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Se tratando de Brasil, com o advento da Carta Magna no ano de 1988 e com ela o seu
conteudo expressado no constitucionalismo do direito, interpretando assim a tutela
jurisdicional dos direitos materiais e processuais sob a ótica do postulado da dignidade da
pessoa humana, nesse contexto da força normativa, da supremacia da Constituição, surge
o neoprocessualismo, com a constituição assumindo um caráter fundamental, ponto de
partida, para a construção do processo.
¹ CAMBI, Eduardo. Leituras Complementares de processo civil: Neoconstitucionalismo e Neoprocessualismo. 6ª Ed. Bahia:
JusPodvim, 2008, pág. 154-164.
De outra parte, observa-se duas semelhanças onde:
a) Tanto o procedimento ditado pela Lei 11.672/2008, quanto o instituto da repercussão geral,
convergem para o desafogamento das altas Cortes. Há semelhança pois aproximam a
prestação jurisdicional emanada das instâncias especial e extraordinária, da garantia
fundamental de duração razoável do processo e do princípio da eficiência da administração
pública, insculpidos na Constituição Federal. b) O procedimento a ser adotado quanto aos
recursos especiais repetitivos, ditados pelo art. 543-C, CPC (§ 1º - Caberá ao presidente do
tribunal de origem admitir um ou mais recursos representativos da controvérsia, os quais
serão encaminhados ao Superior Tribunal de Justiça, ficando suspensos os demais recursos
especiais até o pronunciamento definitivo do Superior Tribunal de Justiça), é muito
semelhante ao procedimento relacionado aos recursos extraordinários repetitivos, como se vê
do art. 543-B, CPC (§ 1º -“Caberá ao Tribunal de origem selecionar um ou mais recursos
representativos da controvérsia e encaminhá-los ao Supremo Tribunal Federal, sobrestando os
demais até o pronunciamento definitivo da Corte.”), a diferença é que no caso do recurso
extraordinário, haverá prévio julgamento quanto à repercussão geral, que negada, implicará na
automática não-admissão dos recursos sobrestados (§º 2º).
Assim, o Recurso Especial repetitivo é baseado em decisão prolatada pelo STJ, acerca de
determinado assunto, que acaba por impedir a subida dos recursos fundados em teses
análogas. Já a repercussão geral altera, em si, a aceitação de recursos extraordinários pela
relevância do assunto a ser definida pelo Supremo, por isso, este apresenta requisito de
admissibilidade com disciplina constitucional; quanto ao procedimento no julgamento dos
recursos extraordinários (repercussão geral por amostragem, são as repercussões gerais
repetitivas) e recursos especiais que houver multiplicidade com fundamento em idêntica
controvérsia é que apresentam algumas semelhanças percebíveis na conjuntura do art.
543-B e o art. 543-C. São elas: a) grande número de recursos (extraordinário e
especial) com fundamento em idêntica controvérsia/teses jurídica; b) os tribunais
inferiores selecionam alguns recursos enviam para o STF/STJ sobrestando os demais
até o julgamento definitivo pelos Tribunais superiores; c) ambos admitem a presença
de terceiros, o amicus curiae; d) os tribunais inferiores cujo acórdão recorrido divergir
da decisão dos tribunais superiores podem se retratar, hipótese que se não ocorrer subirão os
Recursos Extraordinários/Especiais, salvo no caso do STF editar súmula vinculante (da
decisão de mérito da questão que tem repercussão geral) no qual o tribunal é obrigado
a retratar-se sob pena de Reclamação ao STF.
Vale observar, quanto aos recursos extraordinários, que se há múltiplos recursos é
porque há controvérsia jurídica importante, em tal hipótese é presumível a existência de
repercussão geral, então configurada pela presença de questão relevante do ponto de vista
jurídico (art. 543-A, § 1º, CPC), o que dispensaria o prévio julgamento desta questão, a
exemplo do que é previsto para hipótese da decisão recorrida ser contrária à súmula ou
jurisprudência dominante do STF (§ 3º, do art. 543-A).
Bibliografia: