosa sobre a situação lingüística no sul da Bahia já cerca de qua-
renta anos depois (trata-se de uma carta de 1794) do decreto do Marquês
de Pombal que proibia o uso da língua geral no Brasil. A carta fala sobre
um determinado administrador que lidava com índios e os roubava. O
juiz que a escreve sugere (a pedido de funcionários da região) que em seu
lugar vá Manoel do Carmo de Jesus, que é jovem, tem dinheiro e fala a
língua geral (tinha meio desi sustentar, eamayor razaõ [de]s[e]r criado
naquella villa esaber alingua Geral deIndios para melhor saber emsinar). A
Tânia Lobo (org.) 15

partir daí começamos também a procurar cartas provenientes da ouvidoria


de Ilhéus. Transcrevemos, assim, a maior parte dos maços 183 e 184, e já
transcrevemos pequena parte dos maços 198 e 201.32.

1.3 – Dos documentos


1.3.1 – Dos documentos: tipologia

Como foi dito mais acima, os documentos que interessam a esta


pesquisa são não-literários, compostos por dois tipos básicos, pessoais e
oficiais.
Os primeiros são basicamente cartas não-oficiais, e simplesmente
não foi possível achá-las, embora talvez fossem os textos ideais a serem
trabalhados, considerando-se que seriam escritas, devido a seu caráter pes-
soal, em estilo informal ou o mais próximo do informal, refletindo, por-
tanto, melhor a língua falada por seu autor.
Aqui estão publicados dois tipos de documentos oficiais, a saber,
uma devassa, sobre os malfeitos de quatro homens de reputação pouco
recomendável na região atual de Feira de Santana, e cartas oficiais. Os
documentos que chamamos cartas oficiais podem conter uma única carta
ou uma carta inicial e um ou mais anexos, que podem, por sua vez, ser de
natureza vária (listas, certificados, certidões). A devassa é escrita por funci-
onários públicos, portanto mais facilmente identificáveis. Eventualmente
esse tipo de documento pode refletir a língua falada dos interrogados –
no caso dos interrogatórios – e, devido a seu tamanho, tende a apresentar
distensão variável em relação ao uso formal na linguagem usada.

1.3.2 – Dos documentos: autoria

Os documentos podem ser classificados, quanto à autoria, se hou-


ver indicação legível desta, em autógrafos, quando de punho do autor
intelectual, apógrafos, quando escritos por outros para o autor intelectual
e cópias, de relação mais distante com o autor intelectual.
Entre os documentos editados, não traziam indicação de autoria os
de número 1 (conforme o índice, mais adiante), assinado por quatro ofi-
ciais da Câmara cujas letras não correspondem à do documento principal;
16 Cartas Baianas Setecentistas

11, que traz uma ata de autor não identificado; e 29, com dois de seus três
anexos de autor não indicado.
Os apógrafos, até onde foi possível verificar (ou até onde foi a com-
petência paleográfica dos pesquisadores), são os de número 24, 73, 78,
(carta inicial e anexo 1) 93, 111 e 125 (carta inicial, assinada Antônio
Rodrigues Lopes, e, a partir do fólio 5r, assinada João Gomes da Silva).
O nome do Juiz de Jaguaripe, no documento 06, não pode ser
lido, e o documento 70 é uma cópia.
Ainda há documentos cujos anexos são de autores diferentes dos
autores das cartas iniciais. São eles : o de nº 13, com um anexo de Bernar-
do Rijo da Fonseca; o 25, certificado de prisão de Manoel Marques de
Souza Porto; o 28, anexo de Dom Fernando José de Portugal; o 29,
anexos um e dois de autores não identificados, anexo 3 de Antônio dos
Santos Vital; o 33, certidão de Manoel Fernandes Pinheiro; o 58, lista de
João Afonso Liberato; o 74, lista de José de Melo Varjão; o 125, fólio 4r,
assinado simplesmente Rodrigues, 4r/4v, de Francisco Gomes Pereira
Guimarães.
Todos os documentos restantes são autógrafos.

1.3.3 – Dos documentos: descrição física

Todos os documentos são em papel, de tamanho mais ou menos


uniforme, equivalente grosso modo a uma folha de papel ofício (220 mm
de largura por 300 mm de altura).
O estado de conservação do papel é normalmente razoável, uma
vez que os documentos analisados puderam ser lidos e não foram
destruídos pelos pesquisadores pelo simples manuseio (ou de qualquer
outro modo, é razoável salientar) e considerando-se que a idade média
dos documentos é 230 anos e que, ao longo desse tempo, eles passaram (e
ainda passam) por, pode-se dizer, vicissitudes em seu armazenamento.
A cor dos documentos é, surpreendentemente, variada, do branco
ao azul, originalmente, e em vários graus de amarelo, do quase branco ao
levemente amarronzado, passando pelo esverdeado ao azulado com even-
tuais manchas rosadas de umidade.
Tânia Lobo (org.) 17

Em praticamente todos os papéis, é possível observar a marca d’água,


que, num primeiro momento, não pareceu necessário analisar em maior
profundidade. Dada a vocação, por parte da colonização portuguesa, em
fazer evoluir intelectualmente as suas colônias, parece razoável deduzir
que a maior parte do papel é originária d’além-mar.

1.3.4 – Dos documentos: distribuição geográfica e temporal

Temos 127 documentos. Uma devassa, da região atual de Feira de


Santana, e 126 cartas, com seus anexos.
Trinta e três cartas foram escritas na região do Recôncavo, conside-
rando-se aí dez de Jaguaripe (o documento 07 é de Povoação da Aldeia,
em Jaguaripe), treze de Salvador, oito de Santo Amaro, uma de São Fran-
cisco do Conde e uma da Vila da Abadia, atual região de Pojuca.
Noventa e três cartas foram escritas na região da antiga Comarca
dos Ilhéus, assim distribuídas: uma de Barcelos, quarenta e uma de Cairu,
quinze de Camamu, vinte de Ilhéus (o documento 151 não traz sua loca-
lização, mas parece ter sido escrito em Ilhéus por ser um autógrafo de
Manuel da Encarnação, juiz ordinário daquele lugar), uma de Maraú,
cinco de Morro de São Paulo, oito de Rio de Contas e uma de Taperoá.
Os documentos são todos da segunda metade do séc. XVIII, de
1763 a 1799, distribuídos, por década, do seguinte modo: década de
sessenta, oito documentos; de setenta, dois documentos; de oitenta, 72
documentos; de noventa, 45 documentos.

1.4 – Da identificação dos informantes


1.4.1 – Da identificação dos informantes: as profissões

Os remetentes das cartas, sempre cartas oficiais, são desembargado-


res-ouvidores ou juízes ordinários.
A estrutura judiciária começava com os juízes de vintena, que jul-
gavam sobre qualquer comunidade de mais de vinte habitantes. Acima
destes, estavam os juízes de aglomerados urbanos maiores, os juízes ordi-
nários, que não eram obrigatoriamente letrados e eram conhecidos como
18 Cartas Baianas Setecentistas

juízes da terra por serem moradores do município. Eles eram eleitos anual-
mente e deviam ter suas gestões obrigatoriamente devassadas pelo juiz
que os sucedesse.
Havia ainda os juízes de fora, fiscais dos juízes ordinários, que não
podiam ter vínculo, como casar-se com uma moradora dos locais onde
fossem trabalhar; e os juízes de órfãos, encontrados apenas nos municí-
pios maiores, encarregados de proteger os direitos dos menores de 25
anos em caso de herança.
Os juízes das instâncias superiores, corregedores, ouvidores e
desembargadores, não podiam ter nascido no Brasil, embora, já na pri-
meira Relação, de 1653 (os desembargadores de 1609, da primeira Rela-
ção propriamente dita, se afogaram quando o navio que os trazia afun-
dou), haja um pernambucano e um baiano.
Diz ainda o Dr. Carlos Carrillo, na sua Memória da Justiça Brasi-
leira, de onde tiramos as informações acima:
“Todos os juízes de primeira instância, que não precisavam ser le-
trados, estavam submetidos à autoridade dos ‘corregedores’, que, sim,
eram formados em leis. [Os corregedores] estavam incumbidos de per-
correr a sua jurisdição, verificando o bom andamento da Justiça, tarefa
que recebia o nome de “correição”. Esta função era, às vezes, acumulada
transitoriamente por outros magistrados. Os ouvidores e os desem-
bargadores das Relações costumavam fazer correições periódicas nas suas
áreas de atuação.”
Nossas cartas vêm do Recôncavo Baiano ou da Comarca dos Ilhéus.
A Comarca dos Ilhéus tinha um desembargador-ouvidor, que circulava –
fazia a correição – por toda a sua comarca.

1.4.2 – Da identificação dos informantes: a nacionalidade

Os pesquisadores tentaram identificar os remetentes das cartas de


algumas maneiras. Primeiramente, seguindo a sugestão do conhecido
genealogista João da Costa Pinto, a quem muito agradecemos, foram ao
Arquivo da Cúria, ainda na Praça da Sé pré-remodelação, à procura de
registros de óbito, batismo ou casamento dos remetentes.
Apenas parte dos registros da época sobreviveram, e certamente
pode-se dizer que eles já eram menos que completos, mesmo em sua
Tânia Lobo (org.) 19

contemporaneidade. Hoje eles são encontrados em duas grandes estantes


de aço, organizados por paróquia, tratando-se de Salvador, ou por muni-
cípio. Um problema que pode ser levantado é que esse tipo de procura, se
não tiver um resultado positivo, não dá uma prova negativa: um registro
de óbito não encontrado não significa, por si só, que a pessoa procurada
não morreu naquela localidade (porém, certamente pode-se ter certeza da
morte de todos os remetentes ou citados nas cartas).
Uma outra dificuldade é que os registros, de novo segundo João da
Costa Pinto, que eram centralizados no Arquivo da Cúria, foram envia-
dos a suas localidades de origem, sem que fosse assegurado que as ditas
localidades tivessem condições adequadas ao seu armazenamento.
No caso dos registros da antiga Comarca dos Ilhéus, parece que os
documentos foram entregues aos municípios citados, ou seja, Maraú,
Cairu, Camamu, Taperoá ou Valença (de Morro de São Paulo). Esses
municípios não foram visitados.
O segundo modo de tentar descobrir as origens dos informantes
foi através das genealogias baianas e de um artigo sobre estudantes brasi-
leiros em Coimbra, encontrados no Instituto Histórico e Geográfico da
Bahia. Três dos nossos informantes foram aí identificados.
A terceira tentaviva, derivada de certa forma da segunda, foi tentar
descobrir algo sobre os juízes e desembargadores que escreveram a maior
parte das cartas. Para isso foram consultados os dois primeiros volumes,
de autoria do Dr. Carlos Carrillo, da Memória da Justiça Brasileira, cole-
ção coordenada pelo Desembargador Gérson Pereira dos Santos, que muito
gentilmente nos atendeu, cedendo mesmo os exemplares utilizados. Ne-
les acham-se referências a mais dois dos informantes, uma das quais per-
mitiu a sua identificação.

No Instituto Histórico e Geográfico da Bahia pode-se ler a famosa


Genealogia de Frei Jaboatão, na qual foram achados dois dos remententes
das cartas:
· João Lopes Fiúza Filho (1714-1776), Cavaleiro da Ordem de
Cristo, que teve cinco filhos. Senhor de Engenho na Freguesia do Socor-
ro, onde nasceu. Em 1751, aos 39 anos, esteve em Lisboa, tratando de
problemas de sua casa.
20 Cartas Baianas Setecentistas

· Vital Correa de Souza, natural de Cairu, filho de Isabel Correia de


Souza e seu marido João Coelho. Casou-se no Cairu com D. Maria de
Jesus, filha de José Luiz de Espínola e D. Serafina de Oliveira, e teve
quatro filhos de seu casamento.
Nos dois primeiros volumes da Memória da Justiça Brasileira en-
contramos a identificação parcial de mais dois remetentes:
· Luís Pereira de Lacerda. Vereador em Salvador em 1760.
· D. Fernando José de Portugal. Português, chegou a vice-rei do
Brasil de 1801/06.
Infelizmente, não foi possível encontrar uma informação definiti-
va quanto à origem de Francisco Nunes da Costa, autor de sessenta e oito
das cartas editadas. Dele sabe-se apenas que em 1776 era Ouvidor Geral
das Alagoas. Assumiu a Ouvidoria da Comarca dos Ilhéus em 1780, onde
morreu em fins de 1793 ou início de 1794. Dado seu cargo é natural
supor que freqüentou Coimbra, como era obrigatório a todos os seus
colegas desembargadores. Também é natural supor que Francisco Nunes
da Costa fosse português.

1.5 – Da organização dos documentos


1.5.1 – Da organização dos documentos: o índice

Os documentos estão organizados em dois grupos, Cartas e seus


Anexos, em número de 126, e uma Devassa.
Neste índice, os documentos apógrafos e cópias encontram-se em
itálico, além de serem descritos em maior detalhe na seção “Dos docu-
mentos: autoria”.
O primeiro grupo, por sua vez, se divide ainda em Recôncavo e
Comarca dos Ilhéus. Dentro de cada divisão, os documentos estão orga-
nizados por localidade e por data dentro da mesma localidade.
Há, ainda, o número do documento no Arquivo Público do Esta-
do da Bahia, sabendo-se desde já que apenas documentos da Seção Colo-
nial foram utilizados.
Tânia Lobo (org.) 21

1.5.2 – Da organização dos documentos: os apêndices

O primeiro apêndice é formado por dois índices, um formado pe-


las cartas, organizadas por Data e Autor, e outro, apenas com as cartas de
Francisco Nunes da Costa.
O segundo apêndice é formado por dois índices, um formado pe-
las cartas, organizadas por Data e Autor, e outro, apenas com as cartas de
Francisco Nunes da Costa.

1.6 – Referências Bibliográficas

CALMON, Pedro. (1985) Introdução e Notas ao Catálogo


Genealógico das Principais Famílias de Frei Antônio de Santa Maria
Jaboatão. 2ª ed. Salvador: Empresa Gráfica da Bahia.
CARRILLO, Carlos Alberto. (1997) Memória da Justiça Brasileira.
Salvador: Tribunal de Justiça, Gerência de Impressão, v.2
CASTRO, Ivo e RAMOS, Maria Ana. “Estratégia e Tática de Transcri-
ção”. In: Actas do Colóquio de Crítica Textual Portuguesa. Lisboa:
Universidade de Lisboa, p. 99-118.
CASTRO, Ivo. (1996) “Para uma História do Português Clássico”. In:
DUARTE, Inês e LEIRIA, Isabel (orgs.). Actas do Congresso Inter-
nacional sobre o Português. Lisboa: Colibri, p. 135-50.
COSTA, Padre Avelino de Jesus da. (1982) Normas Gerais de Trans-
crição e Publicação de Textos Medievais e Modernos. Braga, p. 5-
65
HOUAISS, Antônio. (1995) O Português no Brasil. Rio de Janeiro:
Unibrade.
MATTOS E SILVA, Rosa Virgínia. (org.) (1996) A Carta de Caminha:
Testemunho Lingüístico de 1500. Salvador: Edufba.
MATTOSO, Katia M. de Queirós. (1992) Bahia Século XIX: uma Pro-
víncia no Império. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
SILVA NETO, Serafim da. (1986 [1950]). Introdução ao Estudo da
Língua Portuguesa no Brasil. 5 ed. Rio de Janeiro: Instituto Nacio-
nal do Livro.
Tânia Lobo (org.) 23

1.7 – Da natureza da edição: as normas para a transcrição


dos documentos 1

1. A transcrição será conservadora.


2. As abreviaturas, alfabéticas ou não, serão desenvolvidas, marcan-
do-se, em itálico, as letras omitidas na abreviatura, obedecendo aos se-
guintes critérios:
a) respeitar, sempre que possível, a grafia do manuscrito, ainda que
manifeste idiossincrasias ortográficas do escriba, como no caso da ocor-
rência “munto”, que leva a abreviatura: m.to a ser transcrita “munto”;
b) no caso de variação no próprio manuscrito ou em coetâneos, a
opção será para a forma atual ou mais próxima da atual, como no caso de
ocorrências “Deos” e “Deus”, que levam a abreviatura: D.s a ser transcrita
“Deus”.
3. Não será estabelecida fronteira de palavras que venham escritas
juntas, nem se introduzirá hífen ou apóstrofo onde não houver. Exem-
plos: epor ser; aellas; daPiedade; ominino; dosertaõ; mostrandoselhe;
achandose; sesegue.
4. A pontuação original será rigorosamente mantida. No caso de
espaço maior intervalar deixado pelo escriba, será marcado: [espaço]. Exem-
plo: que podem perjudicar. [espaço] Osdias passaõ eninguem comparece.
5. A acentuação original será rigorosamente mantida, não se permi-
tindo qualquer alteração. Exemplos: aRepublica; docommercio;
edemarcando tambem lugar; Rey D. Jose; oRio Pirahý; oexercicio; hé
m.to conveniente.
6. Será respeitado o emprego de maiúsculas e minúsculas como se
apresentam no original. No caso de alguma variação física dos sinais grá-
ficos resultar de fatores cursivos, não será considerada relevante. Assim, a
comparação do traçado da mesma letra deve propiciar a melhor solução.
7. Eventuais erros do escriba ou do copista serão remetidos para
nota de rodapé, onde se deixará registrada a lição por sua respectiva corre-

1
Essas normas foram decididas durante o II Seminário para a História do Português Brasilei-
ro, realizado em Campos do Jordão em maio de 1998.
24 Cartas Baianas Setecentistas

ção. Exemplo: nota 1. Pirassocunda por Pirassonunga; nota 2. deligoncia


por deligencia; nota 3. adverdinto por advertindo.
8. Inserções do escriba ou do copista na entrelinha ou nas margens
superior, laterais ou inferior entram na edição entre os sinais < >, na
localização indicada. Exemplo: <fica definido que olugar convencionado
é acasa dePedro nolargo damatriz>.
9. Supressões feitas pelo escriba ou pelo copista no original serão
tachadas. Exemplo: todos ninguem dospresentes assignarom; sahiram
sahiram aspressas para oadro. No caso de repetição que o escriba ou o
copista não suprimiu, passa a ser suprimida pelo editor que a coloca en-
tre colchetes duplos. Exemplo: fugi[[gi]]ram correndo [[correndo]]
emdireçaõ opaço
10. Intervenções de terceiros no documento original devem apare-
cer no final do documento, informando-se a localização.
11. Intervenções do editor hão de ser raríssimas, permitindo-se apenas
em caso de extrema necessidade, desde que elucidativas a ponto de não
deixarem margem a dúvida. Quando ocorrerem, devem vir entre colche-
tes. Exemplo: naõ deixe passar neste [registo] de Areas.
12. Letra ou palavra não legível por deterioração justificam inter-
venção do editor na forma do item anterior, com a indicação entre col-
chetes: [ilegível].
13. Trecho de maior extensão não legível por deterioração receberá
a indicação [corroídas + ou – 5 linhas]. Se for o caso de trecho riscado ou
inteiramente anulado por borrão ou papel colado em cima, será registrada
a informação pertinente entre colchetes e sublinhada.
14. A divisão das linhas do documento original será preservada, ao
longo do texto, na edição, pela marca de uma barra vertical: | entre as
linhas. A mudança de fólio receberá a marcação com o respectivo número
na seqüência de duas barras verticais: ||1v. ||2r.|| 2v.|| 3r.
15. Na edição, as linhas serão numeradas de cinco em cinco a partir
da quinta. Essa numeração será encontrada à margem direita da mancha,
à esquerda do leitor. Será feita de maneira contínua por documento.
16. As assinaturas simples ou as rubricas do punho de quem assina
serão sublinhadas. Os sinais públicos serão indicados entre colchetes.
Exemplos: assinatura simples: Bernardo Jose de Lorena; sinal público:
[Bernardo Jose de Lorena]
Tânia Lobo (org.) 25

2 – Índice
2.1 – Cartas e seus Anexos
2.1.1– Recôncavo

Localização Remetente Data Nº APEB Pág.

1.Jaguaripe Não Identificado 27/09/1783 199/20 37

2.Jaguaripe José Cabral de Ataíde 25/08/1784 188/11 39

3.Jaguaripe José Inácio Sotomayor 25/08/1784 188/20 40

4.Jaguaripe José Inácio Sotomayor 03/10/1784 188/25 41

5.Jaguaripe José Elói Ferreira Cardim 17/03/1786 188/55 42

6.Jaguaripe Não Identificado 21/11/1789 188/69 43

7.Jaguaripe José Félix dos Santos 04/07/1792 199/27 44

8.Jaguaripe Não Identificado 16/01/1797 199/80 45

9.Jaguaripe José Francisco Sampaio 10/02/1797 199/31 47

10.Jaguaripe José Albino Gomes Pereira 19/09/1799 199/34 48

11.Salvador Antonio de Souza 03/07/1767 201.1/11 49

12.Salvador Francisco Nunes da Costa 28/03/1783 183/33 51

13.Salvador Francisco Nunes da Costa 12/09/1783 183/36 53


26 Cartas Baianas Setecentistas

14.Salvador Francisco Nunes da Costa 20/09/1783 183/37 54

15.Salvador Francisco Nunes da Costa 28/04/1786 183/61 55

16.Salvador Francisco Nunes da Costa 16/07/1786 183/62 56

17.Salvador Francisco Nunes da Costa 24/10/1786 186/64 57

18.Salvador Francisco Nunes da Costa 08/06/1788 184/10 58

19.Salvador Francisco Nunes da Costa 29/07/1788 184/11 61

20.Salvador Francisco Nunes da Costa 30/08/1788 184/13 62

21.Salvador Francisco Nunes da Costa 12/06/1789 184/31 63

22.Salvador Francisco Nunes da Costa 26/06/1792 201.32/04 65

23.Salvador Francisco Nunes da Costa 11/12/1793 183/54 66

24.Santo Luiz Pereira de Lacerda 10/08/1775 201.1/14 67


Amaro

25.Santo José Francisco de Moura 17/03/1788 201.1/16 68


Amaro

26.Santo Salvador Borges de Barros 02/09/1788 201.1/sn1 70


Amaro

27.Santo João Ferreira de Araújo 16/06/1793 201.1/17 70


Amaro

28.Santo Teodorico de Abreu 23/07/1794 201.1/18 71


Amaro Barreto de Andrade Lima
Tânia Lobo (org.) 27

29.Santo Antônio Ferreira D’Essa 12/10/1795 201.1/20 72


Amaro

30.Santo Luiz Manoel da Silva 26/07/1798 201.1/22 75


Amaro Mendes

31.Santo Luiz Manoel da Silva 08/11/1798 201.1/23 77


Amaro Mendes

32.São João Lopes Fiúza Barreto 22/02/1765 201.1/06 79


Francisco
do Conde

33.Vila da Não Identificado 09/08/1766 201.1/10 81


Abadia

2.1.2 – Comarca dos Ilhéus

Localização Remetente Data Nº APEB Pág.

34.Barcelos Francisco Nunes da Costa 28/02/1789 184/27 83

35.Cairu Francisco Nunes da Costa 02/11/1781 183/01 85

36.Cairu Francisco Nunes da Costa 07/12/1781 183/02 86

37.Cairu Francisco Nunes da Costa 30/12/1781 183/03 87

38.Cairu Francisco Nunes da Costa 13/02/1782 183/05 88

39.Cairu Francisco Nunes da Costa 13/02/1782 183/06 89

40.Cairu Francisco Nunes da Costa 04/03/1782 183/08 90


28 Cartas Baianas Setecentistas

41.Cairu Francisco Nunes da Costa 07/03/1782 183/09 90

42.Cairu Francisco Nunes da Costa 12/03/1782 183/10 91

43.Cairu Francisco Nunes da Costa 24/03/1782 183/11 93

44.Cairu Francisco Nunes da Costa 02/04/1782 183/13 94

45.Cairu Francisco Nunes da Costa 27/09/1782 183/22 95

46.Cairu Francisco Nunes da Costa 06/10/1782 183/23 96

47.Cairu Francisco Nunes da Costa 06/10/1782 183/24 97

48.Cairu Francisco Nunes da Costa 24/10/1782 183/12 98

49.Cairu Francisco Nunes da Costa 06/11/1782 83/25 99

50.Cairu Francisco Nunes da Costa 13/07/1785 183/41 100

51.Cairu Francisco Nunes da Costa 04/09/1785 83/42 101

52.Cairu Francisco Nunes da Costa 09/09/1785 183/43 103

53.Cairu Francisco Nunes da Costa 15/01/1786 183/55 106

54.Cairu Francisco Nunes da Costa 31/01/1786 183/57 107

55.Cairu Francisco Nunes da Costa 01/02/1786 183/58 109

56.Cairu Francisco Nunes da Costa 23/02/1786 183/60 110

57.Cairu Francisco Nunes da Costa 27/04/1787 184/04 111

58.Cairu Francisco Nunes da Costa 29/05/1787 184/05 112


Tânia Lobo (org.) 29

59.Cairu Francisco Nunes da Costa 30/05/1787 184/06 113

60.Cairu Francisco Nunes da Costa 02/06/1787 184/07 115

61.Cairu Francisco Nunes da Costa 02/07/1787 184/09 116

62.Cairu Francisco Nunes da Costa 03/07/1787 184/08 117

63.Cairu Francisco Nunes da Costa 20/12/1788 184/22 118

64.Cairu Francisco Nunes da Costa 27/12/1788 184/24 120

65.Cairu Francisco Nunes da Costa 05/03/1790 184/33 121

66.Cairu Francisco Nunes da Costa 06/04/1790 184/34 122

67.Cairu Francisco Nunes da Costa 06/04/1790 184/54 123

68.Cairu Francisco Nunes da Costa 20/04/1790 184/36 124

69.Cairu Francisco Nunes da Costa 08/11/1790 183/39 125

70.Cairu Francisco Nunes da Costa 22/03/1793 184/48 126

71.Cairu Francisco Nunes da Costa 12/05/1793 184/44 129

72.Cairu Francisco Nunes da Costa 18/05/1793 184/45 130

73.Cairu Francisco Nunes da Costa 18/05/1793 184/46 131

74.Cairu Francisco Nunes da Costa 12/06/1793 184/51 132

75.Cairu Francisco Nunes da Costa 10/07/1793 184/52 135

76.Cairu Francisco Nunes da Costa 13/09/1793 184/53 136


30 Cartas Baianas Setecentistas

77.Camamu Antônio Duarte da Silva 14/04/1764 201.1/05 138

78.Camamu Gonçalo Francisco Monteiro 31/10/1796 184/77 139

79.Camamu Gonçalo Francisco 03/11/1796 184/78 142


Monteiro

80.Camamu Francisco Nunes da Costa 08/05/1782 183/14 143

81.Camamu Francisco Nunes da Costa 08/05/1782 183/15 145

82.Camamu Francisco Nunes da Costa 26/07/1782 183/20 146

83.Camamu Francisco Nunes da Costa 06/08/1782 183/21 148

84.Camamu Francisco Nunes da Costa 18/12/1783 183/38 149

85.Camamu Francisco Nunes da Costa 28/11/1785 183/47 150

86.Camamu Francisco Nunes da Costa 01/12/1785 183/48 151

87.Camamu Francisco Nunes da Costa 20/12/1785 183/52 153

88.Camamu Francisco Nunes da Costa 10/02/1786 183/53 154

89.Camamu Francisco Nunes da Costa 05/02/1789 184/25 155

90.Camamu Francisco Nunes da Costa 11/02/1789 184/30 156

91.Camamu Francisco Nunes da Costa 24/03/1789 184/28 157

92.Ilhéus Antônio da Costa Camelo 25/01/1795 184/55 158

93.Ilhéus Antônio da Costa Camelo 25/11/1794 201.1/19 160


Tânia Lobo (org.) 31

94.Ilhéus Bartolomeu Serqueira 02/02/1795 183/59 167


Lima

95.Ilhéus Bartolomeu Serqueira 25/01/1795 184/56 168


Lima

96.Ilhéus Bartolomeu Serqueira 27/04/1795 184/61 169


Lima

97.Ilhéus Bartolomeu Serqueira 31/08/1795 184/63 172


Lima

98.Ilhéus Gonçalo Francisco 10/05/1796 184/67 173


Monteiro

99.Ilhéus Gonçalo Francisco 14/06/1796 184/68 176


Monteiro

100.Ilhéus Gonçalo Francisco 23/07/1796 184/70 179


Monteiro

101.Ilhéus Gonçalo Francisco 23/07/1796 184/71 182


Monteiro

102.Ilhéus Gonçalo Francisco 17/08/1796 184/72 183


Monteiro

103.Ilhéus Gonçalo Francisco 17/08/1796 184/73 184


Monteiro

104.Ilhéus Gonçalo Francisco 23/07/1796 184/74 185


Monteiro

105.Ilhéus Gonçalo Francisco 23/07/1796 184/75 186


Monteiro
32 Cartas Baianas Setecentistas

106.Ilhéus Gonçalo Francisco 08/12/1796 184/79 187


Monteiro

107.Ilhéus Gonçalo Francisco 27/02/1796 184/66 188


Monteiro

108.Ilhéus Gonçalo Francisco 13/07/1796 184/69 190


Monteiro

109.Ilhéus Ignacio de Bairros Pereira 08/01/1769 201.1/12 193

110.Ilhéus Manuel da Encarnação 06/04/1797 184/81 194

111.Ilhéus(?) Manuel da Encarnação 16/01/1797 184/80 195

112.Maraú Vital Cardoso de Souza 06/10/1763 201.1/02 197

113.Morro Francisco Nunes da Costa 29/11/1782 183/27 199


de São
Paulo

114.Morro Francisco Nunes da Costa 30/11/1782 183/28 200


de São
Paulo

115.Morro Francisco Nunes da Costa 02/12/1782 183/29 201


de São
Paulo

116.Morro Francisco Nunes da Costa 20/02/1783 183/32 202


de São
Paulo

117.Morro Francisco Nunes da Costa 06/12/1788 183/17 203


de São
Paulo
Tânia Lobo (org.) 33

118.Rio de Francisco Nunes da Costa 27/06/1782 183/16 205


Contas

119.Rio de Francisco Nunes da Costa 04/07/1782 183/18 205


Contas

120.Rio de Francisco Nunes da Costa 15/07/1782 183/19 206


Contas

121.Rio de Francisco Nunes da Costa 03/11/1785 183/45 207


Contas

122.Rio de Francisco Nunes da Costa 04/11/1785 183/46 209


Contas

123.Rio de Francisco Nunes da Costa 03/01/1791 184/39-A 211


Contas

124.Rio de Antônio Rodrigues Lopes 25/06/1765 201.1/08 212


Contas

125.Rio de Antônio Rodrigues Lopes 25/06/1765 201.1/07 214


Contas

126.Taperoá Francisco Nunes da Costa 18/04/1789 184/29 220

2.2 – Devassa

Localização Remetente Data Nº APEB Pág.

127.Feira de Manoel Jorge Coimbra 13/03/1771 201.1/13 221


Santana
Tânia Lobo (org.) 35

3 – Mapa

APÊNDICE
Mapa da Bahia
Recôncavo e Comarca dos
Ilhéus em destaque

Relação de Documentos por Região

Comarca dos Ilhéus 92 documentos

Região do Recôncavo 32 documentos

Santo Amaro - 08 documentos


São Francisco do Conde - 01 documento
Salvador - 13 documentos

Jaguaripe - 10 documentos
Morro de São Paulo - 05 documentos
Cairu - 42 documentos
Taperoá - 01 documento
Rio de Contas - 08 documentos

Camamu - 15 documentos
Maraú - 01 documento

Ilhéus - 20 documentos
Tânia Lobo (org.) 37

4 – Documentos
Jaguaripe, 27 de setembro de 1783 – Autor desconhecido

Excellentissimos e Illustrissimos Senhores.|


Nesta villa appareceo pro=| ximamente hum Francisco Fernandez
de Mattos provido por| tempo de tres mezes pello Doutor
Ouvidor geral da Comarca/ talvez me-| nos bem informado da
5 qualidade delle/ na serventia do Officio| de Tabelliam desta Villa,
que servia Gonçallo Pedro da Costa, quese| suppoem criminozo
na devassa geral da próximaCorreiçaõ; daqual| Serventia lhe deo
o Juiz Ordinario> posse no dia 24 do corrente mez,| em virtude
do Respectivo Provimento: Porém ponderando nós, ean-| tevendo
10 os graves inconvenientes que provavelmente Resultarám a esta
Repu-| blica da conservaçaõ do tal provido no Referido officio,
nos pareceo p[el]| la obrigaçaõ das nossas ocupaçoes, que atinhamos
de Representar, com| com a mais Rendida submissaõ e devido
acatamento Representarmos a Vossa| Excelencia eSenhorias, que o
15 dito Francisco Fernandez de Mattos he indigno da Serventia do|
Officio de Tabelliam porquanto he homem pardo, e por tal tido
e Reputado pellos que| delle, e da sua ascendencia, tem sufficiente
conhecimento. Motivo porque conti| nuando elle na
ditaServentia, Recusarám muitos os Cargos de Juizes Or| dinario/
20 como alguns já protestaõ/, naõ os querendo exercer com Tabelliam
da| Referida qualidade; e muitomenos consentirám que em Camara
faça as ve-| zes de Escrivam della, havendo algum legitimo im-
pedimento no actual, oque| naõ pode suprir o outro Tabelliaõ,
por estar actualmente exercendo o Cargo| de Procurador da mes-
25 ma Camara. Estes saõ os urgentes motivos, que nos com-| pelliraõ
a fazer esta Representaçaõ a Vossas Excelencia eSenhorias,
supplicando-lhes| humilde e Reverentemente a providencia
38 Cartas Baianas Setecentistas

necessaria, denegando Vossas Excelencia eSenhorias| ao tal provi-


do Provisaõ para continuar na ditaServentia, evitando-se assim,
ou| como Vossas Excelencia eSenhorias forem servidos, os [ilegí-
30 vel] indicados inconvenientes. As pessoas de| Vossas Excelencia
eSenhorias guarde Deos muitos annos. Villa de Jaguaribe
emCamara de 27 deSetembro de 1783.|
Os officiaes da Camara:
Manoel Tomé deFigueredo Ignacio Jozé Ferreira
Antonio Manoel deFrancisco Silva Germano Ferreira Bartolomeu

[2v, paisagem, alto-direita e outra letra]


Em 27 deSetembro de1783|
DaCamara daVilla deJaguaripe sobreo [ilegível] | de Tabeliaõ quefêz
oOuvidor daComarcana pessoa| de Francisco Fernandes deMattos
etc.
Tânia Lobo (org.) 39

Jaguaripe, 25 de agosto de 1784 – José Cabral de Ataíde

Illustríssimo eExcelentíssimo Senhor D. aFonço Miguel


[ilegível]ePortugal e | Marquêz de Valenca. |
Nesta villa de Jaguaripe seacha nella | morando dous rapazes par-
dos, chamados Antonio Pi- | nheiro, eseu Irmão Ioachim Pinhei-
5 ro os quaes por malin= | tençionados, estaó de animo abotarem
aperder hum ho | mem cazado debom procedimento, ecarregado
deobriga çoins, que pelas taês sitem portado com prodençia em
muitas | occazioins, emque elles otem incitado, esendo eu in |
formado destas dezenvolturas, os reprenhedi, com a | meassas
10 decastigo, haver sehavia nelles enmenor| qual anão tem havido,
más antes com mayor exce | sso continuaó na pertubaçaó do dito
homem cazado, co | mo táobem deoutros, motivando porestes
meyos, apro | prinquas perdiçoens, motivo este, porque ponho
na= | prezença de Vossa Excelencia, para que redigne, evitar toda
15 ruijna, e | presepiçio, que estáo a suçederem, porçerem os ditos |
pardos solteiros atrevidos, edemâ êducaçaó sem | terem que per-
derem, os quaes para suçego destaVilla jus | to paresse Vossa
Excelencia ospozesse no Real serviço, ou fossem | castigados pela
forma que Vossa Excelencia ordenar. | Deus a Vossa Excelencia
20 guarde por delatados annos | De Vossa Excelencia | Muito
attenciozo esubdito [ilegível]|
Jozé Cabral deAtaijde [ilegível] |

[fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 27 de Outubro de1780 | Do Juiz ordinario Jozê Cabral de |
Atahide da Villa de Jaguaripe, sobre omáo | procedimento
deAntonio Pinheiro, [ilegível]. | Joaquim Pinheiro [ilegível]
40 Cartas Baianas Setecentistas

Jaguaripe, 25 de agosto de 1874 – José Inácio Sotomayor

Illustríssimo eExcelentíssimo Senhor |


O que posso responder Vossa Excelencia sobre | o requerimento
dosuplicante, he que alcançado nesta primeira Provisam | junta,
na- servir os offícios deInquiridôr, Contadôr, e Destri- | buidôr
5 das Justiças desta Villa aos Vinte eoito deMayo do- | anno preterito
demil sette centos eoitenta etrez, ede- | vendo logo vir servir oseu
offício onão fez antes sim to- | mando posse delle ejuramento aos
dez deJulho do ditto anno | pertendeo servir odito offício, sem
nova Provisam athé omesmo | dia dez deJulho doanno prezente
10 na hipotheri deque o dito | anno [ilegível] dodia daposse enão
dadatta da- | Provisam por cujo respeito ofiz suspender porser
passado outro | concedido pella Provisam dadatta della, e não ter
aprezen- | tado nova Provisam oque devia requerer logo antes
deseacabar | otipo da primeira pois que sendo [obensinto] della
15 em vinte eoito | de Mayo seachava servido the odia dous deJulho
emque o- | suspendi muito posteriôr aotipo dapermição dentro
edepois | doque bem pudera ter recorrido para segunda enova
Provisam porassim | ser estillo praticado, enão como pertendia
osuplicante hir ser- | vido os devidos offícios sem nova Provisam
20 |Em quanto requerer osuplicante restituição dos [emullimentos]
| desemelhantes offícios aotipo da dita suspenção, pareceme não
deve | ser attendido [ por ser] elle oproprio que deu cauza aeste
pre | juizo por não ter porsua culpa, comissão, recorrido emtipo,
| nova Provisam para poder continuar noffício porque ali- | as,
25 tãobem [ilegível] odireito depoder recuperar os lucros que pos-
suir ||1v culpa ficou perdendo notipo dadatta daprimeira
Provisam, athe odia | dasua posse ejuramento ecomo osuplicante
assim oquiz, parece | me, não deve ser, attendido, sem embargo
doque, Vossa Excelencia | mandaria oque for servido, Villa de
30 Jaguaripe 25 de Agosto de 1784 |
Do Joiz ordinario Ignacio Caetano Soto mayor

[fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 20 de Agosto de 1784 | Do Juis ordinario daVilla deJaguaripe
sobre | oregresso do Distribuhidor, e inqueridor | do Juizo
damesma Villa etc.
Tânia Lobo (org.) 41

Jaguaripe, 03 de outubro de 1784 – José Inácio Sotomayor

Illustrissimo eExcellentissimoSenhor.|
Ouvindo aoSuplicado meRespondeo este que execu| tando
aAntonio Ferreira valle entre os bens que lhepinhorava fora| oCabra
Manoel que dis oSuplicante ser seu filho eporessa execuçam| fora
5 odito Cabra aRematado pello Alferes Florencio deSilva| Joze
aoqual depois otrapassara aelle Suplicado; efazendo vir os au| tos
daexecuçam aminha prezença porser amesma feita neste Juizo,|
delles vi ser de facto pinhorado pelo Suplicado odito Cabra com|
outros escravos deque fui eu oproprio depozitario, efallecendo|
10 odevedor napendencia daexecuçam eser naContinuaçaõ desta|
Comaviuva eherdeiros aRematado oexpressado Cabra,| pelo tal
Alferes Florencio deSilva Joze: Isto he oque po| so informar aVossa
Excelencia, Como taõ bem que odito Cabra ja| propôz hua acçaõ
deL[ilegível] aoSuplicado
15 SeuSenhor eCorrendo aRe-| vellia, foi Lançado, ealcançou odito
SeuPatrono Senten| ca Contra elle; comais mandará Vossa
Excelencia oque for Servido| Villa deJaguaripe 3 deOutubro
de1787|
DeVossa Excelencia|
Omenor Subdito|
O Juis Ordinario Ignacio Caetano Sotomayor

[2v, paisagem, alto-direita e outra letra]


Em31deOutubro de1784|
Do Juis ordinario davilla deJaguaripe no| requerimento deAntonio
Ferreira deAndrade [ilegível]| sobrealiberdade deseufilho Manoel|
Caibra etc.
42 Cartas Baianas Setecentistas

Jaguaripe, 17 de março de 1786 – José Elói Ferreira Cardim

Illustrissimo eExcellentissimoSenhor.|
Em o dia Catorze deste corrente mes chegou a esta Villa Anto-
nio| dos Santos Portabandeira de Regimento novo da infantaria
dessaCidade| e con tal avoroso saltou que animozamente chegou
5 a dizer que vinha| determinado athé darmebofetoins. Tendo eu
determinado a hum dos| meos Tabelians para hir aserto Lugar do
termo desta Villa afactura,| dehum corpo de delito dehuns cor-
pos mortos que apareseraõ| dando para companhia do dito Tabe-
liaõ hum official da Justiça o| dito PortabandeiraVoluntariamen-
10 te privou aodito official desta dili| gencia oCupando onas suas
determinasoens, eporultimaValen| dose do nome deVossaExce-
lencia o Recolheo aCadeya desta Villa aonde| esteve dous dias
depois dos quais o mandei soltar por percizar| delle para execuçaõ
devarias deligencias da Administraçaõ| da Justiça. Rogo aVossa
15 Excelencia haja asoltura por bem e| satisfaçaõ aRespeito da ine-
mozidade do dito Portabandeira que,| asim chega afaltar oRes-
peito dos que adeministraõ as Justiças deSua| Sua Magestade.
Deos guarde a Vossa Excelencia por muitos annos para amparo dos
Povos.| Villa de Jaguaripe 17 deMarço de1786|
DeVossa Excelencia|
Omenor Sudito|
Ojuis Ordinario Joze EloyFerreira Cardim

[2v, paisagem, alto-direita e outra letra]


Em17 deMarço de 86|
Do Juis ordinario daVilladeJaguaripe sobre o insulto| e dezatençaõ
que lhe fizera o Cabo doSegundo Regimento Antonio| dosSanctos.
Tânia Lobo (org.) 43

Jaguaripe, 21 de novembro de 1789 – Juiz Ordinário de Jaguaripe

Illustríssimo: eExcelentíssimo: Senhor |


Logo que recebi a colendissima carta de= | Vossa Excelencia, com-
a copia da Provisam, erequerimento in= | cluso, examiney amorada
dos herdeiros do Capitam | Pedro deAlfonceca, eMello,
5 para lhe intimár a- | copia e elles responderem por escripta nacon-
| formidade da Ordem de Vossa Excelencia, efazendo odito | exa-
me, acho serem dous clerigos assistentes | noCandiál, que desta
Villa mais de 20 le- | goas, etambé [duns] pardos assistentes
nafazenda | do Genipapo, que distão dos outros couza | de húa
10 legoa: oslavradores deque trata o= | requerimento morão distan-
tes daPovoação de Na | sareth 6 legoas etanto estes, como os
outros, | sáo moradores doutro de Maragogipe sem embargo doque
botaó suasfaras para a dita Povoação de Na- | sareth, ecomo Vossa
Excelencia detremina, que eu inti= | me adita copia parece naó
15 devo sair desta Villa para ir fazer adita intimação, sendo tantos
dias | deviagem, com tanto detrimento meu, edaspartes para ||1v
para deferir aosseosrequerimentos, sendo es- | ta arasaó de ir
outravez acopia para Vossa Excelencia | daí asprovidenciaz que pa-
recem maiz justas | para adita intimação; porem sem embargo
20 de- | ir acopia, sempre [ilegível] promto para o que Vossa Excelencia
determinár. |
Desembargador Geral aVossa Excelencia Villa de Jaguaripe | no-
vembro 21 de 1789 | DeVossa Excelencia | Omaiz humilde Subdito
| Juiz ordinario [ilegível]

[fólio 2v., paisagem, metade inferior]


Em 21 de Novembro de 1789 | Do Juiz ordinario daVilla de
Jaguaripe | com arazaó porque naó intimou aProvizaó | Regia ao
[ilegível] do Capitam Pedro daFonceca | eMello, para responde-
rem [ilegível]
44 Cartas Baianas Setecentistas

Jaguaripe, 04 de julho de 1792 – José Felix dos Santos

Illustrissimo e Excellentissimo Senhor.|


Naõ pude logo execu| tar a ordem de Vossa Excelencia por respei-
to das Embarcaçoens deste por| to naõ poderem sahir senaõ em
cabeças d’agua, porem fis lo| go examinar as farinhas que se
5 achavaõ nas trilhas, e embar| cadas nas ditas Lanxas, que de
prezente as conduzem para esse| Celeiro, os quaes vaõ com as
guias custumadas, e das mesmas,| constarã o limitado numero de
alqueires que se achavaõ nes| te porto, tanto pellas grandes
invernadas que tem havido,| como por se acharem as farinhas em
10 preços taes que os condu| ctores dellas as naõ podem comprar.
He o que posso infor| mar a Vossa Excelencia que Deos Guarde
por muitos annos.|
Povoação da Aldeia 4 de Julho de 1792|
OEspector Jozé Felix dos Sanctos.

[2v, paisagem, alto-direita e outra letra]


Em 4deJulhode1792|
Jaguaripe|
Resposta doInspector da Povoaçaõ da Aldeia| sobre acarta que
selhedirigio sobre aremessa| dasfarinhas etc.
Tânia Lobo (org.) 45

Jaguaripe, 16 de janeiro de 1797 – Autor não identificado

Illustrissimo, eExcelentissimo Senhor |


Com a mais Rendida submissam, e devido acatamento Recebe-
mos| acollendissima e Respeitavel Carta de Vossa Excelencia de24
do corrente mez de| Mayo; e igualmente humildes, e Reverentes,
5 a benignissima /aindaque in-| cupante/ censura de Vossa Excelencia
confessando ingenuamente que em Vossa Excelencia he justissi-|
ma, e em nós bem merecida; nam porque jamais houvesse em
nós o mi-| nimo intento de excedermos de sorte alguma a nossa
indespensavel obriga| çam de cumprirmos prompta e inteiramente
10 /sem alguma Restrição, nem| ampliação/ as Respeitaveis Ordens
de Vossa Excelencia mas sim pella desacertada, ea| Vossa Excelencia
desagradavel nomeyaçaõ de Inspectores; e muito mais pella intem-
| pestiva, na Realidade injusta/ aindaque na apparencia justificada/
Repre-| sentaçam, que respectivamente fizemos a Vossa Excelencia
15 excitados do apparente fundamento| e indispensavel obrigaçaõ,
que nos pareceo tenhamos de em tal caso Represen| tarmos Logo
a Vossa Excelencia as ocurrentes circumstancias, que entendemos
serem Repu-| gnantes ao devido cumprimento da determinaçaõ
da Camara expressada noRes-| pectivo Edital, que em observancia
20 da [ilegível] Ordem de Vossa Excelencia mandamos passar| na for-
ma praticada em outras em grande parte identicas occasio’es;
nomeyando| em os tres portos de embarque de farinhas
Inspectores, que naõ só Recebessem asListas| das mandiocas e sua
colheita, mas tambem expedissem as embarcaçoe’s com [palavra
25 ilegível]| as, Registrando-as estas pello Escrivam daCamara; para
desta sorte se evitarem os extra-| vios /como Vossa Excelencia no-
vamente nos ordena/; e dos ditos Registros se poderem [ilegível]
Re-| meter as Listas dos generos, que para oCeleiro publico
dessaCidade transportarem| as embarcaçoe’s do giro, como Vossa
30 Excelencia foi servido ordenar a esta Camara: Sen-| do porém o
principal motivo da nomeyaçaõ de Inspectores a supposiçaõ deque
pela or-| dem que Vossa Excelencia foi servido dirigir a estaCamara
ficavamos a isso obrigados; eoCapitam| Engenheiro isento do tal
46 Cartas Baianas Setecentistas

Emprego. Humildemente supplicamos a Vossa Excelencia que por


35 sua| innata benignidade /attendendo as nossas sinceras intençoens/
nos Releve e per| doe os ditos culpaveis desacertos. A Pessoa de
Vossa Excelencia guarde Deos muitos annos, como| nós seres [ile-
gível] e obrigadissimos subditos lhe desejamos. Vila de Jaguaripe
emCamara| de 31 de Mayo de 1788: Monoel Joam de Moraes
40 Escrivam daCamara a [ilegível]|
Os officiaes daCamara:|
Jozé Martinho desouza Joaõ dos Sanctos Nunes|
Manoel Fernandes deAffonso Jozé de Souza Cardim
[papel danificado]

[2v, paisagem, alto-direita e outra letra]


31 Mayo de1788|
Da Camara da Villa deJaguaripe, sobre| os Inspectores nomiados
para Registos defarinha
Tânia Lobo (org.) 47

Jaguaripe, 10 de fevereiro de 1797 – José Francisco Sampaio

Illustrissimo, eExcellentissimo Senhor.|


Em Cumprimento daOrdem deVossa Excelencia dirigida aeste|
Senado pelaCarta datada em 11 deFevereiro proximo passado|
fes o mezmo Senado publicar editaes, e Recomendar aos
5 Inspectores| dasPovoaçoens que lotaõ farinha para essaCidade,
que nenhuã Lanxa sa| hisse sem Receber guia desse Inspector
dirigida aoEscrivam des| teSenado, para este afazer Remeter
desualetra ao Inspec-| tor do Celeiro publico, deichando em aserto
onumero dos| alqueires que sahidas, oque asim seexecutou
10 emquanto naõ foi apresen| tado emCamara hum despacho deVossa
Excelencia, pelo qual izentava| dos Mestres, oudonos das
embarcaçoens devirem abrila Rece| ber guia doEscrivam ficando
so obrigados aReceberem guia| dos Inspectores, os quaes inad-
vertidamente costumavaõ Reme| ter emcada huma Lanxa aguia
15 com onumero dos alqueires que Leva-|va amesma, cujo erro, fica
somado com aCartadeVossa Excelencia| datada em 6 doprezente
Mes deFevereiro, eadvertidos os ditos Ins-| pectores, para alem
daguia, que Leva Cada huma das embarca| çoens, Remeter aVossa
Excelencia nofim deCadaSemana huma qual,| pella qual Conste
20 dos numeros de alqueires que Carregaraõ, declarando os| nomes
dos Mestres, edonos das ditas embarcaçoens para por este meyo|
seConhecer qualquer extravio, que possaõ fazer, e naõ Sendo este
bastante| Vossa Excelencia determinará omais que for Servido. Deos
Guarde aVossa Excelencia muitos| annos Villa deJaguaripe
25 emCamara. 10 de1797|
DeVossa Excelencia|
Subditos muito Reverentes.|
JozéFranciscodeSampaio

[2v,paisagem, alto-direita e outra letra]


Em 10deFevereiro de1797|
CartadaCamarada Villa de Jaguaripe em| RespostadaqueSua
Excelencia lhedirigio, para que| fizessem Remeter Semanariamente
aLista| daCargadasLanxas que conduzemfarinhaspara| e [ilegível]
Cidade comonumero dealqueires, que esta [ilegível]| Carrega.
48 Cartas Baianas Setecentistas

Jaguaripe, 19 de setembro de 1799 – José Albino Gomes Pereira

Illustrissimo eExcellentissimoSenhor.|
Foi recebida aCarta deVossa Excelencia com| aquela Veneraçaõ,
eRespeito que Sedevia; epor Seachar naterra| oDoutor Ouvidor
daCommarca Logo lhefomos comunicar oqueVossa Excelencia|
5 determinava, e elle, que tambem teve outra igual Recomenda-|
çam deVossa Excelencia, deliberou hir para aPovoaçaõ de Nazareth,
on-| de Seacha, para poder melhor examinar os Lavradores| mais
Capazes de augmentar aplantaçaõ de milho, efeijaõ,| eos meyos
mais proprios para ella Se efeituar.|
10 Naõ he nova esta plantaçaõ naquelle ter-| reno, mas agora
procuraremos, que ella Sepropague Com| mais excesso, aver Se
podemos Conseguir, que se espalhe nessa| Cidade a abundassa
destes generos igualmente necessarios para| aSubsistenssa dos po-
vos.|
15 Esta nossa obediencia Será em| todo otempo amelhor prova
da execuçaõ, que vamos dar às| venerandas Ordens deVossa
Excelencia Deos Guarde aVossa Excelencia por muitos| annos. Villa
deJaguaripe 19 de Setembro de1799|
DeVossa Excelencia|
20 Humildes, e Reverentes Subditos|
Ojuis ordinario Silverio Hippoljto de |
Jozê Raijmundo deSouza |
Francisco Ferreira Leite|
oProcurador JozéAlbino Gomes Pereira.

[2v, paisagem, alto-direita e outra letra]


Em19 de Setembro de1799|
DaCamaradaVilla deJaguaripe sobreasor| densqueselhedirigiraõ
para aplantada| Mandioca etc.
Tânia Lobo (org.) 49

Salvador, 03 de julho de 1767 – Antônio de Souza


Ata – autor não identificado

A Vossa Magestade faço sciente, quenoanno passado de1766,


| deraõ ámorte ahú homem no certaõ doTuyuyû termo desta
villa | distante della omelhor decincoenta Legoas, decuja morte
naõ tira-| rão o[s]Juizes ordinarios Devassa, por não puderem [h]ir
5 a[o]Lugar | donde s[eco]meteo o deLicto emrazaõ das Secas, que
Laboravaõ nestes | Certoens; ecomo hé passado maiz de dehú
anno, e querendo eufazello | deprezente duvidofazello em razaõ
demedearodito tempo, Supli-| Co aVossa Magestade medetermine
oprocedimento que heide ter neste Cazo, | poiz em tudo quero
10 obrar comacerto nasLeis deVossa Magestade Fidellis-| sima que
Deoz guarde Villa deItapicuru 3 deJulho de 1767 |
Juiz ordinario |

Antonio Alvares deSouza

|||2r
Sendoprezente nesta Meza pelo Illustrissimo | Excelentissimo Se
5 nhor da caza acarta que lhees cre| veu o Cappitam-mor da Villa
de Itapicurû | deSima Bernardo Carvalho daCunha emque |
notticía que tendos ahido JozêGomes daSilva | comhuma cavala-
ria da parte de Jagoari| be, seaggregaraõ algumaspessoas que [ile-
gível]| vamente o mataraõ na travessia doRiacho | daBrizida a
10 donde osepultaraõ eque apos-| [ilegível] matadores da dita cava-
laria emas| bens do morto seguiraõ para o Rio de Saõ | Francisco
adonde se transportaraõ com os mes| mosbens roubados para o
termo dadita Villa de Ita| picurû adonde o mesmo Cappitam-
mor que tam | bem serve deJuiz Ordinario notticiado dos re[pe]|
15 tidos insultos fizera prender e remmete| ra para a Cadeia
destacidade hum dos indi-| ciados nos refferidos delictos; epor
que o ca| zo eragravissimo epedia huma prom| pta eexemplarissima
puniçaõ que em grande | parte difficultava a grande distancia
e[ode]zêrto|||2v dezêrto adonde se commeteraõ os reffe-| ridos
20 attentad os aimpossibilidade de lâ poder | hir Ministro que os
50 Cartas Baianas Setecentistas

averigûe no mesmo | território; apresentouse em consideraçaõ |


doponderado se passe provizaõ para odito | Juis Ordinario
deItapicurû Logo que ellalhe | for entrêgue proceda a huma
exactissi-| madeva ça emque preguntarâ sem Li-| mitadonumero
25 de testemunhas todasas que lhe pare| ceram propria para
averiguaçaõ dos delictos | e authores delles osquaes farâ prender |
e rem-meter para ascadeas desta Relaçam | com a devaça a
oReferido Dezembargador Ouvidor geral docri-| me, e para todo
o refferido concedam ao | [...] Juis a jurisdiçaõ propria como
30 tambem | ade poder entrar em todo e qualquer | destricto inda
que seja dejurisdicçaõ | alheia, e de mandar fazer nelles | pellos
seus officiaes todas as delligencias proprias | e de chamar testemu-
nhas e naõ lhe obbede-<cendo>||3r Obbedecendo, proceder a
prizão, e aos mais | actos legitimos. Bahia, 22 de setembro de |
1767 |
35 três assinaturas Andrade PMattos
Tânia Lobo (org.) 51

Salvador, 28 de março de 1783 – Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo Excelentíssimo Senhor. |


Bahia 28 Março 1783.
O Sargento Mór António Francisco daSilva | serve a Sua
Magestáde há mais de trinta annos com | tanta honra,
5 edezinteresse, quanto se verifica | das importantes ordens, que lhe
forão dirigidas | em todo este espaco pelos diferentes Governos
d’esta | Capitania, que lhe dérão abonaçoens dignas | da maior
atenção.[espaço] Por este Respeito foi creádo | Sargento-Mór do
Destricto de Jequiriçá pelo | Excelentíssimo Senhor Conde de
10 Pavolide, com independencia | dos Capitaens-Móres de Jagoaribe,
e Cairu, e só | subordinádo ao Governo: e não foi esta creação fei-
| ta com o vnico objecto de honrar ao suplicante: | foi demais
fundáda na authoridáde da Carta- | Régia de 2. de Março de 1766,
que deo Liber- | dade aos Excelentíssimos Senhores Generáes para
15 creárem | nóvos Terssos, e nóvas Repartiçoens de Melicias | para
defeza do Estádo, e melhor Regimen das | Gentes dispérsas, e
habilitadora dos Sertoens, o que muito se percizáva n’aquele
Destricto de Je- | quiriçá para melhor defeza dos frequentes atá- |
ques dos Indios; eoutro sim para mais pronta | expedição, e
20 extracção das Madeiras necessá- | rias para os Reáes Arsenáes: no
que se | tem oSuplicante empregádo com zello, honra, e ainda |
perda conciderável da Sua Fazenda: epor | me ser constante o seo
merecimento, o || 1v. O nomeei Administrador do Real Córte
d’ | quele Destricto, em que continu)a a fazer os mes- | mos bons
25 servissos: Elle sóbe repetidas vezes | pelo trabalhozo Rio de
Jequiriçá a regular | e a animar o servisso, ou fabrico dos grandes
| pranxoens de Vinhático: aciste pessoalmen | te em todos os máres,
ou grandes ágoas á car- | ga da Lanxa de Sua Magestade, e isto na
práia | sem temer o trabalho, nem o rigor do tempo: | acóde ao
30 meo mandádo á villa do Cairu) re- | petidas vezes: ao Povo do seo
Desctricto lhe | obedece com facil vontade, e grande Respeito: |
Todos estes servissos ficão perturbádos, introdu- | zindo-se novo
Governo nas Melicias, porque | sendo estas compostas dos mes-
mos Fabricantes, | e trabalhadores do Máto os dezunirá o concurço
52 Cartas Baianas Setecentistas

35 | de Jurisdiçoens, eo conflito de diferentes ordens: | Eu não co-


nheço, qu)e ali seja tão capás de | servir a Sua Magestáde com a
actividade, e de- | zinteresse dosuplicante que fáz concistir todo |
o seo Premio na Honra, e independencia | da sua Patente. |
Pelo que me parece, que | osuplicante não só hé digno da Mercé,
40 que || 2 r. Que péde, mas que Vossa Excelencia lhe póde acrescen-
tar a Honra, mandando-lhe passar | nóva Patente de Capitam-
Mór do Refe- | rido Desctricto, que já foi desmembrádo de |
Jagoaripe, e Cairu) pela authoridáde da | referida Cárta Regia, e
pelos motivos de | Justiça, e Bem – do Real Servisso, que | ficão
45 expostos.[espaço]
Vossa Excelencia mandará o que | fór servido. |
Bahia 28. de Março de 1783 |
ODezembargador, ouvidor daComarca dos Ilhéos |
Francisco Nunes daCosta.

[fólio 2v., paisagem metade inferior]


Em 28 de Março de 1783 |
Do Dezembargador Ouvidor dosIlheos sobre | oregresso
deSargento mor deJequeri- | çá Antonio Francisco daSilva pedin-
do | serconservado nasua Patente [em] subordi- | nação
aoCapitãomor de Jaguaripe etc.
Tânia Lobo (org.) 53

Salvador, 12 de setembro de 1783 – Francisco Nunes da Costa

Excelentíssimo. e Ilustríssimo Senhor, Senhores Governadores |


Bahia 12 novembro 1783
Pedro Jozé Fernandes, que pertende aserven- | tia dos oficios de
Inquiridor, Destribuidor, | e Contador do Judicial da Villa do
5 Cama- | mu, servio já em outro tempo de Mei- | rinho-Serah da
Correição, deque foi eclui- | do pela sua conducta-irregular, eaté |
pelo vicio da inebriação de que me não cons- | ta esteja emenda-
do, epor isso o concide- | ro inhabil para aserventia de oficios |
publicos. Vossa Excelencia, e Senhorias | lhe defirirão como for
10 Justiça. |
Bahia 12 de Setembro de 1783 |
ODezembargador, Ouvidor dos Ilhéos Francisco Nunes daCosta |

[1o anexo, outra letra]


Senhor Doutor Dezembargador Ouvidor Geral, ecorregedor Fran-
cisco Nunes da Costa |
Hé costume veterádo nesta villa nafalta deprovido | nos officios
deque retrata servirem os Juizes ordinarios os | de Destribuidor,
inquiridor, econtador, e nomeárem avalia- | dor, e partidor quan-
do os não sã, como no prezente tempo emque | héfalescido
oprovido que era Alferes João Soares daSylva, | eporisso se achão
vágos os taes officios. | Tão bem hé certo, emeconsta que
opertendente | suplente já não serve officio algum noJuizo
Eccleziastico des | ta mesma Villa: hé oque posso informar
aVossamerce, que man | dará oquefor servido. Camamú, ede Agos-
to 16 de 1783 |
O Juis ordinário Bernardo Rijo deAffonseca

[fólio 2v., paisagem, metade inferior]


Em 12 de setembro de 1783 |
Do Ouvidor daComarca dosIlheos no | regresso de Pedro Jozé
Ferreira pertendendo | aoffício deInquiridor, Contador,
eDistribuido | doJudicial daVila deCamamú, efoi [escuzo] | oseu
regresso etc.
54 Cartas Baianas Setecentistas

Salvador, 20 de setembro de 1783 – Francisco Nunes da Costa

Excelentíssimo: e Digníssimo: Senhor, e Senhores doGoverno. |


Bahia 20 Setembro 1783.
O Requerimento de Jacinto Rodrigues d’oliveira, | eos documen-
tos, que o acompanhão, podem ser-lhe | vtis contra os Herdeiros
5 dos Arrematadores das Terras, | que forão dos Jessuitas, e
sequestrádas pela Real | Fazenda, que se acha inteiramente paga:
o seques- | tro levantádo, epor isso indeferivel apertenção |
dosuplicante por este meio, que deve vzar do competen | te. [es-
paço] Vossa Excelencia, eSenhorias lhe fação Jus- | tiça.[espaço]
10 Bahia 20 de setembro de 1783 |
ODezembargador; Ouvidor dos Ilhéos | Francisco Nunes
daCosta_

[fólio 2v, paisagem metade inferior]


Em 20 de setembro de 1783 |
Do Dezembargador Ouvidor daComarca dos | Ilheos sobreo pa-
gamento querequer | Jacinto Rodrigues deOliveira. etc.
Tânia Lobo (org.) 55

Salvador, 28 de abril de 1786 – Francisco Nunes da Costa

Illustrissimo, eExcelentissimo Senhor. |


Tendo thé aqui reduzido o corte, e Feitoria da | Real Extracção do
Pao-Brazil ás Mátas | adjacentes ao Rio das Contas, e dos Ilheos,
vai | a experiencia mostrando alguá dificuldade | n’este servisso,
5 pela maior distancia em que | já se acha internádo o referido pao,
de | que resultará a alteração do avantajozo | preço da actual ad-
ministração; eporque | de prezente se tem descuberto grandes por-
| çoens de Arvoredo no Rio de Patipe, que | segura hum córte
abundante, vtilissimo | pela proximidade do Rio; me parece
10 | justo, e indespensável mandar abrir | esta nóva Feitoria debaixo
da mesma | Administração do Sargento Mor Ignacio | de Azeve-
do Pericato aquem está cometida | a dos Ilheos; edando todas as
mais Providen- | cias, que se requerem para a regularidade | da
Extracção, e fidelidade das Remeças. |
15 Vossa || 1v. Vossa Excelencia mandará oque fór servido. Bahia 28
de Abril | de 1786.
ODezembargador; Inspector dos Reáes-Cortes
Francisco Nunes daCosta [ilegível]

[fólio 2v., paisagem, metade inferior]


Em 28 deAbril de 1786 | DoDezembargador Ouvidor daComarca
dos | Ilheos em participação aSua Excelencia do | novo Corte de
Pao Brazil, que deve | ser aberto no Rio Patipe daSua | Comarca
Vila Vide aCarta de 29 em | resposta etc.
56 Cartas Baianas Setecentistas

Salvador, 16 de julho de 1786 – Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo e Excelentíssimo Senhor |


Bahia 16 Julho 1786
A Providencia que péde Manoel Vieira Caldas | na Representa-
ção, que fás aVossa Excelencia, hé imprati- | cável á vista da Lei
5 Novissima sobre as Lavoiras d’ | esta capitania, e sobre oque par-
ticular-mente ocorre | no facto de que se queixar. [espaço] Não se
podem obri- | gar os donos dos Gados atelos debaixo decercas,
por sere) | os pastos incertos, e mudáveis, eos Gados emprega- |
dos nas conducçoens, e arrastos das Madeiras de | Sua
10 Magestade.[espaço] O remedio consiste em pagarem | os danos;
o que já o Reprezentante experimentou | sem lezão antes com
conhecida vtilidade a | Respeito do que podia produzir-lhe
acolheita | os fructos são contigentes, epor isso conforme |
oDireito, estas avaluaçoens se fazem com | atenção aoseo estádo
15 actual, mas Com o Repre- | zentante se praticou diversamente,
aquem | não considero Justiça algu)a na Queixa, que forma- | Vos-
sa Excelencia lhe defirirá como for servido |
Bahia 16 de Julho de 1786. |
ODezembargador ouvidor daComarca Francisco Nunes daCosta

[Fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 16 deJulho de 1786 |
Do Dezembargador Ouvidor daComarca dosIlheos | sobre Re-
querimento deManoel Vieira Cabral quei- |xandose dadestruição
quenassuas fazendas, ou | Lavoiras cauza ogado solto etc.
Tânia Lobo (org.) 57

Salvador, 24 de outubro de 1786 – Francisco Nunes da Costa

Ilustríssimo Excelentíssimo Senhor |


Bahia 24 outubro 1786
Acabo de receber cárta do Capitam Mór | do Rio das Contas, edo
Juis-ordinário da | mesma Villa a remeça do grande [Faci-] |
5 [norozo] Joaquim José de Souza, prezo em | Virtude das ordens
deVossa Excelencia, e das | acertadas Providencias, que deixou n’a
| quela Villa o Capitam Alexandre | Theotonio, a quem Vossa
Excelencia remeteo | esta recomendada diligencia, como decla- |
rão nas duas cartas os sobedos Juis, e | Capitam Mór da
10 mencionáda Villa, que | se não satis fazem de expressar o que |
nesta parte obrou este tão honrádo | Capitam, aquem mandei
enteegar o referido prezo, com outro Dezertor para elle os dirigir
aVossa Excelencia | Deos Goarde aVossa Excelencia. |
Bahia 24 de outubro de 1786 |
15 ODezembargador, ouvidor dos Ilheos Francisco Nunes daCosta

[fólio 2v., paisagem, metade inferior]


Em 24 de outubro de 1786 | Do Dezembargador Ouvidor da
Comarca dosIlheos | sobre aremeça do Reo Joaquim. Jozé de |
Santa Anna; que foi remetido para a | Ouvedoria GeraldoCrime,
comaDevocã, | queoacompanhão etc.
58 Cartas Baianas Setecentistas

Salvador, 8 de junho de 1788 – Francisco Nunes da Costa

Ilustrissimo, e ExCelentissimo Senhor |


Bahia 8 Junho 1788
ProCedendo no Sumário de Testemunhas, que | Vóssa
ExCelenCia, me ordenou tiráse pela Portaria , | enCorporálaafolhas
5 duas, servindo-me Como | de Báze para este ConheCimento o
Termo, que | os OfiCiaes da Curveta Santa Anna, e Santo | An-
tonio, fizeraõ n’elle , Com a Dáta, de nó-|ve de Outubro do
anno preCedente, que igu-|almente fis juntar, e se aCha afolhas
tres; | Consta, primeiramente, por todas as testemunhas |
10 prezenCiaes; que na Altura de Santo André, | hindo já Costeando
a terra da Mina, fora a Refe-|rida Curveta, abordáda por dois
Navios Ingle-|zes, preCedendo os Sinaes de insarem Bandeira -|
Ingleza, e Segurarem-na Com tiros deCanhaõ, | Segundo o Esti-
lo da Guérra-Marítima. Cons-|ta, semelhantemente, que
15 recuzando-se, o | Mestre da dita Curveta, Joaõ da Costa Cerne,
pres| tar se a semelhantes sinaes pela notória | Páx deque gósa a
NasÇaõ-Portugueza, e | fazendo forÇa de Vela, por se retirar do
enCon-|tro, o naõ ConCeguira, pela diferenÇa dos Navios, | e
sua maior forÇa. Mostra-se, Com amesma | Uniformidade, que
20 entrando na Curveta trinta | homens armádos, violentamente
Conduziraõ | ao menCionádo Joaõ da Costa Cirne, e ao Ca-
|pelaõ o Padre Dionizio Afonsio da ConCeiÇaõ, Co-|mo
Reprezádos, para Bórdo do seu Navio; ||1v Emandando abrir as
EsCotilhas, ti-|raraõ della, duzentos e SinCoenta rolos do me
25 lhor | TabáCo. |
Obrada esta ViolenCia Com todos os | Vizos de furtos de
Pirátas, fizeraõ paliálo, Com | portextado negóCio, metendo-lhe
á forÇa os | infinos, e ridiCulos generos desCriptos na | Resta
afolhas quinze, que me foi entregue | pelo Mesmo Mestre, Com
30 asahida afolhas | dezesseis, authentiCádo pelo VniCo módo, por
| que opodia ser, atenta a natureza do ne-|gósio : quero dizer, pelo
Seo Juramento a | folhas quatorze. |
A Cárta a folhas dezoito, que | muito tempo antes da Entráda
da Curveta, nes|te Porto, esCreveo o Mestre ao Senhorio della |
Tânia Lobo (org.) 59

35 Manoel Lourenso daCosta, Conspira intei-|ramente Com as poste-


riores deClaraÇo ens, | e Juramentos, que a Respeito de pessoas
au-|zentes, e que naõ pudiaõ ser Citádas, Justifi-|Caõ plenamente
o Referido fardo, por outra | párte Constante por publiCa, e
notoria Vox.
40 Hé Coiza Certa, que os | dois Navios deque se trata, o de
dois Mastros, | se InvoCáva, Eleazar, o Capitam BáCle : | o ou-
tro, de tres Mastros, AfriCan Gueen, | e Capitam Thomás King,
ambos de ||2r De Bristol .|
Com o ConheCimento prinCipal, | que Vóssa ExCelenCia
45 me ordenou na Referida | Portaria, nese ssariamente entrei no
exame | de outra igual violenCia pratiCáda Com | FranCisCo
Jozé de LuCena, Mestre de Curveta | Glória, que Jurou afolhas
vinte, só Com | a diferenÇa , que o seo exito foi mais felix, | pela
sa tis faÇão, que lhe deo o Governador | de Cabo Corso, Thomás
50 Nóris, ConvenCido | da injustiÇa, Com que o Capi tam Ingles,
| Holde, do Navio, Broters, de Bristol, lhe | havia extorquido
huã grande porÇão de | tabaCo, Com semulaÇaõ de negóCio e
troCa, | Cujo depoimento do Referido Mestre, se | abóna pelos
mais ofiCiaes do Navio, que | inquiri depois d’elle.|
55 Por esta forma, fiCa-|rá Vossa ExCelenCia inteirádo, de qual
seja | a Opresaõ, e porplexidade emque se | aCha o NegóCio dos
EsCrávos da Cósta | da Mina : hé raro o Navio, que esCápa | aos
insultos, e violenCias, Com que saõ tra-|tados pelas NasÇoens
Estrangeiras Con-|Correntes, que não podendo fazer o seo |
60 NegoCio Com os Negros, sem o TabaCo, ||2v Genero de pri-
meira nesessedade, egosto para | os mesmos, otomaõ violenta-
mente aos Portu-|gueses, que ComerCeando em Navios de | me-
nor pórte, naõ podem resistir aos seos, | armádos, e possantes. |
Vossa ExCelenCia á Vis-|ta do Sumário, tomará a
65 DeliberaÇão, | que lhe pareCer mais Conforme ao Real | DeCóro,
e aos Comuns Interesses da NasÇaõ, e d’esta Colónia. Bahia 8 de
| Julho de 1788. |
O Dezembargador Ouvidor FranCisCo Nunes da Costa ||
[2v, paisagem, metade direita, outra letra]
Em 8 de Julho | de 1788 |
60 Cartas Baianas Setecentistas

Officio do Dezembargador Francisco Nunes da Costa | que acom-


panhou o Sumário de testemunhas aque | Sua Excelencia man-
dou proceder por elle sobre | as violencias que fazem os Navios
Estran-|geiros ás Embarcaçoens que vaõ comer-|ciar naCosta
daAfrica, pela | Portaria de 25deJunho do dito Anno |
Etc.
Tânia Lobo (org.) 61

Salvador, 29 de julho 1788 – Francisco Nunes da Costa

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor |


Bahia 29 Julho 1788
Joanna Maria daEncarnaçaõ, Viuva tem | quatro filhos solteiros,
todos maióres, e sendo | todos de má Conducta, ainda lhe rezervei
5 os tres, | para me Conformar, Com o verdadeiro Espirri| to das
ordens deVossa Excelencia. Este deque | se tráta, Joaquim Gomes
da Silva, em nada | hé Vtil asua Mai: em Iequiriçá há bastan| tes
próvas dasua Vadiaçaõ, e ainda Crime.|
Esta hé averdadeira informaçaõ, que preCe-| deo à ordem de
10 prizaõ; e em materia de | tanta importancia, e por Vossa Excelencia
| taõ Recomendada, eu faço o estudo, que pede | asua natureza, a
honra do meo lugar, | para que naõ Concorraõ paixoens de ódio,
| e personalidades. [espaço]Vossa Excelencia man-| dará o que fór
servido. Bahia 29 deJulho | de 1788-|
15 O Dezembargador , Ouvidor da Comarca do Ilheos Francisco
Nunes da Costa

[2v, outra letra, paisagem, metade inferior]


Em 29 deJulho de 1788 |
Do Dezembargador Ouvidor da Comarca dos Ilheos arespeito de
Joaquim | Gomes daSilva, filho de Joanna Maria da Encarnaçaõ
62 Cartas Baianas Setecentistas

Salvador, 30 de agosto de 1788 – Francisco Nunes da Costa

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor |


Bahia 30 Agosto 1788.
A Povoaçaõ de Mapendipes, hé Comefeito do | termo da Villa
do Cairû, e sujeita á Jurisdição | da minha Correiçaõ, e das Justi-
5 ças ordinárias, | Sempre o foi tambem ao Capitam Mor das |
ordenansas da mesma Villa té ao tempo, em | que o Excelentissimo
Senhor Marqués de | Valensa, fés da Freguezia de Jequiriçá hum |
Terço separado de Ordenansas, em atençaõ | aos Córtes das Ma-
deiras-Reaes, que se extra-| hem do dito Jequiriçá, e Como
10 amencioná| da Povoaçaõ de Mapendipe hé Comprehendi-| da
nos limites d’aquela Fréguezia, rezultou d’| aqui a Confuzaõ dos
termos, e as que se seguem | do Conflito de Jurisdiçoens em huã
mesma | Povoaçaõ. O Capitam- Mór de Jequiriçá re-| zide em
distancia, epouco, ou nenhum Co-| nhecimento tem d’estes
15 Moradores, ao mesmo | tempo, que o da Villa do Cairu rezide
no | meio d’elles, e d’elles se serve para o Fabrîco | das Madeiras-
Reaes, que pricipalmente | se extrahem de Mapendipe. |
Por todas estas |rezoens, eoutras, que saõ manifestas , se fás
||1v Se fás muito atendivel o Requerimento | do Capitam Mór
20 do Cairû Joaõ Baptista | Teixeira, na Verdade dirigido abeneficio
| d’este Povo, seo soCego, e melhor exeCuÇaõ | das Ordens Su-
periores. |
Vossa Excelencia man-| dará o que for Servido. Bahia de
Agosto | de 1788. |9
25 ODezembargador; Inspetor; dos Reaes Córtes- Francisco Nunes
daCosta

[2v, outra letra, paisagem, metade inferior]


Em 30 de Agosto de 1788 |
Do Do Dezembargador Ouvidor da Comarca dos Ilheos no
Requerimento | doCapitamor da Villa doCairú, emque pertende
areuniaõ da | Companhia deMapendipe noCorpo doTerso dos
Ordenã| ças do Cairú, Vide as cartas de 2 deSetembro escritas |
aosCapitães mores doCairu, eJequiriçá.
Tânia Lobo (org.) 63

Salvador, 12 de junho 1789 – Francisco Nunes da Costa

Ilustríssimo, e Excelentíssimo Senhor |


Manoel daSilva Ferreira, Senhor do | Engenho de Santa Anna,
daVilla dos | Ilhéos, que origináriamente foi dos Ex- | Muitas, e
comprehendido no geral Se- | questro, e arrematádo pelo Fisco,
5 hé | ainda devedor a Real-Fazenda de Vinte, | etantos mil
Cruzâdos, epor isso por or- | dem da Junta da Fazenda, está
omesmo | Engenho entregue à minha Insperção, para | a Remeça
dos seos produtos para satisfação do debito mencionádo; e Sen-
do a fabrica | déste Engenho comporta de trezentos | de [ilegí-
10 vel] como levantádos, mais | de sincoenta, encorporâdos, e uni-
dos no | Mato, e Já em Mocambo, dizendo- | le livres, e não
querendo de fórma algu- | ma reduzir-le ao Cativeiro. Tenho |
usado de todos os meios da suavidade, para | os Compôr, e trazer
ao seu destino: | se tem conseguido antes se releia, com | todo o
15 Juntamento, que se sigão maióres | desordens, e perturbação, não
só dos | mais escrávos do Engenho, mas doso- |cego comum dos
Povos. Nestes | termos, me vejo percizado a man- | dálos atacar
no Mocambo, con- || Conforme as ordens de Sua majestáde |
armando para isso os Capitaens do Máto, | os Indios das Suas
20 Villas de Barcelos, e | Olivença e cometendo o governo désta |
acção a Sargento Mor da Comarca | Ignacio d’Azevedo Pericato.
Não | devo porém, ter este procedimento | sem o participar aVóssa
Excelencia | para que seja servido prestar oSeo | Consentimento,
e haja outro sim | de expedir as ordens circuláres ás | Milicias
25 Respectivas, e Juizes ordiná- | para que observem as minhas | Or-
dens e Sejão Responsáveis aVóssa | Excelencia pela Omição. |
Deos GoardeaVossa Excelencia |
Bahia 12 de Junho de 1789 |
Desembargador, Ouvidor da Comarca dos Ilheos |
30 Francisco Nunes da Costa

[Fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 12 deJunho de 1789 |
64 Cartas Baianas Setecentistas

Do Dezembargador Ouvidor da Comarca dos Ilheos | actando


daprizão de mais de cincoenta negros, que ceachão amocambados
nos Matos | da dita dosilheos, epede providência – vide | asCartas
de 22 deJunho do etc.
Tânia Lobo (org.) 65

Salvador, 26 de junho de 1792 – Francisco Nunes da Costa

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor |


Por avizo, que acabo de rece-| ber do Capitaõ Mor do Rio das
Contas, participo | á Vossa Excelencia, que ali se achaõ hu)a grande
Su-| máca, e algu)as outras embarcaçoens defora á carga de | fari
5 nha, sem que os Mestres mostrem Despacho deVossa Excelencia ,
| por onde lhe concedesse esta faculdade. Esta extracção | de fari-
nha em concurso da que ja tem hido para fora, | vai certa mente
fazer hu)a concideravel falta n’esta Ci-| dade, e na minha mesma
Comarca, e dá taõ bem ocazião | a que os Lavradores atrahidos
10 pello aumento do preço,| passem a desmanxar as Manahêbas, que
ainda não estão | de vez. Queira Vossa Excelencia dar as suas Pro-
videncias para se | evitar esta desordem, e ao mesmo tempo
rezolver, se aquel-| La Sumáca, que está a carga, ha de sahir do
Porto Livre-| mente para Pernambuco, onde se destina, ou
15 conduzida | a esta Cidade á Ordem deVossa Excelencia, com as
mais embarca-| çoens, que ali estão.|
Deos Guarde aVossa Excelencia Bahia 26 |
deJunho de1792
Dezembargador Ouvidor da Comarca dos Ilheos Francisco
Nunes da Costa

[2v, outra letra, paisagem, metade inferior]


Em 26deJunhode1792 |
CartadoDezembargador Francisco Nunes | daCosta, participan-
do a Sua Excelencia estarem | no Rio dasContas humaGran-
deSumaca, eou| tras Embarcações Carregandofarinhas, sobre |
queSua Excelencia Respondeo emCartade 26 de Ju-| nhodomes-
moAnno dando as providencias necessarias .
66 Cartas Baianas Setecentistas

Salvador, 11 de dezembro de 1793 – Francisco Nunes da Costa

Ilustríssimo Excelentíssimo Senhor. |


11 Dezembro 1793
Anna Felipe de Santiágo, que | aVossa Excelencia requer abaixa do
| filho Jozé Joaquim Ferreira, Re- | cluta, que em concequencia
5 das Ordens de Vossa Excelencia mandei | da Villa de Cairú. Não
hé Mo- | lher honesta, nem Viuva das | comtempládas na Excepção
| da Lei: do Filho tive más infor- | maçoens: por húa, e outra ra-
| zão, me persuádo, que obras | com Justiça em o envião | para
Soldádo. | Vossa Excelencia lhe de | Ferirá Como For servido. |
10 Deos Guarde aVossa Excelencia. Bahia 11 de Dezembro de 1793
| ODesembargador, Corregedor: dos Ilhéos. |
Francisco Nunes da Costa.

[fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 11 de Dezembro de 1793 | Do Dezembargador Ouvidor da
Comarca dos | Ilheos sobreo Requerimento de Anna Felipe de |
Santiago pedindo baixa para | Jozé Joaquim Ferreira, Requeri-
mento | que lhefoi indeferido nodia 12 de Fevereiro etc.
Tânia Lobo (org.) 67

Santo Amaro, 10 de agosto de 1775 – Luiz Pereira de Lacerda


Apógrafo

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor |


Santo Amaro 1775 |
Devo pôr na prezença de Vossa Excelencia que | amolestia, que me
sobreveyo, eme obrigou a sangriar me tem | demorado, e sem
5 embargo desta indispozição me aprezenta | o Juiz Companheiro
As Ordens de Vossa Excelencia, por ter, | acabado oseo tempo
para eu continuar nas diligencias, que | Vossa Excelencia determi-
na Respectives Aobrigação de planta| rem os Moradores deste
Termo as Covas demandio[ca] | determinadas, emais Legumes;
10 Nesta Execução fico [preo]| cupado, como tambem na cobrança
da Finta deSua Ma| gestade, que estâ toda por cobrar, aque sou
Responsavel em| quanto Vossa Excelencia naõ determinar o con-
trario |
Remeto os Termos deSequestro que fis| eo Alferes Manoel
15 Francisco de Almeida se | occulta, em Razaõ da mulher do dito
naõ dar parte certa don| de se acha, motivo este porque onaõ
tenho conduzido, co-| mo Vossa Excelencia me ordenou.|
DEOS aVossa Excelencia guarde. Villa | de Nossa Senhora da
Purificaçaõ , eSanto Amaro, | 10 deAgosto de 1775 |
20 [outra letra]Sargento mor eJuis ordinario Luiz Pereira deLacerda

|||2v, paisagem, metade inferior


Em10deAgosto 1775 |
AoJuiz ordinario daVilla de | São Francisco, sobresequestro nosben)s
| dePais de familias.
68 Cartas Baianas Setecentistas

Santo Amaro, 17 de março de 1788 – José Francisco de Moura


Certificado de Prisão – Manoel Marques de Souza Porto

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor |


Com o Requerimento incluzo, Remeto a Vossa Excelencia o | par-
do Raimundo Gomes de Carvalho Villa deNossa Senhora | da
Purificaçam, e Santo Amaro 17 de Março de 1788 |
5 O Juis Ordinario JozeFrancisco deMoura, eCamera ||2v

17 Maio |
DoJuiz ordinario remetendo in-| cluzo o requerimento de João
Manuel | Vieira daFonceca

Illustrissimo e Excelentissimo Senhor |


Diz Joaõ Manoel Vieira da | Fonceca, que por reprezentaçaõ,
e queicha, que dirigio | o Suplicante a Vossa Excelencia contra
Raimundo Gomes de Carvalho | homem pardo, e malfeitor foi
5 Vossa Excelencia servido mandar | ao Doutor Juiz de Fora da Villa
da Caxoeira, em cujo termo hé | morador, que o prendesse, e o
remetesse as Cadeias desta Cidade, | e fazendo o dito Doutor Juiz
de Fora dar cumprimento adita | Respeitavel Ordem, naõ poderaõ
os Officiaes da diligencia executa-| La por se auzentar o Suplica-
10 do daquella Villa, e seo termo, e com[o] | consta ao Suplicante,
que o Suplicado está nestaCidade occulto, eSó | anda entrages
dizfarsados, recorre, e |
Pede aVossa Excelencia seja servido | mandar, que qualquer
Official de Milicia, ou | Justiça, a quemfor aprezentado despacho
15 de | Vossa Excelencia, proferido nesta prenda aoSuplicado, | eo
recolha a Cadeia |
Espera Receber Merce

||2r
ManoelMarques deSouza Porto | tabeliam publico dojudicial
enottas nezta Villa | deNossa Senhora daPurificaçam eSanto Amaro
| eSeo termo Nozimpedimentos deCompeten| te Florencio Telles
Menezes cer-| tefico que em observancia de despacho an| tecedente
Tânia Lobo (org.) 69

5 doIlustrissimo e Excelentissimo Senhor General fis| prender


aRaimundo Gomez deCar-| valho mencionado nelle, em odia
tre-| ze doCorrente mez deMarço doprezente | anno de1788,
eentreguei aoCar-| çareiro actual dezta Cadeia que Com-| migo
assignou deohaver Recebido | para assim constar fiz este termo
Eu |
10 ManuelMarquez deSouza Porto | oezcrevi e assignei |
Manuel Marquez deSouzaPorto |
[outra letra] Joaõ Antonio dos Santos vital
70 Cartas Baianas Setecentistas

Santo Amaro, 02 de setembro de 1788 – Salvador Borges de Barros


Apógrafo

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor |


Remetto a Vossa Excelencia os Mappas, e Numeramento | de to-
dos os habitantes comprehendidos nas quatro Fre-| guezias da
minha jurisdicção, conforme a Ordem de Vossa Excelencia, | que
5 mefoi expedida adezoito deJunho proximé passado.|
A Ilustrissima e Excelentissima Pessoa de Vossa Excelencia |
guarde Deos muitos annos. Villa de Nossa Senhora da Pu-|
rificação, e Santo Amaro 2 deSeptembro de1788 |
[outra letra]Salvador Borges de Barros

Santo Amaro, 16 de junho de 1793 – João Ferreia de Araújo

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor Governador |


Remeto aVossa Excelencia prezo a JozeJoaquim | deSanta Anna
homem pardo, pelo ter achado emsufragan| te deLito
demortandade deBois mansos deCarro, Junto | Comdous escra-
5 vos de Francisco Jorge daRochaPegado, que | tinhaõ furtado a
JoaõCoelho de Oliveira, epor que | sendo prezo, aquelas partes
seCompuzeraõ pagan| do os referidos Bois, emerequereraõ
remetiçe este | mal procedido Vagamundo eemduzidord eescravos
| alheios afazerfurtos (officio de que vive) aVossa Excelencia | para
10 lhe dar oCupaçaõ do seu merecimento, eagora me | Certificaõ
elledizer Ser Soldado auzente avista | do que Vossa Excelencia
dispora ComoforServido. Villa de | Nossa Senhora da Purificaçaõ,
eSanto Amaro 16 de | Junho de1793 |
OJuiz ordinario Joaõ Ferreira deAraujo

||2v
[outra letra, paisagem, metade inferior]
Em16deJunhode1793 |
DoJuiz ordinario davilla de Santo | Amaro daPurificaçam
comaReme | sadopardo José Joaquim deSanta Anna | porLadraõ
debois, e quedirei ser [...]| tor Sua Excelencia depois deoter pre[zo]
ofezsoltar etc.
Tânia Lobo (org.) 71

Santo Amaro, 23 de julho de 1794 – Teodorico de Abreu Barreto de


Andrade Lima
Anexo – Dom Fernando José de Portugal

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor |


Em observancia da Ordem junta de | Vossa Excelencia comadata
de [.] do corrente fiz pren=| der a Manoel de Assumpsaõ oproprio
men=| sionado na dita Ordem; e debaxo deprizaõ o reme=| to
5 por Officiaes deJustiça aOrdem de Vossa Excelencia, que | sempre
mandará oque for servido.|
Villa de Nossa Senhora da Purificaçam eSanto Amaro | 23
deJulho de 1794 |

[outra letra] Theodorico daAbreu Barreto deAndradeLima


||2v
[outra letra, paisagem, metade inferior]
Em23 deJulho de1794 |
DoJuis ordinario davilla de Santo | Amaro daPurificaçam
sobreapri-| zaõ Remessa do prezo Manoel | daAssumpçaõ filho
de Joanna | Maria cazada com oFeitor mor Antonio | Vicente,
Rezidente noCazumba, o | qual perfazer hua desordem no |
mesmoEngenho, sequeixa oSenhorio | delle José Pires, eSua
Excelencia lhemandou | Sentar praça no V Regimento etc.

[anexo, outra letra]


Logo que Vossamerce recebér esta mandar a| prender aManoel
daAssumpção filho de | Joanna Maria cazada com oFeitor mor
doEngenho | deSão Miguel, eque rezide noEngenho de Cazumba
| de Jozè Pires deCarvalho eAlbuquerque, ecom | segurança
5 oenviará aminha Prezença. Deos | Guarde avossamerce Bahia 12
deJulho de 1794 |
Dom Fernando Jose de Portugal |
Senhor Juiz ordinario da Villa de | Santo Amaro daPurificação
72 Cartas Baianas Setecentistas

Santo Amaro, 12 de outtubro de 1795 – Antonio Ferreira d’Essa


Anexos 1 e 2 – Autor não identificado
Anexo 3 – Antônio dos Santos Vital

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor |


Fazendo Joaquim Lopes Villas boas por ordem que alcan-|
sara deste Juizo prender, e recolher a Cadeya desta | Villa hu) pardo
que disse chamar-se João Francisco dizen-| do lhe furtára huma
5 escrava, efugîra com-ella le-| vando-a roubada, queria formar-lhe
culpa, desco-| bre-se, e deLata-se odito deLinquente por seu re-
querimento | junto ao Capitam mor desta Villa chamar-se João
Nunes Ro-| drigues, eser soldado dezertor doRegimento da
Artilha-| ria dessa Praça aoeffeito isto de oremeter aPraça o |
10 Capitam Mor, e este lhe defere o que consta deseu despacho |
ultimo no dito requerimento com remissão do negocio a | mim.
Eu remeto pois odito soldado prezo conduzido | pellos officiaes
de Justiça Luiz de Moura, Joaõ Baptista, e outros, | e vai o mes-
mo sem culpa alguma quanto ao caso cómetti-| do a aqueLe quei-
15 xoso, pois que lha não fez dizendo que esta-| va entregue dasua
escrava, elha não queria mais | formar. Deos guarde a Vossa
Excelencia como havemos mis-| ter. Villa deNossa Senhora
daPurificaçam, eSanto Amaro | 12 de outubro de 1795 |
O Juiz ordinario Antonio Ferreira d’Essa

|||2v
[outra letra, paisagem, metade inferior]
Em 12 de outubro de1795 |
DoJuis ordinario daVilla deNossa Senhora | daPurificaçam sobrea
Remesa doSoldado | Desertor do Regimento deArtilharia Jose |
Nunes Rodrigaõ queSua Excelencia man| dou para o Serviço das
obras publicas, e | Fortificaçoens etc.

[anexo 1, outra letra]


Diz Joaõ Nunes Rodrigues soldado | do 1o Regimento daguarniçaõ
daPraça daBahia, | que elle foi prezo, eseacha na Cadea desta Villa
aOr-| dem deVossa Merce por queixa que delle fizeraõ, ethe opre-
Tânia Lobo (org.) 73

| zente naõ selhetem formado culpa; epor estar na | prizaõ pade


5 cendo muitos incomodos requereu ao Capitam mor | destaVilla
pela suplicajunta para | o exercicio daPraça, este mandou que
oSuplicante reque-| rese aVossa Merce |
Pede aVossa Merce sedignede-| ferir aoSuplicante |
Espera Receber Merce
10 [outra letra, papel azul, anexo2]

Ilustrissimo Senhor Capitam Mor |


Diz João Nunes Rodrigo Soldado dorigimento de arte=|
lharia Companhia deLobo que elle Supplicante indo para asua |
prassa pello bando que o Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor |
5 General foij seruido man dar [...] pello sertaõ para | os dezertores
se Reco lhe rem asua praça [...] | [...] eComo oSuplicante estaua
muito Lom ge procurou es=| te porto para se im barquar emelle
foij prezo es eacha | nesta Cadea padessendo muitas nececidades
por naõ ter pa=| rente nesta terra que opossa soCorrer. E Portan
10 to, |
Pede aVossa Senhoria Remeta | Logo asua praça pello amor
de=| Deus Cuja esmolla rogara pella | Vida eSaude deVossa Se-
nhoria |
Espera Receber Merce |

[outra letra]

Digniçimo Senhor Cappitam mor |


O Suplicante Seacha prezo nesta Cadea | desde odia quatro
doprezente mes |||1v Mes Aordem doJuis Ordinario Antonio
Ferreira | deEça por hua portaria domesmo | que paçou
5 porReprezentaçaõ equeixa | que fez Joaquim Lopes Villas Boas |
pello Suplicante lheaver emduzido hua | Sua esCrava; aLem
deOutros pro| çedimentos maos, eSegundo Ouvy | dizer que
pertendia querellar odito | Joaquim doSuplicante ; mas onaõ tem
feito | o Re oprezente; emeConsta que | adita esCrava emduzida
10 ja atem pos | esta depoçe della odito Joaquim Lopes | he oque
74 Cartas Baianas Setecentistas

poço informar aVossa Senhoria vi| lla da Purificaçaõ 6 de outubro


de1795 |
OCarcereiro |
Joaõ Antonio dos Santos vital |
[letra Albuquerque, entre os primeiro e segundo parágrafos de
1r]
Informarse [ilegível] quem prendeo aoSuplicante, e se | alem
daculpa de dizerção tem outra | alguma por que fosse prezo. San-
ta Anna 5 de outubro de 1795 |
Albuquerque
[letra Albuquerque, entre as linhas 14 e 15 de 1v]
Requeira ao Meretissimo Senhor | Juiz Ordinario por pratica contra
| o Alvará deSua Magestade arespeito dos | Desertores Engenho
deSanta Anna 6 | de outubro de1795 |
Albuquerque
Tânia Lobo (org.) 75

Santo Amaro, 26 de julho de 1798 – Luiz Manoel da Silva Mendes


Apógrafo

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor |


As repetidas faltas, que seexperimentão degados, | chegando
nestaVilla amayor extremo, nomez de Mayo deste | anno,
esabendo a Camara, que muitas pessoas passavaõ com gados |
5 pello termo, para virem talhar por diversas partes, mandou passar
Or=| dem, para constrangimento a algu)as dessas pessoas, para
virem talhar os=| gados na Villa. Ehavida noticia aomesmo tem-
po, que passava | pello termo hum bom Lote degado, mandando
amesma Camara | fazer conduzir odito gado, para ser talhado
10 naVilla, acharaõ os Officiaes | dezaceis Rezes ao Suplicante, que
sendo oque passava comodito Lote degado, ti=| nha embarcado,
evendido para outras partes amaior quantidade domesmo gado, |
Só sendo achado com as ditas Rezes, que defacto foraõ con duzidas
| para esta Villa. Erequerendo oSuplicante que Marchante / que
15 naõ | tenho Lembrança donde allegou oera( e assim odeixarem
Livre| mente Levar oseo gado, para ohir cortar nolugar dasua
marchantaria,| pedindo-se-lhe conta doseo Alvará de Marchante,
para reconhe=| cer da Justiça doseo Requerimento, tal Alvará Naõ
aprezentou, que seo=| tivesse, ainda que comsigo onaõ trouxesse,
20 elle he morador naõ muito | Longe destaVilla, commuita facili-
dade opodia Logo aprezentar, Ecomo | naõ mostrou oser
Marchante emparte alguma, selhemandou | que talhasse aqui
ogado, amil reis, que hé aqui ataxa da Camara, | etalhou comeffeito
as ditas Rezes. Este hé oprocedimento, que uni=| camente tem
25 havido com o Suplicante, obrado pella camara na forma re=| fe-
rida odito procedimento, e hé falso, que eu, nem ao Suplicante,
nem a outro al=| gum, tenha mandado apprehender gados,
comque se destinem para | essa Cidade, eemfim repito, que só
aquele procedimento aqui foi tido peLa | Camara com
30 oSuplicante, eisso com Rezes, que seachoulhetinhaõ.|||1v
lhetinhaõ ficado, depois deter feito embarque para a Cidade,
evendido | para outras partes que quis; sendo certoque nascons
76 Cartas Baianas Setecentistas

ternaçoens, que hâ, | ainda aalgum que manifestamente seache


que sedestina com os seos | gados para essa Cidade, parece Licito
35 podello Obrigar adeixar aqui | algu)as Rezes, regulado onegocio
comprudencia aproporçaõ da=| quantidade dogado, accudindo=se
tam bem aqui nesta forma | anececidade publica. He isto oque
posso informar a Vossa Excelencia, que man| dará oque for Servi-
do. Villa deNossa Senhora da Purifficaçam, e Santo | Amaro de
40 Julho de 1798 |
[outra letra]Do Juiz ordinario LuizManoeldaSilvaMendes

|||2v paisagem, metade inferior


[Dorso, a lápis, quarto inferior] 123
Em26deJulho de1798 |
DoJuis ordinario daVilla deSanto | Amaro daPurificaçam no
Requerimento deJosé | de Faria Mascado emque cequeixa |
delhetermandado tomar para ser | talhado naVilla dita algumas
Cabeças | deGado, que comprara comoseu dinheiro, |
etransportava paraesta Cidade para coprir | afaltadecarnes
SuaExcelencia lhenão | diferio como Requeria etc.
Tânia Lobo (org.) 77

Santo Amaro, 8 de novembro de 1798 – Luis Manoel da Silva Mendes


Apógrafo
Anexo – Pedro Ribeiro de Araújo

Illustrissimo e Excelentissimo Senhor |


Hoje me foi prezente aveneranda ordem | de Vossa Excelencia
com data de do Corrente, para remeter asua respei=| tavel prezença
o dezertor Manoel Jozê dos Santos que ainstancias dehu| ns ho
5 mens, que o conduzião, o mandei segurar naprizaõ, por me=|
dizerem estes que chegando fora demarê com odito prezo aesta
Villa, | naõ acharaõ Lanxa pronta para ceguirem para a Bahia e
esperando | eu que voltasem no outro dia para tomarem oprezo,
eceguirem sua | viagem jâ mais me apareceraõ, e dolozamente me
10 arguem de |que eu onaõ quis entregar, de cuja calunia mejustifico
| com a Carta do Capitam Pedro Ribeiro de Araujo que acabo de
| receber ecom esta remeto a Vossa Excelencia.|
Vai odito prezo que o tivera jâ Re=| metido a Vossa Excelencia
ainda sem as guias que o diviaõ acompanhar, | se as occcupasoens
15 do meo Cargo me naõ chamarem huns | poucos de dias fora
desta Villa onde chego agora, esem mais de=| mora o faço reme-
ter por dous officiaes dejustiça que o acom=| panhaõ. Deos guar-
de a Vossa Excelencia como havemos mister. |
Villa deNossa Senhora daPurificaçam eSanto Amaro 8 de novem
20 bro de1798 |
[outra letra] Luis Manoel daSilva Mendes

[2v, paisagem, metade inferior, outra letra2]


Em 9deNovembrode1798 |
Do Juis Ordinario daVilla deSantoAmaro | daPurificaçaõ reme-
tendo odesertor Manoel | Jose dos Santos em conformidade da
ordem de | Sua Excelencia

[em uma folha azul, anexo]


Dignissimo Senhor Juis Ordinario daVilla deSanto Ama| ro da
Purificaçaõ, que por lhenaõ saber donome | onaõ ponho. |
78 Cartas Baianas Setecentistas

Meo Senhor Deste Engenho de Pripiri | mandei prezo para


aCidade da Bahia hum Soldado | desertor denome Manoel Joze
5 dos Santos, naõ | so pela deserçaõ, mas taõ bem por varios cri-
mes, | ecomo, medizem que nenhum dos saveros, que seacha|
vaõ nesse porto oquizeraõ receber, sem ordem | devossamerce,
sendo que eu tinha detreminado, que elle em| barcasse [no]
[P]orto doRuzario, mas os condutores | delles por naõ acharam
10 embarcaçaõ nodito porto, | serezolveraõ air embarcar nesse por[to],
epelas cir| cunstancias ja ditas naõ oquizeraõ receber, | dizem-me
que Vossamerce omandara recolher aesse | Carcere dessa Villa Elle
vai prezo por ordem | doSenhor General, eaordem domesmo
Senhor Rogo | avossamerce que monaõ demore ahi nem hum so
15 dia | pois julgo que oporto la estara aespera delle, | ejuntamente
hum Cabo, que foi por terra que ohade | ir entregar. Vossamerce
por mefazer favor memande di| zer seelle ja foi, ou, sevai para
mesaber detremi| nar. Fico por servir aPessoa devossamerce que
Deos guarde | por muitos annos / hoje Pripiri 7 de Novembro
20 de1798 |
Deus Guarde Vossa Merce |
Affetuozo Venerador eCriado |
Pedro Ribeiro deAraújo |
Capitam
Tânia Lobo (org.) 79

São Francisco do Conde, 22 de fevereiro de 1765 – João Lopes


Fiúza Barreto

A Vossa Magestade Reprezento Como Juiz ordinario que Sou


actual desta | villa de São Francisco deSergipe do Conde, que no
Povo dedentro del| la Seachão Coatro mulatos forros publicos
inquietadores dos mais | moradores, escandelosos transgressores
5 das Leys deVossa Magestade : comet| tendo temeridades, einsultos
taes que naõ Respeitaõ denenhu)a S[or]| te ajustiça. Estes saõ Luis
Pereyra deJesus, Severo daSy[lva, Jo]| zé Furtado de Mendonça,
e Manoel Furtado de Mendonça [coatro] | Congregados que to-
dos tem culpas em aberto nas davassas tira[das] [dos]| ferimentos,
10 que tem feito com armas detoda asorte, eprinci| palmente
comfacas deponta. Hum destes Mano el Furtado de | Mendonça
tem So elle Sete crimes em aberto nos cartorios des| ta villa Sen-
do decoatro devassas es crivaõ Bonifacio Joze Soa| res desde oanno
de1756 athe opreterito de 1764. Dezatendem | as justiças nos
15 Seos officiaes, caindo em corpo de Ronda aos damili| cia deque ja
Rezultou dar huã Conta o capitam mor desta vi lla | ao Governo
Geral, que attendendoa lhemandaraõ ordeens muito am| plas para
proceder contra elles comprizoens, que Senaõ po deraõ | executar
athe hoje pello justo temor que tem delles os executores que |
20 podiaõ Ser das Ordens. Com mayor Rezaõ menos timem
ajust[iça]| porque os meyrinhos desta villa, eseos escrivaens devara
tambem | Saõ mulatos, eaparentados com os Referidos. Nesta
forma vivem | taõ Seguros denaõ Serem prezos que publica men-
te passeaõ pellas Ruas | desta villa dedia edenoite, deSorte que
25 pella festa deSão Gonçallo | festa em Janeiro proximo
Reprezentaraõ Comedias emvarias fun| çoens dentro davilla. Pello
que tendo noticia Manoel Furtado deMen| donça hum dos coatro
Referidos que o Tabeliaõ Bonifacio Jo| ze Soares pertendia prendelo
por comprir com aobrigaçaõ [de] |||1v seu officio, naõ So Senaõ
30 ocultou, mas passando a mayor excesso | otem procurado muitas
vezes em Sua propria Caza, eem contrando o | em outra desta
villa publica mente lheaRemeçou acara com hum | chapeo, que
80 Cartas Baianas Setecentistas

elles coatro companheiros haviaõ tomado ahum famulo | do dito


Tabaliaõ nodia do entrudo, dando huã facada no braço | esquer
35 do dodito famulo. Ja emoutra occaziaõ noanno de 1759 |
SeaRojaraõ estes coatro mulatos atirar das <maons> dajustiça hum
| prezo que Remeteu hum dos meos antecessores para essa cidade
pello Ta| baliaõ Manoel Marques daCosta, ja depois deembarcado
ede | bayxo daguarda dodito Tabaliaõ o envestiraõ Lançandoo
40 aomar | com animo deo afogarem, o que naõ sucedeu por
lhacodirem al| guãs pessoas que otiraraõ domar, fazendo lhe os
mes mos mulatos | varias injurias, eporellas foy pronunciado odito
Mano el Furta| do nadevaça que Requereu otabaliaõ offendido,
eultrajado.|
45 Por estes motivos naõ tenho procedido Como devo | Contra
estes insolentes agressores, eRecorro aVossa Magestade com esta |
Reprezentaçaõ para avista della determinar oque melhor convier |
aautoridade da Justiça eServiço deVossa Magestade. Villa de Saõ
Francisco | 22 deFevereyro de1765 |
OJuiz ordinario Joaõ Lopes Fiuza Barreto
Tânia Lobo (org.) 81

Vila da Abadia, 09 de agosto de 1766 – Juiz Ordinário da Vila da


Abadia [ilegível] Campos, certidão – Manoel Fernandes Pinheiro

Reprezenta aVossa Magestade oJuis Ordinario, e orfons da Villa


daAbbadia [estragado] fazen| do citar Dona Maria daRocha
moradoura navilla de Lagarto da[estragado] de | Sergipe porSeu
bas[tante] procurador aSebastiaõ Jozé Gomes, eaSeus | herdeiros
5 orfons menores, eaSeu padrasto, e Curador para hum Libello
Sivel, | emque lhepede huma esCrava furtada, edias deServisso
Contrariaraõ | os mais Reos pornegaçaõ, e pedio vistas o Réu
Sebastiaõ Jozé Gomes, e vin| do com sua Contrariadade lhefoi
Reçebida, edandose vista ãAutora Re-| plicara esta pornegaçaõ, e
10 seassinara nacauza vinte dias de primeira de| Laçaõ, nesta audiencia,
allem deaggravar odito Réu, a prezentou huã | Provizaõ de Vossa
Magestade pelo De[s]embargo do Paço, dizendo na Suplica [que]
| queria avocar osautos daCauza que lhemovia Lourenço daCunha
Vasconcelos, | e Seu Capelaõ, emvertude dacoal Suplica lhefoi
15 Comcedida ag-| graça dadita Provizaõ, eSendome esta aprezentada
por Conter fal-| cidade notoria mandey autuar adita Provizaõ.
Com[certidaõ] | do escrivaõ deste auditorio, emacoal deClarou
naõ Correr neste | Juizo Cauza alguma o dito Réu Sebastião Jozé
com Lourenço da | Cunha eSeu Capellaõ, epornaõ aver demanda
20 alguã entre es-| tas partes, naõ compri adita Provizaõ, ea pronun-
ciei nula mente [im]pe| trada, ealcançada Subreticia naforma
daOrdenação de Vossa Magestade, De| Cujo procedimento tem
fabricado odito Réu varias micilanias neste | auditorio, [e] pertende
contravertelo Comfalcidades, talvez porter o Juis | Companheiro
25 que dealguma Sorte eapóya nos Requerimentos, que intenta, |
epara Constar [melhor] oque expresso denaõ ter odito Réu de-
manda | Com Lourenço daCunha, eSeu Capellaõ mandei ao
mesmo esCri-| vam deste auditorio passar Certidaõ que Comesta
vay incluza, | para Vossa Magestade mandar ver Setenho differido
30 bem aeste Réu | mandando Continuar nos termos daCauza,
eSemal para fazer | oque Vossa Magestade [estragado] Villa de
Nossa Senhora da ||1v DaAbbadia e deAgosto 9 de 1766. anno|
Assinatura [estragado] Campos
82 Cartas Baianas Setecentistas

||2r
Oescrivaõ deste auditorio Manoel Fernandez Pinheiro deClare
por Certidaõ. | Sua aopê desta Seno Cartorio desta Villa Corre
alguã Cauza L[ou]re-| ço daCunha [estragado] eseo Cappellaõ
ComSebastiam Jozê Gomes, edo que Cons-| tar passara em ter
5 mos que faça fê Villa da Abbadia deAgosto 8 de 1766 |
Campos |

Manoel Fernamdes Pinheiro Tabeliam publi=| co do Judicial


enotas mais aneysxos nesta vi=| lla Real de Nossa Senhora da
Abbadia Comar| ca da Bahia etc. Certifico eparto por fê que | em
meu poder ecartorio naõ Correm autos | alguns em que seja author
5 Lourenço daCunha | Vasconcellos eSeu capelaõ o Padre Manoel
Ferreyra | Mattos Contra Sebastiam Joze Gomes; passa | oReferido
averdade deque passey aprezente | Certidam por mim feita
eassignada villa | da Abbadia 8 de Agosto de 1766 | Manoel
Fernandes Pinheiro
Tânia Lobo (org.) 83

Barcelos, 28 de fevereiro de 1789 – Francisco Nunes da Costa

Ilustrissimo e Excellentissimo Senhor


Barcelos, 28 de fevereiro 1789
Sendo prezente aVossa ExCelenCia por Re| prezentaÇaõ da
Camara da Villa do Cairû | o insulto, e injuria Comque fora
5 tratáda| por Francisco Félix d’Oliveira foi | Vossa ExCelenCia
servido, mandá-lo imediá-| tamente prender, e ao mesmo tem-
po, me | ordena Vossa ExCelenCia, que proCeda | na Conformi-
dade das leis do Reino; Cujo | proCedimento ulterior, suspendo,
para | propôr aVossa ExCelenCia, que fazendo-| me aCamara igual
10 queixa, lhe Res-| pondi pelos termos, que a Vossa ExCelen|Cia
foraõ constantes, mas examinando | depois este Cázo Com adevida
Reflexaõ | tenho ConheCido, que naõ houve Convo-| CaÇaõ de
esCrá vos armádos, Como se fi-| gurou, e que aimprudenCia
Comque | o Juis tratou hum negôCio doseo ofi| Cio, e da Camara,
15 perante as partes | opóstas, deu oCaziaõ á dezordem, que | entre si
travávaõ. Com a prizaõ man| dáda fazer por Vossa ExCelenCia
está o De| Córo da Camara restituido, e Conser-| váda a
Authoridade-Pública; nem |||1v Nem depois deVossa ExCelenCia
tomar | ali o desagrávo da injuria, resta mais | que fazer, aos seos
20 inferiores.|
O tenente-Coronel | Francisco Félix d’Oliveira, no espaÇo
de Seis para Sete annos, que | rezido n’esta ComárCa, ainda me
naõ | deo oCaziaõ de proCeder Contra elle, an-| tes o tenho
observádo Sempre Respeituo|zo ás minhas ordens, epronto para |
25 o servisso de Sua Magestáde, no | tempo prezente enCarregádo
por | mim da feitura dos Pranxoens, e | vinhaticos para aReal
Fragáta, | Com ajuste de vinte por Sento , de | rebate da sua
avaluaÇaõ. Nestes ter | mos Sou a Rogar aVossa ExCelenCia |
pela Sua Soltura, e que Vossa Ex-| CelenCia o persuada aviver em
30 pax | e a Continuar nos servissos uteis, que | esta fazendo. Sobre
tudo: Segui-| rei o que Vossa ExCelenCia or|denar|
Deos|||2r Deos Goarde aVossa ExCe-|lenCia. BarCelos, 28
de Fevereiro| de 1789.|
ODezembargador, Ouvidor da Comarca |
Francisco Nunes daCosta
84 Cartas Baianas Setecentistas

[Fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 28 de Fevereiro de1789 |
Do Dezembargador Ouvidor daComarca dosIlheos | sobreaprizaõ
doTenente CoronelFrancisco | Felis deOliveira, quefoi solto=vide
| a resposta com data de 7 deMarço dito
Tânia Lobo (org.) 85

Cairu, 02 de novembro de 1781 – Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo eExcelentíssimo Senhor. |


Em execução da ordem deVossa Excelencia co- | monicáda em
carta de vinte, esete d’Agosto | precedentes, remeto trinta, ecoátro
Fóros | de Madeiras diferentes, cujas qualidades, | eseos Numeros
5 demôstra aRelação-in- | cluza; e dão que mais se descubrirá irei
fa- | zendo pronta remésa. | Deos Goarde aVossa Excelencia. Cairu
2 de Novembro de 1781.|
ODezembargador ouvidor daComarca dos Ilheos |
Francisco Nunes daCosta

[2v, paisagem, metade inferior]


EmJaneiro, eFevereiro de 1782 | Cartas do Dezembargador Fran-
cisco | Nunes daCosta Ouvidor dos Ilheos, com | remessas
deMadeira eToras etc.
86 Cartas Baianas Setecentistas

Cairu, 07 de dezembro de 1781 – Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo eExcelentíssimo Senhor, |


Fás regrésso a Barca com as Péças constan- | tes da Relação-incluza;
e fica já pronta carre- | gação para outras duas viagens; cujo efeito
| mostra a actividade comque se tem laborá- | do com manifésta
5 vtilidade da Real Fa- | zenda; sem que té aqui se tenha praticádo |
a menor aparencia de Véxame. Tenho regu- | ládo os córtes com
amais exacta ecónomia, não amontoando o ficiáes, e trabalhado-
res, | que em alguns não excedem adoze; des- | tinando para cada-
hu) d’elles conductores | certos; e deixando todos os mais livres
10 para | o comercio, e agricultura; conformando-me | com o espirito
das Reáes-ordens e com | o deVossa Excelencia em tudo oposto á
opre- | ção dos Póvos. | Fico entregue do Documento | que pedi
aVossa Excelencia em Cárta de dous de | Novembro precedente,
e para executar esta | sua tão recomendáda ordem, ás | mais de
15 que | me tem incumbido, se fás indespençavel | a sahir d’esta
Villa, e n’esta degressão | deixar encarregáda a adeministração dos
| córtes a Pessoas de confiança, que os alis- | tão conforme as
minhas instruçoens | E havendo, como suponho, madeira de |
sóbra para a prezente Carga do Na- || 1v. Do Navio, que ahade
20 transportar para | Lisboa, será muito conveniente, que se sus-
penda alaboração d’alguns córtes, por não | amontoar-se amadeira
nas práeas, e no | Arsenal da Ribeira, expósta percizamen- | te á
ruina do Tempo. |
Vossa Excelencia manda- | rá o que for servido. Cairu 7. de De-
25 zembro | de 1781 |

ODezembargador, Corregedor dos Ilhéos |


Francisco Nunes daCosta

[fólio 2v, retrato, inferior]


Em 7 de Dezembro de 1787 |
Carta do Dezembargador Ouvidor daComarca dos | Ilheos, com-
aremessa de Madeira, quecom | duzio aBarca-deSua Magestade.
Tânia Lobo (org.) 87

Cairu, 30 de dezembro de 1781 – Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo eExcelentíssimo Senhor. |


Parte a Lanxa de Jequiriça com as | pécas de construcção, que
constão de Mápa | encluzo, e rogo aVossa Excelencia mande pa- |
sar as percizas ordens, para, que torne com apocivel brevidade ao
5 referido por to | aonde fição sincoenta, esinco Pãos, que | não
deve ali existir expostos ao tempo. |
Deos Goarde aVossa Excelencia |
Cairu 30 de Dezembro de 178[5] |
ODezembargador, Inspector dos Reáes Cortes |
10 Francisco Nunes daCosta

[fólio 2v., paisagem, metade inferior]


Em 30 deDezembro de 1781 |
DoDezembargador Ouvidor daComarca dos | Ilheos, com-a re-
messa de Madeira de | Construção.
88 Cartas Baianas Setecentistas

Cairu, 13 de fevereiro de 1782 – Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo eExcelentíssimo Senhor. |


Torna a Barca Com as pécas Constantes | do Mápa-incluzo, -e
rogo aVossa Excelencia, | amande logo descarregar, e expedir para
outra | viagem, que fica pronta a carregação, e eu esperando por
5 ella, para depois de carregáda | partir para Camamû executar
aordem | deVossa Excelencia sobre aqueixa do Vigario da | mesma
Villa feita a Sua Magestáde, e para | fazer ao mesmo tempo a
correicão de que tanto | nececito aqueles Póvos. | Tambem se fás
per | cizo a remeça d’algum dinheiro para paga- | mento das Féri
10 as, que já se devem, e que se | não pódem espaçar sem gráve detri-
mentos | dos muitos póbres, que se empregão neste ser- | viso |
Fui entregue da ordem deVossa Excelen- | cia sobre a caça dos
Paçaros e Animáes qua- | drupedes para os Viveiros dos Reáes-
Jardins, | e fiz logo expedir ás ordens ás Villas dos Indios, | que
15 custumão ser os mais habeis para estas | montarias, e já tive avizo
da Villa d’oliven- | ça de estar pronta hu)a partida, que farei | con-
duzir á ordem deVossa Excelencia. |
Deos- || 1v. Deos Goarde aVossa Excelencia. |
Cairu 13 de Fevereiro de 1782. |
20 Francisco Nunes daCosta

[fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 13 de Fevereiro de 1782 |
Carta do Dezembargador Ouvidor daComarca | dos Ilheos com-
aremessa daMadeira | deconstrução, comque pede aVossa para
cumprimento | dos Cortes aque sehaderesponder. |
Respondida em 4 de Março
Tânia Lobo (org.) 89

Cairu, 13 de fevereiro de 1782 – Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo eExcelentíssimo Senhor. |


Cayrú 13 fevereiro 1782.
Remeto prezo á ordem deVossa Excelencia a | Sebastião Pereira,
por me constar, que hé De- | sertor do Regimento de que he
5 Coronel Jozé | Clarque Lobo Vossa Excelencia lhe fará a | Justiça,
que elle merecer, rogando eu aVossa Exce- | lencia, que lhe faca
prohibir e tornar ao | termo d’esta Villa, aonde teve procedi- |
mentos muito indignos. |
Deos Goarde aVossa Excelen | cia.
10 Cairu 13 de Fevereiro de 1782. |
Francisco Nunes da Costa.

[fólio v., paisagem, metade inferior]


Em 13 de Fevereiro de 1782 |
Carta doDezembargador Francisco Nunes da | Costa Ouvidor
dos Ilheos, com a remessa de | Sebastião Pereira [ilegível] Dezertor.
90 Cartas Baianas Setecentistas

Cairu, 04 de março de 1782 – Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo eExcelentíssimo Senhor.


Párte aLanxa de Jequiriça, eleva a | Madeira de Construcção, que
consta da Rela- | ção-incluza, ao lástro se lhe fés de Ta- | boádo-
Vinhatico para ser avaluádo, | epago conforme ao valor, que se
5 lhe| dér na Ribeira: epóde tornár a rece- | ber nóva carga.
Deos Goarde aVossa Excelen- | cia. Cairu 27 de Março de 1782
ODezembargador, Francisco Nunes daCosta_

[fólio 2v., paisagem, metade inferior]


Em 27 de Março 1782 |
Do Dezembargador Francisco Nunes daCosta | Remetendo
Madeira

Cairu, 07 de março de 1782 – Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo eExcelentíssimo Senhor,


Na lanxa deque hé Mestre Mano- | el Esteves Fernandes, remeto
o Taboádo | Vinhático, constante da Relação-incluza, | para Vossa
Excelencia o manda avaluar, confor- | mes aoque merecer, e por
5 isso ser pago | ao conductor.
Deos Goarde aVossa Excelencia
Cairu 7 de Março de 1782
ODezembargador, Corregedor daComarca
Francisco Nunesda Costa

[fólio 2v., paisagem, metade inferior]


Em 7 deMarço 1782
Do Dezembargador Corregedor daComarca Francisco Nunes |
daCosta Remetendo taboado | divinhatico.
Tânia Lobo (org.) 91

Cairu, 12 de março de 1782 – Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo eExcelentíssimo Senhor.


Cayrú 12 Março 1782
Ordena-me Vossa Excelencia, que estabeleça hua | Aldea de Indios
no Citio, e Lugar chamádo | o Funil, do Rio das Contas, para
5 melhor se | conservar, e defender aimportante Estrada, | que o
Excelentíssimo Antecessor deVossa Excelencia man- | dou abrir
para Comonicação dos Póvos da | Beira-Mar d’esta Comarca com
os Sertoens |dassuas Cabeceiras; esendo este estabeleci- | mento
vtilissimo, ao mais conducente para | o referido fim, será igual
10 mente avanta- | jozo á Religião, ao Estádo, eao Bem- | comum
dos Póvos, por se seguir d’elle na- | turalmente a sugeição, e
reducção de | tantos Indios-Barbáros, que infilismen | te girão,
infestão, e inutilizão os disatá- | dos Sertoens, Matas e Terras exis-
tentes | a Beirádas de Rios-fetilissimos, e capa- | zes da interior
15 Navegação. |Farei todos os | esforços, e deligencias para se execu-
tar | a ordem deVossa Excelencia, que será, quan | to amim, hu)
dos mais Memoráveis | Estabelecimentos do Felix-Governo, |
deVossa Excelencia; e conferindo desde já | esta materia com o
Capitam Mor || 1v. João Gonçalves daCósta lhe lembrei | que
20 povoáda a Estráda, fica muito facil | a descida dos Viandantes, e
Comboeiros das | Minas-Geráes para aBeira Már, e | por
concequencia aberto, e quasi franco | o contrabando, e extravio
do ouro, e dia- | mantes, eque esta importante materia | devia ser
lembrada Vossa Excelencia para | a providenciar, ao que me
25 respondeo, que | elle se obrigáva a mostrar, e citar | dous Registos
para impedir, e goardar as | Entrádas, esahidas, ao que mais, he,
que depois d’elles, são excuzádos, e ficão inu- | teis todos os mais
Registos existentes | d’esde aBahia até á entráda das Minas | e que
para o mostrar, everificar se lhe dé- | sem Engenheiros para avista
30 da Cárta | que formásem ficar patente asua Pro | pozição, que hé
por todos os respeitos | tão importante, vtil, e avantajóza aReal- |
Fazenda, que merece a Atenção deVossa | Excelencia, eeu
aproponho, e recomendo | tambe) aVossa Excelencia da minha
92 Cartas Baianas Setecentistas

par- | Parte, pelo que pertende ao objeto | do Estabelecimento,


35 que Vossa Excelencia | me confia.
Deos Goarde aVossa Excelencia.
Cairu 12 de Março de 1782
ODezembargador, ouvidor dos Ilhéos.
Francisco Nunes daCosta

[fólio 2v., paisagem, metade inferior]


Em 12 de Março de 1782 |
Contem huma informação particular, eh u) a | Carta
doDezembargador Ouvidor deIlheos sobre certa | da sua Aldea
noCitio deFunil | deRio das contas etc.
Tânia Lobo (org.) 93

Cairu, 24 de março de 1782 – Francisco Nunes da Costa

Ilustríssimo eExcelentíssimo Senhor


Cayrú 24 Março 1782 [outra letra]
Serve esta de Guia asinco Motuns, hu)a | Jacupema, e hu) Jalu),
primeira remeça | que faço aVossa Excelencia, tendo na verdade
5 feito todas as pociveis deligencias para | cumprir com a repetida
recomenção de | Vossa Excelencia aeste respeito. | Deos Goarde
aVossa Ex- | celencia. Cairu 24 de Março de 1782 |
ODezembargador, Francisco Nunes da Costa

[fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 24 de Maço de | 1782 |
Do Dezembargador Ouvidor daComarca | dos Ilheos
comaremessa de | Passaros Etc.
94 Cartas Baianas Setecentistas

Cairu, 02 de abril de 1782 – Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo eExcelentíssimo Senhor.|


Por carta de Vinte, e tres de Março-preceden- | te me recomenda
Vossa Excelencia a extracção de | tres Mastros para a Fragáta de
Sua Magestá- | de Cathólica; e como recebo sta ordem atem | po,
5 que faço viagem para Camamû, encar- | reguei ao Tenente Coro-
nel Francisco Felix | d’oliveira da factura da dita Mastreação, por
| ter este escravos, e boiádas próprias com que | os pó de conduzir
em perjuizo dos Reáes | Cortes. Póde Vossa Excelencia mandar,
que | Agostinho Jozé Barreto sé entenda com | o referido Francis-
10 co-Felix sobre toda | esta dependencia, e principalmente sobre | o
preço da Mastreação | N’esta mesma ocazião | remeto hu)a Anta,
muito linda, e man- | ça: ella se sustenta com bananas eoutras
fructas, mas facilmente se custumará | aoutros alimentos, que se
lhe póssão su- | prir na Viagem de Lisboa.|
15 Deos Goarde aVossa Excelencia Cairu 2 de Abril de 1782 |
ODezembargador, Francisco Nunes daCosta

[fólio 2v., paisagem, metade inferior]


Em 2 deAbril de 1782|
Carta do Dezembargador Ouvidor daCo- | marca dos Ilheos, com-
a remessa deMa- | deira, huma Anta, etracta daMastreação da |
[Fragata]
Tânia Lobo (org.) 95

Cairu, 27 de setembro de 1782 – Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo e Excelentíssimo Senhor. |


Cairú 27 setembro 1782.
A materia do Requerimento do Reverendo Suplicante | hé amesma
da Representaçaõ feita por elle | a Sua Magestade, e sobre que já
5 informei aVossa | Excelencia com toda a extençaõ; com ella mes-
ma | torno ainformar aVossa Excelencia, e a Sua Vista | ordenará
Vossa Excelencia oque for servido |
Cairu 27 de setembro de 1782. |
ODezembargador ouvidor daComarca. |
10 Francisco Nunes daCosta

[Fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 27 deSetembro de 1782 |
Informação doDezembargador Ouvidor da | Comarcados Ilheos,
noRequerimento. | doPadre Vigário Marçalino Francisco
deMello.
96 Cartas Baianas Setecentistas

Cairu, 06 de outubro de 1782 – Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo eExcelentíssimo Senhor.|


Cayrú 6 outubro 1782.
Há dous dias, que fui entregue da | ordem de Vossa Excelencia
com adáta de 23_ | de Fevereiro, para eu proceder ahu)a exac- | ta
5 averiguação sobre a queixa, que a Vossa Exce- | lencia fés o solda-
do Antonio do Espirito | Santo a respeito do seo Capitam Euzebio
| Ygnacio Soáres; esta demóra procedeo | de ir acarta aos Ilheos,
aonde correo di- | ferentes Maous, e Vias, ecomo tem decorri- |
do largo espaço, pergunto aVossa Excelencia | se eide ainda execu-
10 tar asua ordem; | e proponho logo aVossa Excelencia a dificul- |
dáde, que há do recomendádo segrédo, tanto | por se fazer
suspeitoza aminha Viá- |gé ao Prezidio do Morro, como pela |
facilidade com que neste Paîs se des | cobré os segredos de Jura-
mento, nestes | termos seria bem, que Vossa Excelencia me | desse
15 algu)a orde)m suposta, ou imcum- | bencia de outra natureza no
mesmo | Prezidio, para acim ficar pretextáda | aminha Viagé Vos-
sa Excelencia o rezol- | verá como melhor lhe parecer_ || 1v.
Deos Goarde aVossa Excelencia |
Cairu 6 de outubro de 1782 |
20 Dezembargador, ouvidor, daComarca |
Francisco Nunes daCosta_

[fólio 2v., paisagem metade inferior]


Em 6 de Outubro de 1782 |
Carta do Dezembargador Ouvidor daComarca | dosIlheos res-
peito doCapitam Euzebio | Ignacio Soáres Serraí
Tânia Lobo (org.) 97

Cairu, 06 de outubro de 1782 – Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo, eExcelentíssimo Senhor |


Parte a Barca com a Madeira | constante da Relação-incluza,
eagradeço | aVossa Excelencia a remeça do dinheiro, pois | os cer-
tos, e reguláres pagamentos avivaõ, | e aumentão o servisso, e me
5 dão a conçola- | ção de ver os Póvos contentes, e de os ou- | vir
Repetidas vezes abençoar o Felix | Governo de Vossa Excelencia. |
Deos Goarde aVossa Excelencia. |
Cairu 6 de outubro de 1782 |
ODezembargador ouvidor da Comarca. | Francisco Nunes
10 daCosta_

[Fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 6 deOutubro de 1782 |
Carta do Dezembargador Ouvidor da Comarca | dos Ilheos com-
aremessa de Madeira.
98 Cartas Baianas Setecentistas

Cairu, 24 de outubro de 1782 – Francisco Nunes da Costa

Ilustríssimo eExcelentíssimo Senhor, |


Parte a Bárca com acaregação da Lista- | incluza, e fica Carga-
pronta para outra | Viágem, que póde dár entre-tanto não | con-
tra a força do Inverno, e durante a | mesma digressão ás Villas
5 d´esta Comarca, | pois deixo nesta Villa Pesosa, que haja | de
fazer, e acistir á carga sem perjuizo | da Real – Fazenda. | Deos
Goarde aVossa Excelen- | cia.|
Cairu 30 de Março de 1782 |
ODezembargador, Francisco Nunes daCosta |

[fólio 2v. paisagem, metade inferior]


Em 30 deMarço de 1782 | Carta deDezembargador Ouvidor dos
Ilheos, | com remessadeMadeira
Tânia Lobo (org.) 99

Cairu, 06 de novembro de 1782 – Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo eExcelentíssimo Senhor. |


Cayrú 6 Novembro 1782.
Em Carta de nove de outubro proximo | precedente, a que me
foi entregue nadáta d’es- | ta, me ordena Vossa Excelencia o infor-
5 ma com | amaior exactidão sobre os factos conteudos | na Repre-
sentação, que a Sua Magestade fés | o Vigário do Camamû
Marcelino Francisco | de Mélo, e muito particularmente sobre |
tudo oque nadita representação dis respeito | ao Dezembargador
Instandarte de ouro João Ferreira | Betencourt, e Sá; fazendo Vos-
10 sa Excelencia na | sua ordem menção das cópeas da dita represen-
ta- | ção, e dos mais papéis respectivos, que já se | ahávão na secre-
taria do seo Governo; e | como só acompanharão acarta deVossa
Excelen | cia as cópeas dos papéis, accesórios; e falta | aprincipal
da Representação feita | a Sua Magestade pelo dicto Vigario, e
15 ain- | formação deve principalmente recahir so- | bre esta, faço
aVossa Excelencia este avizo | para amandar extrahir, e remeta com
| forma a menção, que Vossa Excelencia fás d’ella. | Para executar
esta diligen | cia, eoutras mais deque estou encarregádo || 1v. Por
Vossa Excelencia, só fás percizo, que | venha logo a Bahia, que
20 háde conduzir | as madeiras da construcção que estão pron- | tas,
para que dezembaraçado d’esta Comição, | possa ir executar o
que Vossa Excelencia | me ordena.
Deos Goarde aVossa Excelen- | cia: Cairu 6 de novembro de 1782 |
ODezembargador, ouvidor da Comarca dos Ilhéos |
25 Francisco Nunes daCosta

[fólio 2v., paisagem, metade inferior]


Em 6 deNovembro de 1782 |
DoDezembargador Ouvidor dos Ilheos Res- | peita ao vigário de
Camamú Alarçadino | Francisco de Mello.
100 Cartas Baianas Setecentistas

Cairu, 13 de julho de 1785 – Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo: eExcelentíssimo: Senhor |


Cayrú, 13 de julho 1785.
[Ponho] na Prezensa deVossa Excelencia o filho | de Maria Baptista,
de nome Felix, epela | carta incluza, emais papeis adjuntos do Juis
5 | ordinário da Villa do Camamu) Será Vossa Exce- | lencia
informádo da razão porque não vai o outro | de nome José que
aliás me consta estar opicádo, | e quázi hidrópilo. Cumprindo
com o que Vossa | Excelencia me ordenou, me informei do pro-
| cedimento d’estes Moços, e todos os Moradores | da Villa de
10 Camamu) os abónão de humildes, | cortezes, e bem-procedidos: o
furto do castiçal | da Igreja que o Clerigo lhe [impesta], tem já |
[lheo] sabido, certo, e pronunciádo na Devaça; | Vltimamente,
elles não tem outro crime, que | serem entiádos do Capitam.
Mauricio Pereira da | Cunha, que está pregando na prizão do
15 Morro | asua impridencia, e dezordem. Vossa Excelen- | cia man-
dará o que fór servido. Cairu 13- | de Julho de 1785 |
ODezembargador: Ouvidor: daComarca. Francisco Nunes
daCosta

[fólio 2v., paisagem, metade inferior]


Em 13 de Julho de 1785 | Do Dezembargador Ouvidor dos Ilheos
com a [ilegível] do | Filho de Maria Baptista de nome Felix, | e
informação do procedimento do outro de nome | Jozé pella que
semandou suspender asua re | messa por carta que [selhecorrigio]
| etc.
Tânia Lobo (org.) 101

Cairu, 04 de setembro de 1785 – Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo eExcelentíssimo Senhor. |


Cayrú, 4 setembro 1785.
A vista da Informação do Sargento Mór. Administrador: | dos
Córtes de Jequiriça, que ouvi sobre o reque | rimento de Antonio
5 Jozé daCosta e atendida | a resposta dos Práticos, que també vai
junto, está | nos termos de ser referido por Vossa Excelen- | cia
permitindo aosuplente o Rossado, que pertendo | nos limites
asignaládos, thé que se execute | aDemarcação Geral ordenáda
por Vossa | Excelencia; que mandará o que fór servido. |
10 Cairu 4. de Setembro de 1785 |
Dezembargador: Inspector dos Reáes-Córtes |
Francisco Nunes daCosta_

|| 2r.
Senhor Sargento Mor Francisco Antonio daSilva. | O que pode-
mos informar avossamerce sobre avesto | ria dolugar chamado
Lagoa grande thê o rio Macaco | daparte doSul hê, que andando
nôs nadelidencias de | algu)ns paus delouro não. achemos madeira
nehu)a que | posa servir para sua Majestade pois nem os proprios
lou | ros, achemos com conveniencias deos poder fazer; lê | o que
nôs abaixo asignados podemos informar a vossamerce. |
Jiquirissa 3 de setembro de 1785 |
Bernardo Pereira daSilva
Signal de Raymundo.[+] Jozê Arcangello
Felis Marin ho doespereto Santo

|| 3r.
Senhor Doutor ouvidor e Inspector dos Reais Cortes
O que posso enformar avossamerce hê que indo eu | na deligência
as matas de Jiquiriçâ que vossamerce e Sua Excelencia | meem
carregarão, achei o Suplente aranchado no Sitio | chamado Lagoa
grande eemformandome eu sena | quele lugar havião madeiras
delei diçerão-me que | as madeiras que naquele lugar havião herão
louros; | ebom sera mandarce fazer nova revista nolugar | donde o
102 Cartas Baianas Setecentistas

Suplente quer derubar, para que não haja algum | emgano: he o


que posso enformar avossamerce deque | mandara o que for servi-
do. Jiquiriçâ edeAgosto | 30 de 1785[a] |
Francisco Antonio daSilva

[fólio 7v., paisagem, metade inferior]


Em 4 de setembro de 1785 |
Do Dezembargador ouvidor da Comarca dos Ilheos, Inspector |
dos Reaes Cortes informando o requerimento deAntonio | Joze
daCosta emque pede [ilegível] para plantar | nas Maltas de
Jequiriçâ etc.

[fólio 8v., paisagem, metade inferior]


Emo 1o de Dezembro de 1785 |
Do Dezembargador Ouvidor da Comarca dos | Ilheos sobre as
contas do dito que dis pendeo ocapitãomor João Gonçalves
daCosta | na conquista doGentio Barbara do Cer- | tão de Ressaca
Tânia Lobo (org.) 103

Cairu, 09 de setembro de 1785 – Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo, eExcelentíssimo, Senhor. |


Não devo expor aVossa Excelencia os trabalhos, | que tenho so-
frido para expedir as Madeiras, que | n’esta ocazião condus a Bar-
ca, eque Respeitar a Fra| gáta, porque pouco impórtão as minhas
5 fadigas, | com tanto, que a Rainha seja servida, e concequen- |
temente tenha eu a honra, e aglória d’agradar | aVossa Excelencia:
[espaço]Mas permita-me Vossa Ex- | celencia, que lhe exponha a
aflição em que me | vejo, eque Vossa Excelencia em párte póde |
julgar pela Côrte incluza d’hum dos meos | homrádos Adminis-
10 tradores: Depois de ter pessoal- | mente entrádo pelas Mátas, dor-
mindo alguâs | noites nos próprios, e rusticos rauxos dos trabalha
| dores; aspereza aque foi percizo sugeitar-me | para animar
oservisso, e facilitar a extracção | do Caule de Prôa, péca, que pela
sua grande- | za, tortura e cituação es cabróza em que foi des- |
15 cuberto se fazia muito dificil asua condução, ou | Tiráda, como
elles lhe chamão, foi com efeito | conduzido, mas com
ainfelicidade de se despeda- | çár, pouco distante do lugar, ou
perto, onde | a Bárca o devêra receber.[espaço] D’este inconvenien-
| te se tem seguido omaior trabálho na des- | coberta d’outra Péça
20 igual, e continuanda || 1v. [Econtinuanda] a mesma infelicidade,
huns páos| aparecerão pôdres depois d’alguns dias de servisso, | e
outros não correspondem às torturas, e medidas | requeridas; e
finalmente examinádas, equazi | esgotadas as principáes Mátas de
Vna, Ma- | pendipe, Taperoâ, thé à Villa de Santarem, | não restao
25 mais esperanças de o descobrir em | outra parte, que não seja a
Máta do Orobó, ou Vna Meirim, que ficão em distancia de mais
| de sinco legoas da Beira-mar, e que nos hade obrigar ahum
imcomparável trabalho de | estradas, nóvamente abertas na Máta
gróssa, | condução pelos Rios, e outros incomodos, que eu não |
30 sei bem explicar aVossa Excelencia. Ainda | não perdi aesperanca
de o descobrir nas Mátas | da Beira-mar, e n’essa deligencia fico,
excitando | os [Práticos] com prêmios, e alviçaras. [espaço] N’estas
| circunstancias me vejo embaraçado para passar | ao Rio das Con-
tas, como Vossa Excelencia ordena e onde se fás indespençavel
104 Cartas Baianas Setecentistas

35 aminha acis- | tencia para o adiantamento do Córte do Páo- |


Brazil, sobre que tem ocorrido alguns inconve- | nientes, e que
importa não perder tempo || 2r. Tempo em [providenciálos], mas
sem que se des- | cubra, e fique fabricado o referido [caule] não |
possa, nem deve sahir d’aqui: Não hé | tambem praticável, que
40 the o Natal póssa | des fazer as diferentes deligencias recomendádas
| por Vossa Excelencia, nas Villas deSantarem, | Camamû,
Olivença, Marahû, Rio de Contas, | epassar depois [ilegível] Ilhéos,
e de maneira, que | em Dezembro esteja já n’esta Villa, para |
imediatamente me transportar a Jequiriça | onde aesse tempo se
45 fás igualmente endes- | pençavel aminha acistencia para o exame,
| aprovação e remeça dos Taboados, e Pranxoens | [devinhatico]
para a [Fragáta]: [ilegível] que hé [ilegível] não hé porem tão
[Vigoróza], que | póssa rezistir atantos trabalhos, e a viagens | tão
violentas; n’estes termos recorro aVossa Excelencia | para que aten-
50 dendo ao exporto, eque na concorren- | cia de tão diferentes, e
importantes objetos do servisso | do Rei, devem ter preferencia
os que se fazem | mais recomendáveis, haja Vossa Excelencia de
orde- | nar por sua cárta aos Juizes, e oficiaes daCa- | mara da Villa
dos Ilheos, eque apareção peram | te mim no Rio de Contas,
55 onde podem conferir || 3v. Comigo os negócios [ilegível] | hé
novo, nem estranhável este [ilegível] que já | no tempo dosenhor
Marques de Valença se | praticou, pela percizão, que então ocor-
ria de eu | acistir no mesmo Rio de Contas à expedição | da Con-
quista de [Pendro Xangaió]: Deprezentes | ocorrem iguáes servissos
60 em que se póde fundar | a ordem, que peço aVossa Excelencia,
para que aCamara | venha àeferida Villa do Rio de Contas. |
Vltimamente rogo | aVossa Excelencia me [queira] fazer partici-
par | [ilegível], [ilegível] 3 Madeiras, que | remeto; me permita,
que eu possa conciliar | a obrigação do lugar com aglória, e gosto
65 com | que ao mesmo tempo sirvo aVossa Excelencia | de quem
seu [ilegível] omais profundo respeito. |
Cairu 9. de setembro | de 1785_ De Vossa Excelencia |
Muito afectuozo, e muito obediente subdito, servo |
Francisco Nunes daCosta
Tânia Lobo (org.) 105

[fólio 2v., paisagem metade inferior]


Em 9 deSetembro de 1785 |
Do Dezembargador Ouvidor daComarca dos Ilheos partisipando
| aSua [Comarca] de que fica [bastante] muito percionado no
[ilegível] dosCortes | das madeiras epede providencia para que
asCamaras dasua Comarca [ilegível] | pintem emhum certo Citio
para com elle conferirem, o que orio [obter] | [ilegível] para car-
tas circulares dadata de 16 de[ilegível] etc.
106 Cartas Baianas Setecentistas

Cairu, 15 de janeiro de 1786 – Francisco Nunes da Costa

Illustrissimo, eExselentissimo Senhor.|


Por execução da Portaria, e ordem deVossaExce- | lencia de treze
do corrente: fis prender, emeter | em segredo aGregório daCosta
Guimaraens, | dono do Barco grande, sequestrado emPortoSe- |
5 guro pelo contrabando do Páo-Brazil, e logo nas | primeiras per-
guntas, que lhe fis, confeçou de plano, | que furtara o Barco, a
Francisco José de Moi- | ra; mercador, ou comerciante, d’essa
cidade, que | aciste nas cázas de Manoel Nicoláo, Caldeirei- | ro;
no cáes da cana: d’elle tem escrito do | trato, e carta, que confirma
10 o fretamento | com circunstancias, que confirmão o pessimo |
dezignio do contrabando. Parece-me, que devia | logo participar
esta noticia aVossa Excelen- | cia, antes que conste ao dito Fran-
cisco José, es- | te procedimento, e evite com afuga o que se de- |
ve ter com elle. Aseo tempo remeterei | aVossa Excelencia os ou-
15 tros processálos, juntos | com oprezo, que por ora lhe não descu-
bro, que tivesse | parte no contrabando, esó sim no interesse | do
frete. |
Vossa Excelecencia man- || 1v. Vossa Excelencia mandará o que
for | servido Cairû 15. De Janeiro de 1786 |
20 ODezembargador; ouvidor; daComarca dos Ilheos |
Francisco Nunes daCosta

[fólio 2v., paisagem, metade inferior]


Ilheos – 15 dejaneiro de 1786. |
Do Dezembargador Nunes aRespeito daprizão do | Gregorio.
Muniz daCosta Guimaraens confessando | perguntas que presta-
va o Barco aFrancisco José deMoura | comerciante desta Praça,
que confirmão | o contrabando do Pau Brazil.
Tânia Lobo (org.) 107

Cairu, 31 de janeiro de 1786 – Francisco Nunes da Costa

Illustrissimo, eExcelentissimo Senhor. |


Cayru 31 janeiro 1786
Acompanha esta, a carta, que acábo de receber | do Dezembargador
ouvidor de Porto Seguro para Vossa Excelen- | cia, e igualmente
5 oque esse me dirigio, que dá | bastantes indicios do outro Co-
Reo do contrabando | do Páo-Brazil, que vem aser, omesmo e
que | eu fis menção aVossa Excelencia em carta de on- | ze d’este
mes de Janeiro. També consta, que | na ocazião em que foi
aprehendida aBarca | grande pelo referido Ministro, fará també |
10 prezo hu) Vicente de Magalhaens Bástos | irmão d’esse Francisco
Jozé de Moira, que | se acha em segredo na Caldeira d’essa | cida-
de em concequencia das Perguntas-feitas | por mim ao dono do
Barco Gregório Muniz | daCosta Guimaraens: elle, Vicente Jozé,
sahio | d’essa cidade na sumáca em que tem [sociedade] | Com
15 omesmo seo dicto Irmão, Francisco | Jozé, e na altura dos Ilheos
hé quem fés | paságem para oBarco, em que já estáva | por Mes-
tre, o Fabricante do Páo-Brazil, | Jozé Pinto de Queirós, que
fugio. Veja | Vossa Excelencia, que concurço de próvas | contra o
prezo Francisco Jozé elle hé || 1v. Elle hé quem [ilegível] o Barco
20 como o confirmão | opapel do trato, easua carta: a sumáca sahio
| d’essa cidade em Novembro, em lastro epor Mes- | tre o tal
Vicente de Magalhaens, seo irmão, eho | je prezo em Porto-
Seguro, tendo deixado asuma- | ca, epasádo para o Barco. Persu-
ado-me, que | o prosesso, que tenho formádo nesta Villa, com- |
25 binádo com o de Porto-Seguro, parão todo este | negócio na maior
clareza; eas Perguntas, ea | careaçoens feitas com os Reos-prezos
davão a | final certeza de todo o delito, seos Co-Reos, ecir- |
cunstancias. També me persuádo, que | o Reo Gregório Muniz
daCosta, que tenho de | remeter brevemente á ordem deVossa
30 Excelencia, | com o seo respectivo sumário, só está compré |
hendido no fretamento do Barco, enão em | enterese, ou socieda-
de no contrabando, o que isto | se hade confirmar à vista doque
rezultar | das Devaças, e pelas acareaçoens, que elle | mesmo re-
quer com os principáes-Reos | També devo | representar aVossa
108 Cartas Baianas Setecentistas

35 Excelencia, que por me constar || 2r. Que Francisco Jozé de Moura


tinha frequente | correspondencia com Antonio Jozé Godinho, |
fabricante de [ilegível] nesta Villa, eque deproximo | recebera d’elle
carta, o prendi, elhe fás as | Perguntas de que remeto copea aVossa
Excelencia. | Não acho, que deva ser retido na Prizão, mas | só
40 sequestrádo pelos quinhentos mil reis | que deve ao tal Francisco
Jozé de Moira, cujo | sequestro se deve praticar no mesmo efei- |
to da sola, que tinha fabricado para | elle. |
Vossa Excelencia me dirá o que | devo praticar aeste respeito,
eordenará o que | for servido. |
45 Deos Goarde aVossa Exce- | lencia. Cairû 31. de Janeiro de 1786_
ODezembargador, ouvidor, daComarca |
Francisco Nunes daCosta_

[fólio 2v., paisagem, metade inferior]


31 deJaneiro de 1786 |
Ilheos Do Dezembargador Francisco Nunes | [Sobre] o Pau brazil,
eque. Francisco Jozé [ilegível] Godinho | não deve ser retido, [e
só sem ] sequestrado, por | 500 c$ que deve de Solla aFrancisco
Jozé deMoura
Tânia Lobo (org.) 109

Cairu, 01 de fevereiro de 1786 – Francisco Nunes da Costa

Illustrissimo eExselentissimo Senhor.|


Cayrú 1 fevereiro 1786
Na conformidade da Portaria de treze | e Janeiro proximo prece-
dente, Vossa Ex- | celencia me dirigio, remeto o Processo, que |
5 formei nesta Villa do Cairu sobre o contra- | bando do Pão-Brazil,
cometido na Comarca | de Porto-Seguro; e com elle remeto pre-
zo | debaixo das cautélas de segredo e recomendação | a Gregório
Martins da Costa Guimaraens, dono | do Barco-Grande, que se
acha aprehendi- | do, e sequestrádo pelo Desembargador, ouvidor
10 | da Comarca de Porto Seguro com todo o Pao-Brazil, que se
achou aseo bórdo. | Tambem remeto prezo a | Bento Jozé de
Moura, Irmão de Francisco | Jozé de Moura d’essa cidade, outro
Reo indicia- | do, e já prezo por ordem de Vossa Excelen- | cia:
contra esse Moço, não rezulta indi- | cio algum, pois hé certo que
15 veio aesta | Villa para conduzir alguãs partidas de sóca, | perten-
centes ao referido seo Irmão, esó | servio de dar bastantes, e Lu-
zes, e conheci- | mento sobre asumaca destináda tambe) | ao con-
trabando, e que se evadio ficando Ve- | Verificado pelas suas res-
postas, que a[sumaca] | hé domesmo Francisco Jozé de Moira, e
20 que | d’essa cidade sahio em Novembro preceden- | te em lastro,
e lavando por Mestre aoutro | seo Irmão, Vicente de Magalhaens
Bas- | tos, tambe) prezo em Porto-Seguro. | Não o mandei soltar
por estar comprehendi- | do no Prosesso, que deve ir inteiro a |
Prezensa deVossa Excelencia para ser deferida | na forma das Reáes
25 ordens. | Vossa Excelencia mandará | o que for servido Cairu 1. de
Fevereiro | de 1786 |
ODezembargador, ouvidor, daComarca dos Ilheos Francisco
Nunes daCosta

[fólio 2v., paisagem, metade inferior]


1o de Fevereiro de 1786 |
Ilheos |
Do Dezembargador Ouvidor Francisco Nunes, se o contrabando
| do Pau Brazil, cometido na Comarca de Porto Seguro.
110 Cartas Baianas Setecentistas

Cairu, 23 de fevereiro de 1786 – Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo eExcelentíssimo Senhor.|


Cayrú 23 fevereiro 1786.
Na Devása, que [na] conformidade daPortá | ria deVossa Excelencia
de dezanóve de | Maio de 1785 – tenho neste Juizo sem- | pre em
5 aberto sobre os frequentes, e es- | candalósos-furtos de escrávos
rezultou cul- | pa contra hum Antonio Ribeiro, que | tenho pre-
zo, nas Perguntas que lhe fes, de- | clarou ser Dezertor de hú dos
Regimen- | tos d’essa-Práça; e porque nestes termos | já não póde
ter lugar a remeça á Ou | vidoria-Geral do Crime, me rezolvo a |
10 aremeter omesmo Rio com o Escravo-fur- | tado á ordem de
Vossa Excelencia, para | que Verificada a Dezersão o haja Vossa
Excelencia enviar ao Juizo doseo Foro- | Militar. |
Vossa Excelencia detreminará | sobre o Reo, escrávo, e Processo
oque | for servido. Cairu 23 de Fevereiro | de 1786 |
15 ODezembargador, Ouvidor daComarca dos Ilheos. |
Francisco Nunes daCosta

[fólio 2v., paisagem, metade inferior]


23 deFevereiro de 1786 |
Devasa remetida pelo Dezembargador ouvidor dos Ilheos | com
oprezo Antonio Ribeiro, por furtos deEscravos | eser Dizertor
Tânia Lobo (org.) 111

Cairu, 27 de abril de 1787 – Francisco Nunes da Costa

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor |


Cayru, 27 Abril de 1787
Em observancia das ordens deVossa Excelencia | se tem feito no
Termo desta Villa a Planta-| çaõ do Linho Canhamo, e té aqui
5 Com | fundádas esperanÇas de que seja Vtil, e fer-| til asementeira:
Com tudo, fui obrigado | a mandala suspender, por asentarem |
os Naturáes do Paîs, de que hade ser | mais Conveniente a Planta-
çaõ de Julho | futuro para diante, Visto, que durante | a força do
Inverno, estaõ as terras dema| ziádamente alagádas e frias. Tudo
10 isto | Vai expor aVossa Excelencia o Planta| dor Manoel Rodri-
gues, que té aqui se tem | conduzido com propózito, e eficás
trabalho: | elle Vai també para Conduzir os Instru-| mentos para
o fabrico do Linho: ordene | Vossa Excelencia o seo pronto Re-
gresso, | e que Conduza amais semente, que | resta, que toda aqui
15 se pode aprovei-| tar.
Vossa Excelencia mandará o que | for servido. Cairu 27 d Abril de
| 1787. |
Dezembargador; Ouvidor; da Comarca - Francisco Nunes da
Costa

[2v, outra letra, paisagem, metade inferior]


27 de Abril de1787 |
Do Dezembargador Ouvidor dos Ilheos | sobre aplantação do
Linho Ca-| nhamo.
112 Cartas Baianas Setecentistas

Cairu, 29 de maio de 1787 – Francisco Nunes da Costa


Lista – João Afonso Liberato

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor |


Nesta oCazião remeto a Quilha, e duas Péças | mais pertenCentes
a Construcção do Couter, ed’| aqui por diante se seguirá a Re-
messa da madei| ra d’esta Consignação, que Já fiCa em grande |
5 parte fabriCada: oCorre porem alguã difiCul-|dade na inteligenCia
do RisCo, que veio de Lisboa, | que mostra a verdadeira Confi-
guração da ma| deira Curva, epor evitar algum erro perju| diCial,
me rezolvo a mandar o Mestre Ma-| noel Gonçalves Torrozo,
para Conferir esta | materia, ese instruhir melhor Com os | mes-
10 tres Construtores da Fragata, e Ribeira , | aCujo fim seja Vossa
ExCelenCia servida | mandar pasar as ordens perCizas. |
Deos Goarde aVossa ExCelenCia Cairû |
29 de Maio de 1787 |
ODezembargador, Ouvidor dos Ilheos Francisco Nunes daCosta

[Anexo, segundo caderno, 1r, outra letra]


Relação da Madeira | pertencente ao Coutter de Lis-|boa,
conduzida peloMestre An-|tonio daLuz no seu Barco | para a
Cidade da Bahia, leva a marca a margem,……etc.,etc.|
5 Item \\ Quilha deSapucaya 80 pes de Circunferencia | 3 polega-
das de grao | 16 ½ de Largo.
Item \\ Caverna Pequi 22 pes de Circunferencia 10 polegadas de
grao 24 de Largo
Item Outra 18 pes de Circunferencia 10 polegadas de grao 22 de
10 Largo 3 |
Cayru 29 de Mayo de 1787 |
Oescrivam daInspeçam das Reaes Cortes |
Joaõ Afonso Liberato

[2v, paisagem, metade direita, outra letra]


Do Dezembargador Ouvidor da Comarca dos | Ilheos sobre
Madeiras para a Cons-|trucção daFragata queentão sefa-|bricava.
Tânia Lobo (org.) 113

Cairu, 30 de maio de 1787 – Francisco Nunes da Costa

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor |


Cayru, 30 de Maio 1787
Hé Vossa Excelencia servido aprovar as interinas | providencias,
que dei na arrecadaçaõ, esegurança dos | bens, que ficáraõ por
5 morte do Capitam da Infantaria | do Morro Euzebio Ignacio
Soáres Serraõ, com o ob-| jeto, e fim de segurar aimportancia dos
dinheiros, que o referido Capitam havia retido em si, perten-|
centes às confrarias Militares do mesmo Prezidio: se-| gue-se a
fazer Inventario-judicial, e apurar em | publico Leilaõ o producto
10 dos seos bens: ocorre | porem maior dificuldade, e digna de apropor
| aVossa Excelencia, aquem devo expor a nature-| za da divida, o
Direito, e Conflito de outros Cre-| dores, que Concorrem, e
clamaõ pela sua satifa-| çaõ |
Por Ordens do seo Excelentissimo Antecessor, | aprovadas, e
15 reteficadas por Vossa Excelencia esta-| beleci n’aquelas Confrarias
hum novo Methodo | de arrecadaçaõ, ficando por Lei impreterivel,
| que os Oficiaes das Confrarias introduzissem, em | todos os
Meses, por huã fenda, que se abrio no | Tampo dos Cofres, o
soldo de Santo Antonio, | e as chamadas Confrarias da Tropa,
20 fazendo-se | carga nos Livros das entradas, que existem fora | do
Cofre; e isto sem dependencia dos Coman-| dantes: Contra este
Plano, detreminado | por ordem do Governo, Com Criminóza
de-||1v Desobediencia, se praticou o contrario, recebendo | o de-
funto Capitam aquelas porçoens de mão dos | Referidos oficiaes
25 da Confraria, como emprestimo | particular, e naõ com carather,
ou qualidade | de oficial da Confraria: nestes termos existe | ao
brigaçaõ de indemnizar aConfraria no Tezou-| reiro, e Escrivaõ,
que voluntariamente empresta-| raõ aquele dinheiro, e até com
desobediencia | militar às Superiores Ordens do seo General, | eo
30 maior direito, que se pode Contemplar | n’elles, hé o de Credores
particulares, para como | taes Vzarem das acçoens Competentes. |
Será Coiza | iniqua, que estes ofici-
aes da Confraria, que pre-| varicáraõ nas suas obrigaçoens hirem
Comodo do | seo erro, eda sua dezobediencia, e os anteriores |
114 Cartas Baianas Setecentistas

35 credores, com tanto direito, e taõ manifesta | Justiça, percaõ os


seos debitos antigos, ante-| riores, epor ConsequenCia mais pri-
vilegiados. |
Nesta CirCunstancias pare-| ce-me , que devo proce-
der a Inventario pelo Juizo, | apurar os bens, recolher o seo
40 producto aoCõpra| dor Auzentes, onde compete, e diferir às par-
tes | comoentender de Justiça, pelos meios, e | Recurços da Lei; e
que Vossa Excelencia de-||2r Deve mandar proceder Contra os
oficiáes, que | prevaricáraõ, edezobedeceraõ às suas ordens, | haver
pelos seos bens, té onde elles xegarem, | os emprestimos que vo-
45 luntariamente fizeraõ, | deixar-se-lhe direito salvo, para demandar)e
| asua divida Como particular, epor Ultimo | fazer Vossa Excelencia,
huã publica demons-| tração, capás de Conter para diante aos
Co-| mandantes de semelhante abuzo, epôr os ofi-| ciaes das Con-
frarias em estado de rezistirem | às suas iinstigaçoens: Espero pela
50 Rezolu| çaõ de Vossa Excelencia para proceder confor-| me a ella,
que mandará o que for servido. |
Cairu 30 de Maio de 1787 |
ODezembargador; Ouvidor da Comarca dos Ilheos -Francisco
Nunes da Costa

[2v, outra letra, paisagem, metade inferior]


Em 30 deMaio de 1787 |
DoDezembargador Ouvidor da Comarca dos | Ilheos, sobre a
arrecadaçam dosbens | que ficaraõ por falecimento doCapitam
Eu-| zebio Ignacio Serraõ devedor das | Confrarias, e dinheiro
doCofreda Irmandade | doPrezidio doMorro.
Tânia Lobo (org.) 115

Cairu, 2 de junho de 1787 – Francisco Nunes da Costa

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor |


Cayru, 2 Junho de 1787
Pelo Cabo de Esquadra, que serve nesta Inspecção | Antonio
deBarbuda, Remeto preso Com toda asegu-| rança, e
5 Recomendaçaõ a Antonio Manoel da | Silveira Villas-Boas, Cuja
prizaõ Vossa Excelen-| cia me ordenou com ordem muito
especialmen-| te Recomendada. |
Tambê Remeto os dois dezertores, | e Irmaons, Manoel
Cardozo, e Jozé Romaõ, que | té esta Villa foraõ conduzidos pelo
10 Sargento Sebas-| tiaõ daSilva Moreira debaixo do pertexto de fala
| rem Comigo, eserem empregados Vtilmente | no Corte do Pao-
Brazil do Rio dePatipe : aqui | os fis prender, segurar, eos Remeto
aVossa Excelen-| cia, naõ só Como Reos do Crime de deserçaõ,
mas | de outros delictos, perturbadores de todo aquele | Povo, e
15 Cauza-principal de todas as dezordens a | Contecidas na
Administraçaõ doCorte: elles saõ | Valentes, destimidos, e inso-
lentes; eseraõ fataes | as ConCequencias, se tornarem para esta
Comar-| ca. |
Igualmente Remeto para soldado | a Manoel Florencio; por
20 estar nas CirCunstan-| cias das ordens de Vossa Excelencia. | Deos
||1v Deos Goarde aVossa | Excelencia Cairû de Julho de 1787 |
O Dezembargador; Ouvidor daComarca dos Ilheos | Francisco
Nunes da Costa ||

[2v, outra letra, paisagem, metade inferior]


Em 2 deJulho de1787 |
Do Dezembargador Ouvidor da Comarca dos Ilheos Francisco |
Nunes daCosta com a Remessa do prezo Antonio | Manoel
daSilveira villaLobos; dous Desertores | Manoel Cardozo,
eJoseRomaõ, eManoel Florencio | para Recruta |
Etc.
116 Cartas Baianas Setecentistas

Cairu, 02 de julho de 1787 – Francisco Nunes da Costa

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor |


Cayrú 2 Julho 1787
Sou obrigádo a pôr na Prezensa deVossa Excelencia | os máos
procedimentos do Capitam -Mor dos Indios | da Villa de Santarem
5 Bento de Aguiar Gon-| çalves, oqual pela sua inebriaçaõ se tem
reduzi-| do atal mizéria, epobreza, que anda roto, nû, e sem |
Respeito-algum, doque seségue naõ se Cumpri-| rem as ordens
Respeitantes ao Real- Servisso, | eos Indios aseo exemplo Vive-
rem sem Regimen, | nem Sugeiçaõ: eporque hé indigno do Pos-
10 to, | o Reprezento aVossa Excelencia para assim o | mandar decla-
rar, eque se proponha outro In-| dio de melhores Costumes, para
oexercer- |
Vossa Excelencia mandará oque | fór servido. Cairû 2 de Ju-
lho de 1787-|
15 ODezembargador; Ouvidor; da Comarca dos Ilheos - Francisco
Nunes da Costa -

[2v, outra letra, paisagem, metade inferior]


Em 2 de Julho de1787 |
DoDezembargador Ouvidor da Comarca dos Ilheos sobre |
os maos procedimentos do CapitamMor dos Indios, daVilla
| de Santarem Bento deAguiar Gonçalves, que se lhe | man-
dou dar baixa. |
Etc.
Tânia Lobo (org.) 117

Cairu, 3 de julho de 1787 – Francisco Nunes da Costa

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor |


Cayrú, 2 Julho1787
Por execuçaõ da Ordem deVossa Excelencia, tendo | acerteza das
molestias do sargento Sebastiaõ da | Silva Moreira, e que ellas
5 pela sua gravidade | o impediaõ ademorar-se mais tempo no Lu-
gar | da sua ComiÇaõ , omandei retirar e se encami-| nha a Curar-
se do que muito neCeCita. Eu | só tenho, que Louvar aConducta
d’este oficial | em tudo muito Louvavel, e prudente: hé dig-| no
do Conceito deVossa Excelencia, e da sua Aten-| çaõ. Os Fabri-
10 cantes Tambem Vieraõ perante mim, | e nóvamente se
Congrasaraõ, eajustaraõ por novo | Trato de Sociedade, Com o
qual devem Continuar | o corte, e Extracçaõ por todo o mes de
Setembro | futuro, mas atendidas as CirCunstanCias, que
oCorrem | o genio orgulhoso, e Rebelde d’aqueles Povos, ná-| da
15 se póde fazer, que seja Vtil, se Vossa Ex-| Celencia naõ Continuar
a mesma ProvidenCia | e Auxilio d’hu) Oficial-Inferior, de honra,
| e CapaCidade que alî aCista Com alguns sol-| dados para Regu-
lar oServisso, Conter aquela | má gente, e desvanecer toda aSuspeita,
eoCaziaõ | de Contrabando, que Sempre se deve reCear, | temer,
20 eprevenir: de outra forma será | impraticavel a Extracção n’aquele
Rio, com[o] | pode informar a Vossa Excelencia o mes-| mo Sar-
gento Sebastiaõ daSilva. | Vossa ||1v Vossa Excelencia mandará |
o que for servido. Cairû 2. deJulho de 1787- |
ODezembargador; Ouvidor da Comarca dos Ilheos.- |
25 Francisco Nunes da Costa

[2v, outra letra, paisagem, metade inferior]


Em 2deJulho de1787 |
DoDezembargador Ouvidor da Comarca dos Ilheos Francisco |
Nunes daCosta sobre avinda do Sargento Sebastiaõ | daSilva
Moreira para curar-se, eonovo Trato de | Sociedade do Fabrican-
tes do Pao Brazilde Pati| pe vis aCarta deprimeiro dodito mes
eanno | etc.
118 Cartas Baianas Setecentistas

Cairu, 20 de dezembro de 1788 – Francisco Nunes da Costa


Cópias feitas por mão não identificada

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor |


Cayrú 20 de Dezembro de 1788
Hé Certo, que na primeiraRecruta, que | Remeti da Villa do
Cairú, foi Comprehen-| dido Francisco Pereira, filho de Ignacia |
5 deMello, por me informarem, que elle | vivia Separado de Sua
Mai, e que lhe | naõ era Vtil: o Contrario, Com toda a evi-|denCia,
me Constou depois, e Com ames-| ma devo informar aVóssa
Excelencia, | de que hé bem procedido, e Vnico ampá-|ro de Sua
Mai, póbre, Velha, e enfer| ma de molestia actual, e Crónica. |
10 Vossa Excelencia mandará o | que for servido. Cairú 20 de
Dezembro de 1788. |
O Dezembargador Ouvidor da Comarca dos Ilheos Francis-
co Nunes da Costa

||1r [1o anexo]


Informe o Dezembargador Ouvidor da Comarca Bahia 15 de |
Dezembro de 1788 |
Ilustrissimo; e Excelentissimo Senhor |
5 Diz Ignacia de Mello, da Villa do Cayrú, huma | das da Comarca
dos Ilheos, que aprezentado ella o Venerando | despacho de Vossa
Excelencia, proferido noSeo requerimento junto, ao
Dezembargador | Ouvidor da quela Comarca, à elle naõ diffirio,
por lhe obstar ter | remetido ofilho da Suplicante a esta Cidade,
10 ondese acha com | Praça assentada; cuja verdade naõ se acha occulta
no dito | requerimento; nem Recuza à Suplicante, que se precede
a informaçaõ | do dito Ministro sobre toda a continencia delle, e
por isso. |
Para a Vossa Excelencia se digne mandar, que o dito | Dezem-
15 bargador Ouvidor da referidaComarca, informa, por que | a vista
de sua informaçam naõ deixará Vossa Excelencia; com | extremos
de piedade de valler à pobre Suplicante | na affliçaõ, emizeravel
estado em que seaxa, | com afalta do mencio-nadoseofilho; úni-
Tânia Lobo (org.) 119

co; que tinha, vivendo em sua companhia obedecendo-a, e | su-


20 prindo aos aos gastos deSuaSustentaçam; e curativo | da enfer-
midade, que está padecendo. |
Espera Receber Merce

[2o anexo]
Remetido ao Dezembargador Ouvidor da Comarca |
Bahia 12 de novembro de 1788 |
Diz Ignacia de Mello, moradora na Villa do Cayrú, que ella | Su
5 plicante achandose | por carregada de annos, e comhum filho único
chamado Francisco Pereira, o qual Viven| do doseu officio de
sapateiro, sustentaua | e uestia aSuplicante que diariamente seacha
em-|hu)a cama dehumdefluxo | nopeito, que Senaõ tiuera sem
costo do dito seu filho | ja seria morta anecesidade, por ser a
10 Suplicante inimamente pobre, e o dito seu filho obedi-|ente e
depacifica Condiçaõ, e porque omesmo deprezente |foi prezo e
Remetido a-| Vossa Excelencia que foi servido delhe acentar praça;
mas como a piedade de Vossa Excelencia | he taõ grande naõ dei-
xará desecom | padecer do mizeravel estado emque fica asuplicante
15 | sem o amparo do seu Vnico filho, esta afliçaõ motivo asuplicante
prostada | aos pes de Vossa Excelencia suplicar e |
Pedir a Vossa Excelencia que pellas chagas de Cristo, e pella
Pureza | de sua Santissima Mai, se digne haver ao dito seufilho
por | izento da praça para puder sus tentar eues tir asuplicante,
20 [estragado] supi=| nas costumadas molestias que padece, por cuja
esmolla naõ seça| rá asuplicante depedir eRogar a Deus pella Uida
eSaude de Vossa Excelencia | e que naoutra Uida o des| canse enaSua
Gloria |
Espera Receber Merce

[2v, paisagem, metade superior]


Em 20 de Dezembro de 1788 |
Informaçaõ do Dezembargador Ouvidor da Comarca dos Ilheos
so | bre o Requerimento de Ignacia de Mello da Villa do Cairú |
pedindo baixa para Seo filho Francisco Pereira, que Sua Excelencia
mandou dar em 6 de Fevereiro de 1789.
120 Cartas Baianas Setecentistas

Cairu, 27 de dezembro de 1788 – Francisco Nunes da Costa

Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor. |


Cayrú 27 Dezembro 1788
Tendo girádo por esta Comárca, por espá- | ço d’alguns mezes,
João Manoel da | Rócha, Com o habito de Donáto, dos Reli |
5 giózos Agostinhos descálços do Convento | da Pálma d’essa Ci-
dade, atitulo de | Esmoler, ou Pedidor; e tendo nésta quali- | dade
feito hungrande Sáque aos Póvos; | de repente mudou, ou largou
ohabi- |to , e apareceo na Povoa Ção de Una | dando ideias de
querer ali estabelecer- |se: e porque o reputo Vádio, edigno | de
10 Castigo pelo abuzo, que tem | feito da Credulidade dos Póvos, e
| pela Sua Figura hé hum bemSol- | dádo, o remeto para este
destinno, | segundo as Ordens de Vossa Excelenc- | Cia.
Deos Goarde aVóssa Excelen- | Cia. Cairú 27. de Dezembro de
1788. |
15 ODezembargador, Ouvidor da Comárca dos Ilheos|
Francisco Nunes da Costa

[fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 27 de Dezembro de 1788 |
Do Dezembargador Ouvidor da Comarca dos Ilheos | Francisco
Nunes daCosta | de remeta João Manoel da Rocha, que | foi
tentar praça no Regimento de [ilegível]| vide aresposta em 9 de
Março de | 1789.
Tânia Lobo (org.) 121

Cairu, 05 de março de 1790 – Francisco Nunes da Costa

Ilustríssimo, e Excelentíssimo Senhor |


Cayrú 5 Março 1790
Participo aVossa Excelencia, que sendo em Jiquirisà atacado dehuas
ter= | riveis dores nos brassos, ecostas, sitem declarado reumaticas,
5 e= | emgrão tal, que metem prestado, emeproibem omais leve |
exercicio: nesta situação amais triste, para mever em hua terra |
onde faltão todos os socorros, sou obrigado atransportarme | por
mar para aVila deCamamú, onde hà Medico muito | habel, que
possa acudirme: por hora não padesce o Serviço | dorey com esta
10 minha molestia, mas no caso, que ella seaugmente, ou dure the
depois dePascoa, tempo emque devefa= | zerse aextracção dos Mas-
tros, nesse caso o participarei a = | Vossa Excelencia pedindolhe
alguas providencias, que hajão desuprir | aminha falta. |
Deus Guarde aVossa Excelencia por muitos annos Cairu | 5
15 deMarço de 1790 |
Dezembargador Ouvidor daComarca dos Ilheos. Francisco Nunes
da Costa

[Fólio 2v, metade inferior, paisagem]


Em 5 de Março de 1790 | Ilheos
Do Desembargador Francisco Nunes da Costa | dando parte daSua
molestia; Vide acarta de 9 de- | Abril
122 Cartas Baianas Setecentistas

Cairu, 06 de abril de 1790 – Francisco Nunes da Costa

Illustrissimo e Excellentissimo Senhor|


Cayrú 6 Abril 1790
Este antigo Dezertor, mais próprio pa-| ra hum Hospital, do
que para oSer-| visso de Sua Magestade, se me apre-| zenta, para
5 eu o acompanhar com| este Oficio aVossa Excelencia, na| espe-
rança, de que aSua Natural| Bondade se esercite com elle, naõ só,|
com operdaõ do seo delicto, mas ain-| da com a Excusa do Real
Servisso,| que parece, exigem as suas enfer-| midades. |
Obarco do Reáes Transpor-| tes fica á carga, e hade fazer Via-
10 gem| nas agoas da Lua-Nova.|
Deos Goarde aVossa Excelencia|
Cairú 6 de Abril de 1790|
O Dezembargador Ouvidor da Comarca dos Ilheos Francis-
co Nunes da Costa

[Fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em6 deAbril de1790 |
Carta do Dezembargador Francisco Nunes| da Costa Ouvidor
dos Ilheos, que| acompanhou hum Dezertor, que Sua Excelencia
foi servido soltalo, edar| baxa pela Sua in capacidade vide|
aResposta destaCarta etc.
Tânia Lobo (org.) 123

Cairu, 06 de abril de 1790 – Francisco Nunes da Costa

Illustrissimo e Excellentissimo Senhor |


Cayrú 6 Abril 1790
Este antigo Dezertor, mais próprio pa-| ra hum Hospital, do
que para oSer-| viso de Sua Magestade, se me apre-|zenta, para
5 em o acompanhar com | este Oficio aVossa Excelencia, na | espe-
rança, de que aSua Natural | Bondade se esercite com elle, naõ só,
| com operdaõ do seo delicto, mas ain-| da com a Excusa do Real
Servisso, | que parece, exigem as suas enfer-|midades. |
OBarco dos Reaes Transpor-|tes fica á carga, e hade fazer Via-
10 gem| nas agoas da Lua-Nóva. |
Deos Goarde aVossa Excelencia |
Cairú 6 de Abril de 1790 |
O Dezembargador Ouvidor da Comarca dos Ilheos Francisco
Nunes da Costa

[Fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 6 deAbril de 1790
Carta do Dezembargador Francisco Nunes | da Costa Ouvidor
dos Ilheos, que | acompanhou hum Dezertor, que Sua Excelencia
foi servido soltalo, edar | baxa pela [ilegível] in capacidade vide |
aResposta destaCarta etc.
124 Cartas Baianas Setecentistas

Cairu, 20 de abril de 1790 – Francisco Nunes da Costa

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor |


Cayrú 20 de Abril 1790
No dia de Sexta Feira daPai| xaõ Se me aprezentou Miguel | Ri-
beiro de Santa-Anna, Soldádo | Dezertor, dizendo-me, que em |
5 ComtemplaÇaõ da Santidade do | Dia, pedia aVossa ExCelenCia
| Perdaõ do seo Crime, e que isto mes| mo posesse eu na Prezença
de | Vossa ExCelenCia, eque omanda-| se eu reColher á Cadea,
ou Reme| ter, Como me pareCese: este | espirito de humildade,
ede | sugeiÇaõ me obrigou muito, | e espero, que Vossa
10 ExCelenCia | uze Com elle de Piedade.|
O Furriel Antonio José| de Barbuda o aprezentarâ.|
Deos Goarde aVossa ExCe-| lenCia. Cairû 20 de Abril de
|1790|
O Dezembargador Francisco Nunes da Costa|

[Fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em20 deAbrilde1790 |
Do Dezembargador Ouvidor daComarcadosIlheos| Sobre
operdaõ que pede paraoSoldado José | RibeirodaCompanhia do
Prezidio doMorro ematençaõaaprezentarce 6ª feira Santa.- | Sua
Excelencia lhe perdoou, emandou fazer | passagen para o Vo Regi-
mento-Vide aCarta | de 28 doCorrente emResposta. etc.
Tânia Lobo (org.) 125

Cairu, 08 de novembro de 1790 – Francisco Nunes da Costa

Ilustríssimo eExcelentíssimo Senhor. |


Cayrú 8 Novembro 1790 |
Por cárta de Vinte, e nove de outubro, | precedente, me ordena
Vossa Excelencia | acobrança, e Reméça do Subcidio Lite- | rário
5 aque estão responçaveis as Cama | ras d’esta Comárca. Devo
Reprezen | tar aVossa Excelencia, que o producto | d’esta
Concignação, o tenho té aqui a- | plicádo ás Despezas dosReáes -
Córtes, | fazendo pagamento com os conhecimen- | tos da Sua
entráda, edebito sobre o | Almoxarife, e que esta hé acauza da |
10 demóra, que Vossa Execelencia extra- | nha, eque evitarei para
ofuturo, fa- | zendo as Remeças por Tremestres, cuja | ordem
hade começar em Janeiro do | anno proximo. | Deos Goarde
aVossa Exce- | lencia. Cairu 8. de Novembro de 1790. |
Odezembargador, Ouvidor daComarca dos Ilheos. |
15 Francisco Nunes daCosta

[fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 8 de novembro de 1790 |
Do Dezembargador Ouvidor da Comarca dos Ilheos | Francisco
Nunes daCosta emresposta da | Carta que o lhedirigio sobre as
cobranças da | Coluta, e Subsidio Literario etc.
126 Cartas Baianas Setecentistas

Cairu, 22 de Março de 1793 – Francisco Nunes da Costa

Ilustrissimo eExcellentissimo Senhor |


Cayrú 22 Março 1793
Fui entregue da Ordem deVossa Ex-|CelenCia de Seis d’este Cor-
rente Mês | em que Vossa ExCelenCia refórÇa | as Suas
5 anteCedentes ProvidenCias, | para se evitar a extracção de | fari-
nhas para fora d’esta Capita-|nia; reComendando-me Vossa |
ExCelenCia esta diligenCia, Sobre | todas as de que me acho
enCarre-|gado: Em ConCequenCia, fis | expedir as obras de que
envio | Copêas, e persuado-me, que d’|esta vex, Cessara esta gran-
10 de de-|zordem, animâda pelos Mono-|polistas d’essa mesma Ci-
dade, | que Cada dia inventaõ nóvos ar-|tifiCios de fazer o sáque
de fa-|rinha d’esta ComárCa, sendo o | mais poderozo obom
preÇo Com | que apágaõ aos Lavradores |
Pasados os dias Santos da | Pas’cha mandarei debaixo deboãs
15 | goardas omaior numero de Lanxas | que for posivel. |
Deos |||1v Deos Goarde aVossa ExCelenCia | Cairú 22 de
MarÇo de 1793|
O Dezembargador , Corregedor, da Comarca | dos Ilheos |
Francisco Nunes da Costa |

[Fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em22 deMarçode1793 |
Do Dezembargador Ouvidor daComarca dosIlheos | Sobreas
providencias quetem dadopara | a Remesa dasFarinhas, ordenada
| por Sua Excelencia emCarta deseis do dito mêz, | e noticiando
que passados os dias Santos | hade Remeter omaior numero
delanxas que | puder Carregados destegenero | etc.

[Anexo 1]
Copia |
Por oficio, que acabo de receber do Excellentissimo Senhor
Ge-|neral da Capitania, me aviza o mesmo Senhor da | extrema
falta de farinha, que se está actual-mente pa-|decendo na Bahia,
chegando a exgotarem-se de todo | as tulhas do Celeiro publico,
Tânia Lobo (org.) 127

ordenando-me ao mesmo | tempo que eu dê as mais eficaces pro-


videncias, eas mais | rigorozas Ordens para se fazer sem perda de
tempo a | mayor remessa, que for possivel daquelle taõ precizo
ge-|nero; cuja deligencia Sua Excelencia confia de mim, ao mes-
mo | tempo que para todas as outras Comarcas fez partir hon-
|rados Capitaens de Infanteria com Esquadras, eTro-|pas para obri-
garem, e compellirem os Lavradores a des-|manxarem as
mandiócas, e a segurar as remessas para | a dita Cidade.|
Em taes termos pella minha obediencia ás | Ordens Superio-
res, e pella minha honra Pessoal tenho | determinado dar sobre
este importante negocio a ultima | providencia, que por hora con-
siste em eu mandar o Mei-|rinho Geral desta Comarca com as
Ordens, que lhe ha-de-|aprezentar á Vossasmerces, e que Vossas
merces devem exata-mente cumprir, | e guardar com a mayor
exátidaõ, ficando advertidos naõ | so em concorrerem quanto
lhesfor possivel para a remessa | das farinhas, de que mando tra-
tar, mas em naõ con-|sentirem que nenhu)a outra Lanxa, que naõ
seja das | destinádas, e obrigadas á conducçaõ na forma, que
determi-|no na minha Ordem, carregue aquelle referido genero. |
Espero que Vossasmerces assim o cumpraõ, e seLem-|brem
da honra de Seus Cargos, eme evitem o dessabor, | que terei, se
for obrigado a mandar-lhes fazer hum | emprazamento: mandem
Vossasmerces registar esta, e a Ordem | que leva o Meirinho, nos
Livros dessa Cámara. |
Deos Guarde aVossasmerces Bom Retiro 12 de Mar-|ço de
1793

[Anexo 2 — mesma letra do anexo 1]


OMeirinho Geral da Correiçaõ Pedro Jozé | Fernandes passe
imediata-mente ás Mátas dos termos | das Villas de Santarem,
Camamu) e Marau), e indagando | com o mayor escrupulo, e a
mas exata verdade, as mandió-|cas, que se achaõ de vêz, e estado
de desmanxo; notificará á minha Ordem os Lavradores, para sem
perda de tempo | começarem a desfaze-las, consignando-lhe dia
certo, em que | devem ter a farinha pronta para se embarcar na
Lanxa, | que elle dito Meirinho lhe hade aprontar na forma seguin-
|te. |
128 Cartas Baianas Setecentistas

Depois que com hum, ou mais Lavradores possa fa-|zer a


carga de hu)a Lanxa, notificará Mestre, ou dóno del-|la para se pôr
imediata-mente á carga; e isto mesmo praticá-|rá pellas mais pa-
ragens, athe pôr o mayor numero deLanxas, | que lhefor possivel,
Leitas, e carregadas para seguirem via-|gem para a Cidade da Bahia,
e darem entrada no Celei-|ro publico, acompanhando elle
Meirinho a esquadra de Lan-|xas thé aVilla do Cayru), para dahy
serem conduzidas por | novos guardas: durante a demóra das re-
feridas Lanxas dei-|chará os Lavradores continuando o desmanxo
das mandiócas | para no seu regresso acharem novas cargas pron-
tas: Se acon-|tecer, o se que naõ espera, que algum se oponha, ou
desobedeça | á execuçaõ desta minha Ordem, o prenderá, eremeterá
prezo | para aVilla do Cayru), para imediata-mente o ser para a |
Bahia, onde será punido á Arbitrio do Illustrissimo, e
Excellentissimo Senhor | General desta Capitania. |
Para toda esta importante deligencia lheserá dado | auxillio
pellas Justiças da minha Jurisdicçaõ, eMilicias, | a quem requeiro
da parte do dito Excellentissimo Senhor General. | Assim se cum-
pra. Bom Retiro 12 deMarço de | 1793.
Tânia Lobo (org.) 129

Cairu, 12 de maio de 1793 – Francisco Nunes da Costa

Ilustríssimo Excelentíssimo Senhor. |


Cayrú 12de maio 1793.
Juntamente háde Vóssa Exelencia | ter as transsádas ademasiádas
demorá | que tem havido na expedição da cha- | máda Esquadra
5 de Lanças, que | prometi enviar com farinhas | para [ilegível] pu-
blico dessacidade, | eá ordem de Vossa Excelencia: | Tem dito os
empátes de tem- | po, a tantos, etão grandes o nu- | mero de
Lavradores obrigados, que | isto mesmo tem causádo ademorá, |
por que huns, por falta de escrá- | vos, outros pela mórte debois,
10 e | alguns pela má vontade com que | fizerão este servisso, retardárão
| quanto poderão os porçoens de fa- | rinha, que lhe forão
destribuidos. | Ficão Carregados dés Lanxas, e néstes quatro, ou
sinco | dias se completará o numero de | de doze, ou treze, para
serem ime | diatamente remetidas. |
15 Deos Salve aVossa Ex- | celencia. Cairu 12. de Maio de | 1793. |
O Desembargador, Corregedor da Comarca | Francisco Nunes
da Costa.

[Fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 12 de Mayo de 1793 | Do Desembargador Ouvidor da
Comarca dos | Ilheos aserverando [ilegível] que | brevemente re-
mete dez ou doze Lanxas | defarinhas, emais algumas que | apres
tão – Respondida em | 11 de Junho etc.
130 Cartas Baianas Setecentistas

Cairu, 18 de maio de 1793 – Autor não identificado

Ilustríssimo, e Excelentíssimo Senhor |


Cayrú 18 maio 1793
Continuo como devo, a executar | as Ordens de Vossa Excelencia
sobre a remes- | as dos Recrutas, e nesta ocazião remeto vinte,
5 etrez | mancebos bem capazes do Real Serviço: nas du- | as Villas
de Camamu), eIlhéos se executárão mui- | to mal as Ordens, que
dirigí em Nome deVossa | Exelencia; de nenhuá dellas recebi hú |
so Recrûta; e se os Respectivos Capitaens não e= | mendarem o
seu descuido, merecem bem qu eu | os ponha na Prezença deVossa
10 Execelencia, pa- | ra lhe dar o devido castigo. Para aVilla dos I- |
lhéos sefaz indespensavel, que Vossa Excelencia | declare Capitão
mor, que execute com zelo, e hon- | ra as Ordens; e se Vossa
Execelencia ja deferio, e | rezolvêo a Proposta, que se lhe fez do
referido | Posto, e sobre que eu informei, digne-se Vossa |
15 Excelencia de me comunicar o provido, para | eu o avizar, elhe
cometer esta importante di | ligencia. | Esta Comarca ficatoda
em agita- | ção: Pays, efilhos fugitivos, e internados pello | Mato,
a safra da abundantissima Colhêta | do assôr está chegada, eja
múitos dos Cultiva ||1v Cultivadores a estão perdendo, por se-
20 não | atreverem á parecer com os filhos para a provei- | tarem: hé
tão bem o tempo de se limparem as | Rossas; e todos estes servi-
ços perdidos, assastão | com sigo mas consequencias. | Inciza Vos-
sa Exelencia suspen- | der a Recrûta nesta Comarca, logo que as
du- | as Villas de Ilhéos e Camamu), eu mandar | alguns dos man-
25 cebos, que tenho perdído. |
Deos Guarde aVossa Excelencia. Vil- | La doCayru 18 deMayo
de 1793.

[fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 18 deMayo de 1793
DoDezembargador Ouvidor da Comarca dos Ilheos | sobre
aRecruta queremeteo constante da | Lista incluza, enaqual pede
Suspenção | porcita para [ilegível] experimentando | prejuizo, eque
[ilegível] aProposta de Capitão mor | dasordens davila dosIlheos
para poder empe| dir o avizo, eas ordens necessarias a aprovi- |
do. Foi respondida em 22 do dito mez etc.
Tânia Lobo (org.) 131

Cairu, 18 de maio de 1793 – Francisco Nunes da Costa

Ilustríssimo, e Excelentíssimo Senhor |


Cayrú 18 Maio 1793
Felipe Vieira de Santa Anna, | que acompanha os mais Recrutas,
que nésta | ocaziaõ remeto, e diz ter sido Tambor em hu~u | dos
5 Regimentos dessa Praça, atacou insolente- | mente o honrado
Capitaõ mor do Rio das | Contas Manoel Pereira daAscenção na
| acção do dito Capitão mor fazer a deligencia | da Recrúta com
múita honra, ezêlo: remeto- | o áVossa Excelencia, para que no
caso, que | não deva ser Soldado, Vossa Exelencia o | mande cas-
10 tigar nos Serviços Publicos, para | exemplo dos outros, e conser-
vação da autori- | dade dos homens Publicos. |
Deos Guarde aVossa Excelencia. |
Cayrú 18 de Mayo de 1793 |
O Desembargador, Corregedor daComarca |
15 Francisco Nunes da Costa[outra letra]

[Fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 18 de Mayo de 1793 Ilheos | Do Desembargador Ouvidor
daComarca sobre | aremessa Felipe Vieira de | Santa Anna, que
Sua Excelencia mandou | para o Servisso dasobras publicas, pela
| desatenção que lhe participarão fizerão | ao Capitãomor
dasordenanças davila de | São Jozé do Rio dasContas - | Respon-
dida em 22 do dito méz.
132 Cartas Baianas Setecentistas

Cairu, 12 de junho de 1793 – Francisco Nunes da Costa

Ilustrissimo e Excellentissimo Senhor |


Cayrú, 12 [dejunho] de 1793
Pelo Capitam Das Ordenanças Jozé | de Melo Vargaõ Reme-
to os quarenta | ReCrutas, Constantes da Lista inclu-|za, Sendo a
5 maior párte das Suas | Villas de Ilhéos, e Camamû: n’esta | Fórma
Fica Sendo a ReCruta gêral | e Relativa atodas as Villas d’esta Co-
|márCa, e Conforme a ultima Or-|dem de Vossa ExCelenCia
devo sus-|pendela, e por estes póvos em | socego, oque Com tudo
naõ fa-|rei, Sem que Vossa ExCelenCia | asim o ordene, depois
10 d’este ReCebimento. |
Eu naõ devo Lembrar | aVóssa ExCelenCia, quães tenhaõ |
Sido aminha honra, e a minha | Religião no proCedimento d’esta
| deliCáda diligenCia: Se Vossa Ex-| CelenCia naõ as ConheCera
me naõencarregára d’esta ComiÇaõ: | Contudo, por oCazião da
15 prezen-|te RemeÇa, talves Se aprezente | aVossa ExCelenCia por
Si, ou por |||1v Ou por interpósta pessoa hum | Padre IgnáCio
Luiz Gonzága dos | Ilhéos, dizendo oque lhe pareCer | Contra o
ofiCial honrado, que | por ordem minha lhe prendeo | o afilhádo
Manoel Soáres, eaté | Contra mim por lho naõ Sol-|tar: em tal
20 Cázo, Rogo aVossa Ex- | CelenCia me honre, ouvindo-me, | e
então porei á Suplicante os proCedi | mentos do afilhádo, e os
groseiros | Costumes do Padrinho. |
Entre os ReCru- | tas, alguns se naõ ReComendaõ pela | fi-
gura, mas a maior parte São manCebos muito Capázes do | Real
25 Serviso. |
Deos Goarde aVossa | ExCelenCia. Cairu 12. De Junho | de
1793. |
O Dezembargador, Corregedor, daComarca Francisco Nunes
daCosta|

[Fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em12deJunhode1793 |
DoDezembargador Ouvidor daComarca | dosIlheos Remetendo
Recrutas para os Regimentos | pagos — Respondida em 15 |
docorrente etc.
Tânia Lobo (org.) 133

[Anexo 1, 1v, outra letra]


Lista dos Recrûtas, que | a Ordem do Illustrissimo, e Excellentissimo
Senhor | General remete o Doutor Dezembargador | Corregedor
da Comarca dos | Ilheos Francisco Nunes da | Costa. |
5 1// Jozé Bernardo de Figueirêdo .|
2// Manoel Soares .|
3// Paulino Rodriguez2 3 .|
4// Jacinto Jozé .|
5// Fructuozo Jozé .|
10 6// Theodóro Farias .|
7// Apolinário dos Santos .|
8// Jozé Pinto .|
9// Jerónimo Ramos de Mesquita4 .|
10//Caetáno Ferreira Borges .|
15 11//Felipe deSant Iago .|
12//Alexandre Jozé de Souza .|
13//Joaquim da Foncêca .|
14//Francisco Xavier de Souza .|
15//Joaõ Francisco .|
20 16//Joaquim Ribeiro dos Santos .|
17//Domingos Francisco da Silva .|
18//Joaquim Jozé de Oliveira .|
19//Anacléto Francisco Alvarez .|
20//José Antonio .|
25 21//Manuel Antonio deSanta Anna .|
22//Joaquim deSanta Anna .|||1v
23//André Francisco Ribeiro .|
24//Manoel Antonio deMello .|
25//Manuel Antonio .|
30 26//Francisco deSouza .|
27//Pedro Francisco .|

2
[outra letra-aleijado, à direita do documento]
3
[outra letra- foi escuso, à esquerda do documento]
4
[outra letra- escuso por piqueno, à esquerda do documento]
134 Cartas Baianas Setecentistas

28//Paulo de Pontes .|
29//Francisco Xavier de Oliveira .|
30//Luiz dos Santos .|
35 31//Sebastiaõ José .|
32//Miguel dos Anjos .|
33//Felix Ribeiro de Jesus .|
34//Domingos do Carmo .|
35//Manoel da Paixaõ.|
40 36//Manoel Homem .|
37//Francisco José de Bairros .|
38//Francisco Rozeira Taváres .|
39//Ignacio Joaquim de Araujo Lima .|
40//Ambrozio Ferreira .|
45 Cayrú 12 de Junho de 1793 |
[outra letra] Francisco Nunes da Costa |
O Capitam dos ordenanças Jozê deMello Varjaõ.
Tânia Lobo (org.) 135

Cairu, 10 de julho de 1793 – Francisco Nunes da Costa

Illustrissimo e Excellentissimo Senhor |


Cayrú 10 de Julho de 1793
Sou obrigádo a Reprezentar a | Vossa ExCelenCia, que entre os |
ReCrutas, que me foraõ enviádos | da Villa dos Ilheos, Se com
5 pre-|hendeo hum Manoel da ConCei|Çaõ, que até mesmo por
infor|maÇoens de quem omandou | hé hum Moço dos mais
bem Regu|ládos Costumes, e muito util a Sua | Familia; por es-
tes, e outros jus-|tos motivos o mandei Soltar, e | excluir da Lista,
mas suCedeo, | que o Escrivaõ, que a formáva em | ves de excluir
10 aodito Manuel da | ConCeiÇaõ, excluio a hu) Manuel | de Santa
Anna, e isto por en-|gano, e equivoCaÇão de nome. |
Nestes termos ReCorro á Bondade de Vossa ExCelenCia para
| que haja de mandar dár baixa ao Referido Manoel daConCei-
|Çaõ, que se acha Com PraÇa no Regimento, e Companhia | do
15 Coronel Portugal |
PeÇo ||1v PeÇo aVossa ExCelenCia esta | GraÇa por entender,
que hu) en-|gano de nome naõ deve ser per-|judicial aoque estava
Com | JustiÇa deCidido na minha | intenÇaõ: a falta d’este sol-
da-|do será breve mente paga Com usura, pois em Seo lugar ei-|
20 de mandar vários ManCebos, que | não mereCe) o Beneficio, que
| Vossa ExCelenCia féz aos bens proCe-|didos, e apliCados á Cul-
tura |
Deos Goarde a Vossa ExCelenCia |
Cairu 10 de Julho de 1793 |
25 ODezembargador Francisco Nunes da Costa

[Fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Do Dezembargador Ouvidor daComarcadosIlheos | pedindo
abaixa para oSoldado Recruta | Manuel daConceição,
porestarbem informado | dasua conducta, enecessidade quedella
tem | Seus Pais — Respondida em | 14 deAgosto do anno etc.
136 Cartas Baianas Setecentistas

Cairu, 13 de setembro de 1793 – Francisco Nunes da Costa


Lista de mão desconhecida

Illustrissimo Excellentissimo Senhor |


Pela Lista incluza seraõ prezen | tes aVossa ExCelenCia os
Recrutas,| que Remeto, ede que hé Conductor | o Alferes Joaõ
Rodrigues Teixeira | ese Comprehendem taõbem dous | Dezertores
5 notádos na mesma Lis| ta. |
Eu pensáva [ilegível] esta | ocaziaõ Remeter pelo menos,
qua | renta ManCebos Capázes do Real | serviso, se as ordens, que
expedi | em Nome de Vossa ExCelenCia | para GequiriÇa naõ
forem de-|zobedeCidas pelo modo mais inso- | Lente, que Se
10 póde imaginar, | oque pessoalmente exporei a | Vossa ExCelenCia
para dár as Suas | fórtes, e efiCaCes providenCias. | aos que se
fázem indispenCáveis | , e que Vossa ExCelenCia hade achar |
dignos da Sua JustiÇa, e Au-|thoridade. |
Deos Goarde aVossa ExCe- | lenCia. Cairû 13 de Setembro |
15 de 1793|
Francisco Nunes da Costa

[Fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em13deSetembro de1793|
DoDezembargadorFrancisco NunesdaCosta | Ouvidor
daComarca dos Ilheos com alistade | 13 Recrutas, e dois
Dezertores que Remeteo- |
Respondida em 16 docorrente etc.

||Anexo 1r
Lista dos Recrûtas, de que | he Condutor o Alferes das Ordenan-
ças Joaõ Rodrigues Teixeira |
Joaquim Joaõ |
5 Bernardo dos Reys |
Joaõ Inácio |
Antonio Jozé |
Jozé da Cruz Neves |
Sebastiaõ José |
Tânia Lobo (org.) 137

10 Francisco José da Cunha |


Manoel dos Santos |
José Joaquim Ferreira |
Bernardo Jozé |
Joaõ Baptista |
15 Jozé Dias |
Joaquim José Ferrás |
Dezertores || 1v
Dezertores |
Francisco Jozé, que declarou ser do | Regimento novo, e Com
20 panhia de Co-|ronel. |
Francisco de Paula, que declarou ser | do Regimento
deArtelharia, e companhia de | Auxilliares foi conduzido para
esta Comarca | por seu proprio Pay Jozé Pereira Rôxo=| por
antónomázia = o Médico Inglez = bem | conhecido, e celebrado
25 nessa Cidade;de-|clarou mais o Dezertor, que ainda tem, e | con-
serva a farda nova, e intacta .|
Cayrú 13 de Setembro de 1793 |
Francisco Nunes da Costa [outra letra]
Joaõ Rodrigues Teixeira [outra letra]
138 Cartas Baianas Setecentistas

Camamu, 14 de abril de 1764 – Antonio Duarte da Silva

Reprezenta aVossa Magestade | o Capitam Antonio Duarte


daSylva, morador na Villa do Ca=| mamû, que elle deprezente
seacha occupando o Cargo deJuiz | Ordinario nadita Villa, e como
seja homem denegocio, e lhe hê pre | cizo fazer Remeção
5 depagamentos para a prezente Frota, que | seespera, para o que
lhe hê necessario fazer algumas cobranças | e o naõ pode fazer para
ante o Juis seu companheiro porser | Suspeito, e menos para ante
o Doutor Dezembargador Ouvidor Geral da| quelaCapitania, por
este se achar naVilla dos Ilheos | distante daquelas mais de vinte,
10 e quatro Legoaz, por cujo mo-| tivo Recorre aVossa Magestade
para que Seja Servido nomear | lhe Juis para as ditas suas
dependencias. Deos guarde | aVossa Magestade para nosso ampa-
ro. Villa de Cama=| mû 14 de Abril de1764// |
Beja ospes deVossa Magestade |
15 Antonio Duarte Sylva
Tânia Lobo (org.) 139

Camamu, 31 de outubro de 1796 – Gonçalo Francisco Monteiro


Apógrafo
1º anexo – Gonçalo Francisco Monteiro – apógrafo
2 º anexo – Antônio Godinho de Souza

Illustrissimo e Excellentissimo Senhor |


1796 – Camamu 31 outubro
Recebi a carta de Ordem de Vossa Excelencia em que | me
Ordena, suspenda aCorreiçaõ desta Villa, por naõ ser | Conveni-
5 ente abri-la: eu, Excellentissimo Senhor apezar dos meus axa-|ques,
sahi da minha Caza, e Villa dos Ilheos só afim [de] | cumprir a
Carta deOrdem de Vossa Excelencia, de 8 de Julho | deste anno,
em que meordenou pacificasse as desordens d[e]| que sequeixava
o Juiz dos Órfaõs Mauricio Pereira da-|Cunha com o Sargento
10 mor Braz Diniz, e Joaõ Rijo, | e para chegar aesta Villa me foi
percizo fazer digressaõ por terra | passando pellos do Rio das Con-
tas, Mairaû, e Barcel-|los de Indios, nas quaes naõ fiz outra acçaõ
tendente | a meu Cargo que participar as Camaras, e Juizes
Ordinarios | daquellas Villas a outra Carta deOrdem de Vossa
15 Excelencia, em que | os adverte seabstenhaõ dos dispotismos, evi-
dencias deque | se queixaõ os povos; e por elles me-requererem
pelo in comó | doque padecem em mandar vir as cartas deUzanças
para as no-|vas Justiças, procedi a Pillouros nas ditas villas: porem
| nesta naõ fiz outra alguã acçaõ mais doque mandar vir a minha
20 | prezença ao dito Juiz dos Orfaos, ao Sargento mor Braz Dinis |
e a Joaõ Rijo aos quaes todos já achei mais acomodados, epelo |
que trataraõ na minha prezença, os concidero pacificados, ex |
pecialmente ao dito Juiz dos Orfaõs aquem concidero amigo
dapaz,| porque naõ seça de me-recomendar ante pondo-me para
25 isso | a numeroza famillia que tem aí Seu Cargo. Doque par-
|tecipo a Vossa Excelencia verifica a Attestaçaõ incluza.||1v
A respeito do Escrivam Joaõ Affonso | já informei eixtensa, e
verdadeiramente do seu procedimento | e condictas e naõ sei que
elle tenha dado a menor occaziaõ | dequeixa emtodo tempo que
30 serve perante mim: elle se- | fica aprontando para hir combrevidade
aPrezença deVossa Excelencia ,| e só espera por ordem minha huns
140 Cartas Baianas Setecentistas

portadores que man| dei a Cairú com officios ao Juiz Ordinario,


e a Camara | para remetterem a este Juizo os deveres dos Subsidios
Litera- | rios, oudarem arazaõ porque onaõ fazem, tendo-lhes eu
35 en-|viado trez officios a esse respeito, e eu depois disso sa-|tisfeito
volto para minha Caza, e Villa dos Ilheos a esperar as ordens | de
Vossa Excelencia |
Deos Goarde a Vossa Excelencia. Camamú 31 | de Outubro
de 1796|
40 O Ouvidor interino da Comarca dos Ilheos |
Gonçalo Francisco Monteiro

||2r
Em31deOutubrode1796 |
DoJuis Ordinario queservede | ouvidor intirino da Comarca dos
Ilheos | sobre a execuçaõ que dava a carta | de Sua Excelencia de 8
de Julho passado | e de mais que houver a ese Respeito |
Etc.

||Anexo, 1r
Para certo requerimento que tenho de por na Pre-|zença do
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor Governador e Capitam
General | da Capitania da Bahia percizo que a Camara desta Villa
5 | me atteste ao pé desta aquantos dias me acho nesta villa, se-|de
pois que nella entrei, abri Correiçaõ, oufiz acto algu | de meu
cargo, se prendi ou soltei algum a minha or-|dem, se-me intro-
meti no governo da Justiça, ou Milicia, | se pratiquei alguma
couza Contra osucego publico, | se enquietei vassalo algu de Sua
10 Magestade, se ad-|miti intrigas, parcialidades, ou outra qualquer
couza | Contra a paz da Republica, e detodo o meu cui-|dado foi
ou naõ pacificar a todos, e se-lhes consta ter | eu aberto Correiçaõ
em algua das Villas da Comarca Quero que | Vossas merces ao pé
desta attestem todo o referido, com a-| Honra, e verdade comque
15 se empregaõ nos honrozos | Cargos que occupaõ. Deos Guarde a
Vossas | mercez, Senhores Juizes, e officiaes da Comarca da Villa
do Camamú |
O Ouvidor inteirino da- | Commarca dos Ilheos Gonçalo
Francisco Monteiro |
Tânia Lobo (org.) 141

[Carta 2]
Nós os Juizes Ordinarios. Vereado-|res Procuradores do Se-
nado da Cámara | este prezente anno nesta Villa de Nossa ||1v de
Nossa Senhora da Asumpçaõ do | Camamú, Seu termo [estraga-
do] Attestamos | e fazemos Certo debaixo do juramento | de nos
5 sos Cargos em como o Senhor Ouvi-|dor intirino da Comarca
dos Ilheos Gon|çalo Francisco Monteiro seacha nesta Vi-|lla ásete
dias, sem que, nem nesta, nem | nas mais Villas desta Comarca
por Onde | tem passádo desde ádos Ilheos Cabessa da | mesma
Comarca, chegar da SuaRezidencia | abrise Correiçaõ, nem fizes
10 se acto algum dis|so, nem tem prendido, nem soltado pessoa |
algua aSua Ordem : igualmente senaõ tem | por modo algum
intrometido no governo da-| Justiça, nem Milicia, nem tem pra-
ticado | acçaõ algu)a Contra apublico socégo dos Povos, | e menos
disinquietádo aVassalo algum de | Sua Magestade Fidelissima,
15 sem admitir, | nem Consentir intrigas, nem parcialidades | Con-
tra aboa páz da Republica, antes nos-| hê constante que o dito
Ouvidor por Or|dem do Illustrissimo, e Excellentissimo Senhor
Governador, | eCapitaõ General da Capitania da Ba-|hia só tem
tido expecial Cuidádo empa | cificar atodos Comafeito, ehonra
20 indizivel, | para que vivaõ bem, empaz, socego, eboa u-|niaõ. Pas-
sa na Verdade ORefferido, emfé | do que dámos aprezente, que
mandámos | passár, e todos asSinamos. Villa do Cama-|mû 22
de Outubro de 1796 e Eu Anto|nio Godinho de Soiza Escrivaõ
da Came | ra oEscrevy |
25 Antoniode Paiva Travaços Dionizio Pereira Neves
Domingos Gonçavez Joaõ Rijo de Affonseca
Francisco dos Reys Villas Boas Antonio Braz
142 Cartas Baianas Setecentistas

Camamu, 03 de novembro de 1796 – Gonçalo Francisco Monteiro

Ilustríssimo eExcelentíssimo Senhor |


1796 – Camamú 3 Novembro
Athé hoje espero de Cairú o di- | nheiro dos Subsidios, ou Solu-
ção do Juiz aesse | respeito, enada tem cumprido, como costuma
5 | áqualquer Ordem que lhe dirijo; emtanta forma, | athé a Carta
de Ordem de Vossa Excelencia, que lhed[iri]| gi tendente áoSucego
desta Commarca, eh | Carta [ilegível]Magestade com Decreto
Sobre a cer- | tidão dos Serviços que lhe recomendei fizesse regis
| tar, eme enviasse Certidão, nem dinheiro, nem Car- | tas, nem
10 Certidão, estando aliaz atrazada essa | Camara em Cinco annos na
falta das remes- | sas: eumja Com Os Juizes, eJusticas daquella
Vila | não sei como meheide haver; tenho procurado to | dos os
meios doceis, e deameaços para os persua- | dir; porem anada
semovem, pois nem Carta de- | Ordem, nem Sentenças deste
15 Juizo, nem, ainda as Ordens deVossa Excelência que por mim lhes
ção dirigi- | das, executão: eu abuzo novidades eoccazioens |
dequeixas; poresa razão nadaóbro, eSó espero | da Inata bondade
eReta Justiça deVossa Excelência | húa Satisfação publica atanta
dezobedien | cia. Deos guarde aVossa Excelência Cama | mú 3 de
20 Novembro de 1796 |
OOuvidor interino daComarca dos Ilheos Gonçalo Francisco
Monteiro

[fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 3 de Novembro de 1796 |
DoOuvidor interino daComarca dosIlheos | Sobre afalta deremessa
deSubsidio | Literario dacâmara de Cairú; e detodas as | mais,
efalta deobservancia dasor | dens. Respondida [ilegível]
Tânia Lobo (org.) 143

Camamu, 08 de maio de 1782 – Francisco Nunes da Costa

Ilustríssimo EExcelentíssimo Senhor |


Camamú – 8 Maio 1782
Em carta de dezoito d’ Abril precendente me par- | ticipa Vossa
Excelencia as suas vltimas detrimina- | çoens sobre acreação da
5 nova Aldea dos Funis, | ordenando-me que aestabeleça por óra
desinco en- | ta Indios eque dé outros tantos ao Capitam Mór |
João Gonçalves daCosta para a Entráda, e Conquis- | ta, que háde
fazer pelos certoens Altos, - eá Vis- | ta d’esta Detreminação
deVossa Excelencia se me | oferece para representar de novo aVossa
10 Excelencia, | que junto da Villa dos Ilhéos há hua chamáda | Aldea
d’Almáda, que sendo nasua origem | estabelecida com o santo
fim de cathequizar, | einstruir na Religião os Indios Grens, senão
| conceguir té aqui este intento, porque, ou | pela dureza de sua
indole, ou pela froxi- | dão dos Parochos se conservão nasua na- |
15 tural Vida-rustica, eagreste, e alguns d’elles, ou hu)a grande parte
não receberão as Ago- | as do Baptismo, e neste Estádo forão
mor- | rendo, e acabando de sórte que ao prezen- | te só existem
Vinte homens cápazes d’ | armas, eo que hé mais para sentir, que
d’ | estes ainda alguns se concervão no Gen- | telismo comque
20 descerão do Mato: | A Fazenda-Real despende [annoalmen-] | te
duzentos mil reis com o Parocho, | que apenas os vé, eos
adeministra duas, [ou] ||1v Tres vezes no anno: esta Gente não
tem | Róssa, Planta, Cáza, nem Templo; hé a mais | capos de se
empregar no novo Estabelecimen- | to, pela fortaleza do seo tem-
25 peramento, | epela sua Vida sempre laborióza, eagres- | te; ao
mesmo passo se conceguirá o fim | de os civilizar; pela mistura,
so cidade | com os outros, e por se fixarem, e radicárem | em hu)
lugar certo; e a Fazenda-Real | evita a despeza de novo Parocho,
por que | o dos Grens o ficará sendo com o mesmo or- | denádo
30 d’elles, edos mais Indios, e Povo | doque se compozer a nova
Aldea, eque | para diante acrescer. | Vossa Excelencia me detre- |
minará oque deva obrar.|
Camamu) 8. de Maio | de 1782. |
ODezembargador Corregedor daComarca |
35 Francisco Nunes daCosta.
144 Cartas Baianas Setecentistas

[fólio 2v.,paisagem, metade inferior]


1782 | em 8 deMaio Carta do Ouvidor | daComarca dosIlheos
sobrea [reação] da | Aldea doFunil, | quepertende fazer dado
Almada | para Funil etc.
Tânia Lobo (org.) 145

Camamu, 08 de maio de 1782 – Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo eExcelentíssimo Senhor |


Parte aBarca de Sua Magestade | Carregáda com as Péças Cons-
tantes da RelaÇaõ | incluza, equando a EstaÇaõ do tempo lho |
permitir póde tornar a reCeber nóVa | Cárga.|
5 Deos Goarde aVossa Excelencia.|
Camamû 8 de Maio de 1782 |
Francisco Nunes daCosta

[Fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 8 deMaio de 1782 |
Do Dezembargador Ouvidor dos Ilheos | comRemessa deMadeira
deconstrução.
146 Cartas Baianas Setecentistas

Camamu, 26 de julho de 1782 – Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo, eExcelentíssimo, Senhor |


Camamú 26 Julho 1782
Hé aVossa Excelencia Constante, que | por efeito de diferentes
requerimentos dos | Moradores d’esta Villa do Camamu), e com-
5 |cervação dos seos Direitos-Publicos man- | dou o Excelentíssimo
Senhor Manoel daCunha | de Menezes demolir anova-óbra d’hum
| Engenho, que na Marinha d’este Rio começava a edificar o Pa-
dre Marcelino Francisco | de Méllo; e igualmente romper as cer-
cas, | comque o mesmo Padre tinha impedido os | Baldios daVilla,
10 fazendo restituir o Povo | á antiga-pósse emque estáva d’elles:
[Sen-] | do assim se executou, e existem registradas, | nos livros
d’esta Camara as respeitáveis or- | dens do Excelentíssimo
Antecessor deVossa Excelencia. | Sobre todo este facto, depois de
| varios requerimentos feitos aVossa Excelencia | pelo mesmo Pa-
15 dre pertendendo se revogasse | aquelas ordens fes elle a
Representaçao | a Sua Magestáde, que a mesma Senhora | dirigio
aVossa Excelencia para a informar, so- | bre que Vossa Excelencia
me mandou ouvir, | cuja resposta, e minha informação já | [sobio]
a Prezença deVossa Excelencia. Isto ||1v Isto feito me requereo o
20 referido | Padre, que lhe permitisse levantar nó- |vamente as cer-
cas, por atenção ao seo Di- | reito, que já me era notório pela
deligen- | cia, e informação aque eu tenha procedido, | deferi-lhe,
que recorre-se aVossa Excelencia, aquem | só tóca revogar, limitar,
ou explicar as ordens | dos seos Excelentíssimos, Antecessores; neste
25 tempo | passei á Villa do Rio das Contas emcorrei ção | deixando
a d’esta Villa em aberto, em cujo in- | tervalo teve o dicto Padre
industria para | seduzir hu) dos Juizes-ordinários Manoel | Ribei-
ro-Falcão, home) decrépito, muito pó- | bre, edependente, e con-
vocando parte dos | actuáes Vereadores, eoutros dos annos antece-
30 | dentes dasua facção, obteve d’elles licença | para levantar o Enge-
nho: Replicou fór- | temente o Escrivão da Comarca reprezentan-
| do as ordens em contrário e até aqui não | revogádas do
Excelentíssimo Antecessor deVossa Excelen- | cia; anada se atendeo,
e temerariamen- | te lhe concederão apretendida licença: | Este
Tânia Lobo (org.) 147

35 facto, hé digno da maior extra- ||2r Extranheza, pois por elle, naõ
só se des- | pregarão as authorizádas ordens do Go- | verno Supe-
rior, mas pasou aCamara ade- | cidir hu)a questão tão delicáda,
como ex- | pus aVossa Excelencia na minha informação, | que
estando prezentemente a festa a Sua | Magestáde parece, que
40 amesma senhora | pertence dicidila. Eu sei, que cá- be nos limites
da minha Jurisdição | punir esta especie de dezobediencia, e dár
por inutil, ede nenhu) efeito alicen | ça concedida; mas hé justo,
que esta Ca- | mara, eas futuras conheção quanto dé- vem ser
respeitádas, e venerádas as ordens | dos senhores Generáes; epor
45 isso oponho | na Prezensa deVossa Excelencia para da | sua parte
lho extranhar, com Piedade | sim, mas de forma, que elles conheção
agra- | vidade do seo erro, e dasua facilidade, e | que este Padre
conheça tambe), que de- | ve esperar asoberana Decizão, que elle |
mesmo prócurou, e entretanto aco- ||| Acomodar se, e não au
50 mentar as | perturbaçoens, partidos e dezunião em | que Vive este
Povo: Espero a Rezolução de Vossa Excelencia para saber o que |
eide obrar.|
Camamu 26 de Julho de 1782|

[fólio 2v., paisagem, metade inferior]


Do Desembargador ouvidor dos Ilheos sobre oPadre | Marcelino
en 26 de | julho de 1782
148 Cartas Baianas Setecentistas

Camamu, 06 de agosto de 1782 – Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo eExcelentíssimo Senhor |


Camamuú 6 Agosto 1782.
Ponho na Prezensa deVossa Exce- | lencia as suas Justificações do
Padre | Marcelino Francisco de Mello, e de | Manoel Ferreira da
5 Costa; em observan- | cia di Despacho de Vossa Excelencia dado |
naSuplica do Vltimo. | Deos Goarde aVossa Excelen- | cia: |
Camamu 6 de Agosto de 1782 |
ODezembargador ouvidor daComarca. |
Francisco Nunes daCosta

[Fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 6 deAgosto de 1782 |
Do Dezembargador Ouvidor daComarca. | dosIlheos
queacompanhóu aremessa | dasduas Justificações dePadre. Vigá-
rio. | deCamamúm, e adeManoel Ferreira | daCosta etc.
Tânia Lobo (org.) 149

Camamu, 18 de dezembro de 1783 – Francisco Nunes da Costa

Excelentíssimo eReverendíssimo Senhor, eSenhores Governadores.|


Sou percizádo apropor pessoalmente na | Junta da Administra-
ção, e Arrecadação da | Real-Fazenda, o que tenho obrádo a res-
peito | da descobérta do Páo-Brazil, tão recomen | dada por Sua
5 Magestáde: eao-mesmo tem | po procurar o restabelecimento da
minha | saude munto arruináda n’esta vltima | viagem, que fiz ao
Rio das Contas, o que não | pósso conceguir n’este continenti por
falta | de Profeçores. | Por cujos respeitos, peço | a Vossas
Excelencia, e Senhorias, Licença | para poder sahir d’esta Comarca
10 pelo | tempo, que me fór percizo para vltinar os | fins acima
mencionádos, deixando entre- | tanto em meo lugar ouvidor, que
sirva | na forma da ordenação do Reino. | Deos Goarde aVossas
Excelencias e Se- | nhorias. Camamû 18. de Dezembro | de 1783.
ODezembargador, ouvidor da Comarca Francisco Nunes daCosta

[fólio 2v., paisagem, metade inferior]


Em 18 de Dezembro de 1783 |
Carta do Ouvidor da Comarca dos Ilheos | Francisco Nunes
daCosta, escrita aoGoverno | Interino, emque pede Licença para
vir aesta | cidade tratar dasua Saude, edar conta dade- | ligencia do
PauBrazil.
150 Cartas Baianas Setecentistas

Camamu, 28 de novembro de 1785 – Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo eExselentíssimo Senhor. |


Camamú, 28 Novembro 1785
Vzando da Faculdade, que Vossa Excelencia |
me concedeo, a respeito da remeça para | soldados, dos Moços,
5 que nesta Comarca, eu | acháse proprios aesse destino, conforme
| o sistema em que Vossa Excelencia está de | refazer as trópas por
este suáve meio, evi- | tando os exames das acelerádas recrutas; |
remeto á ordem deVossa Excelencia, com | este destino, o Moço
Amáro daSilva | do Salvamento, natural do Rio de Contas, filho
10 de Jozé daSilva Freire, aquem não | hé vtil, nem o Pai merece
atenção algu)a, | pela má creação, que tem dado aeste, | eaos outros
filhos. Este Moço tem suas | prezunçõens de Valente, não tem
oficio, ne) | emprego algum agricultura, as Marinha, | que são os
vtis vasálos d’esta Comarca: ou- | tros semelhantes tenho já
15 rezervádo para | omesmo oficio, se Vossa Excelencia | asim o ouver
por bem, e não mandar | ocontrário.
Deos Goarde aVossa Excelencia |
Camamû 28 de novembro de 1785 |
ODezembargador, ouvidor da Comarca Francisco Nunes daCosta

[fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 28 de novembro de1785
DoDezembargador Ouvidor daComarca dosIlheos
comaremessa dehu) moço denome Amaro | daSilva doSacramento
Respondida em 11 de Dezembro etc.
Tânia Lobo (org.) 151

Camamu, 01 de dezembro de 1785 – Francisco Nunes da Costa

No interior dos Sertoens: Apenas hoje apa- | rece hum homem


com o animo, genio, e valor | d’este Capitam Mór, que há mui-
tos annos tra- | bálha, e suporta esta laborióza Vida, aban- |
donando, eperdendo as suas próprias, e gróssas | fazendas de gádo
5 para conquistar, e reduzir | asociedade hum Gentio, que infésta, e
grás- | sa quazi ásombra da capital. | Foi pois neceçária, e |
indespençável adespeza dos mantimentos; | antes da Conquista,
para sustento da trópa, | que não tinha meios de [subsistir] no
inte- | rior dos Sertoens; edepois; porque desde | o instante em
10 que os Indios se meterão | de [pás], ficárão asociádos ao corpo da
| Nasção, Vassálos, e filhos do soberano, e | Pai-comum, a quem
Vossa Excelencia | reprezenta para os receber, etratar com | amor
da humanidade, fazendo-lhe sentir | os efeitos do Felix-Governo,
eo amor | da Nasção de que já fazem parte: e | que hé para seo
15 bem, e não para serem | oprimidos, que forão buscádos, e asociádos
|| 1v. E asociados anós. Por estes meios suáves | continuará esta
conquista, que á bem do primeiro | objéto da Religião, se fás vtil
no Estado pelo desenço | em que ficão os Moradores dos Sertoens
– inficionádos | e asustádos das suas carreiras, e brigandáges; epelo
20 | imenço território, que fica livre desde o Rio de | Contas thé ao
Rio-Pardo, capás de nesse se | cituarem imenças fazendas de gádo
com tanto | beneficio da Real-Fazenda, eBem-comum | dos Póvos.
O Grande ponto, Illustríssimo eExcelentíssimo | Senhor, o gran-
de ponto conciste em apro- | veitar esta Gente Conquistáda, e
25 reduzida: estabelecelos em parágem Comoda eVtil: | instruilos
na Religião, e fazelos em fim par- | ticipar das avantágens danossa
sociedade, | e do nósso secular, que detesta, e xóra o contrá- | rio
[Sistema] dos Tempos-pasádos. | Vltimamente, este | Capitam
Mór devia na Prezensa deVossaExce- | lencia dár hu)a mais exacta,
30 e circunspecta | Relação do que tem-feito, e do que póde | fazer
para diante na conquista das duas Al- | deas, que inda d’esta Nasção,
eprincipal- || 2r. Eprincipalmente da Conquista do Gentio Am- |
bore), que ainda resta e hé omais barbáro, e | insolente: Depois
d’esta conferencia, receberia | elle as mais acertadas instruçoens, e
152 Cartas Baianas Setecentistas

35 athe se | formaria hu) mais bem reguládo Plano so- | bre as Despezas,
de sorte, que nem aconquista | se perca a Real Piedade manda
acodir, ne) | tambe) fiquem essas despezas livres, earbi- | trarias
com perjuizo da Real-Fazenda.
Vossa Excelencia mandara oque | for servido. Camamu) 1. de
40 Dezembro de | 1785
ODezembargador, ouvidor daComarca dos Ilheos_
Francisco Nunes daCosta_

[fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 1o de Dezembro de 1785 |
DoDezembargador ouvidor daComarca dos Ilheos sobre as con |
tas do dito que tende fendido oCapitam Mor Joaquim | do por-
to deconquista do Certão da Ressaca
Tânia Lobo (org.) 153

Camamu, 20 de dezembro de 1785 – Francisco Nunes da Costa

Illustrissimo, eExselentissimo Senhor |


Camamu 20 Dezembro 1785
Remeto prezos, pelo Condutor José An- | tonio, a Joaquim José
deSouza, ea Ma- | noel José daCunha segundo as ordens de |
5 Vossa Excelencia, e a vltima de quatro de | Novembro preceden-
te, em Rezolução das | repetidas contas, que dei aVossa Excelencia
sobre | os seos [méros] procedimentos, e o dezaforo com | que
dezobedecerão as ordens deVossa Excelencia | sobre as Farinhas |
Vossa Excelencia lhe fará | aJustiça que costuma, elhe rogo, que
10 depois de | satisfeita, os haja de inhibir de tornarem | aesta Comarca
onde oseo repesso, e acisten | cia seria degraves [concequencias.] |
Deos GoardeaVossa Excelencia. |
Camamû 20 de Dezembro de 1785 |
Odezembargador, ouvidor dos Ilheos_ |
15 Francisco Nunes daCosta_

[fólio 2v, paisagem, metade inferior]


DoOuvidor dos Ilheos, com a remessa dos | dousprezos [ilegível]
José deSouza, e | ManoelJozé daCunha
154 Cartas Baianas Setecentistas

Camamu, 10 de fevereiro de 1786 – Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo eExselentíssimo Senhor. |


Camamú, 10 fevereiro 1786
Na conformidade das repetidas ordens deVossa | Excelencia, re-
mete asua Prezensa, a João Gomes | Pinheiro; Moço solteiro e
5 com[tidas] as bôas dispozi- | çoens para hum bom soldado. Hé
natural da | Villa de Camamû onde não tem Páis, nem fa- | milia,
nem també estabelecido algum, | vtil na Republica: foi nomeádo
peloSeo | Capitam Mor para Correio das Contas, que vlitmamen
| te dirigi aVossa Excelencia, não só dezobedece | o referido chéfe,
10 mas se comportou perante | mim com o maior descomedimento,
não ceden | do athé | ás regalias, que lhe fiz para levar | as cartas
aVossa Excelencia, reprezentando- | lhe, quanto importava asua
remeça eaobri- | gação, que n’elle [ilegível] de servir a Sua Mages-
| tade. |
15 Vossa Excelencia mandará o que for ser- | vido. Camamû 10 de
Janeiro de 1786 |
ODezembargador, ouvidor daComarca dos Ilheos |
Francisco Nunes da Costa

[fólio v., paisagem, metade inferior]


Em 10 de Janeiro de1786 |
Do Ouvidor dos Ilheos com a remesa | dehum Moso chamado
João Gomes Pinho; | que [ilegível] etc.
Tânia Lobo (org.) 155

Camamu, 05 de fevereiro de 1789 – Francisco Nunes da Costa

Ilustríssimo eExcelentíssimo, Senhor. |


Camamú, 5 fevereiro 1789
Na Informação, que dei aVóssa Excelen- | cia Sobre a Estrada de
Francisco de Souza | Feis, e desCaminhos de ouro, que por ella, |
5 Com tanta facilidáde, e segurança se pra- | ticão, já meLembrei,
de que a aprehin- | ção – Real, e alguma Tomadia, Sivião as |
melhóres próvas de tudo o que propús aVóssa | Excelencia; o
que assim se verifica Com | os Autos da Renuncia, e ouro aprehen
| dido, que ponho na Presensa de Vossa | Excelencia para os man-
10 dar julgar, con- | forme as Leis; Cujos autos, eeste oficio, | Vossa
Excelencia póde receber, Como fazen= | do párte d’ajuda primei-
ra, e principál | informação, para a Vista d’huns, e outros | daí
Vóssa Excelencia as Providencias, que | lhe parecerem mais acertádas
em circuns | tancias tão importantes, edelicádas. |
15 Deos Goarde aVóssa Excelen- | Cia. Camamû 5. de Fevereiro de
1789 |
O Dezembargador , Ouvidor da Comarca dos Ilhéos |
Francisco Nunes daCosta

[fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 5 Fevereiro de 1789 |
Do Dezembargador Francisco Nunes | daCosta Ouvidor da
Comarca dos Ilheos | sobre o autto que remeteo com ouro | feita
parece em denun | cia – etc.
156 Cartas Baianas Setecentistas

Camamu, 11 de fevereiro de 1789 – Francisco Nunes da Costa

Illustrissimo e Excellentissimo Senhor |


Cama mú 11 fevereiro 1789
Para informar aVossa ExCelenCia, Sobre | a ReprezentaÇaõ
do Capitam-Mór| Gaspár d’Armas Brum, e Sobre o outro | igual
5 Requerimento dos Indios deSaõ Fidélix, que Se opoem as
Sesmarias, | que pertende o Tenente Coronel Fran-|cisco Félix
d’Oliveira, onaõ pósso fa-|zer Sem Conferir os proprios autos |
de Sesmaria formados pela Camara | da Villa do Cairú, aSim
Como a | PetiÇaõ, e SupliCa domes moTenente | Coronel, para
10 á vista, para á vista | de tudo, Conhecere indagar, qual hé | o
Destrito, o Terreno, que se pede de | Sesmaria, Sua natureza, e
SituaÇaõ, | que perjuizo póde Cauzar aos Reáes-| Cortes, e á
ConCervaÇaõ das Matas. | Termos, em que ordenando Vossa
ExCel-| lenCia, que Se juntem a estes Reque-|rimentosos Referi
15 dos autos, e Sendo-|me remetidos, informarei, Como Vossa |
ExCelenCia ordena, e pede aimpor-| tanCia da materia. |
Deos Goarde a Vossa | ExCelenCia. Camamú 11de Fevereiro
| de 1789 |
O Dezembargador, Ouvidor da Comarca dos Ilheos Francis-
co Nunes da Costa|

[Fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em11 deFevereiro de1789 |
Do Dezembargador Ouvidor da Comarca dos Ilheos, | sobre as
sesma|rias.
Tânia Lobo (org.) 157

Camamu, 24 de março de 1789 – Francisco Nunes da Costa

Illustrissimo e Excellentissimo Senhor |


Camamú 24 março 1789
Por José Mârques de Souza, Cabo de | Esquâdra d’hum dos
Regimentos de Infan|taria dessa Cidade, remeto o Dezertor | Anto
5 nio Manoel de Jessus, filho de | Raimundo Manoel, natural da
Villa | de Marahû: Creio, que pertenCe áo Regimento
d’Artelharia.|
Deos Goarde a Vóssa Exce- | lencia. [espaço em branco]
Camamû 24 de Março de 1789|
10 O Dezembargador, Ouvidor daComarca dos Ilheos Francis-
co Nunes daCosta|

[Fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 24 deMarço de1789 |
DoDezembargador Ouvidor daComarca dos Ilheos | comaReme
| ça doDezertor Antonio Manoel deJezus.
158 Cartas Baianas Setecentistas

Ilhéus, 25 de janeiro de 1795 – Antônio da Costa Camelo

Illustríssimo eExcelentíssimo Senhor |


Ilhéus 25 janeiro 1795.
Por ordem deVossa Excelência tomei posse deouvidor Intirino nesta
villa, e | cabeça de Comarca dos Ilheos, como já dey conta aVossa
5 Excelência, edetudo o que | meparesseu necessario, porem como
este avizo foi por mar, osven | tos contrarios tem embaraçado
aviagem daEmbarcação emque vay. | Para eu comprir como devo,
avizei aoEscrivam daouve | duria João Alfonço Liberato, que
seacha em Cayrû, que sem de | mora viesse para esta villa com o
10 cartorio, assim deãoministrar | justiça as partes, eaté o prezente
menão tem o dito Escrivam dado nem huã | satisfação, visto que
não tem escuza, para que acarta, que lhemandey | foy nao cazião
emque Remeti adevossa Excelencia, pela ordem que ella expreça |
va deser Registrada noslivros das Camaras dasvillas aque pertence.
15 | Oescrivão da Camera davila deCayrú meRemeteu | o Recibo
dacarta deVossa Excelência, edaminha que deregi aaquela Camera,
| que e) o em cluzo para Vossa Excelência ver apoca atenção dodito
Escrivam da Came= | ra, não querendo delcarar que cartas Rece-
bo, oque meparesse es= | tranho, porem conheço ser daeleyção de
20 Vossa Excelência, eesta falta dos= | dois Escrivoins ponho
naRespeitavel prezenca deVossa Excelência, para dar a | providen-
cia que lheparesser justa. | Os Juizes, eofficiais das Cameras | desta
Comarca, que sairão este anno nos Pilouros, ede Barreto, tem
vin | do, eoutros mandado com detrimento pelas suas cartas de
25 comfir= | mação, evoltão sem ellas, por não ter eu cá o Cartorio,
eaome | nos o Rol dos culpados, e os competentes, para reconhesser
setem | cauza, que proíba serem, ounão aprovados nosempregos
aque vem, | epor esta falta estam asvillas sem os competentes Juízes,
eos[ilegível] | deste anno, ecomo eu ignoro oque devo p[a] esseder
30 neste fato, e= | nos expreçados, Vossa Excelência medetriminará
oque devo seguir.|
Deos Guarde aVossa Excelência por muitos duplicados annos. Villa
deSam | Jorge dos Ilheos, ede Janeiro 25 de 1795 |
Ouvidor Intirino Antonio daCosta Camello.
Tânia Lobo (org.) 159

[fólio 2]
O Indio Joze Caetano fez entrega | de duas cartas hua para o Juis
[ilegível] | [ilegível] desta Villa eOutra [para] [.] | [ilegível] epara
[ilegível] Vila [.] este de | ma letra eSiqual Villa [ilegível] | 3 de
Janeiro de 1795 | Dezembargador Ouvidor João de |

[fólio 3v, paisagem, metade inferior]


Em 15 deJaneiro de 1795
Do Juis ordinário querendo do | Ouvidor interino da Comarca
dosIlheos | sobre ordinário daCorreição, edaVila | deCairú _ e
160 Cartas Baianas Setecentistas

Ilhéus, 25 de novembro de 1794 – Antônio da Costa Camelo


Apógrafo
Anexo 1 – Antônio Figueiredo Rodrigues de Eça e Castro
Anexo 2 – Antônio da Costa Melo
Anexo 3 – Vigário José de Villa Boas

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor |


Ilheus 25 Novembro 1794
Tenho diante demim arespeitavel carta deVossa Excelencia para
| medirigir naconformidade daordem que pella mesma recebo. |
5 O Juiz Joze Francisco deAraujo Lima tem entregue a-| Camera
aquantia de 111 Reis, epara aentrega o fis notificar, earesp[eito]-|
dodinheiro daOrpha que sehabilitou por estar cazada, eigualmente
o-| mais que aos orphaoñs, eomesmo Juis declarou aVossa |
Excelencia seacha no cofre empoder deManoel Gomes, como
10 Thezoureiro | naõ posso nesta occaziaõ fazer certo o efeito dessa
declaraçaõ | por naõ ter tido tempo para essa averiguaçaõ, enaõ
sucedendo | assim, como declarou odito Juis farey ir naprimeira
occaziaõ aprezença de | Vossa Excelencia por razaõ deestar esta
embarcaçaõ apartir, epedir este | facto averigoaçaõ de menos
15 aceleraçaõ.|
Em comprimento daOrdem que acabodereceber de Vossa |
Excelencia remetto o Escrivaõ Antonio Manoel daSylveira,
conaculpa, eerros | deseo officio aoDezembargador Chanceler
conceilhero.|
20 Naõ é possivel, que eudeixe depor naprezença deVossa
Excelencia oen-| conveniente, que experimentaõ os moradores
desta Villa, é o facto, | Antonio Rodrigues de Figueiredo deEssa,
eCastro, que algu) tempo foi Capitam | deAuxiliares destaCidade
afetivamente traz os moradores desta Villa a-| sustados comprizoñs
25 aOrdem deVossa Excelencia pedindo auxilios daparte | deSua
Magestade, como Vossa Excelencia pode ver dacarta incluza, que
mesmo | mandou ao Capitam Mandú doRegemento destaVilla
pedindo auxilios | para prizoñs, correndo cazas, efazendo fugir
dellas oseus morado-| res: este homem hí custumado asemelhantes
30 insolencias, eja notempodos | antecessores deVossa Excelencia pren-
Tânia Lobo (org.) 161

dia soltava atitulo damesma Ordem,| em[ilegível]i h u) dos


prezos pelo dito Destas insolencias dei conta rezultan| do manda-
se tirar hu) sumario, que naõ tive efeito pelo meyo que omes-| mo
podeter, para sei[z]entar delle, epor naõ ser punido; agora entempo
35 | deVossa Excelencia contenua namesma desordem : eu dever[ia]
comajurisdi-| caõ que me ê commetida punir; porem naõ quero
tomar asatisfaçaõ <devida> ||1v Divida pela Justiça, por que Vossa
Excelencia como supremo senhor ê que mede| ve determinar, por
ser este homem aqui muito aparentado, e | muito peturbador
40 dosucego respubLico embaracando-se | contoda aGovernança
destaVilla, esó verificamos en sucego se se-| procede-se contra elle,
eavista do processo ser obrigado aoque | Vossa Excelencia bem
lheparecer. Deus guarde aVossa Excelencia por muitos anos Villa
deSão | JorgedosIlheos 25 deNovembro de 1792 |
45 OJuis ordinario dos Ilheos, Antonio daCostaCamello

|||2v
[outra letra, paisagem, metade inferior]
Em 25 deNovembro de 1794 |
DoJuis ordinario que teve | deOuvidor Interino daComarca |
dosIlheos sobre ospro cedimentos do | Juis ordinario daquela villa
Jozé | Francisco de AraujoLima, e doCapitão | Antonio Rodrigues
de Figueiredo etc.

[primeiro anexo, outra letra]


Senhor Capitam mandante Manuel Ignacio dos Reis |
Para certa deligencia doServiço deSua Magestade | percizo
que Vossamerce me preste o-auxilio deSinco ou-| seis soldados,
5 elhe orequeiro daparte do Ilustrissimo, eExcelentissimo, Senhor |
Gener<al>, |
Deos guarde avossamerce como dezeja Ilheos, Sinco docor|
rente denovembro de 1794 .|
Devossamerce |
10 Muito venerador eobrigado |
Antonio Rodrigues deFigueiredo DeçaeCastro |
Capitam de Granadeiros |
162 Cartas Baianas Setecentistas

[outra letra]
Reconhecemos a Letra e forma aSima | Conteuda Ser a propria
do punho deAn| tonio Rodrigues deFigueredo deEssa e | Castro
por termos outras semelhantes | nos Nossos Cartorios aque nos
Reporta| mos e queremos o prezente Reconheci| mento enque
5 nos aSignamos |||1v nos aSignamos Sobre hum só pubLi| co nes-
ta Villa dos Ilheos aos 13 de Novembro | de 1794 |
Emfé e Testemunho de verdade do Termo |
F[4 bolinhas] C |
D|
10 Francisco Correada Costa |
oTabeliam Antonio Manoel daSilveira |||2v

[outra letra, retrato, metade inferior]


A OSenhor |
Capitam Mandante Manuel Ignacio | dos Reis, |
Espera Receber Merce |
Caza

[anexo2, outra letra]


Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor |
Tenho diante demim arespeitadaCarta deVossa Excelencia |
ordenandome que porauer falecido o Dezembargador Francisco
Nunes da=| Costa, ouvidor destaComarca enaõ ter ainda chega
5 do oque | se axa nomeado porSua Magestade meordena que
Como Juis | ordinario daCabesa deComarca, Sirua eu
entirinamente | de ouvidor passando a vara de Juis ao vereador
mais velho, eque- | para coms tar mandasse registar a ordem nos
Livros dasca-| meras das villas aque tocar .|
10 Em comprimento daordem exposta Fis-| Cumprir namesma
Forma que Vossa Excelencia me ordena porém a | Respeito
dajurisdiçaõ de ouvidor que Vossa Excelencia me comfere, paresse
| naõ ser pocivel, que eu possa con tinuar com aseita-| saõ de
Vossa Excelencia sem porpor o que Ca[.]sso, porque como ho=|
15 mem Rustico, cometerej des acertos, eemtal cazo tera | Vossa
Excelencia por des a sertada aeleyçaõ que demim Fes epara ser |
prouido dosecorro nesseçario, vou espor a Vossa Excelencia naõ-|
Tânia Lobo (org.) 163

[ilegível] estar persuadido que anomeasaõ que Vossa Excelencia


Fes | de ouvidor hé ate achegada do que seacha no[me]ado por-|
20 Sua Magestade emquanto Vossa Excelencia naõ mandar o Con-
trario.|
OS Juizes Ordinarios desta vila que sahiraõ nos Pi-| Louros
que eu Fis neste anno, semeopoem, para que em sendo | apossador
aja eu de entregar auara de Ouvidor ao Juis | mais uelho, mas eu
25 no emquanto naõ tiver ordem de Vossa | Excelencia estou no acor-
do deanaõ entregar, aexemplo | deAntonio Jozé Martins, que ten-
do amesma Jurisidi-| saõ sendo Juis, depois auendo nouos Juizes
Fi-| cou elle sempre con seruado no Lugar do Ouvidor ate a-|
chegada do Ouvidor destaComarca, Como naõ quero | cair no
30 desagrado de Vossa Excelencia vou suplicar oque deuo se-| guir |
Bem me custa tomar a Vossa Excelencia opriciouzo-|||1v Tempo
que caresse, porem Excelentissimo Senhor se eu o naõ Fizer | dexo de
cumprir comoque Vossa Excelencia me tem em carregado |
Fuy avila de oliuenca Fazer os Pilouros para | os Juizes que
35 aonde seruir o triano Futuro elá naõ achey | o Atual Diretor
Francisco Antonio da Silveira que se dis Foi para essa | cidade
enaõ tendo as chaves doCofre que pre cizaua para nele | Recolher
os Pilouros, e rendas doConcelho, arequirimento dos-| officiais
daCamera, e Respublicos mandey despregar | a Fechadura doCofre
40 emoqual achei emdinheiro 3$235 reis Ren| dimentos do
mesmoConcelho do anual que paga cada | hum cazal de Indios a
240 Reis des o anno de 91 emque | entrou asiruir por Diretor
odito Francisco Antonio | daSilueira que seaxa auzente avendo,
nadita villa 144 | cazais constantes da atesta saõ j unta do Vigario
45 | atual daquela Freguezia: |
Fui Requirido pelos o fficiais daCamera que | tomasse con-
tas do dinheiro erendas emque se concidera alcan| cado aatu[al]
Diretor, mas naõ o fis por naõ ter de Vossa | Excelencia comiçaõ,
epertencer aoCorregedor, posto que aa-| ueriguaçaõ daConta se
50 fas nese caria a tendendo | aque 144 cazais pagaõ anual mente
34$560 eem-| 4 annos desde 91 ateoprezente de 94 deue ter oCo-
| fre 138$240 emque sedeue crer o Alcançe do| Atual Diretor. |
Achei dentro doCofre humaCarta feixada | que tinha por
titulo [4]1$715 que entregou Bernardo Pa-| is deAmaral Diretor
164 Cartas Baianas Setecentistas

55 que foi desta villa pelos | alcances em que ficou, euista aCarta
merequere| raõ osditos officiais que aabrise, edentro nelaa-|||2r
Achey 40$400, epela diferença examinei oLacro da-| Conta do
antecedente Diretor Bernardo Pais, etem por | termo amesma
quantia de 41$715 do titulo daConta |
60 Dos 40$400 reis que achey meRequereu o Reverendo vi=|
gario daFreguezia que a 6 annos só tinha Recebido | emtempo
do antesedente Diretor 10$ [.] tantos reis para oRe-| paramento
da Freguizia, e nem huã outra quantia no tem-| po do atual,
pedindome lhe conferice oque pertencia | aFreguezia para
65 aReparaçaõ della mandei emformar aos-| officiais daCamera, epela
emformaçaõ lhe mandei dar | 20$400 pornaõ poder ser mais,
eporesta falta es=| ta aFreguezia apadesser Ruina.|
Pella Falta do atual Deretor por naõ ter aquem entregasse |
oCofre ePilouros liuros, eadireçaõ dauilla por estar como |
70 emdesamparo e tambem por falta deCapitam Mor ema| is officiais,
eu meachaua em conculta emuereassaõ | para anomeassaõ de Di-
retor emquanto daua parte a Vossa Excelencia, | nesta acçaõ
merequereraõ os o fficiais daCamera, e-| Respublicos emuozes
porem comsubmiçaõ que quiri-| aõ para seu Diretor a Manoel
75 doCarmo deJESUS | aesta grande instancia, lhes preguntey aRazaõ
que ti-| nhaõ para quererem aquele Diretor, Responderaõ.|
Que oatual naõ insinaua a seos filhos aler | nem es creuer
enumca deu escola comforme adire=| çaõ dauilla elhenaõ
adiministraua Justiça eera | espotico detal sorte que porqualquer
80 Requerimento sem | [prosseder] os termos daley [o]spr[inde] emete
| naCadeia, elã os demora o tempo que quer ateque | lhepagaõ,
eaqueles que naõ tem meios de o fazer uendosede | morados
Cuydaõ em arombala para [...] seexentarem, | auendo pelo esposto
outras desordemes.|||2v
85 Por estatuto da villa paga cada hum cazal 240 reis | metade
para oConcelho, metade para a Freguezia por serem | poriso
exentos da despeza dafabrica quando morrem | eporeste motiuo
è que apliquei ao Reverendo vigario os 20$400, | o atual Diretor
obriga aque cada hum cazal pa| gue pelos 240 hum alqueire de
90 farinha que val 400 reis | edeprezente 480, eaqueles Indios que
Tânia Lobo (org.) 165

naõ tem a-| farinha ordenalhe que aComprem porestes presos |


para lhedarem pelos 240 reis obriga aos Juizes eo-| ffici[aes]
daCamera aasinarem osdespachos que | elle ditta eescreue e ate
alguas uezes elle mesmo | fas aspiticonis equando lherequerem
95 que querem | Ler o despacho, Recuza ealguins lhedizem veja-|
mos aordenaçaõ elle lhes dis, iso naõ è para vos ou-| tros, asineaquy,
esó seobra o que elle quer, por-| que geralmente ostrata com des-
prezo.|
Que por ser homem nimiamente pobre | e decrepito demais
100 de 80 Annos serremedeia | e sustenta como dinheiro doConselho
como eraCons| tante que aquele Manoel doCarmo de JESUS |
que pidiam para seu Diretor, tinha meio desi sus| tentar, eamay
or razaõ [de]s[e]r criado naquella | villa esaber alingua Geral
deIndios para me-| lhor saber emsinar aLem daCapasidade que |
105 nele achauaõ que porisso pediam emer[e]quiriaõ opro-| uesse no
e[mpreg]o de Diretor visto que oatual tinha dic-| hado oCofre
etudo pertenssente a Direturia em-| notoria desordem avendo
poriso falta dasren-| das doConselho eque elles officiaes daCamera
da=|||3r DavamConta aVossa Excelencia .|
110 Visto pormim orequirimento mandei laura termo, |
epormeparesser iusto pella precizaõ efalta do atu-| al Diretor
nomeej ao dito Manoel doCarmo deJESUS | por diretor
emquanto Vossa Excelencia naõ mandar oContrario. |
Avilla deque trato estaComo despo-| uoada porterem
115 dezertado della muntos cazais ean=| daõ espalhados porto daparte
por naõ serem obrigados | arezidir nadita villa nacomformidade
doestatuto de| lla.|
Acade[i]a achasse aruinada eem| capas deser exemplar por ser
cuberta de palha,| porlheterem desem caminhados atelha, Estes
120 fatos | Reprezento a Vossa Excelencia por obrigassaõ demeu officio
| para que Vossa Excelencia mande oque for seruido. Deos Guarde
a Vossa Excelencia | por muitos annos villa deSaõ Jorge dos Ilheos
28 de | Dezembro de 1794 |
OOuVidor Intirino Antonio daCostaCamello

|||4v [outra letra, paisagem, metade inferior]


Em28 deDezembrode |
166 Cartas Baianas Setecentistas

1794 |
DoJuis ordinario queseruia | de Ouvidor interino daComarca dos
| Ilheos Antonio daCosta Camello | dando parte deter tomado
posse | e dasdesordens de hum Diretor | davilla deOliuença __
Respon|dida em 28 deFevereiro de1795

[terceiro anexo, outra letra]


He certo hauer nesta Freguezia, Segundo o meo Rol da des obri-
ga da Quares-| ma do prezente anno de 1794, cento, quarenta, e
quatro Cazaes, os quaes saõ | obrigados desde oprincipio desta
Villa apagarem annualmente aquantia deduzentos, equa-| renta
5 reis, para o Conselho, e Fabrica desta Igreja Matriz Freguezia de
Nossa | Senhora da Escada danova Olivença ede Dezembro, 21
de1794 |
OVigario Jose de Villas Boas
Tânia Lobo (org.) 167

Ilhéus, 02 de fevereiro de 1795 – Bartolomeu Serqueira Lima

Ilustríssimo, Excelentíssimo Senhor |


Ilhéos 2 fevereiro 1795
Pretendo a Cámara desta Villa | com assistencia minha fazer
nomináta de Capi- | tão-mor, cujo Ponto, há quasi dous ános, se
5 acha | vago, por obito de Felidóro Francisco Marques, a | não
temos feito na incerteza da Aprovação de Vossa | Excelencia: e
por isso espero que Vossa Excelencia me ordéne, se posso, ou
devo fazer com a Camara a dita | nomináta. | Deos Guarde a Vossa
Excelencia. |
Ilheos 2 de Fevereiro de 1795 |
10 O Ouvidor interino de Comarca dos Ilhéos – Bartholomeo
Serqueira Lima

[fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 2 de Fevereiro de 1795 | Do Juis ordinario para o Ouvidor
interino da Comarca dos Ilheos so | bre pertender a Camara pro-
por oPos- | to de Capitão dasordenancas da Vila dos | Ilheos.
Senhor Excelentissimo Respondeu queoreser- | vará aproposta para
quando chegar | Ouvidor nomeado por Sua Magestade | vide a
Carta de 28 do dito mez etc.
168 Cartas Baianas Setecentistas

Ilhéus, 25 de janeiro de 1795 – Bartolomeu Serqueira Lima

Ilustríssimo Excelentíssimo Senhor |


Ilhéos 25 Janeiro 1795
Prosedendose nesta Vila a factura dos Pilouros da Justissa | o anno
proximo passado que prezentemente seabrio, sahieleito | para ser
5 vir o cargo de Juís ordinario econfirmando-me no dito car- | go,
meapossarão os veriadores daCamara, mandando Logo | Lavrar
termo, para que servir-se interinamente de ouvidor destaco= |
marca, por estar noLugar demais velho, obrando-se em tudo |
conforme achei doReino. | Para com mais acerto seproceder
10 noasima ex- | posto, seaprezentou em camara a saudavel ordem e
Vossa | Excelência, na comformidade daque fico servindo odito
cargo pois bem | entender, que estava servindo Antonio da costa
Camello, por estar | ocupando o cargo de Juis ordinario eporque
findou o dito empre= | go, entenderão os veriadores, que tão
15 bem findou ocargo de- | ouvidor. | Todos os moradores desta
Vila esta= | vão clamando pela severidade conque oreferido Anto-
nio da- | Costa camello estava ocupando odito lugar, pois em tão
[brex] | tempo, criminou asinco pessoas, prendeo aoutros, té de-
gradou, | passando afazer piloros na Vila de olivenssa donde té á |
20 rombaxocofre do concelho, por senão achar nadita Vila o derec-
| tor, enomeou logo outro finalmente dizendo que Vossa Excelên-
cia mede tri- | mine, semedevo conservar nodito cargo, pois nada
devo | obrar sem expecial or dem de Vossa Excelência, pois só
[dezejo] ad- | ministrar aJustiça, e pás |
25 Deos Guarde a Vossa Excelência por de latados annos ||1v
Villa de São Gorge dos Ilheos 25 de Janeiro de 1795 |
De Vossa Excelência |
Umilde Sudito |
Bartholomeu Serqueira Lima

[fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 25 de Janeiro de 1795 |
Do Juis ordinário da Vila dos | Ilheos, que teve de Ouvidor |
interino [ilegível] parte dos | Pilouros, edeter tomado [ilegível]
de Juis interino. | [ilegível]
Tânia Lobo (org.) 169

Ilhéus, 27 de abril de 1795 – Bartolomeu Serqueira Lima – apógrafo

Illustrissimo eExcellentissimo Senhor |


Ilheos 27 Abril 1795
Por Supor que já aesta ora terá o Juiz Ordinario da Villa do
Cayrú | Jozé Liandro Muniz posto na Respeitavel prezença de
5 Vossa Excelencia algumas | Comtumedias, e mal fundados quei-
xumes proprios do Seo espirito, | deorgulho, edevingança Con-
tra o Escrivam desta Ou vidoria Joaõ | Affonço Liberato, passo
aparticipar aVossa Excelencia osdespotismos, incivi-| lidades que
tem praticado odito Juis .|
10 Vendo odito Escrivam no dia 10 deste mes em Caza dodito
| Juis ao Senhor de Engenho deMapendipe Francisco Duarte Sil-
va que hé Reo| neste Juizo, eque está Sem Carta deSeguro, que-
rendo fazer a Sua| obrigaçam, eSeguir os [estragado] deSeu Re-
gimento, foy aCaza dodito Juis, eCom pala-|vras Cortezes pe-
15 dindo-lhe venia lheadvertio que aquele homem era pu-|blico, e
naõ inorava odito Juiz Ser Reo de Culpa neste Juizo, pelo que lhe
ro-|gava daparte deSua Magestade lhedesse auxilio para oprender,
eque dali o naõ | deixasse Sair Senaõ para aCadeya, deste facto
Seirritou tanto odito | Juiz que emtrou adesCompor odito
20 Escrivam deLadram, Rediculo, bandalho, e | vil, edamesma for-
ma Consentio que oReo tratasse aomesmo Escrivam, e isto | Com
vozes tam aLtas, edesConCentradas, que sefês escandalozo em
t[o]|da a villa ealem disso o amiassôu delhedar Com hum Pao,
eofaria Se [estragado] | tivessem maõ, emofondo do Requeri-
25 mento dodito Escrivam naõ Sô naõ prendeo | o Criminozo,
Como ainda Continuou Com elle ajugar, Cumer, ebeber | em
Sua Caza, e ahy o ConServou publica mente athé de noite aoras
que | oembarcou para o Seu Engenho aCompanhado deSeos escra-
vos armados, | Sendo o Cazo aContecido as 8 oras damenhaã. |
30 Naõ parou aqui o odio, evingança deste Juis, porque | Logo
nodia Seguinte 11 mandou por dois officiaes de Justiça Conduzir
| a Sua prezença ahuma mossa denome Ignacia Maria filha de
huã viuva | Anna Joaquina moradora namesma villa, epondoa
em Sua C[aza] | pelas duas oras datarde Sem Requerimento
35 departe, eapezar devio lencias | amiassando-a Com cadeya,
170 Cartas Baianas Setecentistas

ealiciando-a Compromessas de duzen|tos mil Reis obrigo[u]


apublicar que odito Escrivam atinha deflorado, e | Raptado
daCaza deSua May dizendo-lhe, que por Ser o Escrivam vil |
lhepagaria para isso duzentos mil Reis, Se ella naprezença deVossa
40 Excelencia naõ ||1v Naõ dissesse o contrario disto, emandando-
lhe fazer exame por duas | Mulheres, formou hum Aucto deDevassa
exoficio, eentrou | adevassar do Cazo fundamentado tal vês
naordem, enaLey de | dezanove de Julho, digo dedezanove de
Junho de 1775, que man=|da devassar pelo crime de Rapto,
45 Seduçaõ aLiciaçaõ Solicitaçaõ, | e desfloramento, naõ Sabendo
que esta ley está deRogada pela nova=| Sima de 6 de Outubro de
1794 [estragado], e depois deassim prosseder odito | Juis man-
dou depozitar amossa em caza de Ignacio Jozé daPuri=|ficaçaõ
onde esteve athé anoite do dia Seguinte, epara lhemandar | [e]lla
50 dizer por aquele depozitario, que Seelle dito Juis obrava
Seme=|lhantesinSolencias para efeito deprosseder Contra odito
Joaõ Affon=|ço, que ficasse desenganado, que ella tal naõ fazia,
tanto para que | nada doque elle tinha prossessado hera verdade,
Como porque este lhe | [naõ] devia aSua honra, eella para Satis-
55 fazer a vingança do Juis | naõ queria gravar aSua Conciencia, pois
tanto naõ tinha Sido | Raptada da Caza deSua May, que Com
ella estava morando em | Caza deSua Avó. Com esta proposta
tanto Seemforesseu | [o] Juis que Respondeo aodito depozitario
adiante dosque prezentes esta|vaõ Com estas paLavras = diga aesse
60 diabo que Sevã Com os=| diabos, que oque eu dela queria já
tenho, e Com taõ Cego odio, que | aprincipiou atirar a devassa
nodia 13, edos Prazeres deNosso Senhora; fe=|rios feixadas ad
honorem Dei, intimidando ostantos para jurarem | aSeu gosto,
naõ atendendo aos Requerimentos que fazia amossa, em | que
65 deCLarava naõ ConSentia emtal aLeyvozia, Continuou | atirar
adita devassa, dizendo que avia fazer Certo o Seo dito. | deperder
aoEscrivam em fazer que Vossa Excelencia obotasse fora
daComarca, | eainda aqui naõ parou o excesso devingança do
Juis, pois | dahi em diante entrou ainjuriar aoEscrivam depalavras
70 publi=|cas, eparticular mente mandou Cercar, eCorrer a Caza para
o pren| der fingindo huã ordem emque dizia Secorresse a Caza
do= | Escrivam para prender amôssa, que Lá Seachava oCulta,
quando pelo Con|trario amolher doEscrivam h)e muito honorada,
Tânia Lobo (org.) 171

eincapás de ConSentir | em Sua Caza molher desse Caracter: dahi


75 emdiante entrou a= ||2r Entrou aquerer prender os escravos do
Escrivam, eaSoytalos no Pilouro, | eopôs em tal aperto quelhe foi
percizo Sahir daquela Villa oCulta | mente para esta Com todos
os Seus escravos, homens desamparando a | Sua Caza deixando
aSua molher Sõ Com duas escravas, tomando | o Caminho deterra
80 demais de40 leguas para esta Villa.|
Já hé Excellentissimo Senhor dispotismo dehum Juis proSeder|
Contanta violencia, eultraje Contra hum Escrivam daouvedoria |
Contra aRazaõ, Contra ajustiça, Levado depaixaõ, efia[do] | tal -
vês naRiqueza que [estragado] , eno desamparo emque Seacha |
85 odito Escrivam depois damorte do Dezembargador Francisco
Nunes da Costa, Cor|regedor que foi desta Comarca que o
destinguia, ehonrava Como elle | meresse. |
Quando este Escrivam meressesse algum Castigo tinha nes-
sa| Cidade aVossa Excelencia, enesta Comarca amim para o Casti-
90 garmos.|
Inda quando odito Escrivam inda naõ desmeresseo em Couza
alg)ua| aquele bom nome que lhedava, e bons officios que delle
fazia o Dezembargador | Francisco Nunes, porque elle hé obidiente
aos Seos Superiores, pron|to nas Suas obrigassoens, Limpo
95 demaõs, grato para as partes, emuito | entendido para o Seu
officio, eisto diraõ todos aexcepçaõ daquele | orgulhozo Juis.|
Eu por Cauza do Rigorozo inverno, eventos Contrarios que
| me prohibem hir aVilla do Cayrú, tenho dado Comissaõ ao
Juis Or=|dinario daVilla de Boipeba para Susponder, eSumariar
100 odito Juis pelo | Cazo do Criminozo, eproSeder Contra elle
Comforme aLey, | Se Vossa Excelencia naõ mandar o Contrario |
Deos Goarde aVossa Excelencia Ilheos 27 deAbril de | 1795 |
O Ouvidor Inteirino da Comarca dos Ilheos — | Bartholomeu
Serqueira Lima

[Fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 27 deAbril de1795 |
CartadoOuvidor interino dos Ilheos, partici-|pando os injustos
procedimentos do Juis Ordinario | deCairú. Jozé Leandro Monis |
Respondida emCartade18 de | Mayo domesmoanno.
172 Cartas Baianas Setecentistas

Ilhéus, 31 de agosto de 1795 – Bartolomeu Serqueira Lima

Ilustríssimo Excelentíssimo Senhor |


Ilheos 31 Agosto 1795
Tenho Cumprido aordem de Vossa Excelência aRespeito do | Juis
ordinário daVila do Cairú, Jozé Liandro Mo | nés oqual sefazia
5 indigno do Lugar que o cupa: | dei chei aoEscrivão só mente o
direito de usar daSu[a] | Justiça epor officio que dirigi ao Juis
ordinário da | Vila de Boipeba, João Francisco dos Santos: não
S[estragado] | deichei ao dito Juis do Cairú o cupar o Seo
Lug[estragado] | Como mandei Suspender o Sumario, que Con-
10 tra | Elle Sepertendia por erros do officio. | Omesmo Escrivão
João Affonço | Liberato, que Seacha desde de Abril seriamente
do | ente deSezoens. manda nesta o cazião tira[r] | Provizão do
Seo officio, posto que fica Reciozo | dos amiaços Comque o dito
Juis do Cairú otratou | eu tenho já emformado aVossa Excelencia
15 aptidão, e ca | pacidade, easim espero da Inata Bondade de Vossa
| Excelencia lhedé nova Provizão, para que nelle Senãoa | cha
erros do Officio, antes mente em telligencia, eobedi = | encia aos
Seos Superiores. Deos Guarde aVossa Excelencia |
Ilheos 31 deAgosto de 1795 |
20 O ouvidor dacomarca dos Ilheos Bartholomeu Serqueira Lima |

[fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 31 de Agosto de 1795 |
Do Juis ordinario da comarca dos Ilheos que | serve de Ouvidor
interino da Comarca | sobre aessecação que dará ordens [ilegível]
| [ilegível]
Tânia Lobo (org.) 173

Ilhéus, 10 de maio de 1796 – Gonçalo Francisco Monteiro

Illustrissimo e Excelentissimo Senhor|


1796
Ilheos 10 Maio
Já oanno passado servindo deOuvidor interino desta Com-|
5 marca omeu antecessor Bartholomeo Serqueira Lima, quis este
re-| meter para essa Cidade osubsidio Literario das deferentes Villas
des-| ta Commarca, para oque expedio Ordens pelos Juizes
Ordinarios del| las, recomendando-lhes a remessa dos dinheiros
pertensentes aesta ar-| recadaçaõ tanto oque sedevia actual, como
10 oatrazado; remeteraõ| as Camaras de Camamû, e Barcellos; po-
rem o Juiz Ordinario [da]| Villa de Cairú naõ fez cazo desta
recomendaçaõ, eathé op[re]| zente della senaõ tem remetido
oreferido dinheiro, emenos livro| para rubricar eathé oprezente
existem nesta contumacia; ehé| taõ forte emnaõ cumprir as or-
15 dens desta Ouvedoria, que| sendo-lhe taõ bem recomendado, naõ
consentisse servir pe-| rante elle official algu) de justiça, Escrivaens,
e Advo| gados que naõ tivessem provizam de Vossa Excelencia, ou
provimento| deste Juizo; hé bem constante que desta
recomendaçaõ| naõ fez omenor cauzo, porque ainda Escrivam
20 algu| daquella Villa menaõ apresentou provizaõ comque ser-| ve
o officio, nem quis o meu = Cumpra-se =: nella ser-| ve hum
alcaide, seu Escrivam, e alguns Advogados sem| provizaõ, ou
provimento: hu Tabeliaõ Escrivam dos Orfaos| Joaõ da Silva
Ribeiro rapaz demenos de 25 annos, Irmaõ| do Vigario daquella
25 Villa, que talvez poristo, pella sua pouca| idade inconsiderada-
mente o faça, está macommunado| com hu intrigante rabula Igna-
cio Jozé deBarbuda||| 1v Debarbuda que taobem serve semprovi-
saõ ou provi| mento, aconselhaõ aos Juizes e publicaõ que a mi-
nha juris-| diçaõ hé somente restricta a des paixar alguns autos
30 que estejaõ| parados, que ás minhas Ordens senaõ deve dar
cumprimento,| que eu ali naõ tenho mando algu), que selá fôr, o
Juiz em-| trez dias mefarâ despejar daterra: nestas circunstan| cias
vivo inhabilitado, eprecizo deentrar naquella Villa| arecolher di-
nheiros de Auzentes, afazer recenciamento e remeça| delles eo
174 Cartas Baianas Setecentistas

35 mais que seperciza no cofre que ali existe no Con-| vento dos
Franciscanos, ea fazer as mais obrigaçoens do-| meu officio: odito
Juiz naõ só remete o dinheiro do subsi-| dio, nem as devaças de
Janeiro oque tudo ja lhefoi pedido,| senaõ que naõ dá cumpri-
mento aordens algumas que eu lhe-| derija: e passando omeu an-
40 tecessor provimento dos officios| de inquiridor e mais anexos a
Jozé daSilva Doarte, e-| de Alcaide aPedro Bernardo, o Juiz que
actual| mente serve Gaspar de Armasbrum, os naõ cumprio;| e
com despachos petulantes naõ quis dar posse aos providos, di-
zen-| do ao Alcaide, que assua nomeaçaõ lhebastava: elles faze’|
45 quanto querem; de sorte que fallecendo Leandro Jozé Farinha|
sem filhos, e com herdeiros auzentes em Portogal; seprinci-| piou
o seu Inventario poreste Juizo, eestando em ter-| mos desefazer
partilha com asua Viuva, e herdeiros| Auzentes sucedeo fallecer
adita Viuva; mandou o Juiz|||2r O Juiz dispotecamente fazer in-
50 ventario pelo seu Juizo de todos| os bens do casal, fez partilha,
arematou bens em Praça eathe| o prezente menaõ remeteo os au-
tos eo produto dos bens arre-| matados, emenos denada medeo
parte quando alias lhenaõ per-| tensia, senaõ darme parte eobter -
commiçaõ minha: nes-| tas circunstancias se-menaõ acodir a pro
55 tecçaõ de Vossa Excelencia| com estes máos exemplos ficarâ toda a
Commarca su-| sublevada, e tem atençaõ ao cargo que occupo,
nem as or-| dens deVossa Excelencia amim dirigidas que devaõ ser
executadas| pelos Juizes das villas teraõ o seu devido cumprimen-
to.| Haja Vossa Excelencia demeordenar oque devo fazer neste ca-
60 | zo, e de dirigir officio a Camara eJuizes daquela Villa aque| obri-
guem os Escrivaens ameaprezentarem suas provizoens,| aque cum-
pram as minhas Ordens, efiquem eximidos| do abuzo que lhes
ingire aquele Escrivaõ eorabula seu| companheiro, que remetaõ
os subsidios, equadernos para| rubricar, que cumpram com as
65 ordens deste Juizo, enaõ| seintrometaõ najurisdiçaõ delle e naõ
consintaõ| servir official algu sem provizaõ ou provimento.|
Pelos muitos requerimentos dos povos desta| Commarca que
me-requerem aminha existencia naVilla do| Camamû por ficar
esta no Coraçaõ da Commarca,| eestarem dali neste Juizo para-
70 dos muitas cauzas de cir-| cunstancias; pertendo passar-me para
Tânia Lobo (org.) 175

ella, atendendo|||2v Atendendo aolonge da Commarca que desta


Villa ado-| Cairû distaõ quarenta legoas por caminhos scabrozos,|
altas, e pedrozas serras; por mar, perigozas barras, e bra-| vas cos-
tas, peloque só espero a Rezoluçaõ de Vossa Excelencia| para fazer
75 naquela Villa aminha existencia.|
A Villa de Olivensa amuitos annos| seacha sem Capitam mor,
e como hé habitada de Indios| que sem este superior sempreandaõ
em dizordem, per-| tendo; seVossa Excelencia naõ medeterminar
o contrario; ir| para ella afazer com a Camara Nominata des-| te
80 posto, conforme aLei, e só medemoro emquanto recebo| a
Rezoluçaõ de Vossa Excelencia.|
Para tudo espero as Extima[d]as| Direçoens deVossa Excelencia
que Deos guarde Ilheos 10 de| Maio de1796|
Oouvidor interino daComarca dos Ilheos|
85 Gonçalo Francisco Monteiro

[2v, paisagem, alto-direita e outra letra]


Em10 deMaio de1796|
DoOuvidor interino daComarca dosIlheos so| bre adesobediencia
dos Juizes Ordinarios| dasVillas dadaComarca, efaltadeum
privato| dassuas ordens, e remessas de [estragado] e| do dinheiro
dos Defuntos auzentes – vide ares| posta em 8 dejulhodo| anno etc
176 Cartas Baianas Setecentistas

Ilhéus, 14 de junho de 1796 – Gonçalo Francisco Monteiro

Illustrissimo e Excelentissimo Senhor|


1796
Ilheos 14 junho
Contra o meu genio, erezoluçaõ que tinha tomado de=| naõ pe-
5 gar mais em penna para mequeixar a Tribunal algum:| por sucego
meu, e dos moradores desta Villa dos Ilheos (naõ por-| outra
razaõ) Sou percizado a vencer-me, e por narespeitavel| prezensa
de Vossa Excelencia os excessos de Antonio Rodrigues de Fi=|
gueredo, homem detanta malevoLensia, que hé forçozo fazer|
10 com muita magoa Lembrança delle a Vossa Excelencia, dequem
espero| o remedio para meu Sucego, ede todo este povo,
esatisfaçaõ a-| tantos males que tem este sugeito cauzado, aos na-
cionais, ecircum-| vizinhos desta mencionada Villa.|
Este homem Excellentissimo Senhor hé taõ in=| cLinado a
15 impiedade, que naõ vacilla senaõ namaldade, etan-| to assim, que
saindo cazualmente hu) seu primo de nome Jozé| Francisco Lima
por Juiz Ordinario nesta Villa noanno| de94, e tomando-o por
seu concelhero, ou acessor, este só trata-| va de odeitar aperder,
aconselhando-o aque prendesse os homens| a ordem de Vossa
20 Excelencia aao depois porquaes quer vinte patacas, ea-| inda por
menos os estava Soltando; cujos cLamores por chega| rem aos
piedozos olhos deVossa Excelencia o houve porbem demandar| ir
aSua prezensa, e Suspendelo.|
Hé outro sim homem detaõ má condu-|ta, revoltozo, inquie-
25 tador do Sucego pubLico, e pertur-| bador da Republica, que
chega ater saido com embar-| gos frivolos as novas Justiças, en-
trando pela Caza daCa-| mara dentro, e gritando com palavras
petulantes, di-|zendo, que a Camara estava sobornada, eoutras
pa| lavras indecentes ataõ respeitavel acto, eisto só a-||1v Afim de
30 haverem pendencias, e perdiço=| ens: hé taõbem oposto aos
Ouvidores, procurando meios| de os ultrajar, como assim sucedeo
Com oDoutor Jozé| da Silva Lisboa, que sendo mandado dessa
Ca-| pital pelo Senhor Marquez de Valenssa para exercer| o cargo
de Ouvidor desta Commarca; este sugeito to-| do se-lheopoz,
Tânia Lobo (org.) 177

35 desattendendo-o com descortejos taes, que| em hua occaziaõ vio-


se odito Ouvidor taõ percipitado que| o foi pessoalmente pren-
der juntamente com os seus offici| aes, o que com facilidade
consegio, eo remeteu prezo para a-| Cadeia dessa Cidade, dedonde
por infelicidade des-| te mizeravel povo saio, e voltou para esta
40 mesma| Villa continuando nas suas maldades cada vez| mais, e
tomando efeitos, eoutras couzas alheias sem| satisfazer os seus
donos; alem de outras couzas que| por modestia callo.|
Amim de alguma sorte se metem| oposto perturbando-me
ja com volumozos numeros de-| requerimentos, nos quaes naõ
45 cessa de medescompor| oque se nesessario fôr prezentarei aVossa
Excelencia: ja passan-| do por mim sem metirar o chapeo,
eultimamente| dizendo, que naõ heide acabar o anno com ava-|
ra de Ouvidor, e thé seopondo a execuçaõ das minhas| ordens.
Em fim Excelentissimo Senhor quer Deos que Vossa| Excelencia
50 naõ hade deixar deolhar para as maldades, ea-| nimo de seme-
lhante homem; inda quando dis elle que po-| de fazer quanto
quizer, enunca hade ficar mal; porque||2v Porque hé fidalgo, e
portal seintitula, edis| ter nessa Cidade homens demuito vallor.|
Outrosim naõ sessa de fingir Ordens| falsas dos Illustrissimos
55 Senhores Governadores, para prender, ou-| taõ somente inquietar
os homens, como proximamente sucedeo| que pedindo Solda-
dos ao Capitam Manoel Ignacio com-| elles cercou a Caza do
Sargento mor Manoel Felis de-| Barros para oprender aOrdem
deVossa Excelencia, correndo-|lhe os intriores da Sua Caza Com
60 hu)a Catana| nua na maõ, eisto fez so afim dever se por este| meio
apanhava algumas patacas do dito Sargento mor, po| is deste modo
hé que vive, alem das grandes descençoens que| diariamente estã
cauzando aopovo, in duzindo-álguns| que tragaõ pLeitos, e tal
vez injustos, para ter elle oprodu| to das procuratorias, e dealguns
65 sinistros requerimentos| que taõ bem faz, dos quaes em naõ ten-
do despachos a seu gosto| logo sepoem afallar mal dos julgadores
com inju-| ria de seus cargos, e pessoas; sendo deste procedimen-
to| toda acauza ademaziada ociozidade em que vive, oque| bem
seprova comser elle cazado nessa Cidade, elá| deixar aobrigaçam
70 de Sua Caza, e passar-se para esta| Villa com procedimentos taes
que só em volumozo papel| se poderia relatar.|
178 Cartas Baianas Setecentistas

Por cauza dehuma desattençaõ, e disfeita| que taõ bem fez o


mesmo Antonio Roiz deFigueredo| ao defunto Capitam mor das
Ordenansas desta Villa An-| tonio de Araujo Soares, e ao seu
75 Sargento mor queixa-||2v Queixaraõ-se estes ao Senhor Dom
Rodrigo con-| digno antecessor deVossa Excelencia oqual Senhor
mandou que ode| funto Francisco Nunes daCosta Ouvidor que
foi desta| Commarca sumariasse delle, oque com efeito fez;| po-
rem como logo faleceu ficou o sumario sem sen-| tensa, e seacha
80 neste meu Cartorio da Ouvedoria|
Pesso aVossa Excelencia que pelas chagas de Christo haja por|
bem de mandar ir a Sua prezença o tal sumario, oudar| licensa ça
para se sentenciar conforme o seu mereci-| mento. O que sobre
tudo dezejo hé naõ sair| da graça deVossa Excelencia e que Deos
85 Nosso Senhor lhe| felicite avida, e guarde por muitos annos. Villa|
de Sam Jorge dos Ilheos 14 de junho de1796.|
Doouvidor interino | daComarca dos Ilheos | Gonçalo Francisco
Monteiro

[2v, paisagem, alto-direita e outra letra]


Em14 dejunhode1796|
DoOuvidor interino daComarca dosIlheos| contra Antonio
Rodrigues deFigueredo pelosfactos| insolentes, e despoticos – Sua
Excelencia oman| davir aesta Cidade, respondeo ao ouvidor| vide
asCartas de 8 de do mez etc.
Tânia Lobo (org.) 179

Ilhéus, 23 de julho de 1796 – Gonçalo Francisco Monteiro –


apógrafo

llustrissimo eExcelentissimo Senhor |


1796 Ilheos 23 julho
O Juiz Ordinario daVilla de Cairû Jozé de Jezus| Maria Passos
meescreveo a carta, que incluza| remetto aVossa Excelencia determi
5 nando-me, que logo esem| perda detempo sem eu admittir pre-
texto, ourazam| alguma, faça hir arespeitável prezença de Vossa
Excelencia; ao-| Escrivam desta Ouvedoria Joaõ Affonso Liberato,
fa-| zendo primeiramente hir aVilla de Cairû; odito Escrivaõ| estâ
prompto para executar aordem deVossa Excelencia, eeu| naõ me-
10 nos deomandar, como devo; esó sedemora| emquanto Vossa
Excelencia rezolve sobre esta que agora derijo a-| Vossa
Excelencia.[espaço] Este Escrivam Excelentissimo Senhor ainda
athe oprezen-| te naõ tem delinquido em couza alguma poronde
me-| ressa o menor castigo; ainda naõ desmereceo obom| nome,
15 efama, que delle dava oDezembargador Corregedor desta|
Commarca Francisco Nunes daCosta, hé muito exacto nas-| suas
obrigaçoens, limpo demaons, despachador das par-| tes,
einteligente noseo officio: elle meinforma, elle mein-| forma com
verdade, epela pratica que tem a quinze annos| desta Commarca
20 da indole dos individuos della; aplica| oque hé abem
doRealServiço em nenhuã das Villas| desta Commarca há quem
delle sequeixe: eu onaõ posso| separar de mim; tem bom nome
em toda a commarca| excepto na Villa de Cairû depois que teve
nella huma| dezordem com elle oSargento mor Jozé Liandro|
Munis, que o ultrajou: odito Escrivam achase nesta| Villa assis-
25 tindo, efazendo as suas obrigaçoens desde| o mez de Janeiro do
anno passado, elogo que aqui che-| gou adoeceo de humas
perniciozas cezoens, que es-| teve emgrande perigo devida; edaqui
sahio em-| setembro dodito anno para aVilla deCamamu, a| to-
mar outros ares; alí esteve em Dezembro sem|||1v Sem esperan
30 ças devida de huma grande mali-|gna, que padeceo, e quando
convaleceo foi nomez de-| Março deste anno emque foi para Cairû
na semana| deLazaro, ahi esteve aSemanaSancta, e na de-|
Paschoella veio para esta Villa, onde athé oprezente estâ| assistin-
do sem daqui sahir aparte alguma, servin| dooseuofficio,
180 Cartas Baianas Setecentistas

35 eobedecendo-me em tudo como hon-| rado; ebom subdito: naõ


sei como em taõ poucos di-| as, em tal tempo daSemanaSancta
podesse fazer| desturbios, inquietaçoens, e intrigas, cujos
improperios| lheempoz aquelle Juiz em huma carta que
meescreveo| em resposta dehu officio que lhederigi odenando-
40 lhe fi-| zesse remetter para este Juizo os dinheiros deSubsidio
Literario | que a muitos annos Senaõ remette, e muito menos
quadernos no-|vos para se rubricarem huns dinheiros de auzentes
pertensentes| ao fallecido Liandro Jozé Farinha, ejuntamente que|
fizesse suspender aos Advogados Escrivaens, e-| Meirinhos que
45 seachassem sem Provizaõ, ou Pro-| vimentos, eque amesma
suspençaõ praticasse comhu)| Veriador, e hu Procurador Joaquim
deFreitas, eFrancisco-| Xavier doNascimento que ambos
actualmente servem naCa-| mara daquella Villa sem Carta
deUzança: | nada disto cumprio aquelle Juiz, antes supondo| que
50 este meo officio seria lembrado pelo dito Escrivaõ| desta
Ouvedoria, como na minha carta sea-| nimou a dizer-me, talvez
que por si, oupor inter-| posta pessoafizesse alguma sinistra quei-
xa a-| Vossa Excelencia induzindo-o para isso aquelle poderozo
inimigo| dodito Escrivam que publicamente protesta perder-ll[o],
55 e-| tirar-llo do officio: naõ mequeixei aVossa Excelencia nem| fiz o
menor cazo de dizer oEscrivam da Camara|||2r DaCamara daquella
Villa Joaõ daSilva Ribeiro| que alem das muitas faltas que tem
noseu officio dehu)| genio vaidozo esoberbo fiado talvez emser |
Irmaõ doVigario que disse nacara do mesmo Escrivam| perante
60 algumas testemunhas que eu naquella Villa naõ| tinha jurisdiçaõ
alguma, eque seeulá fosse| dentro em trez dias mefaria despejar:
esse Es-| crivaõ hé muito Amigo do Juiz, e hé quem oa conselha,|
eo mais hé que eu estou vendo executada asua| falsa prepoziçaõ,
porque ordem nenhua tendente| aomeuofficio vai para aquella
65 Villaque se cumpra| isto naõ mehé deficil mostrar autenticamen-
te pa-| r[a] ante Vossa Excelencia.[espaço]Hé bem constante asua|
bondade e Benignidade deVossa Excelencia emque confio naõ|
permitta que sefaça ludibrio deste honrado Es-| crivaõ, pois estâ
bem visto que aquelle Juiz quer fa[r]| tar oseu antuziasmo com a
70 passage doEscrivam pelo| Cairû para assim mostrar, que sem eu
ser ouvido so[letra ilegível]| be elle satisfazer a sua paxaõ, edos
mais daquella| Villa opostos ao meu mizeravel Escrivam| etalvez
Tânia Lobo (org.) 181

para assim contar aVossa Excelencia que odito Escrivam| estava


naquella Villa praticando as falsas malda| des que elle, ou algu) seu
75 apaxonado poria na Pre| zensa deVossa Excelencia|
Rogo aVossa Excelencia pelas suas entra-| nhas depiedade naõ
queira ser instrumento davingansa| daquelle Juiz, eoutros seus apai-
xonados, pois a e[x]| ceçaõ daquella Villa julgo naõ haverâ quem
macule| ahonra do meu Escrivam, porquem torno arogar aVossa|
80 Excelencia o conserve noseu officio deque hé muito digno|
odispense dehir asua prezença, o naõ separede|||2v De mim ainda
nesta occaziaõ taõ critica| emque pertendo passar a Camamû
aapaziguar| as desordens que ahi se movem para oque mehé mui-
to preciza a Companhia do meu indigente Escrivaõ.|
85 Espero resposta, e as Saudaveis| Determinaçoens deVossa
Excelencia para executar neste| cazo oque Vossa Excelencia
meordenar.|
Deos guarde aVossa Excelencia Ilheos| 23 deJulho de1796
Oouvidor interino daComarca dos Ilheos|
90 Gonçalo Francisco Monteiro

[2v, paisagem, alto-direita e outra letra]


Em 23deJulho de1796|
DoOuvidor interino daComarca dosIlheos| sobre anecessidade
daComarca que tinha doEscrivam| daOuvedoria Jozé Affonço
Liberato, que | Sua Excelencia mandava vir a essa Cidade| Vide
aresposta de1deAgosto | do corrente anno.

Senhor Ouvidor da Comarca |


Por ordem que teve deSua Excelencia o Senhor General em a-|
qual me ordena que logo, e Logo, Sem perda detempo | faça ir
aSua Prezença Joaõ Affonço Liberato, es-| crivaõ da Ouvedoria
5 desta Commarca, nao lhe admitindo | eu pretexto, ou Razaõ al-
guma, que haja de embaraçar | aSua Ordem, eporisso em
observancia da mesma | ordem dodito Senhor Vossa Merce ofara
vir a esta Villa do | Cayrû para della se transportar para aCidade
da Ba-|hia a prezença domesmo Senhor. Deos Goarde a Vossa
10 Merce etc. | etc. Cayrû 12 de Julho de1796 |
De Vossa Merce |
Attenciozo Venerador e Servo |
O Juiz Ordinario Jozé deJESUS Maria Passos.
182 Cartas Baianas Setecentistas

Ilhéus, 23 de julho de 1796 – Gonçalo Francisco Monteiro

Illustrissimo e Excelentissimo Senhor |


Fiz sciente á Camara destaVilla | daCarta de ordem de Vossa
Excelencia, em que determina a | paz, esocego desta Comarca, eo
quanto abuza Vossa Excelencia | as desordens, e dispotismos naõ
5 só dos Juizes ordinarios | das diferentes Villas desta Comarca,
como deou-|tros de Governança; de que ficaraõ entendidos; e | o
mesmo pertendo praticar com as Camaras, eJui-|zes das mais Villas,
para onde pertendopassar pes-|soal mente : os Individuos desta
Comarca, Excelentissimo Senhor, | naõ se atreviaõ adispotismos,
10 vivendo o Respeito do Dezembargador | Corregedor dellaFran-
cisco Nunes da Costa, com afalta | deste cada hum quer ser
Ouvidor, todos que-|rem mandar, enenhum obedecer, detestaõ
da paz e | da Súma Bondade de Vossa Excelencia, e publicaõ que
he nem|huã a minha Jurisdicção: mas eu lhes pertendo mostrar |
15 o contrario, se Vossa Excelencia mo permitir, e animar com o | seu
grande Respeito, e illimitado poder.|
Ficaõ muito satisfeitos os Lavradores de man|diocas do Con-
torno destaVilla com asoltura do pre-|ço das farinhas, e me
periuado que naõ deichará deter | augmento estaLavoura pelo
20 grande gosto, com que | todos prometem plantar. |
Deos Guardea Vossa Excelencia Ilheos, 23 de | Julho de 1796 |
O Ouvidor interino da Comarca dos Ilheo |
Gonçalo Francisco Monteiro. ||

[2v, paisagem, metade direita, outra letra]


Em 23 deJulho de1796 |
Do Ouvidor interino dos Ilheos emque | participa a Sua Excelencia
ter intimado | a ordem pela qual Sua Excelencia Recomen-|dou
aos Juizes Ordinarios daquella | Comarca apaz eSocego, eboa
administraçam | da justiça dos moradores; e que osLavradores |
deMandioca ficaraõ satisfeitos | com opreço Livre das farinhas
Tânia Lobo (org.) 183

Ilhéus, 17 de agosto de 1796 – Gonçalo Francisco Monteiro

Ilustrissimo, e Excelentissimo Senhor |


Ilheos 17 deAgosto
Neste instante pellas novehoras danou|te recebo as Cartas
incluzas com a Portaria deOu-|vidor de Porto Seguro, emque de
5 clara o deploravel | estado, em quese acha aquellaComarca
hostilizada | deduas Náos Francezas, agora mesmo expesso dous |
proprios com esta; as ditas Cartas, e Portarias a Vossa Excelencia ;
e | ainda que nesta pobre, emizeravel Villa houvessecom | quem
socorrer tam grande aperto, eu mesmo ja meoffe|recia, naõ
10 obstante ogrande perigo, em que fica esta Villa, | etoda aComarca
da invasaõ dessas Náos, emhum | tempo taõ critico, que as
munçoens devento Sul impe-|dem daqui todo o auxilio; omais
que posso providen|ciar neste cazo, he expedir, como ja expesso
ordem áos | Indios deOlivença para todos se acharem prontos
15 nesta | Villa, armados, para que aCamara, eDireitor faça | reco-
lher atodos os que estaõ por suas Rossas, e os faça | existir na dita
Villa armados para socorro desta, quetem | Barra aberta, enaõ
tem omenor resguardo. |
DeosGuarde a Vossa Excelencia Ilheos 17 de | Agosto de 1796 |
20 O Ouvidor Interino da Comarca dos Ilheos |
Gonçalo Francisco Monteiro||

[2v, paisagem, metade direita, outra letra]


Em 17 de Agosto de 1796 |
DoOuvidor interino daComarca dos | Ilheos remetendo
asCartas de | PortoSeguro emque sedava par-|te deaparecerem al-
gumas em-|barcaçoe)s Francezas, eparticipando | a Sua Excelencia
a providencia que dera demandar | vir osIndios daVilla de Olivença
| para Socorro daquela Villa. |
Respondida em 20 domesmo mes
184 Cartas Baianas Setecentistas

Ilhéus, 17 de agosto de 1796 – Gonçalo Francisco Monteiro

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor |


1796
Ilheos 17 Agosto
Estando eu ja Com embarcaçaõ prompta com-|Mestre
5 eMarinheiros daequipagem, elotaçaõ para | fazer remeter aesta
hora, que hé huã depois demeia | noite, pormeSer ex cessivamente
recomendado peLo Ouvidor | eCamara daVilla dePorto Seguro
a conduçaõ de | taõ importante negocio aordem deSua Mages-
|tade, mevi nostermos denaõ conseguir aviagem | porque tendo o
10 Capitam dos Pardos desta Villa, | Victorino Rabello dos Sanctos
em penho em que naõ | fosse de Marinheiro na embarcação hu)
Emig-|dio Jozé quis privar oseu embarque dizendo,| e gritando
em altas, edesconsertadas vozes, que eu naõ | tinha jurisdiçaõ de-
mandar nesta deligencia | Soldado algum, nem menos de prender
15 como Ou|vidor sem lho pedir aelle, trazendo por aresto o que | a
conteceo ao Juiz desta Villa Jozé Francisco de | Araujo Lima aquem
Vossa Excelencia foi servido depor do car-|go, doque sejata o mes-
mo Capitam, eporisso seatre|ve adesputar publicamente aminha
jurisdicçaõ, dan-| do maos exemplos e pondo com elles em risco
20 dese | naõ efetuarem as deligencias do Real Ser-|viço, como esta,
edeficar abandonado omeu | respeito, ejurisdicçaõ: tudo tenho
sufrido | com paciencia, esperando da honra de Vossa Excelencia
||1v De Vossa Excelencia huã publica satisfaçaõ, eex-|emplo con-
tra esta temeridade.|
25 Deos guarde a Vossa Excelencia Ilheos | 17 de Agosto de 1796 |
O Ouvidor interino da Comarca dos Ilheos |
Gonçalo Francisco Monteiro ||

[2v, paisagem, metade direita, outra letra]


Em 17 de Agosto de 1796 |
Do Ouvidor interino da Comarca dos Ilheos | queixando-se do
Capitam dos Pardos Vic|torino Rabelo dosSantos lhenaõ | que-
rer dar hum Soldado para cer-| ta diligencia.|
Respondida em20 domesmo mez.
Tânia Lobo (org.) 185

Ilhéus, 23 de julho de 1796 – Gonçalo Francisco Monteiro

Ilustrissimo, e Excelentissimo Senhor |


1796 – Ilheos 23 Julho
Tive a honra de receber a Respeita-|vel Carta de Vossa Excelencia
com outra para Antonio Rodrigues | deFigueiredo : este homem
5 ja naõ esta nestaVilla, e julgouse | passou para essa Cidade, se ca
tornar lhe entregarei | a Carta de Vossa Excelencia, e executarei
tudo mais, que Vossa Excelencia | a seu respeito me ordenar : so
posso asegurar a Vossa Excelencia, que | depois que elle daqui se
auzentou, está esta Villa em | huã paz tranquilla, naõ ha nella
10 novidades, nem in|trigas, eestá o meu espirito no melhor socego. |
Deos Guarde a Vossa Excelencia Ilheos 23 de | Julho de 1796 |
O Ouvidor interino da Comarca dos Ilheos |
Gonçalo Francisco Monteiro

[2v, paisagem, metade direita, outra letra]


Em 23 deJulho de1796 |
DoOuvidor interino dos Ilheos, em que dá | parte a Sua Excelencia
denaõ ter entregue | aAntonio Rodrigues de Figueiredo aCartaque
| lhefoi dir igida por seter retirado | para estaCidade.
186 Cartas Baianas Setecentistas

Ilhéus, 23 de julho de 1796 – Gonçalo Francisco Monteiro

Ilustrissimo, e Excelentissimo Senhor |


1796
Ilheos 23 Julho
Acabo de receber a Carta de ordem | de Vossa Excelencia com a
5 Reprezentaçaõ, que lhe fez o Juiz dos or-|faons deVilla deCamamú
Mauricio Pereira da Cunha, | tendente ás desordens, que contra
elle, e seos enteados move | o Sargento mor Braz Diniz com ou-
tros; fico-me apron| tando para passar a aquella Villa, ealy su-
mariamente in-|formar-me da verdade por pessoas condecoradas,
10 eassim me-|lhor executar aRespeitavel ordem de Vossa Excelencia. |
Deos guarde a Vossa Excelencia Ilheos 23 de | Julho de 1796. |
O Ouvidor interino da Comarca dos Ilheos |
Gonçalo Francisco Monteiro ||

[2v, paisagem, metade direita, outra letra]


Em 23 deJulho de1796 |
Do Ouvidor interino da Comarca dos | Ilheos sobre aCarta que
Recebeode | Sua Excelencia para informar a Representaçam | que
fez o Juis deorphaõs doCa-|mamú contra os procedimentos pra-
|ticados pello Sargento mor Braz | Dinis e outros etc.
Tânia Lobo (org.) 187

Ilhéus, 08 de dezembro de 1796 – Gonçalo Francisco Monteiro

Illustrissimo e Excelentissimo Senhor |


1796
Ilheos 8 Dezembro
A vinte nove de Novembro recebi huma| Carta deVossa Excelencia
5 com adata de 14 do mesmo mez| elogo sem perda de tempo
mandei para as Villas da| minha Comarca para que as Camaras
meinformem| na realidade os rendimentos que tem os officios
da| Justiça das ditas villas para Com certeza os [po]| der avaliar,
como assim meordena Vossa Excelencia| e como me paresse naõ
10 terei respostas das ditas Vil-| las neste anno, e em tudo dezejo
acertar, dezejar aque| Vossa Excelencia me determinasse se heide
remeter aVossa Excelencia| as ditas in formaçoens sem as avaliar
por ja naõ| ser no meu anno, ou oque heide fazer dellas. De[os]|
guarde a Vossa Excelencia Ilheos 8 de Dezembro| de1796.|
15 Oouvidor interino|
daComarca dos Ilheos.|
Gonçalo Francisco Monteiro

[2V, paisagem, alto-direita e outra letra]


DoOuvidor interino daComarca dos Ilheos| dandoparte deter
escrito asCamaras| das Villas daquella Comarca para Remete-|
rem informaçaõ sobre avaliaçaõ| dosofficios dejustiça
emCumprimento| do officio que recebera de Sua Excelencia.
188 Cartas Baianas Setecentistas

Ilhéus, 27 de fevereiro de 1796 – Gonçalo Francisco Monteiro


Apógrafo

Ilustrissimo e Excellentissimo Senhor |


Ilheos 27 fevereiro 1796
Os desconcertos emque Se acha esta Villa com-| aumento
para sua declinaçaõ, eruina dos habitantes della | meobriga
5 reprezentaraVossa Excelencia omeio porque Se conduz para | sua
ruina. |
O povo padece amaior indignaçaõ por falta | depam haven-
do manifesta fome por falta de agricultu-|ra, eexercicio
deplantaçaõ demandiocas. |
10 Esta falta procede naõ Só das preteritas Ca-|maras, como
daprezente, naõ Seguirem as ordens Superiores | porque havendo
muitos, e muitos habitantes, que podendo plan-|tar roças onaõ
fazem porque geralmente estaõ Largando | as ditas plantaçoens,
evindo assistir naVilla com frivolos | pretextos que naõ Só ser
15 vem decadencias aSuas famili-|as, e pecoas, como denehu) Lucro
aoRei, mas antes grande | desagrado aDeos Nosso Senhor oqual
naõ relato por modestia. |
Este manifesto estâ provado comoDizimo | que Sepagava
aSuaMagestade Com prejuizo doReal | Erario, indo emgrande
20 diminuiçaõ em razaõ deque pagando-| se, erendendo odito Dizi-
mo quinhentos mil reis, agora an-|da porduzentos, e cincoenta,
Comoseja este trienio em-|que estamos.|
Poresta demonstraçaõ verâ Vossa Excelencia omi-|zeravel es-
tado deste povo dehu)a Villa Cabeça de Comarca para que haja de
25 dar as providencias que lheparec[am]||1v
Justas afim deanimar opovo e, impedir avadiaçaõ demuitos |
As respectivas Camaras disgostaõ os povos, digo, os pou-
|Cos plantadores que huns o fazem unicamente Comoseu braço,
eoutros | Comhu) thé dous escravos, tanto para sua sustentaçaõ,
30 como | deSuas familias, eestes mesmos Sevem obrigados naõ Só
aarran |Carem as Suas mandiocas verdes Sem rendimento algu),
como | taõbem a conduzirem as farinhas para adita Villa, oque
tudo | fazem Com grande detrimento, eprejuizo Seu, Com medo
das-| alteradas Comdemnaçoens que lhes impoem as Sobreditas
35 Cama-|ras talvez Severem constrangidas dotal povo.|
Tânia Lobo (org.) 189

Os mizeraveis plantadores recorrem amim, emere-|querem


que obrigue eu aodezocupado povo daVilla aque vaõ com-|prar
cada hu) delles as farinhas que lheSaõ precizas aSuas | fazendas,
tanto por lhesevitar o Laboriozo trabalho que tem de-|as condu
40 zirem para aVilla, como paraque lhes fique algum | tempo
depoderem pLantar mais, eSobre este particular | há debates, e
Contendas, que receio desordens emque merequerem pro-|
videncia. [espaço em branco] Eurogo e, humilde Suplico aVossa
Excelencia para que | dando-me as providencias necessarias possa
45 bem obrar, pois | Sem ellas Sou falto donecessario Conhecimen-
to, etodo omeudezejo hé | naõ Sahir doagrado deVossa Excelencia
que Deos Nosso Senhor felicite aVida | e goarde por muitos annos.
Villa dos Ilheos 27 deFeve-|reiro de1796||2r
DeVossa Excelencia | oSubdito mais humilde | DoOuvidor da
50 Comarca | dos Ilheos | [outra letra] Gonçalo Francisco Monteiro ||

[Fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em27 deFevereirode1796 |
DoOuvidor interino daComarcados | Ilheossobreafalta dafarinha
| oCasionada pelaCamara [estragado] | [estragado] osLavradores,
e falta de | plantaçaõ – vide aresposta | em 8deJulho do anno
190 Cartas Baianas Setecentistas

Ilhéus, 13 de julho de 1796 – Gonçalo Francisco Monteiro


Anexo – José Caetano Saavedra

Illustrissimo, eExcelentissimo Senhor |


1796 //outra letra
Ilhéos 13 julho //mesma letra anterior
Parabem, e com verdade obedecer ao venerando despacho| de
5 Vossa Excelencia, emque meordena o informe arespeito de An-|
selmo Gomes Savedra pertendente dos officios de-| Escrivaõ dos
Orfaõs, Tabeliaõ, e mais anexos daVilla| doRio das Contas que
esta actualmente exercendo pôr| Provimento deste Juizo mandei
informar a camara| respectiva, aqual medeo a excessiva informaçaõ
10 que| incluza remetto aVossa Excelencia; earespeito de seacharem|
vagos os officios informo a Vossa Excelencia, que este officio de
Orfa-| os amuitos annos vagou porque fallecendo Manoel Car-
do-| zo Ribeiro que os exercia muito em vida do defunto Francis-
co| Nunes da Costa por naõ haver quem aelle seopuzesse, e por|
15 que Antonio Manoel da Asençaõ que occupava| ooutro da Camara,
e Tabeliaõ era perito, e limpo| de maos o conservou odito Minis-
tro em ambos os offi-| cios, e porque este naõ quis mais servir foi
nelles Provi-| do por essa Secretaria de Estado Manoel daCos-| ta
Silva, oqual seapossou de todos os officios pelos achar| assim
20 unidos, eninguem selheopor aaqueles dos Orfaõs:| Odito Manoel
da Costa Silva emquanto viveo o dito Dezembargador| servio os
officios, e noanno emque morreu odito Ministro| alcansou licensa
delle para poder hir a essa Cidade atra-| tar decurar huma
formidavel erne que ainda hoje pa| desse e de antaõ para cá nunca
25 mais poz os pes naquella| Villa, e a trez annos ou mais tem tirado
Provizaõ| emSeu nome Servindo porelle como seus Aju-| dantes
primeiramente o Suplicante Anselmo Gomes Savedra||1v Savedra,
edepois Jozé Joaquim daSilva| Roza; este que ultimamente Ser-
via acabado o tem| po da ultima Provizaõ do Seu Provido foi
30 para| essa cidade, abandonou o Cartorio, e ficou aVilla| sem
Escrivam algu) oque me-reprezentou a Cama| ra, e por cujo moti-
vo mandei passar Provimento| ao Suplicante dos officios de
Orfaos, e Tabeliaõ que senaõ| comprehendia naProvizaõ dodito
Manoel daCos-| ta Silva para com esteProvimento poder odito|
Tânia Lobo (org.) 191

35 Suplicante servir outro officio que seachavasem| serventuario. Sei


que odito Dezembargador Francisco| Nunes daCosta nunca quis
seunissem os offi-| cios, e os servisse hu só official só sim que o
pro-| vido na Camara eo Tabeliaõ servisse ambos| porque senaõ
opunha aodos Orfaõs Sugeito idoneo| hé oque posso informar
40 aVossa Excelencia que manda| râ oque for servido. Villa dos Ilheos
13 de Julho| de1796|
OOuvidor interino daCommarca| dos Ilheos.|
Gonçallo Francisco Monteiro

[2v paisagem, alto-direita e outra letra]


Em13 deJulho de1796|
DoOuvidor interino daComarca| dosIlheos sobreoofficio
queperten| dia servir Ancelmo Gomes Sa| vedra, eSua Excelencia
proveo antecedente| mente, eporessacauza foi escuso| o Requeri-
mento etc.

ANEXO
Senhor Ouvidor Interino da Cabeça da Comarca|
O Provido Ancelmo gomes Saavedra, he filho da Patria| cazado
hum dos Proceres, limpo demaos, bem procedido, eho-| norifico,
noqual concorre os requizitos daley da Ordenaçaõ; pelo| contra-
5 rio; Manoel da Costa Silva, eseo Ajudante Joze| Joaquim da Sil-
va e Roza, abanido, aquelle, alem de outras| imperfeiçoes absossas,
he achacado dehum hernia car-| nozo, e varicozo, ede hu)a maõ
admodum, que lhepriva| assuas obrigaçoes, ea compustura; e este
deturbatus | e deacçoes absorbendas, compertus emerros de officio|
10 edelles suspenço com condenaçaõ pecuniaria para as| despezas da
Relaçaõ, mayor monte alcançadoemdinheiros| de Orphaos,
Auzentes edepartes que senaõ achaõ seguros em| depozito como
era sua obrigaçaõ fazello; etalves| poressa cauza repudiase aremessa
dos Inventarios| dos falecidos Joaquim de JESVS Sabaoth, eo de
15 Manoel| Luiz da Purificaçaõ Director daVilla do Prado que sefi|
zeraõ por parte dos Auzentes, pormandado desse Juizo|
daOuvedoria, eeste deprecado poraquelle Juizo| daComarca de
Porto Seguro, porrequerimento do Tuttor| dos Orphaos filhos
do mesmo falecido habelitados na-| quella Villa em Correiçaõ
192 Cartas Baianas Setecentistas

20 para seacostar ao seu Inventario| noqual está alcançado; eo mais


que pormodestia onaõ| expomos: Hanesta Villa pessoas idoneas,
que sirvaõ| os officios da forma da criaçaõ della Tabeliam Escrivam|
daCamera, Tabeliam, e Escrivam de Orphaos como fes oPro|
vido comfiança como dispoem a mesma Ordenaçaõ, como|
25 tambem odas Execuçoes, tudo com separaçaõ. Repu| diamos
homens extrangeiros Abdomines porseporta-|rem commao
procedimento. He oque informamos, que| sendo necessario,
ofazemos jurando debayxo dos| nossos cargos, VossaMerce man-
dará oque for derazaõ.||1v e Justtiça Villa da Barra doRio de Con-
30 tas, em Camera| 9 de Julho de 1796|
Baltazar Daroxa Joaquim Joze de Souza|
Antonio Roiz Campos José Bento da Silva|
Joze Caetano Soavedra
Tânia Lobo (org.) 193

8 de janeiro de 1769 – Ignacio de Bairros Pereira

Fasme percizo dar conta a Vossa Magestade Fedilissima que |


nesta villa de São Jorge dos Ilheos, tem o comcelho [d]ella | huma
[ilegível] decham-os, os quais setem a[bor]dado | avarios mora-
dores, pagando estez Suas Rendas para | o mesmo com selho, e
5 por ter este muito pouco Rendimento | que por esta Rezão dei-
xou prouido, por pustura o Doutor Dezembargador | Ouvidor
geral desta comarca. SeRetirasem os caualos, e Bestas | que andacem
pastando, nos Referidos xam-os, pena | depagarem os donoz delles
dois mil Reis para o mes| mo Com selho, pello prejuizo que
10 faziaõ aos po| bres Rendeiros, todos os Seculares Rectiraram as |
suas bestas, depois de avizados, Exceto hum Sacer| dote que, tem
tres, chamado Padre Ignacio Soares deA| zeuedo, por Rebelde e
mal atencionado, naõ quer | fazer Retirar as ditas Suas tres Bestaz
fazendo estas | tanto prejuyzo as plantas dos ditos Rendeiros,
15 estru| indolhas, eSendo o dito Padre auizado pello Escrivam da |
Camara para as Res[tituir] avista do prouimento, eposto| ra, por
nenhum modo oquer fazer, mas antes, em | trou a dezacreditar a
Justissa, fazendo mof[a] | della dizendo que estivera em termos
dedar Com | hum bordaõ nodito Oficial, hé este Padre u| zeiro
20 [e]uizeiro, a estaz eoutras maldades ultra| jando as Justissas de Vos-
sa Magestade, Com palavras in| decentes Absoluto Sem temor de
Deus |||1v Nem de Vossa Magestade Fedillissima, por esta Razao
| Ser Bem Comum dopouo, me Resolui a [dar] | estaConta aVossa
Magestade para dar providencia as de| zordeins deste Remisso,
25 Reverendo.
Padre. que por ser sacer| dote as faz. |
EnoServiço de Vossa Magestade Fedilli-| sima que deus guar-
de, fico obedienti ssimo como Li-| al vassallo Villa de São Jorge
dos Ilheos 8, de | Janeiro de1769|10
30 Juiz Ordinario eOrfaos Ignacio de Bairros Pereira
194 Cartas Baianas Setecentistas

Ilhéus, 6 de abril de 1797 – Manuel da Encarnação

Ilustrissimo, e Excellentissimo Senhor |


1797 Ilheos 6 Abril
Pello meu anteceSor Gonçalo Francisco Monteiro | meforaõ
prezentes, e emtregues asRellaçoens que a Vossa Excelencia | Reme
5 to das Camaras das Villas desta Comarca, faltando taõ | somente
de Villa de Cairú e de Boipeba, sendo que tenho por duas | veses
repetido ordens para me serem remetidas. |
E porque naõ paressa omiçaõ minha dou | esta parte a Vossa
Excelencia que mandará sobre esta materia | o que for servido.
10 Deos Goarde a Vossa Excelencia por delatados | annos |
De Vossa Excelencia |
Sempre obediente Subdito |
Villa dos Ilheos, em 6 | de Abril de 1797 |
Manuel da Encarnaçaõ
Tânia Lobo (org.) 195

Ilhéus, 16 de janeiro de 1797 – Manuel da Encarnação – apógrafo

Illustrissimo, e Excelentissimo Senhor|


1797
16 janeiro
Para meresser aproteçaõ e amparo deVossa Excelencia como| mui-
5 to dezejo naServentia do lugar que na prezente comgectura| ocu-
po, meanimo ahir por meyo desta suplica Reprezen| tar aVossa
Excelencia, que sendo eleito nos Pilloros da Justiça desta Villa|
para servir ocargo de Juis Ordinario, Orffaos este Anno, etoman|
do delle posse no primeiro do corrente de Janeiro pela Camara
10 desta| villa, como Ouvidor que servia meem carregaraõ taõ bem
da| serventia do mesmo lugar de Ouvidor Interino desta Comarca
na for| ma da Leis.|
E como dezejo em tudo servir agosto, e con-| tento de Vossa
Excelencia, e taõ bem dos povos damesma Comarca tudo| com
15 satisfaçaõ, eabono daminha pesoa; comsedirando| que em tudo,
e para tudo semeopoem os comtinuos desacôr| dos, mau
prossedimento hé em comfidencia de Escrivam que tem| servido
nesta mesma Ouvedoria, Jozé Affonço Liberato,| que alem de
inumeraveis êrros, e falcidades, que tem cometido na| serventia
20 do dito officio vive sem temor das Justiças, nem| respeita aos seos
superiores animandosse a abrir huma car| ta derigida por Vossa
Excelencia ahum dos meos antesesores Bartho| lomeo de Serqueira
Lima, eigualmente outra que omesmo meo an| tesesor remetia
aVossa Excelencia, respectiva a informaçaõ que| Vossa Excelencia
25 ordenava ao mesmo lheenviasse do prossedimento de Ma| noel
do Carmo de Jesus, que pertendia olugar deEscrivam Deretor|
daVilla da nova olivença fazendo a tirar depois defeixada e| lacra-
da, e introduzindo outra a sua satisfaçaõ afim deque Vossa|
Excelencia provesse aodito Manoel do Carmo de Jesus, nolugar
30 que| pertendia sem merecimento e com efeito asim susedeu.|
Comsedirando mais que alem detodo o expendido hé| odito
Jozé Affonço devida e custumes libertinos comcubinad[o]||1v
Eexcandelozo, sem temor de Deos, nem respeito aos superiores|
eque oprezente semenaõ tem aprezentado com Provisaõ,| ou sem
196 Cartas Baianas Setecentistas

35 ela, nem com os mais papeis tendentes aeste Jui| zo da Ouvedoria


intretendo-sse em fumsoens, e comvivenssas,| faltando porisso as
obrigassoens de seo officio, tudo com pre-| juizo grande, e in
comviniente no direito das partes.|
Hove por-| bem afim de remediar tudo do modo pocivel
40 nomiar na| serventia do dito officio de Escrivaõ desta Ouvedoria
a Anto| nio Rodrigues deFigueredo de Essa eCastro, em quem
comcorrem todos| os requesitos nesesarios para odito emprego,
oque havendo a Vossa Excelencia| assim por bem, recorrerá asua
Provisaõ, na forma do Esti-| llo.|
45 Alem dos extravagantes prossedimentos que tenho
reprezentado| aVossa Excelencia do dito Jozé Affonço meocorre
mais reprezentar| que omesmo tem destrebuido varias porsoens
de dinheiros que seaxa-| vaõ em seo poder, e Juizo, pertencentes
avarias com| sinasoens, entre as quais entraõ tresentos etantos mil
50 Reis | dehuma tistementaria de Dona Maria Jozé de Sousa,| tudo
em prejuizo dos erdeyros.|
No caso deque Vossa Excelencia quei-| ra emtudo quanto te-
nho expôsto protegerme havendo por bem| deque fique servindo
odito officio de Escrivam oque tenho nomiado,| e Suspenço o já
55 referido Jozé Affonço para asim aplacar| oClamor destes povos
medeterminará oque for servido com-| as providencias mais sanctas
com que Vossa Excelencia custuma res-| plandesser. Deos Guarde
a Vossa Excelencia felismente por muito Amor para| Gloria da
Naçaõ etc.
60 DeVossa Excelencia|
Em 16 de Janeiro| Sudito muito omilde|
de 1797 Manuel daEncarnaçaõ [outra letra]

[2v paisagem, alto-direita e outra letra]


Em 15 dejaneiro de1797|
CartadoOuvidor interino dos Ilheos, que reprezenta| oEscrivaõ
Jozé Affonço Liberato, aqueSua Excelencia respondeo| emCarta
de 20domesmomes.
Tânia Lobo (org.) 197

Maraú, 06 de outubro de 1763 – Vital Cardoso de Souza

Senhor |
Sendo eu eLeyto noPelouro, que fez o Dezembargador Ouvidor
da Co-| marca por Juiz ordinario daVilla doMaraú, aberto o ar-|
chivo, tomey posse dolugar de Juiz, que actualmente ocu-| po,
5 enomesmo exercicio continuo, sem nota contraria a | obom zello
dajustiça, ecomo o Juiz, quesahio namesma | eleyçaõ por meu
companheiro o Capitam Urbano daSilva | se livrasse deexercer,
eocupar olugar de Juiz Ordinario;| recebi do Dezembargador
Ouvidor da Comarca hum mandado para afac-| tura de Juiz
10 deBarrete que sustituisse afalta do | nomeado, eeleyto nos Pelouros,
que seescuzou.|
Tendo noticia domandado, que apoucos dias havia | eu rece-
bido do Dezembargador Ouvidor da Comarca para eleyçaõ de
Juiz | deBarretecomfalça narrativa cumulados, econfedera| dos
15 Miguél deSá comSebastiaõ Francisco, eaconselhados | pelo escrivaõ
daVilla dos Indios, epelo Capitam mor Raymun-| doMonteiro
conseguirão hum despacho para que o Juiz da | Villa do camamú
fosse aquella doMaraú, efizessea | eleyçaõ deJuiz deBarrete ecom
effeito sem minha | assistencia elegeraõ aoVereador mais velho
20 Jozé dos-| Reys Bacellar, que hé hum dos que tem prospicio por |
tudo quanto quizerem delle conseguir.|
Comeste Juiz deBarrete porseachar fin| do oPelouro preterito
nafalta da assistencia do Ouvidor da | Comarca sepretendefazer
anova eleyção dos Juizes, | emais officiaes, que nos annos futuros
25 ham deservir |||1v sem aminha assistencia, sendo eu o Juiz mais
velhopor-| eleyçaõ compreferencia ao JuizdeBarrete, que menão
po-| deprivar defazer euoPelouro com assistencia dos offici-| aes
daCamara, emais pessoas, que dispoem o Regimento | das
Eleyçoe)s.|
30 Concorre mais adevassa, que tirey do so-| borno, com que
foi feito odito Juiz deBarrete, ficando com-| prehendidos nella
aquelles mesmos, que confederados pre-| tendem queodito Juiz
deBarretefaça anova eleyçaõ para | introduzirem nella futuros Juizes
198 Cartas Baianas Setecentistas

da suaparcialidade | com escandalo dopovo, eprejuizo


35 daRepublica, cujo dã-| no devo acautelar, pondo naprezença
deVossa Magestade para | premissão quecomo Juiz mais velho
tenho para afac-| tura da nova eleyçaõ, ecom aprovidencia
doremedio cumpri-| rey o quefor ordenado por Vossa Magestade
que DEOSGo-| arde.|
40 Do Juis Ordinario daVilla do Mayraû|
Vital Cardoso deSouza
Tânia Lobo (org.) 199

Morro de São Paulo, 29 de novembro de 1782


Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo: eExcelentíssimo: Senhor. |


Morro de São Paulo 29 Novembro 1782
Por virtude das ordens deVossa Excelencia entrei | hoje n’este
Prezidio do Morro e dando principio | á sua execução, me parti-
5 cipa o Governador a or- | dem, que tem de Vossa Excelencia para
ir á sua Pre- | zensa, cuja Viágem; e retirada me deixa emba- |
raçado nas deligencias de que estou imcombido, | principalmen-
te, na que dis Respeito à conta | das confrarias em que se fás
indespençavel | a acistencia do mesmo Governador, pelo que |
10 Rógo aVossa Excelencia o mande suspender du- | rante a minha
rezidencia n’esta Práça, sen- | do assim do agrádo deVossa
Excelencia. |
Deos Goarde aVossa Excelencia. Morro | de São Páulo 29 de No-
vembro de 1782 | ODezembargador ouvidor da Comarca. | Fran-
15 cisco Nunes daCosta

[Fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 29 de Novembro de 1782 |
DoDezembargador Ouvidor da Comarca dos | Ilheos, sobre
anecessidade de Sargento Mor | Governador noPrezidio doMorro,
áque | já serespondeo em 5 de Dezembro.
200 Cartas Baianas Setecentistas

Morro de São Paulo, 30 de novembro de 1782


Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo: eExcelentíssimo: Senhor |


Môrro São Paulo 30 Novembro 1782
Participo aVossa Excelencia, que procedendo hoje | á abertura, e
conferencia dos cófres das duas com- | frarias de Santo António, e
5 Nossa-Senhora da Lux, | faltou hu)a cháve, que existe em poder
do ca- | pitam João-Francisco Xavier, aqual Vossa Exce- | lencia
mandará entregar ao Soldádo-portador | d’esta para se efeituar a
abertura, e se cumpri- | rem as ordens de Vossa Excelencia; aquem
tambe) | devo d’esde já participar, que das contas té aqui. |
10 formalizádas rezulta hum conciderável al- | cance contra o sargen-
to-Mór José António | Caldas, procedente das cobranças, que fés
das concignadas annoáes ou chamádas confrarias dos | soldádos,
que d’esta Praça passárão para essa | cidade, cujas quantias não
entrárão nos có- | fres; nem també alguas importantes quan- |
15 tias, que arrecadou de vários devedores, como | consta dos abónos
da própria letra do mês- | mo Sargento Mór nos créditos respec-
tivos, | e cobrádos por elle nessa cidade ate ao | anno de 1782 que
semelhantemente não | derão entráda nos cófres; e como elle o
fés em | certo-módo authorizádo por Vossa Excelencia, | epelos
20 seos Exselentissimos Antecessores pa-| rece justo, que Vossa
Excelencia dé alguá Pro- | videncia para asegurança d’estas parce-
las, ||1v Pois sera coiza-injusta, que a Irmandade | as perca, eos
devedores paguem duas vezes: | finalizáda a conta remeterei aVossa
Excelen- | cia o calculo d’este alcance, legalizádo | com os exames,
25 e conferencia dos livros. | Deos Goarde aVossa Excelencia. Morro
de São Paulo 30 de Novembro de 1782.|
DeVossa Excelencia |Muito afetuozo Subtido
ODezembargador, ouvidor, daCamara. Francisco Nunes daCosta

[fólio 2v., paisagem, metade inferior]


Em 30 de Novembro de 1782 | Do Dezembargador Oouvidor
daComarcados | Ilheos sobre achave do docofre da Irmandade- |
doMorro, ealcance decaldos; e que | já serespondeo em 5
deDezembro.
Tânia Lobo (org.) 201

Morro de São Paulo, 02 de dezembro de 1782


Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo: eExcelentíssimo Senhor. |


Morro São Paulo 2 Dezembro 1782
Participo aVossa Excelencia, que pelo exame, | econferencia aque
tenho procedido da confra-| ria de Santo António d’este Prezidio
5 do Morro, | rezulta, dever a Real Fazenda ao mesmo | santo os
soldos de sento, e vinte mil reis | annoaes, como soldo d’Alféres,
desde o- | anno de 1776 - até ao prezente ou | oque na verdáde
constar dos livros da Vêdo- | ria aonde háde estar este assenta-
mento | e clareza; rogo aVossa Excelencia mande | passar as ordens
10 percizas para este pa- | gamento, com honra do mesmo santo, | e
tambe) para melhor ordem, e clareza das | contas, de que estou
encarregado por | Vossa Excelencia. |
Deos Goarde aVossa Excelencia. |
Morro de São Paulo 2 de Dezembro | de 1782 |
15 ODezembargador; ouvidor da Comarca Francisco Nunes
daCosta_

[Fólio 2v. paisagem, metade inferior]


Em 2 de Dezembro de 1782 |
Do Dezembargador ouvidor daComarcados | Ilheos, arespeito
dosoldo de Santo Antonio | do Prezidio do Morro, áque já se |
respondeo em 5 do dito mez.
202 Cartas Baianas Setecentistas

Morro de São Paulo, 20 de fevereiro de 1783


Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo e Excelentíssimo Senhor |


Morro deSão Paulo 20 fevereiro 1783.
Tenho concluído as contas das Confrarias Mili- | táres deste
Prezidio do Morro, em cujas contas, ear- | recadaçoens dos seos
5 Alcances, gastei dés dias com | dous Escrivaens, e contador; per-
gunto aVossa Excelen- | cia se devo contar os salários da Lei, ou se
hé | da sua Mente, que esta Deligencia seja gratui- | ta. Esta Pro-
posição faço aVossa Excelencia em | atenção aos oficiáes; eme con-
formarei inteiramen | te com a Detreminação de Vossa Excelencia,
10 que | ficará servindo de Regra para o futuro. |
Deos Goarde aVossa Excelencia. |
Morro de São Paulo 20 de Fevereiro de 1783 |
ODezembargador; ouvidor; dos Ilheos |
Francisco Nunes daCosta

[Fólio 2v. paisagem, metade inferior]


Em 20 de Fevereiro de 1783 |
Carta do Ouvidor dos Ilheos sobre | as Irmandades do Morro.
Tânia Lobo (org.) 203

Morro de São Paulo, 06 de dezembro de 1788


Francisco Nunes da Costa

Ilustríssimo Excelentíssimo Senhor. |


Morro de São Paulo 6 Dezembro 1788
Pelo [Fesrriel], que livre na Inspeção dos Reáes- | Córtes, remeto
a tersura Revista, compósta dos | suspeitos, cujas qualidádes constão
5 da Lista | incluza; ainda réstão alguns, que estão | prezos na Villa
dos Ilheos, e detidos pela | menção Contraria, que impede a na-
vega- | ção para o Nórte. No numero dos | mencionádos na Lista
Vai Manoel Antó- | nio d’ Oliveira servir Voluntáriamente: hé |
filho d’hum Escrivão, que serve perante | mim: Rogo aVossa
10 Excelencia o queira | aplicár no Regimento do Coronel António
| Jozé de Souza Portugal, e á Vista daSua | boa figura, e esperan-
ças, que tenho de que | proceda bem, me animo até ao ponto | de
rogar aVóssa Excelencia, que haja de | o recomendar com algua
especialidade: | Este, e os mais, que tenho mandádo na qualidade
15 de volutários, hé o primeiro exem- | plo, desde os tempos mais
remótos, que há | nesta Comárca, onde Sempre se teve em | orror
o Servisso Militar: para desvane- | cer este errádo principio, e esta
preocu- | pação tao Contrária ao bem do Está- | do, hé que tenho
interposto os meos | oficios para Convencer os Páis, inspi- | rando
20 lhe os espiritos de honra, que ||1v Que devem animar os Fieis
Vassálos. | Talves, que com obom Serviso d’estes Vo- | luntários,
e pelas noticias, que eles Como- | mecarem do bom agazalho,
que espero ahi | encontrem, se animem outros oseguír o- | mes-
mo destino, e aCabi aSua antiga | preocupação. | A superação dos
25 Re- | crutas, a que Vossa Excelencia Foi servido | deferir; sendo
hum Beneficio Comum | e transcendente atoda esta Comárca,
hé | para a Grandesa da Vóssa Excelencia | me podia destribuir: os
Póvos ficão Conhe- | cendo o que devem aVóssa Excelencia, aben-
| çoando a Poderóza Mão donde lhe prece- | de a sua Felicidade; e
30 eu Cada Vês, mais | obrigádo a servir a Sua Majetáde Com | a
maior satisfação de baixo das ordens | d’hum tão Brio, como
Ilustrado Gover- | nador. |
Dezembargador, Ouvidor da Comarca dos Ilheos. |
Francisco Nunes da Costa.
204 Cartas Baianas Setecentistas

[fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 6 de Dezembro de 1788 |
Do Dezembargador Ouvidor da Comarca dos Ilheos com a
Remeça | de recrutas
Tânia Lobo (org.) 205

Rio de Contas, 27 de junho de 1782 – Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo eExcelentíssimo Senhor_ |


Rio de Contas 27 Junho 1782
Serve esta de aCompanhar outo ToCanos; | Passaros na sua especie
muito agradaveis,| e de dificil encontro; estimarei, que chegue) |
5 Vivos, para Vossa Excelencia ter o gosto de | os ver, e remeter para
a Córte: elles se | sustentão de Mamoens e banana; mas | dizem-
me, que facilmente se custumão | a comer milho cozido, e fari-
nha em piraõ: | A minha maior honra hé cumprir exacta- | mente
todas as ordens de Vossa Excelencia. |
10 Deos Goarde aVossa Excelencia. Rio | de Contas 27 de Junho de
1782. |
Francisco Nunes da Costa_

[fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 27 deJunho de 1782 |
Do Dezembargador Ouvidor da Comarca dos Ilheos |
comaremessa de oito Parassos etc.

Rio de Contas, 04 de julho de 1782 – Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo eExcelentíssimo Senhor |


Parte a Bárca com a madeira constan- | te do Mápa-incluzo, e
continua a Labora- | çaõ dos Córtes sem novidade de que haja de
| participar aVossa Excelencia. |
5 Deos Goarde aVossa Excelencia. |
Rio de Contas 4. De Julho de 1782 |
ODezembargador Francisco Nunes daCosta

[Fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 4 de Julho de 1782 |
Do Ouvidor da Comarca. dosIlheos com | arellação das madei-
ras deconstrução quefiz | Remetter naBarca deSua Magestade. |
Etc.
206 Cartas Baianas Setecentistas

Rio de Contas, 15 de julho de 1782 – Francisco Nunes da Costa

Illustríssimo e Excelentíssimo Senhor |


Rio deContas 15 Julho 1782.
N’esta ocazião remeto á ordem deVossa Excelen- | cia coátro Tóras,
ou Móstras de Páo-Bra- | zil, do que abundão as Mátas adejacentes
5 aeste Rio de Contas; sendo elle na qualidade, | próprio, e legiti-
mo, póde Vossa Excelencia | assim reprezentado aSua Magestáde
nacerte- | za de que se póde abrir a feitoria com grau | de avantágem
da Real Fazenda, e Be- | neficio commu) d’estes Póvos. | Deos
Goarde aVossa Excelencia. |
10 Rio de Contas 15 de Julho de 1782 |
ODezembargador Corregedor daComarca. |
Francisco Nunes daCosta

[Fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 15 de Julho de 1782 |
Do Ouvidor daComarca. Dos Ilheos emque | participa daremessa
que faz áSua dequa- | tro toras de páu brazil, eque hé | abundan-
te. delle etc.
Tânia Lobo (org.) 207

Rio de Contas, 03 de novembro de 1785 – Francisco Nunes da Costa

Illustrissimo, eExselentissimo Senhor |


Rio deContas 3 Novembro 1785
Ponho na Prezensa deVossa Excelencia hum | facto muito
escandalozo, e digno da Compaixão, | e Justiça comque Vossa
5 Excelencia socórre, e | protege os Póvos, que sua Magestáde lhe |
confiou. |
Em Junho de 1787, se pôs à carga | n’este Rio de Contas hum
Bárco de que hé | dono Jozé Maciel Ferreira, Tenente d’Artelharia
| n’essa Cidade, e Mestre, Salvador Pires: todas | as pessoas constan-
10 tes de Lista, que acompanha | esta, caregárão no mesmo Barco, as
diferentes | partidas, que constão da mesma Lista, para | serem
conduzidas, e Vendidas por sua conta, e ris- | co, e sugeitos ao
fréte como hé costume: che- |gando o Barco aessa cidade foi pre-
zo o Mes- | tre por ordem de Vossa Excelencia, e neste cázo |
15 tomou conta do Bárco, edispos da carga o re- |ferido dono o
Tenente Jozé Maciel-Ferreira, | mas com tanta Cavilação, e má
fé, que thé | hoje não deo mais conta do seo producto, pa- |
decendo os póbres Lavradores afalta doseo | dinheiro comque
podião remediar sua | pobreza. [espaço] Esta espécie de furto co
20 metido | debáixo dabôa fé do comercio, e nunca || 1v. Thé hoje
praticádo neste porto onde ocon- | tinuo comercio das farinhas se
fás na bôa-fé | da palávra dos Mestres, e condutores, merece | a
Justiça deVossa Excelencia para acodir | aestes pobres, fazendo dár
do rendimento dos | efeitos eque me seja remetido para eu ofa- |
25 zer destribuir pelos interesádos. [espaço] Para | melhor averiguaçaõ,
exame, ecabal certeza | d’este facto remeto a Prezensa deVossa |
Excelencia Mestre do mencionádo Barco | Salvador-Pires, para
que à vista do | mencionado dono, edo Termo feito peran- | te
mim, e da Lista dos carregadores, | haja Vossa Excelencia de deci
30 dir este | ponto, e providenciar aestes Póbres, que | toda asua vida
abençoarão o digno | Nome deVossa Excelencia, e a Amável Me-
| mória do seo Felix-Governo. |
Deos_ || 2r. Deos Goarde aVossa Excelencia. Rio | de Contas 3.
de Novembro de 1785 |
35 ODezembargador, Ouvidor da Comarca. |
Francisco Nunes daCosta_
208 Cartas Baianas Setecentistas

[fólio 2v., paisagem, metade inferior]


Em 3 de novembro de 1785 |
Do Dezembargador Ouvidor aComarca dos Ilheos | sobre ter
conduzido aLancha de Jozé Maci | el Ferreira Tenente reformado
Artilharia | varias cargas dos Moradores da sua Comarca | eque
sendo prezo oMestre ficara avenda dacarga | adespozição do dono,
eque este athé o prezente | não tem dado conta doseu producto;
pedindo | aSua Excelencia providência aeste respeito etc.
Tânia Lobo (org.) 209

Rio de Contas, 04 de novembro de 1785 – Francisco Nunes da Costa

Illustrissimo, eExselentissimo Senhor |


Rio deContas 4 Novembro 1785
No dia 17, ou 15 do proximo precendente outu- | bro represen-
tei aVossa Excelencia os máos | procedimentos de Joaquim Jozé
5 deSousa, | e de Manoel Jozé daCunha, fundado na | Cárta do
Capitam Mór d’esta Villa Mano- | el Pereira d’ Ascenção, epedindo
aVossa | Excelencia lhe fizesse Justiça na ocazião | em que dessim
entráda de quatro centos | alqueiras de farinha no celeiro-publico
| segundo as ordens de Vossa Excelencia, ea | Guia, que os
10 acompanháva: mas [ilegível] | tal oseo dezaforo, e liberdade, que
venderão | afarinha onde lhe pareceo, e forão no | dia d’ontem
aessa cidade, e fazendo | entrega da minha carta nasecretaria, se-
gundo o bilhete-incluzo, se retirárão | imediatamente, e favoreci-
dos da Menção, | entrárão hoje mesmo nesta Bárra, fa- | zendo
15 publica ostentação da sua audácia, | e do bom lucro, que fizerão.
Pasei logo as | devidas ordens para serem prezos, que se não |
executou, por que fugirão, apenas tiverão || 1v. Tiverão noticia
deque eu me axáva nesta | Villa: forão prezos dois Marinheiros |
os Indios Francisco, e João, que remeto | à Prezensa deVossa
20 Excelencia para elles | darem melhor informação da sahida, e |
venda da Farinha, e Vossa Excelencia | lhe fazer Justiça. Eu me
retiro d’esta Villa | no dia 7. do corrente, e não [ilegível] os tante
as aper- | tádas ordens, que deixo para serem prezos, | e a carta de
oficio, que aeste respeito | fiz em Nome de Vossa Excelencia ao |
25 Capitam Mór d’esta Villa para os prender, | e remeter, duvido
muito, que assim seja, | epor isso rogo aVossa Excelencia queira |
imediatamente ordenar ao Capitam Mór | esta deligencia, que se
fás tão neceçaria para | exemplo dos mais, epara conservação do |
respeito, e temor com que devem ser | executádas as ordens deVossa
30 Excelencia.|
Deos || 2r. Deos Goarde aVossa Excelencia.|
Rio de Contas 4. de Novembro de 1785|
ODezembargador, ouvidor daComarca dos Ilheos |
Francisco Nunes daCosta
210 Cartas Baianas Setecentistas

[anexo]
Emtregou Nesta Secretaria [ilegível] Joaquim | Jozé de [Silva]
hum cartao ainda Dezembargador ou= | vidor da comarca [dos
olheos] Francisco Nunes [da] | Costa Bahia 3 de novembro de
1785 | [ilegível] | [ilegível]

[fólio 2v., paisagem, metade inferior]


Em 4 de novembro de 1785 |
DoDezembargador Ouvidor daComarca dos Ilheos sobre
oprocedimento | de Joaquim Jozé deSouza e Manoel Jozé da
Cunha con- | tra os [ilegível] dasua ouvidoria, terão vindo [ilegí-
vel] | entregar acarta, receberem o recibo da [ilegível] vendám | a
farinha que contarião contra a ordem de Sua [ilegível] [ilegível]
aa | prestarem noceleiro publico, ao que serespondeu em | omesmo
mez etc.
Tânia Lobo (org.) 211

Rio de Contas, 3 de janeiro de 1791 – Francisco Nunes da Costa

Ilustrissimo Excellentissimo Senhor |


PartiCipo aVossa ExCelenCia que Com | huã muito felix viagem
por már, che-|guei a este Rio de Contas no dia dadata | d’esta,
eachei Com efeito o Mastro de Fra gata alinhádo, e inteirisso; a
5 Grande para | ser emendádo; Cázo, que hum Paó, que vai | hoje
examinar-se naõ dé melhor óbra | que omenCionádo, que esta
pronto: vá-|mos agóra entrar no Laboriozo servisso da |
Conducçaõ, e desCida do Rio paraque estão | dadas todas as
providenCias: poróra só en | Contro aContradicção dos muitos
10 Trabalhadores, | que adoeCem de sezoens, em Cujo numero já |
se Conta o Mestre Jozé Domingues, e eu, | naõ estou Com pouCo
reCeio d’este terrivel | mal. Hé poróra oque se ofereCe para |
ComoniCar a Vossa ExCelenCia. |
Deos Goarde aVóssa ExCelenCia |
15 Rio de Contas 3 de Janeiro de 1791 |
O Dezembargador, Inspetor, das Reáes Cortes | Francisco Nunes
da Costa

[Fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 3 deJaneiro de 1791 |
Cartado DezembargadorFranciscoNunesda | Costasobre os Mas-
tros danova Fragata, esCri-|tadoRio dasContas. etc.
212 Cartas Baianas Setecentistas

Rio de Contas, 25 de junho de 1765 – Antônio Rodriges Lopes

Por me achar servindo abem da Ordenação oCar-| go deJuis de


Orphaon)s destaVilla de Nossa | Senhora doLivramento das Minnas
do Ryo | das Contas Como Juiz Ordinario della | por falta daquelle
Juiz, ponho napre| sença de Vossa Magestade aduvida, que se |
5 tem movido arespeito daCobrança dos | juros daFazenda
dosOrphaon)s, que | se tem emprestado sobre este Rendi| mento. |
PorCostume veterano desse | Juizo, epracticado noEstado
doBra| sil, setem dado varias, eavultadas | parcellas ajuro á rasaõ
de seis, ehum | quarto por Cento, emCuja forma | setem athé
10 opresente observad[estragado]| innovaçaõ, estipullando desta [es-
tragado] | os devedorez as Suas obrigaçoen[s] [estragado] | hu)ns
por escripturas, eoutrospor ter-| mos Segundo as quantias deSuas
| dividas.|
Presentemente perten <dem>||1v pertendem alguns Solver
15 osjuros | arasão deCinco por Cento, encontrand[o] [estragado]| o
e[sty]llo, eas clausulas vilas de suasobri-| gaçoens, auxiliados do
as[estragado], aoque | Vossa Magestade por Ley especial de 15 de |
Janeiro de 1757 mandara Cassar | o ditto estyllo, ordenando-
Comgrandes | penas aSua extinçaõ emandando | debaixo destas
20 Cumprir a deter | minaçaõ danova Ley.|
Ecomo esta naõ foy publi| cada nesta Villa, eComarca, enaõ
| seachaõ registadas nos Livros das | Camaras, nem osSupplicados
deve| dores apresentaõ Certidam do | Seo [ilegível], eobservancia,
entrey na | d[.]vida [ilegível]amandar por emprac-| tica neste Jui-
25 zo pello prejuizo, | que Recebem osOrphaon)s, ereicar | para
ofuturo materia, que [estragado] possa | Lezar.<Avista>||2r
Avistas doque para emtudo proceder | Como devo, imploro
de Vossa Magestade adeci=| [s]aõ doComo meheide portar nesta |
materia, e estillo, que seSehade observar | daquy emdiante arespeito
30 dos ditos juros, | mandando Vossa Magestade / Cazo Seja Cer| ta
aLey apontada/ expedir para este | Juizo as Orden)s necessarias Com
| asCopias damesma Ley. |
Vossa Magestade porém mandarâ, oque | por mais justo. Nosso
Senhorguarde a | Vossa Magestade, Como todos os seos Vassallos
Tânia Lobo (org.) 213

35 | havemos myster. Villa de Nossa Senhora | doLivramento das


Minnasdo Ryo das | Contas 25 de Junhode 1765 |
Ojuis ordinario eorfaaos |
AntonioRodrigues Lopes
214 Cartas Baianas Setecentistas

Rio de Contas, 25 de junho de 1765 – Antônio Rodriges Lopes


Apógrafo
Início do fólio 4r – Rodrigues
4r/4v – Francisco Gomes Pereira Guimarães
A partir do fólio 5r – João Gomes da Silva – apógrafo

Senhor
A Vossa Magestade reprezento como=| Juiz Ordinario actual
da Villa de Nossa Senhora | do Livramento das Minnas do Ryo
das Contas, | que sendo em o dia dous de Junho do p[rezen=]| te
5 anno nos Arrebaldes desta Villa em a Es=| trada geral, que segue
para as de mais Min=| nas, sahio ao encontro Joaõ Gomes d[a] |
Silva homem peaõ, que vive de taverna de=| bebidas, e molhados
a Antonio Ferreiro | Braga homem Viandante das Minnas Ge=|
raes, que hia seguindo Viagem c[estragado] com| boyo de mole
10 ques novos, e de preposito, | e cazo pensado/ por humas leves
reixas, que entre sy tinhaõ tido poucas horas an=| tes, arespeito
do trafego de negocios des| tas, eaquellas Minnas/ lhe atirou com
du=| as pistolas, que para isso tinha Carregadasde | sobre maõ, as
quais naõ tiveraõ effeito of=| fensivo, por arrebentar huma pella
15 de ma=| ziada carga, e errar da outra a pontaria, a| cudindo ao
estrondo dos eccos varias pes=| soas, com cuja presença se evitou
mayor | desastre.|
Por esta cauza, [e pu=]| blicidade dodelicto, e ser comettido
qua[ndo] ||1v dentro da praça em os Arrebaldes da Po=| voaçaõ
20 desta Villa as dez para as onze horas | do dito dia, fundamentado
na Lei Extraordinaria | de [ilegível] de Janeiro, que manda de
vaçar | dos delictos comettidos com pistollas, ema=| is armas
prohibidas, e no que aponto | Guarniçam de mandei procceder
devaça | dos referidos tiros, inda que delles se naõ | seguio ferimento
25 algum, como consta | dos autos insertos na Certidam L. A., | por
dous principios.|
Primeiro: haver sido perpetrado de rixa velha, cazo pensado,
as | barbas da Justiça, com escandalo des=| ta, da Republica,
emoradores soando | atodos o seo estrondo, e por precaver, | que
30 ficando impunivel, era abrir aple=| be huma porta franca para
Tânia Lobo (org.) 215

intentarem | em qual quer ocasiaõ todo ogenero de | dispothismos,


naõ só pella serteza | de senaõ devaçar [estragado]lles, como pello
| generico modo [em]que semen[estragado]| za nestes certoens e
jurisdicçaõ [estragado]| Justiças de Vossa Magestade Com grande
35 [estragado]| injuria da sua Autoridade. Porque ||2r Porque setem
feito taõ commu) | ouzo de armas prohibidas offensivas nestes |
Certoens, que acada passo se vé andarem | com estas, eo que mais
hé apouca obser| vancia das Leis, e Pragmaticas, naõ sea=| chando
assuas Copias nos livros daCama=| ra, premetindo a longetude
40 serem tracta=| dos os officiaes deJustiça com pouco de=| Couro
atrevendo-selhes qualquer confiados na=| vastidaõ das terras,
edeterem da sua par=| te pessoas, que os apoyaõ, ede senaõ deVa|
çar destes insultos.|
Segundo o reciar me justamente | que deixando supitado o
45 menor procce=| dimento, poderia ser increpado na deVaça | geral
da Correiçaõ, e ficaria a vara deJu| iz naopiniaõ destes moradores
sem ju=| risdiçaõ alguma, easua authoridade de todo | desatendi-
da, abilitados os Povos para vi| verem sem obediensia.|
Pois, sendo assim principiada | adita deVaça, quando pella
50 prova della | rezultante pertendia proceder con[tra] | o delinquente,
sujeitou este com[o] petiçaõ L.||2v L. C. feita comsubtilezas, e
simu| laçoens para horrorizarme afim desus| tar nadita devaça com
o fundamento de naõ [fazer]| cazo della, ede semandar naLei
Extraordinaria | inquerir por de vaça ger[al, enaõ] par| ticullar,
55 mayor mente naõ havendo-| ferimento, requerendo-me o [estra-
gado]| com Acessor letrado com ochamado | protesto deperdas, e
damnos, asseve| rando-me alguns ser quando mui=| to Cazo
decrella se houvesse parte.|
EComo da Certidam L. | B. semanifesta naõ ser cust[a-]me |
60 perguntarsenas devaças geraes se | milh[.]te materia, e me pareseu
se | naõ podia fazer argumento noprezen| te Cazo com alimitasaõ
da Lei nesta | parte, porque esta naõ precaveo os | futuros contin-
gentes, posto que | Leyt. de jur. lusitan. tom. qe. .| no. fallando
em diversos termos | inhibe [o] demitiremse semilhantes |
65 petiçoens, com tudo estou irresolu| to no que heide obrar pella
indigen| cia, que há nesta Villa de letrados forma=<dos>||3r for-
216 Cartas Baianas Setecentistas

mados, que me possam dirigir coma| certo, para o qual imploro


aVossa Magestade me | determine o que devo obrar neste cazo, e |
por conseguinte se pella dita deVassa hei| de, ou naõ proceder
70 contra o dilinq[u]ente, | dispensando Vossa Magestade em qual
quer nu| lidade revalidandoa, ou anulando o seu | fim ulterior,
no Cazo de senaõ poder de| numinar atroz oacontecido.|
Tam bem ponho na pre=| zensa deVossa Magestade, que
75 emrezam da=| extinçaõ do termo desta Villa susedem al=| guns
dilitos, dos quais naõ tem noticia a=| Justiça se naõ depois de
passados muitos | tempos, como prezente mente fui scien| te da
morte aContecida nos limites do ter| mo desta Villa em hum dos
mezes do anno | de 1762, ou 1763, da qual athé | o prezente
80 senaõ devasou por seigno=| rar, em cujos termos para proceder
sem nu=| lidade rogo a Vossa Magestade adeterminasaõ do=| que
devo praticar neste cazo, e nos mais | desta natureza, em que senaõ
tem devassa=| do dos delitos ac[on]tecidos, ou por ig[no]| ransia,
ou por descuido, afim de <com> ||3v de com especial decreto
85 deVossa Magestade | seguir emtudo, o que me for man=| dado,
ficando daqui emdiante [ser]| vindo dearesto para outras semilhan|
tes; dignando-se outro sim Vossa Magestade | de mandar expedir
para esta Villa asco| pias das Extraordinarias e Pragmati[cas] aeste
| respeito, e afavor das Justiças.|
90 Vossa Magestade mandará o=| que formais justo. Nosso Se-
nhor | Guarde aVossa Magestade, como todos os seos Vas| salos
havemos mister, e dezejamos.| Villa deNossa Senhora do Livra-
mento das Min| nas do Rio dasContas, eJunho 25 | de 1765.
OJuiz ordinario
95 Antonio Rodriguez Lopes

||4r
O Tabaliaõ francisco gomes pereira guimarais pa| se porCertidam,
opedesta dosdevasas Janeiri| nhas que setiram nesta vila aNual
men[te] se | deLas C[ons]ta pelos Jnteregatorios preguntas[es-
tragado] | pelas pesoas que Custumaõ uZar transgesores | da Lei
5 depistolas emais armas proibidas Vila | dorio das Contas 20 de Ju-
nho de 1765 |
Antonio Rodrigues Lopes |
Tânia Lobo (org.) 217

FranciscoGomezPereira Guimara| enscidadam doSenadoda-


Camara | daCidade daBahia, eProprietario | do officio deTabelli-
am publico do | judicial eno tas nesta novaVilla | deNossaSenho-
ra doLivramento | dasMinnas doRyo dasContas | eseo termo
5 porVossaMagestadeFidelissima | queDeusguarde etc. Certifico |
efaço Certo aos que apresentevi| rem efor apresentada que Reven|
do osInterrogatorio dasDevaças | Janeirinhas que setem tirado
pelo | Juiz Ordinario destaVilla athê | opresente anno demil eSe-
te| Centos eseCenta eCinco, dellez ||4v Delles naõConsta
10 queSeinquira, e | pergunte pellos transgressores daLey, |
ouzodearmas Curtas prohibidas offen| sivas, edeffensivas. Hé oque
| Consta dasd itasDevaças aqueme | Reporto, edellas passey
aprezente | Certidam deminha LetraeSig| nal semcousa
queduvidafaça | pello mandado daPortaria retro | deJuis Ordinario
15 actual thenente | Antonio RodriguesLopes nesta | sobredita Villa
dasMinnas do | Ryo dasContas aosvinte deJu| nhodemil
esetecentos esecen| ta, eCinco annos Escrivye | asigney
FranciscoGomesPereiraGuimaraens ||5r

Diz Joaõ Gomez, homendenegocio, emorador | nesta Villa, que


sucedendo passar pella portaSupplicante hum | Comboyo nodia
do Corrente mes de Junho as des para | as onze horas da manha,
sucedeo Cazual mente dis| pararse huma arma de fogo,deCujo
5 Sucesso Rezultou | publicarem algumas pessoas mal afeitas ao
Supplicante, que de Cazo | pensado o tirara. odito tiro noSupplicado,
oqual vindo aca| za domesmo Confesou diante demuitas pessoas
que oSupplicante lhe | não fizera offença alguma, nem seachou
ferido, nem | ainda selhevio nas suas Roupas amais Leve queimadu|
10 ra; por onde sepoderia Conjecturar que lheforadado o | dito tiro:
semEmbargo doque tem oSupplicante noticia | que vossa merce
dera primeyro atirar devassadeste Cazo, por | sedizer que odito
tiro foradado Compistolla, edeca| zo pensado, fundado tal vez
naLey do Senhor Rey Dom | João de 20 de Janeiro que manda
15 proceder adevassa | sobre ouzo das armas prohibidas, que só tem
Lugar | nas devassas Geraes, enão pordevassa particular, como diz
a mes| ma Ley, que he fundada naOrd. doLIb. 1. tto. 65 $ | 52 |
218 Cartas Baianas Setecentistas

Em Cujos termos denenhuma sorte sepode, ou | devExtender


adispozição dasditas Leys aos Cazos | emque expressamente, não
20 fallam, nem Compreen| dem, por se firmar adevassa pelo moti-
vo dotiro, oque ||5v o que Certa mente não he Cazodella, pois
para isso seRe=| quer quehajão feridas Como expressamente odiz
adita ord. | doLib. 1 tto. 65 $ 31. |
§|
25 E sobre ferimento feito denoute |
§|
E bem assim sendo alguma pessoa | ferida no Rosto |
§|
Ou sendo ferida Combesta, ou | es pingarda |
30 Eainda no cazo doferimento, sendo as feridas Le=| ves, senão
procede adevassa justa ord. doLib. 1 tto. 65 | $ 37; eque não seja
oprezente Cazo dedevassa odizem espressamente | os Provimen-
tos daCorreyção. |
Sendo certo que ossenhores Julgadores são ex=| ecutores das
35 Leys, enão podem alterar, ou mudar apre=| ferida
formadasuadisposição variando osprocedimentos | de hum cazo
aoutro tam dessimilhante comdis | Leyt. dejur. Lusit. tract. 3. gc.
3 no. 435 <Eporisso>
||6r
40 Eporisso não podem osditos senhores Julgadores | fora
dosditos Cazos proceder adevassa particular, edo Contrario | ficão
obrigados apagarem aspartes todas asperdas, edam=| nos, que
lheCauzarem, alem deser adevassa nulla, Co=| mo expressamente
dispoem o $ 68 dasobredita Ley. |
45 §|
Edevassando sobre outros Cazos, emaleficios, fora osa|
simaditos...pagará todas as Custas, perdas, e damnos | que porellas
seCauzarem, aquais quer partes, eadita | inquirição devassa, será
nenhuma, eporella senão | procederá Contra pessoa alguma etc |
50 Nem ofundamento que setomou para aditadevassa | deser dado
otiro Comarma pro hibida / por ser Como | sedis depistolla / he
sufficiente para este procedimento, | porque pella Ley novissima
de 749; quepro hibe o=| Uzodas armas defezas sedá aforma
deproceder e | semelhante Cazo, que he pordenunçia emsegredo.|
Tânia Lobo (org.) 219

55 Eseouve aLey Comtal Cautella, que adue[estragado]| e Re-


comenda muito em SeReceberem semelhantes [de]| nuncias,
evitandodollos, falsidades, evinganças.||6v evinganças per formalira |
§|
Porem os Ministros quetomarem asditas denum=| ciassooes,
60 sehaveram Comgrande Cautella, e=| exame, emtal forma que
seevitem todo o=| dollo, falsidade, ou vingança que sepossão in=|
tervir nellas.|
E ainda que não interviessem todas as Refiridas nu=| llidades;
numca sedevia Criminar ao Supplicante, porque | não foy acha
65 do, nem apanhado comadita pistolla | comosecolhe daspalavras
da dita Ley novissima.|
§|
Quetroxerem Comsigo asditas facas, easma=| is armas,
einstromentos pro hibidos.|
70 Eda Ord. Lib. 5. tto. 8o quepro hibe asarmas $ 1.|
§|
o que for achado |
§ for achada.
||7r
75 Omesmodizem Lopez Ferreira 1. p. tract. | 3 p. 6. no. 26.
Opte. Pheb. 2. p. Ares t. 95. 27o.=| eserá demuita emportancia. |
Pelo que não sendo oSupplicante achado, nem | apanhado
com adita pistolla, nem Rezultando feri=| mento dodito tiro se-
não deve proceder aditadeva=| ssa Como fora mos trado, por
80 senão dar occazião aal=| gum prejuizo que pode experimentar
oSupplicante por ser a=| Lias hum homendenegocio,
Comobrigação demulher, e=| filhos, eportudo. |
Pede avossamerce que emobservancia das | citadas Leys, man-
de suspender nadeva| ssa, edo Cru pro testemunha oSupplicante
85 portoda a=| nullidade, perdas, edamnos dehaver de | quem distº
for, epara que valha este seu pro=| testo Como, seasine, e Reff
aVossamerce que | despache ComaAuer Letra para não | allegar
ignorançia, juntandosse esta | adevassa ERecebeMerce |
JoãogomesdaSilva
220 Cartas Baianas Setecentistas

Taperoá, 18 de abril de 1789 – Francisco Nunes da Costa

Ilustríssimo, e Excelentíssimo Senhor. |


Pelo Mestre Antonio dos Santos, Reme- | to Pedro Franscisco
Alexandrino, e Ber- | nardino de Sena, ambos, desertores do Se- |
gundo Regimento da Infantaria de- | essa cidade, cuja deserção Vos
5 sa Excelen- | cia me havia participádo, e ordenádo | sua prisão, e
Reméça. |
Deos Guarde Vóssa | Excelencia. Taperuá 18 de Abril de | 1789 |
Desembargador, Ouvidor da Comarca. Francisco Nunes da Costa.

[Fólio 2v, paisagem, metade inferior]


Em 18 de Abril de 1789 |
Do Desembargador Ouvidor da Comarca dos Ilheos com a
Remeça dos- | Desertores Pedro Francisco Alexandrino, e
Bernardino de Sena. |
Respondida em 23 de junho
Tânia Lobo (org.) 221

Feira de Santana, 13 de março de 1771 – Manoel Jorge Coimbra

Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor |


O que posso imformar aVossa Excelencia sobre o Requerimento
na | petição de queyxa : de com: o sum mario junto na for| ma
que Vossa Excelenciamedetermina averba do qual man| daraVossa
5 Excelencia o que for Servido, villa de São João de | Agoafria,
[estragado]deMarço 13 de 1771

||2r
Testemunhas quesummariamente | se perguntaram perante oJuiz
or| dinario davilla deSamJoão deAgoa | fria emobservancia do
Despachodo | ILLustrissimo eExceLentissimo Se| nhor Conde
5 Governador desta capita| nia por bem do Requerimento da | pe-
tição Retro. eantecedente |
Termo deaSentada |
Aos vinte eSete dias domes deFevereyro.| demil Sete centos
Setenta e hum annos | nesta villa deSam Joam deAgoafria ec[a]|
10 zas da morada do Juiz ordinario eAlfere[s]| Manoel Garcia deSouza
onde eu Escrivaõ | por elle nomeado para esteSummario fuy |
vindo eSendo ahy mandou [ilegível] Juiz or| dinario vir perante
Sy astestemunhas | que por elle foram Inquiridas epergunta| das
cujos [ilegível] nomes Idades [ilegível] ecostu| mes Sam o[s] que
15 ao diante SeSegue deque | para constar fiz este termo deaSentada,
| euManoelJorgeCoimbra Tabelliam queEs| crevy.___|
Testemunhas|
Domingos Francisco Roris homembranco | solteyro mora-
dor na fazenda chamada | Santhiago Freguezia deSamJosedas Ita|
20 purorocas dotermo davilla daCachoeyra | que viue deSeus officios
deCarapina aPedrey| ro daidade que disse ser deSecenta etres |
annos pouco mais ou menos testemunha | jurada aos Santos Evan-
gelhos embom Li| vro delles emquepos Sua mao direyta | e per
meteo dizer verdade do queSoubesse | e lhe fosse perguntado__|
25 Eperguntado aelle testemunha se||2v Testemunha pello
contheudo na petiçaõ | de queyxa feita ao ILLustrissimo eExceLen|
tissimo Senhor Conde Governador destaCa| pitania, dissi queSabe
222 Cartas Baianas Setecentistas

por Ser publico eno| torio que Mano el Gonçalves mosso, eMa|
no elCarvalho escravo daadministraçaõ deSan| taBarbara doposso
30 do Capim, Joam daCos| ta Mestisso forro, e hum criollo pornome
Gon| çalo quefugio das Gallés daCidade daBa| hia setem todos
incorporados, eunido em | furtos degados cavallos eEgoas : fur-
tando em | humas partes evendendo emoutras contan| to dezaforo,
esem temor das Justiças que | andam armados com Espingardas
35 ca| tanas facas de Arrasto, e facas de ponta | botados avalentes
ameassando aquelles mo| radores quesefallarem nos furtos eabsur|
dos que elles fazem uz and e matar, e desta | Sorte andamfazendo
por todas estas ve| zinhanças e fazendas aquell[es] ex acrandos |
delictos sam que ninguem lhopossa | incontrar por setomarem
40 daquelles vo| Luntarios pornaõ terem estes queperde| rem eaLem
destes nomeados aSima que | Sam os mais facenherozos ha
tambem hum | Luiz Francisco Mestisso forro morador na | Bor-
da da Mata debayxo que tambem | uza de furtar Gados alheyos
para delles | sevtilizar com no torio Es candalo eper| da dos cria
45 dores daquella deLig encia e [ilegível]| nam desse nem do costu-
me eaSignou | eSeujuramento Comedito Juiz ordinario |
eeuManoel deJorgeCoimbraTabelliam que | escrevy | Saue [ou-
tra letra] Domingosfranciscorodrigues |
Testemunha |
50 Luiz daSilveyra homem branco cazado ||3r cazado morador
na fazenda chamada | oEscurialFreguezia deSamJoze dasItapa|
rorocas do termo davilla deCachoeyra queviue | deSuas Lavouras
deidade que disse ser de | quarenta enove annos pouco mais
oumenos | testemunhajurada aosSantos Evang elhos | em hum
55 Livro delles emquepos Sua maõ direy| ta eper meteo dizer fer
dadedaqueS oubesse | elhefosseperguntado__|
Eperguntado aelle testemunha pello | contheudo napetiçaõ
de queyxa feita ao | Ilustrissimo eExceLentissimo SenhorConde |
Governador disse queSabe que Manoel | Gonçalves mosso
60 deLadram publico degado | eCavallos, ejuntamente furtou este
huma | negra aFrancisco Alvares Pinheyro morador | noSalgado,
eateve Refugiada, e Escondida | para fugir com ella para [ilegível]:
fazendo | nasua caza coito deNegros fugidos, ecome| lles seserve
tanto para os furtos quefas como | para omais Servisso deque
Tânia Lobo (org.) 223

65 [ilegível], e da mesma | sorte sabeelle testemunha que Manoel |


Carvalho Cabra escravo daad menistração de | SantaBarbara do
Posso do Capim, heLa| dram publico degado, ecavallos [sociado]
[com] | varios companheyros, hum delles odito Mano| el Gon-
çalves mosso que ultimamente Lepro| cimo furtam hum Cavallo
70 ao criollo vicente | damesma ad menistração aLem deoutros La|
trocinos que ha muytos annos costumaõ fazer, | damesma sorte
Joaõ daCosta Mestisso forro.| morador nafazenda chamada [ile-
gível] melhor | tambem he Ladrao de Cavallos egados e de ||3v
Egados edeEscravos alheyos que aLem dos | Latrocinos antigos
75 quesempre costumaraõ | fazer proximamente furtou humaEscra|
va aFrancisco Alvares Pinheyro, ehum cava| llo aLuiz Teyxeira
deCarvalho para acondu| zir, como tambem, hum criollo por
nome Gon| çalo quefugio das Galles dacidade daBa| hia tambem
he sociado com os mes mos a| sima nomeados detalSorte
80 andamunidos | e armados com Armas deEspingardas facas | de
harto - facas de ponta ecatanas etem da| do atodos os moradores
daquelle c[on]tininte | e todos estes sam unidos nosfurtos que fa|
zem aonde os vam dispor dehuma parte | para outra semver[go]nha
nem termo de | Deos edaJustiças contanto dezaforo que | Sepor
85 acazo algum morador falla nos | seus Latrocinos ovam dez[a]f[ia]r
aporta | e ameassar queosand e Matar com Tudo | com elle teste-
munha, e damesmasorte | tem ouvido dizer elle testemunha que
| not ermo desta villa de Agoafria, há hum | Francisco Gonçalves
deoLiveyra mosso branco | filho deJoanna Maria Rodrigues, e
90 hum | Joze Soares deAlmeyda asociados com hum | Bento detal
que he morador no Engenho | do BomJardim ? elles tres
samLadroins | publicos degados que athechegam a encon| trarsse
comos proprios donos, e ameassallos que | se fallarem os and e
matar, e Eirirem| sse Embora por serem este temerarios |
95 eandaremsempre armados, eo dito Joze | Soares criminoso, enaõ
há justiça que ||4r que os peguem por serem façanhorozos eos |
nam disse nem do costume easignouLe seu? | Juramento depois
de lhe ser Lido comhuma | cruz seusignal costumado como dito
Juiz | ordinario eEuManoelJorgeCoimbra Tabelli| am que
100 oEscreuij. |
Signal de Luis [cruz] daSilveira |
Manoel GarciadeSouza |
224 Cartas Baianas Setecentistas

Testemunha |
ManoelPinheyro deCarvalho homembranco | cazado mora-
105 dor nadita fazenda chamada | aspor teyras Freguezia deSamJoaõ
Joze | das Itapororocas dotermo davilla deCacho| eyra que viue
desuas Lavouras deidade que | disse ser detrinta e tres annos pou-
co mais | ou menos testemunha jurada aosSantos | Evangelhos
emhum livro delles emquepos | sua maõ direyta epermeteo dizer
110 verdade | doque soubesse elhefosse perguntado ___/|
Eperguntado aelle Testemunha pello | contheudo napeticaõ
dequeyxa feitaao Ilus| trissimo e Excelentissimo Senhor conde |
Governador disse quesabe pello ouvir dizer | pubLiCamente ava-
rias pessoas [ilegível]dito que | Mano el Gonçalves mosso branco
115 morador na | fazenda chamada aCipipira, eManoel | Carvalho
Cabra escravo da ad menistracaõ deSan| ta Barbara do posso do
Capim, [.]ehum Joaõ | daporta Mestisso forro, morador dafazenda |
dos vermelhos, hum criollo por nome Gonçalo | que fugio das
Galles da cidade daBahia | seram ouvidos todos e incorporado
120 em | andaremfurtando gados, ecavallos e agre ||4v EAgregando
Escravos alheyos para com | elles seservirem emsam elhantes
Latroci| nos furtando emhuma parte ev endendo | emoutra
contanto dezaforo epouco temor de | Deos ed asJustiças ques
ealguma pessoa fa| lla naquelles maLeficios que elles costumam |
125 fazer costumaõ ameassallos dizendo queos | ande matar éoutros
fazerlhes osdamnos que | lhe parecer é de tal sorte sam temidos
poran| darem Armados com armas defogo. catanas | facas deaRasto
efacas deponta e desta sor| te tem intimidado aquelles moradores
daque| lle certam ques enaõ Atrevem aquey xar por | temerem
130 algumas vioLencias daquelles mal| feitores eaLem dossobre ditos
asima que | tambem ouve dizer publicamente queno | termo des-
ta villa desamJoaõ de Agoa | fria tambem andam furtando publi|
camente gados, hum Francisco Goncalvez | deoLiveyra filho
deJoanna Maria Ro| drigues por cujos Latrocinos foy Já prezo |
135 epor Empenhos foy SoLto.Como tambem | humJozè Soares
deAlmeyda pardo forro; | ; e hum criollo forro por nome Manoel
| dePayva moradores nos aRabaldes destadita | villa sam tambem
Ladroens publicos | e destimidos que naõ tem temor algum |
Tânia Lobo (org.) 225

dasJustiças e damesmasorte Andam | Armados ameassando qual


140 quer pessoa | doPovo quesequey xar deseus Latrocinos | edestasorte
nimguem seatreve queyxar | delles pornaõ expermentar algum
desca| tejos ou amus sucessos ealnem disse nem | do costume
easignou eseuj uramento | comodito Juis ordinario eEuManoel |
JorgeCoimbra Tabelliam que oEscrevy.|
145 [ilegível] ManoelPinheyrodeCarvalho |
Testemunha ||5r
Testemunha
Felles Pereyra deAraujo hom embranco sol| teyro morador
nas uafazenda chamada aCa| na Braba Freguezia deSam Joze
150 daItapo| rorocas dotermo da Villa daCachoeyra que | viue desuas
Lavouras deidade qued isse ser | desinco enta e hum annos
testemunhajura| da aossantos Evangelhos emhumLiuro delles |
emquepos sua maõ direyta permeteu dizer | verdade doquesoubesse
e lhe fosse perguntado |
155 Eperguntado aelle testemunha pello | contheudo napeticaõ
da queyxa feita ao | ILLustrissimo e Excelentissimo Senhorconde |
Governador disse que sabe pello ouvir dizer | publicamente
queMano el Carvalho cabra[.] | escravo daadmenistraçaõ deSanta
Barba| ra suciado com Manoel Goncalves mosso | morador no
160 sitio da Capipira Andampu | blicam ente furtando gados, ecavallos
venden| doos dehuma terra para outra como elle | testemunha
vio muytas vezes passar pella | sua porta odito Cabra
ManoelCarvalho | comvacas e bois alheyos amarrados e
emRabados | ao Rabo de hum cavallo aLem deoutras que | Leva-
165 va empalhitados eoutras vezes soLtos que | verdadeyramente
naõtem outros [ilegível] | mais do que andar furtando e hir ven-
der pa| ra osEngenhos andando Armado comArmas | defogo
catanas e facas deaRasto ede ponta | edizem todos que oconhecem
que elle anda | asuciado naquelles Latrocinos comodito Mano| el
170 Goncalves mosso ecomhum criollo por nome | Gonçalo que fugio
das Gallés uzando destes | maLeficios contanta ouzadia que selhe
| [.]andam de pessoa alguma emenos teme ||5v Temme a Justiça
mas antes ameassam a | qualquer pessoa comamorte quefallarem
| nosseus Latrocinos por serem absoLutos ete| merarios eal nam
226 Cartas Baianas Setecentistas

175 disse nem do costume | e asignou oseujuramento comod ito Juiz


| ordinário eEuMano eLJorgeCoimbraTabe| lliam queoEscrevy |
Sauz? FelixPereyradeAraujo |
Testemunha |
Fellipe de Maga lhanz Cerqueyra homem | branco cazado mora-
180 dor naf azenda cha| mada apuada Freguezia desam Joaõ digo |
desamJoze dasItaparorocas dotermo davi| lla daCachoeyra que
viue de suas Lavou| ras deidade que disse ser de trinta ehum |
annos pouco mais oumenos testemunha | Jurada aossantos Evan-
gelhos emhum | Liuro delles emquepos suamaõ direyta |
185 epermeteo dizer verdade doque soubesse elhe fosseperguntado__|
E perguntado aelle testemunha pello | Contheudo dapetiçaõ
dequeyxa feita ao | Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor Conde |
Governador disse queSabe por ser pu| blico enotorio queyxar ensse
todos os moradores | daquelle continente doSalgado deManoel |
190 Carvalho cabra escravo da administraçaõ de | Santa Barbara
dePosso do Capim que | este he Ladraõ publico degados ecavallos
que | todos os que comerceam comelle lhefas os pa| gamentos
com cabeças degado naõ otendo | elle eque elle testemunha algu-
mas vezes | tem visto passar sua fazenda ||6r Fazenda doSalgadinho
195 alguns comerciantes | dodito cabra com Rezes empag am ento
como d ito | tem e fas osseus Latrocinos tampublicamente |
queselhenaõ da depessoa alguma, e taõ abso| Luto que sendo
Captivo anda como forro sem | dar obediencia ao administrador
dadita Cappe| lla e ameassando a todos os que fallarem nos | seus
200 Latrocinos queoshade matar como sucedeo | com hum MuLato
delle testemunha quetem | por vaqueyro nadita suafazenda que
por fa| llar emalguns furtos dodito cabra o fora deza| fiar a sua
porta econeffeito odito MoLa| to naõ corre para dentro decaza o
[ilegível] Mata | com humaf aca de ponta porasim andar | arma-
205 do ecom arma de fogo e [ilegível] | [ilegível] ouvio dizer elle tes-
temunha que | odito cabra tem commercio com hunMa| noel
Gonçalves mosso morador nafazenda da Cipipira [ilegível]
equesamso cios emseus furtos | eda mesmasorte tem ouvido di-
zer elletes| temunha publicamente avarias pessoas do | termo des-
210 ta villa que hum Francisco Gon| çalves deoLivejra mosso branco
Tânia Lobo (org.) 227

Filho de | JoannaMaria Rodrigues tamb em fur| ta gados publica-


mente [ilegível] dispor para | onde lhes parece eal naõ disse nem
docostu| me eaSig nou eseuj uramento Comodito | Juiz ordinario
eeuManoeLJorgeCoimbra | Tabelliam que oEscrevy |
215 FellipeDeMagalhanz Serqueyra |
Testemunha ||6v
Testemunha |
Joze Martins valverde homembranco | cazado morador nafazenda
chamada o | Bombassa Freguezia deSam Joze dasIta| pararocas
220 dotermo davilla daCachoeyra | queuiue desuas Lavouras deIdade que
| disse ser quarenta esinco annoa teste| munhaj urada aosSantos Evange-
lhos em | hun Livro delles emque pos sua mam | direyta epermeteo
dizer verdade doque | soubesse e lhe fosse perguntado ___|
Eperguntado aelle testemunha pello | contheudo napetiçaõ
225 dequeyxa feita ao | Ilustrissimo e Excelentissimo SenhorCon| de,
disse quesabe pello ouvir dizer publi| camente que ocabra
ManoelCarvalho | Escravo dadmeinistraçaõ deSantaBarba| ra he
Ladram degado há mais dos annos | porem deprezente setem fei-
to mais pu| blico semtemor deDeoz edasJustiças | deSuaMagestade
230 por que os tem visto | passar varias vezes pellas cercas doseu | citio
com Rezes amarradas eo utras | vezes comgados soLtos ahir ven-
der pa| ra aPovoascaõ eoutros Lugares aondelhe | pareceetamb
em ouvio dizer elle teste| munha que odito cabra tem cortado
varias Rezes no citio da Cipipiraonde | he morador Manoel Gon-
235 çalves mosso | por dizerem quesam socios naquelles | furtos e
damesmasorte ouvio elleteste| munha dizer avarias pessoas
decredito | que nadita caza deManoel Gonçalves | seajuntava hum
Joaõ daCosta Mestisso ||7r Mestisso forro e hum criollo por nome
Gonçalo | quefugio das Galles dacidade daBahia por | dizer em
240 quetodos samsocios Vnidos, equeesta| vamfazendo matalotages
para se Reti| rarem paraocer taõ equetambemsabe | elleTestemunha
por lhe dizer oCapitam do | Mato Joze daSilva Doria quequerendo
herdar | em hum mocambo emSanta Barbara onde | seachava
nelle odito Manoel Carvalho ca| bra eManoel Gonçalves | mosso,
245 eosdous com| panhejros Joaõ daCosta eo criollo Gonçalo | e di-
zem que alguns Escravos alhejos que tinhaõ | aLy Refugiados e
228 Cartas Baianas Setecentistas

empedira hum Manoel Gon| çalves velho Pay dodito mosso di-
zendo que | naõ estavam Lá edebayxo disto lhemandou | avizo
para os ditos cumpLices seRetirarem | daquelle mocambo,
250 econeffeito andara os di| tos deLinquentes armados com armas
defogo | facas de ponta, ecatanas e facas de Rasto | entimidando
aquelles moradores para naõ | fallarem dos seus Latrocinos e
damesma | sorte sabe elle testemunha que noter| mo destavilla há
dous Ladroens degado | quepublicam ente se queyxam delles
255 osmora| dores que he hum Francisco Gonçalves deoLi| veyra fi-
lho deJoanna Maria Rodrigues | suciado com Jozé Soares
deAlmeyda contanto | dezaforo queja senaõ ocultam dosproprios
| do nos antes os ameassamque andetirar avida | sesequeyxarem
por serem homens [va]Lentes | e tem erarios ealnaõ disse easignou
260 [se] [...] | digo naõ dosse nem do costume easignou | e seu
iuramento como d ito Juiz ordinario | eeuMano elJorg eComibra
Tabelliam que | oescrevy |
saus? Joseph Martins Valverde |
Termo de asentada ||7v
265 Termo de asentada |
Aoprimeyro dia do mes deMarço demil | setecentos setenta hum
annos nestavi| lladeSamJoam deAgoafria e cazas demoradas |
doJuiz ordinario oAlferes Mano el | GarciadeSouza ondeeu
Thabelliam aodi| ante nomeado fuy vindo e sendo alyman| dou
270 aodito Juiz vir perante sy testemu| nhas para sum mariamente as
perguntar | aserca docontheudo napeticaõ dequeyxa | asquais vin-
do forampello dito JuizIn| queridas eperguntadas cujos ditos dellas
| nomes moradas idades officios ecostumes | samosque aodiante
sesegeu dequepara | constar fez este termo EuManoelJor|
275 geCoimbra Tabelliamqueoescrevy __//|
Testemunha |
LuizTeixeira deAmorim Homem | branco s[ol]teyro morador
nafazenda | chamada aTrindade Freguesia deSam | Joze das
Itaparorocas do Termo daVilla | daCachoeyra que viue
280 deseuofficio deCa| rapona deIdadeque disse ser desincoen| ta
equatro annos testemunhajurada | aosSantos Evang e lhos emhum
Livro de| lles emquepozsuamaõ direyta eper| meteo dizer verda-
de doquesoubesse | e lhefosse perguntado__//__//|
Tânia Lobo (org.) 229

Eperguntado aelleTestemunha | pello contheudo napetiçaõ


285 dequeyxa | feita ao Ilustrissimo e Excelentissimo | Senhor Conde
Governador disse que | sabe desiencia certa epor serpublico, eno|
torio que Manoel Carvalho, cabra Escra| vo daadmenistraçaõ
deSanta Barbara | do posso do Capim hé Ladraõ publico assim
||8r Asim degados: como decavallos furtando em | huma parte e
290 hir vender naoutra suciado com | Manoel Goçalves mosso mora-
dor na fazenda | chamada a Capipira, eJoaõ dacosta Mestisso |
forro morador nafazenda chamada osvermelhos | ehum criollo
chamado Gonçalo quefugio das Ga| lles da cidade daBahia todos
estes unidos | tem feito varios Latrocinos : Como deprezente |
295 furtou odito Cabra Mano elCarvalho hum | Cavallo a hum filho
de José deSouza deAraujo | morador no Parnamirim, eodito
criollo Gonca| Lo fugido das Gallés tras consigo duas negras |
fugidas eanda pellas Estradas Roubando, eto| dos estes tem huma
suciedade [ilegível] dos furtos que fazem principalmente odito
300 cabra | hé Ladraõ publico á muytos annos degados | alheyos dos
outros por andarem Armados com | armas de fogo facas deponta
edeRasto, eca| tanas ecaxorros Brabos, epara assim mais | atimidar
em os moradores daquelle continente | brotam publicamente que
se fallarem nos | seus Latrocinos oshande matar dando poresta |
305 sorte mau exEmplo aoutros ealnaõ disse | nem do costume
easignou eseguramente | com huma cruz seu signal costumado por
| ordinario eEuMano elJorgeCoimbra Tabe| lliam queoEscrevy |
Signal deLuiz [cruz] Teyseyra de Amorim |
Manoel Garcia deSouza |
310 Testemunha |
Luis Teyxeyra deCarvalho homem pardo forro | cazado morador
nasua fazenda chamada ||8v Chamada oRio dopeyxe Freguezia
deSaõ | Jose das Itaparorocas do termo davila deCa| choeyra que
viue decriar seus gados edesuas | Lavouras deidade que disse ser
315 desincoenta | eseis annos pouco mais oumenos testemu| nha ju-
rada aossantos Evangelhos emhum | Livro delles emque pos sua
maõ direyta eper| meteodizer verdade doquesoubesse elhefo| sse
perguntado __//__//__//|
Perguntado aelleTestemunha | pello contheudo napeticaõ
320 dequeyxa feita | ao Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor | Conde
230 Cartas Baianas Setecentistas

Governador disse quesabe por se | queyxar em publicamente os


moradores, ecri| adores de gados daquelle continente doSalgado
esuas vezinhanças que ManoelCar| valho cabra Escravo daad
menistraçaõ | deSanta Barbara hé Ladraõ degados ha | muytos
325 annos edecavallos e detudoquan| to pode[..] apanhar, furtando
em huma parte | e hir vender naoutra, ehoje notempo pre| zente
seacha mais Escandaloso comseus | furtos por seachar suciado com
hum Ma| noel Gonçalves mosso morador na fazenda | chamada
aCipipira, ecom hum Joaõ da | Costa Mestisso forro.aSistante
330 nafa| zenda chamada osvermelhos oqualdito | Joam daCosta fur-
to u aelle testemunha | hum cavallo por cujo motivo oseguio elle
| testemunha com dous Homens e lhetirou | ofurto deseupoder,
como tambem sevnio | ao dito, hum criollo por nome Gonçalo
que | fugio das Gallés da cidade da Bahia, ea| sim unidos andam
335 furtando o gados e cavallos | eEscravos a lheyos: contanto dezaforo
epou| co temor de Deus e das Justiças quepara | mais serem temi-
dos andam armados | dearmas defogo facas de ponta deRasto .||9r
E deARasto e Catanas e paramais seg uran| ça dosseus furtos
eapanhar gados comserva | aodito Manoel cabra huns caxorros
340 Brabos | e de ssasorte diz publicamente queoquefa| llar nelle osade
matar ecomeste mau ex em| plo está vivendo com osseus parciais
eani| mando aoutros para viverem no mes mo Escan| dalo como
seja a hum moLato pornome Di| ziderio escravo dehuma
Sebastianna detal | moradora junta afazenda chamadad aformiga
345 | como tambem humFrancisco daCosta homem | vermelho Pay
do Manoelcabra morador | nafazenda chamada posso do capim
tambem | uza dematar Rezes no mato e fazer moquens | para
secar acarne etrazer para caza para comer | eque elle testemunha
vio osditos moquens | ealnam disse nem do costume easignouse
350 | seuj uramento comodito Juiz ordinario eEu | Mano elJorge
Coimbra Tabelliam queo Escrevy |
Saus Luis Teixeira deCarvalho |
Termo deAsentada |
Aos quatro dias domes deMarço demil | setecentos setenta e hum
355 annos nesta | villa deSam Joam deAgoafria ecazas de | moradas
doJuiz ordinario o Alferes | Mano el Garcia deSouza ondeeu Tabe|
Tânia Lobo (org.) 231

lliam ao diante nomeado fuj vindo e | sendo [aly] mandou odito


Juiz ordinario | vir per[ante] sy testemunhas para segui| mento
deste summario as quais vindo | foram pello dito Juiz Inqueridas
360 e per| gunta das cujos ditos dellas nomesmora| das idades officios
ecostumes = Saõ os que ||9v sam os que ao diante sesegue. Eque
| para constar fiz este termo de asen| tada eeuMano el Jorge
Coimbra Tabelli| am que oEscrevy__//__|
Testemunha |
365 Joam Pereyra Simoiz homem branco | soLteyro morador nos
aRabaldes desta | villa que viue decriar seus gados e de | suas La-
vouras deidade que disse ser | de sinco enta annos testemunha
jura| da aos Santos Evangelhos em hum Livro | delles emque pos
sua maõ direyta e | permeteo dizer verdade doque soubesse | elhe
370 fosse perguntado.__//__//|
Eperguntado aelle testemunha | pello contheudo napeticaõ
de queyxa | feita ao Ilustrissimo e Excelentissimo | Senhor conde
Governador disse quesabe | por ser bem publico enotorio ha muy|
tos annos que Mano elCarvalho cabra | escravo daadministraçaõ
375 deSantaBar| bara hé Ladraõ publico de gados, ecava| llos asuciado
naquelles annos antecedentes | comFrancisco Gonçalves deoLiveyra
que | tamb em hé mal feitor publicamente | desem elhantes
Latrocinos, ehoje notempo | prezente ouvio dizer elle testemu-
nha | que odito Cabra seacha asuciado para | os ditos furtos com
380 os mais nomeados | neste Requerimento, eo dito Francisco Gon|
çalves feito com nova suciedade com | Joze Soares de Almeyda
par do forro mo| rador nos aRabaldes desta villa, e hum | Bento
detal hom em pardo morador ||10r Morador no Engenho dobom
Jardim que | lhe serve [ilegível] e condutor dos gados que | far-
385 tam para os dispor por aquellas partes | aLem dos que matam,
evendem de noyte | em quartos pellas cazas dealguns morado| res
tanto assim que naõ viuem deou| tra couza com que sesustentam,
vinhaõ | e asuas amazias com quem viuem Escanda| lozamente
fazendo aqueles Latrocinos | tam publicamente que elle testemu-
390 nha | ostem encontrado comgados furtados ti| rando lhe osignal
con[..]uas para asim | serem desconhecidos, eelle testemunha |
tem hido dar com couros de seu proprio | gado, e ferro, esignal
232 Cartas Baianas Setecentistas

em cazas donde | elles otem vendido e desta forma an| daõ Rou-
bando osgados dos moradores deste | continente s[.]m[...]
395 [...]denen hum | e a Razam que tem havido, [.]á para[...]| naõ
acuzar a[...] he por serem homems | Revultosos e andarem
armadoscom ar| mas de fogo efacas deponta ecatanas di| zendo
p[ubl]ica mente quese fallarem nelles | que os hande matar por
serem homens | façanharozos sem temor de Deos, nem | das Justi-
400 ças fiados em serem estas te| rras certoinz onde d[i]ficul[toza]mente
| sepodem fazer deLigencias pellaJusti| ssa, esó sepoderem fazer
com brasso me| Litar. aLem destes asima nomeados | que furtam
publicamente tambem há | outros que fazem seus furtos como
seja | hum Manoel dePayva criollo forro sucia| do com
405 humLeandro deAlmeyda Pampa ||10v Pampalona homem cri-
minoso pardo | cazado moradores notermo desta villa | que nam
vivem deoutro aver oquetudo | defama constante e publica osquais
| tambem andam armados ebrotando | contra quem os quizer
prender ounelles | fallarem que oshande matar e alnaõ | disse nem
410 decostume easignou oseu | juramento comodito Juiz ordinario |
eEuManoelJorgeCoimbra Tabelliam | que oEscrevy Joaõ Pereyra
Simoins | Sau? |
Testemunha |
ManoeLAlvarez daCosta Ho mem| branco solteyro morador nasua
415 fa| zenda chamada a Gamelleyra Fregue| zia e termo desta villa
que viue de | criar seus gados e desuas Lavouras deida| de que
disse ser detrinta enove annos | testemunha jurada aos Santos Evan|
gelhos em hum Livro delles emque pos sua | mam direyta e
permeteo dizer verda| de doque soubesse elhe fosse perguntado |
420 Eperguntado aelle testemunha | pello contheudo napeticaõ
de queyxa | feita ao ILLustrissimo e Excelentissimo | Senhor con-
de governador disse que | sabe por ser publico e notorio elhodize|
rem varias pessoas decredito que Mano| eLCarvalho cabra escra-
vo daadministra| çam deSanta Barbara doposso do capim | aLem
425 de ser há muytos annos Ladram | degados deprezente consta aelle
tes||11r Testemunha seacha asuciado com | Manoel Gonçalves
mosso morador nafazenda | chamada a Cipipira, e com Joam
daCosta | Mestisso forro asistente nafazenda chama| da
osvermelhos, com hum criollo que f[u]gio | das Gallés da cidade
Tânia Lobo (org.) 233

430 daBahia andampu| blicamente furtando gados, ecavallos, even|


dendoos de huma parte para outra sem te| [m]or de Deos
nemdasjustiças Armados com | Armas defogo facas deponta
eCatannas | trazendo consigo Caxorros Brabos atimu| rizando os
moradores daquelles continentes, | com a m eassas: dizendo quese
435 fallarem nos | seusLatrocinos que fazem os ande matar | e desta
sorte andaõ [...], e aLem des| tes asima nomeados inda há outra
maLo| qua de Ladro[ins] [publicos] moradores no ter| mo desta
villa que tambem seguem m[es]| mo exemplo dos asima nomea-
dos, quevem | aser hum Francisco Gonçalves deoLiveyra | filho
440 deJoanna Maria Rodrigues, ehum | Joze S[o]ar[e]s deAlmey da
homem pardo ehu) | Bento detal moradores no Engenho do Bom
| Jardim quelhe serve decondutor aosgados | quefurtam eosVay
dispor para o dito | Lugar, e desta sorte andam publicamente |
fazendo estes furtos aLem dogado que | matam, evendem
445 emquanto denoyte | pellas caz[as] dealguns moradores para come|
rem vestirem esustentar as amazias | com notavel Escandallo
fazendosse fa| ssanhozos por andarem armados com ar| mas defogo
facas deponta ecatannas ||11v Ecatannas publicando que seos do-
nos dos | gados os acuzarem a Justiça os andema| tar emaltratar e
450 hir emse Embora para | os e destaSorte tem [...] oque | cido os
animos dos moradores para senam | queyxarem as Justissas deSua
Mages| tade Fedelissima que Deos g[o]arde, e a| Lem destes que
andaõ publicos há hum | criollo forro por nome Mano eld[aSyl]|
va suciado com humL eandro de [A]lmey| da Pampelona ho-
455 mem pardo [...] | moradores no termo desta villa quetam| bem
[...] defurtar gados cabras [...] | ros comques esustentaõ tambem
por | serem [...] e pouco tem entes asJus| tiças por di[ze]rem
selhenaõ dam delles | andando tambem [arma]dos com armas |
de fogo facas de Rasto e deponta metendo | terror aos moradores
460 eaos mesmos offi| ciais deJustiça e[al]nam disse [nem] do | costu-
me easignou o seuj uramento | com odito Juiz ordinario [eEu]
Manoel | JorgeCoimbra Tabelliam queoescrevy |
Saur Manoel Alves da Costa |
Testemunha |
465 Fellipe Nevis Barboza hom embranco | cazado moraodor nasua
fazenda chama| da Tauhá Freguezia etermo destavi| lla que viue
234 Cartas Baianas Setecentistas

desuas Lavo[uras] deidade | que disse ser de trinta equatro para |


trinta esinco annos testemunhaj urada | aos Santos Evangelhos
em hum Livro de| lles emque pos sua maõ direyta eper||12r
470 Direyta epermeteo dizer verdade doques ou| besse elhefosse per-
guntado__//__//__//__//|
Eperguntado aelletestemunha pello con| theudo napetiçaõ
dequeyxa feita ao ILLus| trissimo eexcelentissimo Senhor Cond
ego-| vernador disse ques abe pello ouvir dizer | publicamente há
475 bastantes annos, que Ma| no elCarvalho homem cabra Escravo
daadmi| nistraçaõ deSanta Barbara doposso do ca| pim sempre
foy uzeyro, evezeyro costu| mado a furtar gados ecavallos, e hillos
vender | aoutra parte sempre com Escandallo pu| blico dos mora-
dores daquelle continente, [...]| deprezente com mais Escandallos
480 por lhe | constar aelletestemunha fez suciedade com | os mais
nomiados na petiçaõ de queyxa Em | ques am intereçados
naquelles Latrocinos,| e namsó estes [...] Ladroens publicos como
| tambem o sam hum Francisco Gonçalves | de Oliveyra, filho
deJoanna Maria Ro-| drigues, e hum Jose Soares de[...] digo |
485 Soares de Almeyda moradores no termo | desta villa suciados
com hum Bento de | tal homem pardo morador no bomJardim
| que lhes serve decondutor dos gados queelles | furtaõ tam
dezaforadamente por [se]rem | homens temerarios e andarem ar-
mados | com armas defogo facas deponta e catanas | taõ
490 voluntariam ente e publicos nosseus | Latrocinos queja senaõ es-
condem de quem | os emcontra com os ditos furtos mas antes |
os emessaõ aos moradores quese falarem | os han de matar e fugi-
rem paraocertaõ, | e damesmasorte sabe elle testemunha ||12v
Testemunha por lho dizerem algumas | pessoas decredito que hum
495 Leandro deAl| meyda Pãpalona homem pardo ecrimino| zo
suciado com hum criollo por nome Ma| no el dePayva morado-
res neste mesmo ter| mo tambem vivem de furtar gados cabras |
e carneyros contanto pouco temor daJus| tiça que dizem publica-
mente queosoffi| ciais queosforem prender os ande matar | fiados
500 em naõ terem nada queperder | e prezados deva lentoens eandarem
tam| bem armados com armas de fogo e facas | deponta as quais
armas lhes tem elletes| temunha visto muytas vezes, e destasor| te
atimidos os officiaes deJustiça eosmais | moradores ealnaõ disse
Tânia Lobo (org.) 235

nem do costume easignou oseuj uramento como dito Juiz | ordinario


505 eeuManoel Jorge CoimbraTabe| lliam que oEscrevy |
Saur? FelipeNeveBarboza |
Termo deAs entada |
Aos treze dias domez deMarço demil setecentos | setenta e hum
annos nesta villa deSamJoaõ | deAgoa fria ecazas de moradas doJuiz
510 ordi| nario oAlferes Mano el Garcia de Souza on| de eu Tabelliam
deseu cargo aodiante nome| ado fuy vindo esendo aly mandou
odito | Juiz vir perante sy testemunhas para se| guimento deste
summario as quais vindo | foram pello dito Juiz Inqueridas e
pergun| ta das cujos ditos dellas nomes moradasidades | oficios
515 ecostumes Saõ os que ao diante se | segue deque | para constar fiz
este termo ||13r Termo euMano el Jorge Coimbra Tabelliaõ que
| oEscrevy __//__//__//__//|
Testemunha |
Mano elFernandes dosSantos Homembran| co cazado morador
520 na sua fazenda chamada | eu [ilegível] Freguezia e termo desta
villaque viue | de suas Lavouras deidade que disse ser de secen| ta
e dois annos testemunha Jurada aossan| tos Evang elhos em hum
Livro delles emque| pos sua maõ direyta eper meteo dizer verda|
de doque soubesse elhe fosse perguntado.____//|
525 Eperguntado aelletestemunha pello | contheudo napetiçaõ
de queyxa feita ao ILLus| trissimo eexcelentissimo Senhor Con-
de Governa| dor deste Estado disse ques abe pello ouvir di| zer
publ icamente há muytos annos, que Mano| elCarvalho homem
cabra escravo daad ministra| çaõ deSanta Barbara doposso do Ca
530 pim, heLa| dram publico de gados ecavallos furtando em huma |
parte e hir ven[dendo e]moutra como sucedeo este | anno preterito
demil setecentos esetenta | hir elle dito cabra vender aoLugar
daPovoa| çaõ varios Lotes degado furtados pello naõ ter | des ua
criaçaõ, contanto dezaforo, que senaõ | o cultava dep essoa algu-
535 ma o que he sem duvida | que od ito cabra he Rezoluto vaLentam
eanda | sempre armado com armas defogo facas depon| ta
ecatannas, eque tambem ouviu dizer elle | testemunha apessoas
decredito que odito cabra | anda asuciado com outros
domesmoprocedimen| to por em queosnaõ conhece elle teste-
236 Cartas Baianas Setecentistas

540 munha | etambems abe elle testemunha por serpublico | enotorio


entodo este continente, que hum Fran| cisco Gonçalves mosso
branco filho deJoanna | Maria Rodrigues suciado com Joaõ Soa-
res | deAlmeyda homem pardo, e hum Bento | dacruz
homempardo morador no bom Jardim | todos tres sam Ladroenz
545 publicos degados a| lheyos ecavallos comtanto escandallo publi-
co | sem temor de Deos nem daJustiça que asvezes ||13v que
asvezes avista dos mes mos donos osEstam furtando, | e dos
proprios vizinhos dos mesmos criadores que ostopaõ | com os
mesmos gados conhecidos com tanta ouzadia que | lhe dizem,
550 ques efallarem nos latrocinos quelhevem | fazendo osande matar
e fugirem para ocertaõ, epor | estaforma atemidaõ os homens
quesenaõ atre| vem aqueyxar asJustiças deSuaMagestade Fede|
lissima que Deos goarde, por talvez naõ ter effeito | asegurança
das pessoas daquelles malfeitores ecorrer | Risco avida daquelles
555 ques equey xar em por serem os | ditos malfeitores homens
Rezolutos, eandarem pellos | pastos furtando os ditos gados com
armas defogo fa| cas deponta e catannas e falando publicamente |
quesealgum sequeyxar, oulhetirar ogado que leva| remfurtado os
andematar como dito tem, edames| masorte sabeelle testemunha
560 pello ouvir queyxar | avarias pessoas que hum Mano el dePayva
criollo forro | morador nestemes mo termo suciado com
humLean| dro deAlmeyda Pampalona homem pardo crimino|
zo quetambem uzam defur tar seus gados miados | de carneyros
ovelhas ecabras deque sesustentam | por naõ terem outra couza
565 deque viverem, econtanta | ou[za]dia que odito Leandro
deAlmeyda estando | criminozo por crime demorte senaõ
temedasJusti| ssas por ser façanharozo eandar sempre armado |
com armas de fogo efacas depontas e de Rasto e desta | sorte
vivendo tam escandalozamente que vivem os | muradores deste
570 continente atimi[d]adospello mau | oprocedimento daquelles
deLinquentes e alnaõ disse | nem do costume easignou oseuj
uramento comodito | Juiz ordinario eeu Manoel Jorge Coimbra
Tabelliaõ | que oEscrevy |
Saur ManoelFernandesdosSantos |
575 Alferes Domingos Francisco Braga | homembranco cazado mo-
rador nasuafazenda | o Irara Freguezia otermo destavilla que | viue
Tânia Lobo (org.) 237

desuas Lavouras deidade quedisseser | de sincoenta etres annos


pouco mais oumenos ||14r Ou menos testemunhaj urada
aossantos Evan| gelhos emhum Livro delles emque possuamaõ |
580 direyta epermeteo dizer verdade doque soube| sse elhe
fosseperguntado__//__//__//|
Eperguntado aelle testemunha pello con| theudo napetiçaõ
de queyxa feita ao ILLustri| ssimo eexcelentissimo Senhor
condegovernador | deste Estado disse ques abepello ouvir dizer |
585 publica egeralmente aos criadores de gados daque| lle continente
queMano elCarvalho homemcabra | escravo daadministraçaõ
dacappella deSanta | Barbara doposso do capim que hé Ladraõdega|
dos ecavallos alheyos suciado com outros de que | elle testemu-
nha naõ tem cabal [conhecimento]| furtando [em][humas]
590 [partes][ev end endo] emoutras | sem pejo nem temor de Deos
nem dasJustiças por | andar este taõ absoLuto. E armado comarmas
| defogo facas deponta ecatanas quepublicamen| te dis [...] [...]
[fallar]no seu m[o]do de v[ida] | que os ande [matar] [...][da]
[mesma] sorte virem [...] | escandalosamente hum Francisco
595 Gonçalves | deoLiveyra mosso branco filho deJoanna Ma|
riaRodrigues, ehumJoze SoaresdeAlmeydamo| radores no termo
desta villa suciados com hum | Bento dacruz morador
nobomJardim que | lhes serve decondutor aos mais dos gados
furtados | de que vivem para os hir dispor aLem deosa| judar
600 afurtar tao escandalosamente p[ois]a| Th[e] noscurrais dos mora-
dores lhe vam tirar os pro-| prios gados denoyte ecom [ilegível],
eoutras | matando.os dedia publicamente como sucedeo | matar
odito Francisco Gonçalves deoLiveyra no | curral delle testemu-
nha hum Boy deJoaõ Pereyra | si[..]is edestasorte andam publica-
605 mente fur| tando pellos pastos alheyos cadaves queq uer em |
semvergonha domundo armados com armas | de fogo facas
deponta ecatanas ameassando | atodos que falarem no seu viver
queosande ||14v Que os ande matar , esam muyto capazes | deo
fazer em por serem homens Rezolutos enaõ | terem queper der
610 por naõ pessuhirem couza | alguma, e por esta sorte atimidaõ
aquelles mo| radores ques enaõ atrevem a queyxar delles asJus|
tiças, edamesma sorte viuem hum criollo por | nome Mano
238 Cartas Baianas Setecentistas

eldePayva suciado com humLe| andro deAlmeyda Pampelona


hom em pardo e | criminozo que vem digo que vive taõ absoLuto
615 | sustentandosse comfurtos degados miados deo| velhas carneyros
ecabras, econ fama defurtar | tambem gado [vac]um quetambem
naõ vivede | out[ra] [couza] por naõ pessuhirem nada deseu ean|
da[m] armados com armas defogo. faca deponta eca| tan[as] am
eassando aqualquer official dejustica | que osquiz er prender que
620 os ade matar vivendo | com escand allo publico entre aquelles
moradores | ealnaõ disse nem do costume easignou seuj ura| mento
comodito Juiz ordinario e[eu] Mano el | JorgeCoimbra T abelliam
queoEscrevy | Saura Domingo FranciscoBraga ||15r
[outra letra, paisagem, metade inferior]
Do Juiz ordinario da Villa deAgoa fria no Requerim[ento] |
dosmoradores das freguesias [de] [Saõ] Jozè das Itapororocas,|
edamesmaVilla deAgoa fria que foi deferido | com odespacho
seguinte . OCapitaõ mór daOrdenam-| ça da Villa ponha toda
eficaz deligencia para pren| der aos decLarados nesta queixa e
Remetêlos aesta | Cidade com segurança, que cheguem aser en-
tregues | naCadea publica della com este despacho, decuja exe|
cuçaõ medará conta. Bahia 22 deAbril de 1771
Tânia Lobo (org.) 239

Ficha Técnica

Mancha 11,5 x 18,5 cm


Formato 16 x 22 cm
Tipologia AGaramond e SILDoulos IPA 12/16
Papel miolo: off-set 75 g/m2
capa: cartão branco 180 g
Impressão e acabamento GRÁFICA FFLCH/USP
Número de páginas 240
Tiragem 500

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