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A mí(s)tica origem do Zero e a (r)evolução do Nada

Franz Kreüther Pereira


franzkre@hotmail.com
Secretaria de Estado de Educação-SEDUC
Look at zero and you see nothing; but look through it
and you will see the world. - R. Kaplan
*
Resumo:
A história da evolução humana está diretamente relacionada à história dos números, mais
precisamente a capacidade do homem de criar símbolos, atribuir-lhes significados e
transmitir esses conhecimentos para outros. A Matemática - a linguagem simbólica por
natureza - é a expressão máxima da evolução intelectual humana, tendo no Zero um dos
símbolos matemáticos mais significativos e um marco nessa história, pois é a tradução
gráfica de uma idéia altamente abstrata e assustadora para muitos povos e culturas: o vazio,
o nada. Mais do que falar da história da Matemática, este artigo trata igualmente de coisas
do pensamento e de cultura, fenômenos essencialmente humanos.
Palavras-chave: História da Matemática, origem dos números, cultura.

Apresentação
Neste trabalho pretendo refletir sobre algumas questões a respeito do surgimento do
zero, como por exemplo: “Por que demorou tanto para existir uma representação do nada?”
(Kaplan. 200, p. 27); Será o zero a forma do nada? Há alguma relação entre a forma
circular escolhida para representar o vazio e o zero? O zero pode ter sido
descoberto/inventado antes e mantido oculto por interesses herméticos? A construção do
conceito de Zero contribui para a aprendizagem matemática?

Aliamos, ainda, as hipóteses que norteiam esse artigo, a saber:


• o zero surgiu como materialização de um processo não apenas matemático e com
base em entes materiais - como o que ocorreu para o surgimento dos números
naturais;
• a compreensão desse conceito, isto é, a idéia de vazio/nada não era somente
assustadora como inalcançável para a população antiga;
• que um caráter divino/mítico atribuído ao zero pode ter contribuído decisivamente
para retardar seu surgimento ou divulgação, e

1
• o zero exigiu do ser humano o desenvolvimento de novas estruturas cognitivas
(subjetivas e culturais), sem as quais sua maturação seria impossível.

Este artigo aproxima-se, de forma mui modesta, de uma disciplina designada pela
Profª. Dra. Teresa Vergani1 de Matemática, Sociedade e Cultura-MSC. Esses três conceitos
encontram-se tão imbricados, num sentido antropológico, que ao se lançar um olhar
reflexivo sobre um deles, necessariamente enxergamos os outros; e ao fazer isso
adquirimos mais um pouco de compreensão da nossa história universal. E “talvez nada
seja tão inovador como as raízes das coisas: uma abordagem intercultural das antigas
realidades para-matemáticas só se justifica se visar uma compreensão crítica do presente
orientada para uma intervenção latente no porvir” (Vergani. 1991, p.22).

O medo do nada
Nas sociedades primitivas a tradição de transmitir oralmente os conhecimentos
tendo por base mitos, lendas, fábulas etc, era institucionalizada, entretanto observamos que
em todas os mitos cosmológicos e antropogônicos (os que tratam da criação do mundo e do
homem) não falam no nada, no vazio. Parece-nos claro que “la razón de este proceder es
obvia: el hombre tiene horror al vácio (grifo nosso) y necessita de uma seguridad que el
reconocimiento de esas tenieblas le impediría tener para actuar eficazmente em su
ambiente.” (Sagrera. 1967, p.40). De fato, “na vida cotidiana, não nos apercebemos dessa
unidade de todas as coisas; em vez disso, dividimos o mundo em objetos e eventos
isolados” (Capra. 2000, p.103).

Assim, num mundo completamente preenchido por coisas dinâmicas e visíveis,


como seria possível ao homem mostrar o vazio, o nada? Essa “idéia de quantidade” não
encontrava correspondente em suas representações visuais, táteis ou mentais. O fato de ele
“não ter” era-lhe uma idéia bastante clara e facilmente transmissível para outros, o
impossível era associar essa “idéia” concreta de quantidade com outra, absurdamente
abstrata, o nada... até que surgiu o Zero.

O zero também não encontrava lugar nas reflexões dos filósofos da antiguidade, da
mesma forma que “a noção de repouso absoluto, ou inatividade estava quase inteiramente

1
Teresa Vergani é licenciada em Matemática pela Universidade de Lisboa e doutora em Antropologia.

2
ausente da filosofia chinesa” (Capra. 2000, p.34). Mas os mestres e sábios antigos
debruçavam-se sobre tudo que lhes conduzisse à compreensão do ser e do não-ser, na
busca de identificar diferenças, de estabelecer limites, de mensurar2 o real e o imaginário, o
vulgar e o maravilhoso, o tangível e o intangível.

Cronologicamente, o 1 foi o primeiro algarismo e o zero o último a compor a


escada do progresso do ser humano, um progresso que o tem levado cada vez mais
próximo do aniquilamento, do nada do qual tenta desesperadamente fugir, pois o homem é
o único ser da natureza que tem consciência que vai morrer. Essa filosofia nos remete ao
fluxo constante e universal de todas as coisas, aos ciclos que regem todas as manifestações;
e isso nos lembra a mensagem contida no símbolo do Yin e Yang: quando Yin atinge seu
ponto máximo cede lugar ao Yang; quando Yang atinge seu ponto máximo, cede lugar ao
Yin.
O zero eclodiu no momento em que o conceito de número havia atingido seu
clímax (seu ponto máximo para a época), daí necessitava sofrer uma transformação
evolutiva, um morrer e um renascer (a forma de ovo reforça a analogia). Ele marca o
momento da morte dos números e seu renascimento, reconfigurados em importância,
símbolo e significado. Na pesquisa que realizamos em 2003, com estudantes de 5ª a 8ª
série de uma escola particular em Belém, a aluna L.F. (6ª série-12 anos) apresenta uma
bem elaborada concepção quando diz que o “zero é o começo de tudo, não só dos números,
mas de tudo, pois tudo começa do zero, o que não começa do zero não começa, continua”.

A mí(s)tica origem do Zero


Lawlor (1996, p.20), atribui um poder revolucionário ao Zero ao afirmar que “com o
zero, temos no início das matemáticas modernas um conceito numérico que
filosoficamente é enganoso e que cria uma separação entre nosso sistema de símbolos
numéricos e a estrutura do mundo natural”, e esclarece que “a orientação teológica da
mentalidade hindu não permitiu que se colocasse o zero no início das séries. O zero foi
colocado depois do 9. Não foi senão em finais do século XVI na Europa, o alvorecer da
‘idade da razão’, quando o zero foi colocado na frente do 1, permitindo assim o conceito
dos números negativos” (idem, p.19).

2
Esse medir que aqui me refiro não deve ser entendido como o conceito matemático, mas como a idéia ou
resultado que subjaz quando comparamos duas coisas.

3
O fato é que, antigamente, vivia-se num ponto histórico em que magia, filosofia,
ciências, artes e religião ainda não haviam se separado. Era uma época em que o mito
predominava sobre a razão e desempenhava a função de suporte “científico” 3. O que há
entre o mito e o zero é que ambos são criações culturais, como são os sistemas de
numeração ou uma manifestação artística. Porém, “foi o zero que tornou nossos numerais
chamados arábicos práticos, e revolucionou o uso dos números. É estranho que a
descoberta de um ‘nada’ pudesse ter tamanha repercussão mundial; e ainda mais estranho
que tantos matemáticos de renome nunca viram esse ‘nada’” (Asimov.1989, p.20).

A (r)evolução do nada
A maioria dos historiadores da Matemática afirma que o surgimento do O, como
símbolo matemático para representar o algarismo ausente numa notação numérica, não
parece ser prerrogativa de um único povo. Seu germe, e mesmo sua representação, estavam
presentes em diversas culturas4. Para Asimov (op.cit., p.19), “a grande inovação hindu foi
o invento de um símbolo especial para a fileira não tocada do ábaco”, mas segundo Kaplan
(2001, p.30), “provavelmente foram os gregos sob o domínio de Alexandre que
descobriram o papel crucial do zero na contagem, quando invadiram o que restara do
império babilônio em 331 a.C. e levaram o zero consigo...”.

Ochmann (2002, p.59) informa que “as 2400 lousas de argila, guardadas nos Museus
das Antiguidades, em Istambul, (...) tratam da observação dos céus e da doutrina sobre
corpos celestes; antecipam o ‘Teorema de Pitágoras’ e sistemas algébricos, o decimal
(grifo nosso) e o sexagesimal”, passando a coroa de louros para os Sumérios (c. 1800 a.C.).
Essa também parece ser a opinião de Georges Ifrah (2001, p.11) para quem “o inventor do
zero, escriba meticuloso e preocupado em delimitar um lugar numa série de algarismos
submetidos ao princípio da posição, provavelmente nunca teve consciência da revolução
que tornava possível”. De fato, foi o zero que tornou possível imaginar o quase infinito,
ou seja, números absurdamente grandes como o Gugol5 (Kasner & Newman. 1968, p.31).
É surpreendente que Arquimedes (287-212a.C), sem essa ferramenta matemática, fosse
capaz de trabalhar com quantidades astronômicas e calcular que a cifra de 1063 grãos de

3
Aqui trabalhamos com a idéia de que o mito representa explicações do período tumultuoso e confuso da
origem de todas as coisas imaginadas ou percebidas pelos sentidos físicos do Homem
4
Confira os desenhos no início deste artigo.
5
O número 1 seguido de 100 zeros ou, dizendo de outra maneira, o número 10 elevado a 100.

4
areia poderia encher o Universo! A existência do zero permitiu, igualmente, a compreensão
de quantidades infinitamente pequenas, números tão próximos do conceito de nada, que
possibilitou o estabelecimento de que existiam partículas extremamente diminutas, algo
inconcebível antes do zero. Tal raciocínio deu margem não somente ao avanço da ciência
moderna como ao próprio surgimento da Física quântica e relativista.

Ocultando o vazio
Parece-nos surpreendente que matemáticos como Pitágoras (séc. VI a. C) e seus
discípulos pudessem, a partir da relação entre os lados de um quadrado de lado 1 e sua
diagonal, de demonstrar que não existe um número racional cujo quadrado seja 2 (e assim
estabelecer as relações que levaram a descoberta dos números irracionais), mas não fossem
capazes de perceber o espírito do zero pairando sobre tudo. Tais revelações fizessem a
escola de Pitágoras ficar ameaçada? Talvez, mas para nos o espírito do zero já habitava
entre os povos antigos, sem agradar nem a gregos nem romanos, pois estava
substancialmente presente mas não era enxergado! Veja-se, p.ex. que “o algarismo romano
para o milhar” era “figurado por um círculo (grifo nosso) cortado por um traço vertical
( )” (Ifrah. 2001, p.202). Então, porque esse espírito não conseguiu manifestar-se numa
forma visível como um símbolo? E mais, se eles já conheciam a correspondência
biunívoca, por que não alcançaram a idéia de que o vazio/nada representava a situação
única e original em que o conjunto está sem elementos?

Sobre essa ausência do zero Kaplan (2001, p.38) apresenta uma possibilidade que
não podemos descartar: “Talvez sua singular ausência dos textos gregos, em vez de mostrar que
eles não o utilizaram nem pensaram sobre ele, indiquem exatamente o contrário. O sigilo escondia
os atos da fraternidade pitagórica...” Os pitagóricos sabiam que o nada era um elemento
presente ao redor das coisas e dos números; sabiam que “o vácuo, que distingue a natureza
dos números, é o intervalo de uma unidade que existe entre cada números e o precedente
ou o sucessivo” (1971, 57). Porém, imaginemos que o Zero aparecesse como representação
do lugar vazio num número, como o valor nulo ou indicando a quantidade “nada”- lembre-
se que qualquer fração, por menor que seja, ainda pode ser dividida. Isso levaria a seguinte
questão natural: Qual é o número menor que o zero? Ou como poderia “alguma coisa ser
menos do que nada, uma vez que nada é o mínimo possível? (1989, p.22). Como poderia
existir algo “menos que um”? - e acredite, esse raciocínio perdurou até o século XVI. Além

5
disso, havia a poderosa questão religiosa da criação e do Criador, a Unidade que gerou o
Todo. Com o zero tudo isso seria derrubado! Então, poderia Pitágoras ter percebido o caos
que a existência/descoberta do zero poderia provocar na mente da população inculta e ter
mantido oculto esse ente misterioso e mágico? É provável, mas nunca saberemos.

Saber é simbolizar o espanto


O nada tem consumido demasiado tempo de muitos filósofos e pensadores, que há
séculos argumentam sobre o nada bíblico (ex nihili nihil fit - o nada não pode gerar nada)
ou sobre a existência da protomatéria, que Santo Agostinho definiu como prope nihil, isto
é, “próximo do nada” (Gardner. 1994, p.20). O nada e o infinito são as duas posições mais
extremas da mente humana. Parmênides de Eléia (501-492 a.C) falava do ser e do não-ser,
do que é e do que não é, perguntando-se: “Pode algo que não é ser?” (1974, p.45). O zero
pode!... E em que pese a enorme complexidade desse conceito e a relatividade nele
contida, parece facilmente compreendido pelos alunos que entrevistamos:

- “Eu entendo que o zero não tem valor qualquer, mas quando ele e colocado com algum
número ele começa a ter seu valor.” (5ªsérie-10 anos)
- “O zero é um número que não tem valor sosinho quando ele esta com outro ele tem
valor.” (5ªsérie-13 anos)
- “O zero é um número neutro e que não tem valor nenhum, só quando se junta com outro
número que não seja ele próprio.” (7ª série –14 anos)
- “O 0 (zero) é um número neutro em algumas ocasiões, como um 0 (zero) a esquerda, mas
se o 0 (zero), for a direita ele modifica mais ainda um número.” (7ª série – 12 anos)

A construção do conceito de zero por alguns estudantes pode atingir uma dimensão
desconcertante, mas real e lógica, transcendendo a Filosofia e a Matemática; indo além da
compreensão e importância dos números, de seu valor e de seu papel para a sociedade
moderna. O símbolo zero surge então como o não-ser que confere consciência ao ser:

- “Ele é um número que por si mesmo não vale nada, mas que ajuda muito a identificar o
valor de um número, e se ele não existisse não seria possível chegar a 10, 20, 30, 40, 50,
100, 200, 300, 400,... Porque sem o 0 os números são quase igual a uma pessoa que não
tem identidade (grifo nosso), o zero para mim é isso um número indispensável na
matemática ou em tudo que precise dela.” (7ª série – 11 anos)

Como ato de combinar idéias, de refletir e avaliar, o ato de pensar é uma função do
consciente, mas simbolizar é uma necessidade da mente. Porém, o mais extraordinário não
está, p.ex., no simples fato de ver/tocar um objeto e pensar sobre ele, mas em admitir que
este deve continuar existindo mesmo quando se está de olhos fechados. Está em saber que
algo persiste, apesar de não se poder ver ou tocar, tal como o conjunto das coisas que não

6
existem -o nada-, que de fato existe de per si (Caplan, 2001). E Lao-Tsé (VI a.C.), no Tao
Te Ching, já pregava uma noção altamente elaborada da importância do vazio que circunda
as coisas:
Trinta raios compartilham o cubo da roda;
É o buraco central que lhe dá utilidade.
Molde uma jarra com argila;
É o espaço interior que lhe dá utilidade.
Corte portas e janelas para uma sala;
São os buracos que lhe dão utilidade.
O benefício vem do que existe;
A utilidade do que não existe.

Uma quantidade de nada


Atribuir valor ao vazio/nada era uma idéia inconcebível para todas as culturas
antigas, pois o nada não era coisa, mas uma condição. Para os hindus sunya era um
adjetivo que significava vazio, deserto, estéril. Aplicava-se a uma pessoa solitária, sem
amigos (Caplan, 2001). Foi preciso acontecer uma evolução6 tanto de conceitos (cultura)
quanto da mente, para que se alcançasse a percepção do valor posicional para o zero, fosse
como um guarda-lugar da ordem vazio do ábaco ou como multiplicador. E, nesse
momento, ele excedeu seu papel de mero coadjuvante, de simples marcador, para atingir o
estrelato...

Como vimos, a presença do zero foi revelada quase concomitantemente e


isoladamente, entre os hindus, entre os maias, entre babilônios e entre os gregos; até que os
pragmáticos comerciantes árabes (c. VIII d.C.) perceberam as facilidades que o sistema
hindu oferecia para o cálculo e registro de números grandes, e introduziram na Europa
“tanto o símbolo que os indianos haviam criado para o zero quanto a própria idéia de
vazio, nulo, não-existente” (Vomero. 2001, p.56).

Os números representam idéias de quantidade, mas o zero representou inicialmente, e


provavelmente, a idéia de uma quantidade que não era representada. Isso é ou não é algo
complicado de se compreender? O zero é um número, um algarismo, um cardinal ou
todos? Malba Tahan (1999, p.45) afirma que “de início devemos ponderar que o zero é um
número que pode ser representado por um algarismo. (...) O zero, como número, tem por si
mesmo valor, que é o valor zero”. Por outro lado é correto afirmar que um número só
existe como resultado de um algoritmo e, ainda, que número é a expressão síntese de uma
6
Ou mudança de paradigma. Isso fica bem claro no livro “O nada que existe” de Robert Caplan.

7
dada quantidade, logo é finito e determinável, daí que não pode haver número
indeterminado. Dizer, pois, que o zero vale nada, que não tem valor, é atribuir-lhe uma
indeterminação como resultado e excluí-lo da categoria dos números, um erro comum e
freqüente tanto entre crianças quanto adultos. O que prova que não é tão simples assim
compreender o zero, seu valor e sua importância como ente matemático e como conceito.

Mas afinal, se o zero é o símbolo do nada, o nada existe? Lawlor (op.cit, p.20) diz
que “a ciência atual nos mostra uma contínua flutuação e alternância entre a matéria e a
energia, confirmando que no mundo natural não existe o zero”. Note-se que ele diz
“mundo natural”, daí que o zero não é criação da natureza, pois na natureza não existe o
vazio/nada. Porém, mais do que responder e afirmar, a principal função da ciência é
interrogar. Só interroga quem se espanta, e é no espanto que o conhecimento começa. Mas,
continuando com as interrogações, podemos colocar o nada como ausência de matéria e o
zero como símbolo do vazio?

O conceito mais rudimentar para matéria, que aprendemos logo no início dos anos
escolares, diz que matéria é algo que ocupa lugar no espaço, quer dizer, matéria é algo
finito que preenche o vazio. Vazio é um conceito atrelado ao conceito de espaço, que por
seu turno atrela-se a outro, o de matéria, que também relacionasse com outro, mais
complexo, o tempo. Matéria e espaço, então, são idéias que dependem de outra idéia, o
tempo. Assim, onde há o nada não há matéria como nos a concebemos. Por outro lado, os
conceitos matéria, nada/vazio/espaço e tempo, apesar dos avanços e conquistas nos
campos da mecânica quântica, ainda se encontram em construção.7 O zero torna-se, então,
a representação não apenas da ausência de matéria, mas também da ausência do espaço e
do tempo. A abstração atinge seu paroxismo! Para o aluno T.G.M. (8ªsérie – 15 anos)
“Zero é uma pequena pausa no tempo. Infinito é o tempo sem tempo.” Que bela imagem!

O zero e os Infinitos8
Vivemos num mundo tridimensional, por isso necessitamos de três números para
expressar as medidas das coisas, para especificar um ponto no espaço. Se usarmos dois
números apenas, entramos num universo abstrato denominado plano; se utilizarmos um
único número estamos no espaço unidimensional, na origem do plano, a linha. Assim,
7
Cf. Stephen Hawking em “Uma breve história do Tempo” e “O Universo numa Casca de Noz”.
8
Pegando emprestado o título do Trabalho de Vergani, já citado.

8
estabelecemos que “o espaço tem três dimensões, o plano tem duas, a linha tem uma e o
ponto, zero” (Freitas, 1993, p.36). Mas, um universo sem dimensões, ou mesmo
monodimensional, bidimensional ou multidimensional está fora do alcance de nossa
compreensão geométrica.

Para alcançar esse entendimento, a mente do homem deve antes atingir um estágio
búdico. É importante esclarecer que “o Buda [no Gandavyuha] não é mais aquele que vive
no mundo concebido em termos de espaço e tempo. Sua consciência não é a consciência de
uma mente comum que deve ser regulada de acordo com os sentidos e a lógica.[...] O Buda
do Gandavyuha vive num mundo espiritual que possui suas próprias regras.” (Capra, 2000,
p. 222). E para a mente humana, o conceito do interminável, do infinito, é uma das noções
mais perturbadoras, algo de cuja compreensão e entendimento estamos, atualmente, tão
distantes quanto estávamos no passado, o que levou Buda a afirmar que “o átomo não pode
compreender o Cosmo.” (1968, p.159).

Mas a mente humana, em sua incansável busca para entender e explicar o Infinito
pelo finito, fez surgir a Geometria Fractal9. Nela, a exemplo do que ocorre na física
relativista, tudo depende do ponto de vista do observador. Um belo exemplo é a curva de
Koch. “Se traçarmos um círculo ao redor do triângulo original, a curva de Koch jamais irá
além dele. Porém a curva em si é infinitamente longa” (Freitas, 1993, p.39). Por mais
absurda que possa parecer a idéia de o finito conter o infinito, pensamos que ela é
exemplarmente representada no floco de neve de Koch encerrado num círculo.

Curva de Koch

Floco de neve de Koch

Um extraterrestre, o Zero
Acima, falamos que o zero surgiu primeiro entre os hindus, para quem o conceito de
zero estava associado a idéia de vazio e que “só os hindus parecem ter tratado o zero como
um número pleno, já em 800 d.C.” (Time-Life 1995, 29), pois
Uma das razões pelas quais os hindus se sentiam à vontade com o zero é que para
eles o símbolo tinha uma conotação metafísica e matemática: assim como a
iluminação era vista como um espaço vazio, mas dinâmico e repleto de
possibilidades, o zero representava, mas podia criar outros números. As
9
Fractal (Latim fractus, quebrar), geometria criada pelo matemático Benoit Mandelbrot nos anos 60.

9
conotações de nada, não-ser e infinidade do zero ofendiam a mente racional dos
gregos (...). Os hindus, ao contrário, viam o não-ser sob uma luz positiva e não
tinham esses pruridos, perseguindo até o fim as possibilidades matemáticas do
zero... (idem, ibidem)

Dentre os hindus um caráter divino ou mágico era imanente ao zero. Parece-nos,


então, que por tal motivo, o zero foi revestido de uma propriedade anicônica, isto é, sem
representação em imagem, tal como certas divindades naturais adoradas por antigas
culturas, como certas leis matemáticas que não podem ser expressas através de fórmulas. E
isso nos remete a mais um questionamento: Não seria esse caráter místico o ponto fulcral
para que se mantivesse oculto o significado do Zero, posto que símbolo para o
conhecimento da própria essência de Deus?10 Teriam, então, atribuído ao Zero um aspecto
divino ou mágico?

Já dissemos que, cronologicamente, o 1 foi o primeiro algarismo e o zero o último a


compor a escada do progresso humano. Para nós, esse parto demorado foi devido,
provavelmente, ao fato de o zero estar associado a idéia altamente abstrata de vazio
absoluto, de nada, de vácuo, de infinito, de imóvel, de fim, de morte, de incognoscível.
Quem encerra tantos atributos senão Deus? Segundo Lawlor:

O advento do zero nos permite considerar qualquer coisa que esteja por baixo das
series de números quantitativos como nulos ou insignificantes, enquanto qualquer
coisa que esteja além da gama quantitativamente compreensível se torna uma
extrapolação, oculta sob a palavra Deus e considerada religiosa ou supersticiosa.
(idem, ibidem. p.19)
A noção de zero também teve efeito nas nossas conceituações psicológicas. Idéias
como a finalidade da morte e o medo de enfrentá-la, a separação do céu e da terra,
toda a gama de filosofias existenciais baseadas no desespero e no absurdo de que
um mundo desemboca no não-ser, todas elas muito devem à noção de zero.”
(Op.cit. p.20)

Como sabemos, para os hindus o vazio era chamado sunya (nome sânscrito do zero),
que entre os árabes foi traduzido para sifr11, que deu origem ao termo cefer, o qual, por sua
vez, fez surgir o termo latino cifra. Cifra é um vocábulo já incorporado ao léxico moderno
para representar uma quantidade não determinada, mas real e finita. Ao ser introduzido na
Europa, o zero (e o sistema decimal com ele) provocou transformações profundas na

10
Parece que os hindus seguiam na contramão dos gregos, posto que “...Sankar, com o Budismo vigente
durante certo período, estabelecesse o vazio como presença fundamental...” (Lawlor,1996, p.21)
11
Sifr existia no Alcorão para designar “livre, ou melhor, vazio” (Malba Tahan.1999, p.37)

1
0
mentalidade vigente que afetaram desde as concepções científicas e religiosas até as mais
mundanas, como os cálculos que envolviam as transações cotidianas. Essas transformações
deram origem a reações extremas, como a de “algumas ordens monásticas” que decidiram
“proclamar que o zero era uma invenção do Diabo” (Lawlor, op.cit. p.18).

As primeiras manifestações científicas do homem tem a ver com as observações


astrológicas, e encontramos no excelente trabalho de Horst Ochmann12 referências que
colocam a Astrologia como surgida entre os Sumérios (c. 4.000.a.C.) e o primeiro sistema
matemático do qual se tem notícia. Para Ochmann (op.cit. p.160), seria “natural” se as
bases de um sistema matemático emergente entre povos primitivos, tivesse correlação com
a anatomia humana13: base 2 (mão/pé); base 10 (dedos) e base 20 (todos os dedos). Porém,
curiosamente o sistema sumério tinha por base o número 6014. Base 60?! Esse espanto é
justificável, pois é “impossível idear um sistema computacional, de alta complexidade, sem
um plano muito bem elaborado” (Otto Neugebauer, apud Ochmann. p.161).

Ochmann desperta mais ainda nossa curiosidade e espanto quando demonstra o


hibridismo do sistema ‘base 60’, informando que nesse sistema os números prosseguem
entre 1 e 59 a maneira do sistema decimal e “depois de 59, a série ascende de ‘60 em 60’
(...). A seqüência de ambas as séries apresenta uma surpreendente omissão: não existe
símbolo para ‘zero’!” (op.cit. pp.162-3). A evidência de que a mais de 4.500 anos antes da
era cristã havia um avançado saber matemático, um complexo sistema de notação e
contagem15 indica que aquela civilização possuía desenvolvido o conceito de zero (como
guarda-lugar); mas então, porque não lhe deram uma representação simbólica? Ochmann
apontam para a hipótese de “Civilizadores extraterrestres” (sic) interferindo na evolução
humana. Será o 0 um símbolo extraterrestre? Há muito ainda que se descobrir sobre o zero!

O círculo era a representação que os primitivos faziam para a natureza, era um ícone
para a idéia de um todo único. Segundo Lawlor (1996, p.21), “a unidade original,
representada por um círculo, se reafirma no conceito da ‘real idéia’, o pensamento de
Deus, que os hindus chamavam bindu ou semente, o que nós denominamos por ponto
12
Cf. O Instinto Geométrico: o processo astrológico a partir de Kepler.
13
Georges Ifrah (2001, p.33) traz uma ilustração que mostra como os papua da Nova Guiné utilizavam a
técnica corporal de contagem, simplesmente tocando partes do corpo.
14
A esse respeito veja-se Ifrah (1997 p.186-90).
15
Veja as possibilidades contidas nos divisores de 60: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 10, 12, 15, 20 e 30.

1
1
geométrico.” Ora, observado à distância tudo e qualquer coisa pode ser um ponto, seja um
homem, um planeta ou uma galáxia!16 Para os sábios e místicos das grandes civilizações do
passado, tudo tinha origem num centro divino, um ponto sagrado de onde tudo partia. Para
os pitagóricos era o Um; já os hindus acreditam que o centro de tudo está no mítico monte
Meru e entre os maias a gênese tinha origem num ponto onde nada existia. Para outra
magnífica cultura, os astecas, o centro era tão importante quanto os quatro pontos cardeais.
Esse foco central era Xiuhtecutli, deus do fogo, que correspondia ao quinto ponto cardeal.
Como podemos perceber o ponto - o zero - simboliza(va) as forças e energias condensadas
do universo que a tudo originaram.

Esses conceitos se opõem a idéia instituída pelo milenar “provérbio hermético que
todas as coisas existiram a partir do Um, pela meditação do Um” (Vergani, 1991, p.128).
“A Mônada, ou o número Um, representa tudo o que não pode ser dividido” (Bayard, 1993,
p.51). E sendo “Deus, princípio e o fim de todas as coisas, é indivisível por essência.”
(idem, ibidem), daí porque é associado ao 1. O mesmo pensava Platão, Sócrates e os
pitagóricos, que conferiam ao 1 o atributo de ser a essência de todas os números, pois teria
dado origem aos demais pela partição de si mesmo; similar ao que está no Gênesis (I,1):
“No princípio Deus (o 1) criou os céus e a terra (os muitos)”. Note-se que “na cabala, o
Deus Transcedental se chama AYN. AYN significa em hebraico ‘nada’(...) Deus é o Nada
Absoluto” (Halevi. 1997, p.5). Alie-se a isso o fato de que o círculo é um dos símbolos
mais antigos associados à figura feminina e a idéia de proteção. Assim, o mais apropriado
seria conferir os atributos divinos ao Zero, pois este sim não pode ser divisível por nenhum
outro e nem por si próprio, e nele está contida a idéia de princípio e fim, de cheio e vazio.

A deusa Maya e o deus Zero


Pitágoras, o primeiro a relacionar os números com o Universo manifestado, partiu do
princípio que tudo tem uma forma, um peso e uma medida, e tudo que contribuísse para
modelar a forma, continha o conhecimento de sua existência. Assim, reduzindo tais
elementos as proporções numéricas, o resultado representaria o conhecimento almejado.
Para os gregos a percepção da realidade estava na mente [Platão (428-347 a.C) e os
idealistas]; para os chineses a realidade era cíclica e apresentava padrões distinguíveis em
suas mudanças, a isso chamavam Tao, ou o caminho. Para os hindus a idéia de que a
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Para quem tem dúvida “a teoria inflacionária diz que o universo surgiu do nada há 15 bilhões de anos,
como uma partícula 1 bilhão de vezes menor que um próton” (Moraes, 2002, p.70).

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realidade está em permanente mutação aparece contida no conceito de que esse mundo
fenomênico, o mundo dos sentidos, é o “mundo de Maya”. Maya, deusa da Ilusão, lembra
que tudo obedece a ciclos e que todas as coisas são mutáveis.

Na visão hindu este mundo está cheio de nada, de aparências e ilusão, de


relatividades. Sendo este um mundo necessariamente onde tudo se move, o tempo é
fundamental, mas Einstein dizia que o tempo é uma ilusão, e a mecânica quântica parece
indicar que a realidade concreta possui uma contrapartida irreal, ilusória (maya). Os
orientais concebiam e expressavam o mundo baseado na dualidade, na existência de
opostos, conceitos adotados até hoje. Então, em oposição à ação temos a reação; ao
positivo deve haver o negativo17; ao Bem, o Mal; ao material deve haver o imaterial; ao
ínfero, o súpero; ao Caos, o Cosmo; ao cheio, o vazio. Eis o germe do zero repousando
como a larva em seu casulo, como semente que aguarda a umidade fecundante. Talvez
mesmo eles já apontassem para um conceito de zero muito anterior as outras culturas.

A herança de Pitágoras também trazia o vazio/nada como um elemento real e


necessário para que houvesse não somente a separação como também a distinção entre as
coisas. Segundo Mondolfo (1971, pp.56-7), para os pitagóricos “o vácuo permite distinguir
as naturezas dos corpos, por ser o vazio uma separação e distinção das cousas colocadas
uma após a outra, e estes dizem que isto acontece, antes de tudo, nos números, uma vez
que o vácuo distingue a natureza dos mesmos”. Lawlor (1996, p.18) informa-nos que
“Aristóteles e outros mestres gregos tinham se referido ao conceito do zero
filosoficamente, mas as matemáticas gregas, fundadas como estavam nos ensinamentos
pitagóricos dos egípcios, resistiram a incorporação do zero em seu sistema”.

Anaxágoras - diz-nos Nietzsche (1974, p.47)- pregava a doutrina “de que tudo
nasce de tudo”, ou seja, que o nada não pode dar origem à coisa alguma, o que está em
conformidade com as mais recentes descobertas da mecânica quântica, onde o nada é o
vácuo e o tudo é o Universo: “Nada é capaz de determinar o destino de tudo. Assim como
está escrita, a frase pode soar trivial, mas substitua as palavras ‘nada’ e ‘tudo’,
respectivamente por ‘vácuo’ e ‘Universo’ e teremos uma das mais profundas afirmações
que podemos estar prestes a confirmar” (Scientific American, 2003, p.37).
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Uma lógica para o surgimento dos números negativos, tornada possível somente após a incorporação do
zero ao conjunto dos números naturais.

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Zero: “lona” ou o Tao?
Esvaziar, tirar a matéria contida num lugar, era algo que o homem percebia
claramente, desde seus primórdios. Sabia os aspectos práticos e as vantagens do vazio.
Uma “casa” vazia, um “lugar” vazio são idéias presentes em todos os jogos de tabuleiro.
Alguns jogos, que datam de 1.500 a.C., utilizava nove buracos (nine holes), que eram
preenchidos por uma pedrinha. Outros jogos de tabuleiro (china, c. 2.500 a.C.) tinham a
mesma estrutura (Pennick, 1992). Os buracos vazios estavam ao seu redor ou ele os
construía com algum objetivo concreto e real (os túmulos são um exemplo), logo a idéia do
zero sempre esteve presente. No jogo de palitinhos conhecido como porrinha, a mão aberta
e estendida sem palitos, ou seja, vazia, é denominada de “lona”. E a antiga expressão
“Estou na lona!” tem o mesmo significado de outra moderna e atual, conforme nos mostra
a aluna R.F:
“No meu conceito a palavra zero pode ter muitos sentidos; um deles é o numeral
(0,1,2,3...) LOGICO! Também pode ser usado como expressões, gírias como: “Pó,
hoje eu estou zerada” (sem dinheiro).” (16 anos – 8ª série)

É surpreendente essa capacidade da mente humana de simbolizar e atribuir “muitos


sentidos” para aquilo que ela não pode apreender de todo. É o que chamamos de formas de
representação. Em matemática o tudo e o nada são expressos em termos de O para este, e
Xn+1 para aquele. A forma e o significado guardam relações fundamentadas na lei das
correspondências ou analogias, que devem ser aprendidas pela mente do indivíduo, porém
é tão impossível para a mente humana normal conceber o vazio quanto o é conceber o
infinito pleno e preenchido. É curioso observar que o conjunto dos números naturais pode
ser indicado de duas maneiras, N e N*. O primeiro símbolo representa os infinitos números
naturais e o segundo simboliza o mesmo conjunto sem o zero, donde se conclui que o zero
não é natural.

Quando acrescentamos o zero aos naturais (1, 2, 3, 4, 5,...) este passa a se chamar
Conjunto dos Inteiros Positivos. Por que essa distinção? E ao integrar esse conjunto, o zero
torna-se a origem de outro conjunto, os Inteiros Relativos (os números negativos), que
surgem como uma contrapartida do conjunto dos números positivos; o zero passa a ser o
umbigo dos números reais.

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Considerações finais
Na pesquisa que realizamos com alunos de 5ª a 8ª séries, a cardinalidade do zero não
foi percebida por eles, e dentro de uma perspectiva construtivista isso pode ser um indício
de problemas que envolvem não apenas a transmissão de conteúdos como também a
seleção e a ênfase ao que o professor deseja transmitir. Percebemos ainda, ao analisar as
respostas dos alunos, que ao contrário da idéia de infinito, o conceito de zero ainda se
encontra muito confuso e indefinido em suas mentes. Eles aparentam possuir uma melhor
compreensão (ou mais facilidade de conceituação) do Infinito do que do Zero.

Podemos supor, pela impossibilidade da existência material de uma representação


gráfica ou símbolo para o zero até o século VI ou VII, que o homem não tinha capacidade
mental para dar forma a essa idéia, ou que para isso acontecer foi imprescindível o
desenvolvimento de processos cognitivos demasiados lentos, por conta dos necessários
estágios de ordem cerebral, psicológica, filosófica, cultural, lingüística, coletiva e
individual que o ser humano deveria passar até a sistematização do zero. Noutras palavras,
era necessário que houvesse uma mudança de mentalidade, de paradigma, para que se
estabelecessem as bases de aceitação do zero como ente matemático real e como símbolo
do nada, do vazio; a ponto de possibilitar a inquietante indagação formulada por Robert
Kaplan (2001, p.201) no capítulo final de seu livro: “(...) como uma coisa tão esquisita
como o conjunto do que não existe pode existir?”

Para nós, o parto demorado do zero foi devido ao fato dele estar associado a idéia,
altamente abstrata, de vazio absoluto, de nada, de incognoscível, de vácuo, de infinito, de
imóvel, de fim, morte e de Deus. Acreditamos que a existência do zero permitiu não
apenas que o homem pudesse representar/ler/compreender números tão próximos da idéia
de infinito e de nada - quantidades infinitamente grandes ou infinitesimais -, mas também
que seu surgimento foi capaz de permitir o mais significativo avanço na escalada humana
rumo a sua origem. Quem eu sou? De onde vim? Para onde vou? São perguntas sempre
feitas e que se relacionam com o zero na exata medida em que buscam o Criador escondido
no Ovo Cósmico, no Zero.
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