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O documento discute o direito penal juvenil no Brasil. Argumenta que o Estatuto da Criança e do Adolescente já estabeleceu um sistema de responsabilização penal juvenil no país, com sanções de caráter pedagógico e retributivo. Defende que o sistema de atendimento a adolescentes infratores precisa ser reavaliado à luz do direito penal juvenil, podendo revisar o limite máximo de privação de liberdade. Conclui que não se deve desperdiçar as garantias dadas pelo ECA, retrocedendo com propostas de
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Direito Penal Juvenil (João Batista Costa Saraiva).pdf
O documento discute o direito penal juvenil no Brasil. Argumenta que o Estatuto da Criança e do Adolescente já estabeleceu um sistema de responsabilização penal juvenil no país, com sanções de caráter pedagógico e retributivo. Defende que o sistema de atendimento a adolescentes infratores precisa ser reavaliado à luz do direito penal juvenil, podendo revisar o limite máximo de privação de liberdade. Conclui que não se deve desperdiçar as garantias dadas pelo ECA, retrocedendo com propostas de
O documento discute o direito penal juvenil no Brasil. Argumenta que o Estatuto da Criança e do Adolescente já estabeleceu um sistema de responsabilização penal juvenil no país, com sanções de caráter pedagógico e retributivo. Defende que o sistema de atendimento a adolescentes infratores precisa ser reavaliado à luz do direito penal juvenil, podendo revisar o limite máximo de privação de liberdade. Conclui que não se deve desperdiçar as garantias dadas pelo ECA, retrocedendo com propostas de
Quando o debate poltico e jurdico gira em torno da questo da responsabilidade penal juvenil, da criminalidade juvenil e da delinqncia na adolescncia, imediatamente o foco conduzido para a questo do rebaixamento da idade penal. H, hoje, no Congresso, mais de uma dzia de propostas de Emenda Constitucional neste sentido, inobstante ser sabido que a regra insculpida no art. 228 da CF se constitui em clusula ptrea. No debate que se trava, no meio jurdico, emerge com clareza, em um extremo os partidrios da Doutrina do Direito Penal Mximo, idia fundante do movimento Lei e Ordem, que imagina que com mais rigor, com mais pena, com mais cadeia, com mais represso em todos os nveis, haver mais segurana. No outro extremo os seguidores da idia do Abolicionismo Penal, para quem o Direito Penal com sua proposta retributiva faliu, que a sociedade deve construir novas alternativas para o enfrentamento da criminalidade, que a questo da segurana essencialmente social e no penal, etc. etc. Em meio a estes extremos que se opem h a Doutrina do Direito Penal Mnimo, que reconhece a necessidade da priso para determinadas situaes, que prope a construo de penas alternativas, reservando a privao de liberdade para os casos que representem um risco social efetivo, buscando nortear a priso por princpios como o da brevidade e o da excepcionalidade, havendo clareza que existem circunstncias que a priso se constitui em uma necessidade de retribuio e educao que o Estado deve impor a seus cidados que infringirem certas regras de conduta. Na verdade, entre os direitos fundamentais h o direito punio, possibilidade de expiao, tanto que comum, na linguagem carcerria, a expresso dos detentos de estar ali pagando. De certa forma, parece insuportvel a idia do estar devendo, da por que o pagar encarado com natural acatamento, sendo justa e proporcional a retribuio. Subtrair-se do adolescente a possibilidade de remir sua culpa, sob o argumento de que no teria responsabilidade penal juvenil, ser a desconsiderao completa de sua condio de sujeito de direito. A renovao do superado conceito de incapacidade. Ao menos desde o advento da Conveno das Naes Unidas de Direito da Criana, cuja verso brasileira resultou no ECA - Estatuto da Criana e do Adolescente (Lei 8.069/90), o chamado paradigma da incapacidade do menor foi rompido, reconhecendo-se na criana e no adolescente o status de sujeito de direitos, pessoa em peculiar condio de desenvolvimento, titular de certos direitos e correspondentes deveres. Dito tudo isso, h que se afirmar que a discusso da questo infracional na adolescncia est mal focada, com, muitas vezes, desconhecimento de causa. Ignora-se, por exemplo, que o Estatuto da Criana e do Adolescente instituiu no pas um Direito Penal Juvenil, estabelecendo um sistema de sancionamento, de carter pedaggico em sua concepo, mas evidentemente retributivo em sua forma, articulado sob o fundamento do garantismo penal e de todos os princpios norteadores do sistema penal enquanto instrumento de cidadania, fundado nos princpios do Direito Penal Mnimo. Quando se afirma tal questo, no se est a inventar um Direito Penal Juvenil. Assim como o Brasil no foi descoberto pelos portugueses, sempre houve. Estava aqui. Na realidade foi desvelado. O Direito Penal Juvenil est nsito ao sistema do ECA. A crise no sistema de atendimento a adolescentes infratores privados de liberdade no Brasil s no maior que a crise do sistema penitencirio, para onde se pretende transferir os jovens infratores de menos de dezoito anos. Esta crise, do sistema dos adolescentes, se agudiza quando os arautos do catastrofismo, sob argumentos os mais variados, at mesmo de defesa dos direitos humanos, deixam de demonstrar uma srie de experincias notveis que se desenvolvem nesta rea no Pas, passando uma falsa idia de inviabilidade do sistema, que tem, quer se goste, quer no se goste, um efetivo perfil prisional em certo aspecto, pois inegvel que do ponto de vista objetiva, a privao de liberdade do internamento faz-se to ou mais aflitivo que a pena de priso do sistema penal. Do ponto de vista das sanes h medidas socioeducativas que tm a mesma correspondncia das penas alternativas, haja vista a prestao de servios comunidade, prevista em um e outro sistema, com praticamente o mesmo perfil. O que deve ser feito, visando a preservar uma gerao que agoniza, no lan-la no fundo poo do sistema penal, igualando desiguais. O que pode e diria, deve ser feito, a imediata reavaliao do sistema infracional de adolescentes, luz, sem eufemismos, do Direito Penal Juvenil, revendo, quem sabe, o mdulo mximo de privao de liberdade, que pelo ECA foi fixado em trs anos, mas que na Alemanha pode alcanar dez anos, na Costa Rica chega atingir quinze anos, no Mxico de cinco anos, no Panam de dois anos, etc. Propondo esta discusso, alis, j h projeto de alterao do ECA no Congresso. O que no possvel que se desperdice a chance que o Estatuto da Criana e do Adolescente nos deu para construir um sistema de garantias, um verdadeiro sistema penal juvenil, que por incompetncia ou despreparo no querem ver funcionar plenamente, retrocedendo com propostas de reduo de idade de imputabilidade penal, tratando desiguais como se fossem iguais.
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