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A Aliança dos Povos da Floresta surgiu na década de 1970 como resposta dos povos amazônicos à violência e destruição causadas pelo governo militar. Organizações como a União das Nações Indígenas e o Conselho Nacional dos Seringueiros lutaram pelos direitos dos povos da floresta. Em 1989, a Aliança foi formalmente lançada para fortalecer a cooperação entre esses grupos e defender a floresta e seus povos.
A Aliança dos Povos da Floresta surgiu na década de 1970 como resposta dos povos amazônicos à violência e destruição causadas pelo governo militar. Organizações como a União das Nações Indígenas e o Conselho Nacional dos Seringueiros lutaram pelos direitos dos povos da floresta. Em 1989, a Aliança foi formalmente lançada para fortalecer a cooperação entre esses grupos e defender a floresta e seus povos.
A Aliança dos Povos da Floresta surgiu na década de 1970 como resposta dos povos amazônicos à violência e destruição causadas pelo governo militar. Organizações como a União das Nações Indígenas e o Conselho Nacional dos Seringueiros lutaram pelos direitos dos povos da floresta. Em 1989, a Aliança foi formalmente lançada para fortalecer a cooperação entre esses grupos e defender a floresta e seus povos.
Na dcada de 70 o governo militar lanou um programa ambicioso de obras e
colonizao visando a abertura de novas frentes de desenvolvimento na Amaznia. Mas com a abertura das novas estradas, pela primeira vez ligando os centros nacionais de populao e a capital com o corao da floresta, descobriu-se que a Amaznia no era o vazio demogrfico que os governantes da poca pensavam. O sculo vinte chegou para os povos da floresta com violncia, sangue e cinzas. Dezenas de povos indgenas foram assolados e devastados pela doena, as invases e a destruio dos seus recursos naturais. Comunidades extrativistas, como os seringueiros do Acre e os castanheiros do Par enfrentaram inmeros conflitos com grileiros, madeireiros e pistoleiros e muitos perderam as suas terras e at as suas vidas na luta pela terra. Os movimentos sociais da Amaznia surgem na dcada de 70 como a resposta inovadora, original e inesperada pelos planejadores oficiais -- dos povos amaznicos violncia e destruio da fronteira.
Foi na luta pela terra, pelos recursos naturais, e seus usos diferenciados pelas comunidades tradicionais, que os movimentos dos povos da floresta foram se organizando e se aproximando. Em 1980 duas reunies de pouco mais de quarenta lideres indgenas fundaram a Unio das Naes Indgenas. Essa primeira organizao, independente de representao nacional dos povos indgenas, preocupou muito o governo militar, que chegou a entrar na justia contra o uso das palavras naes indgenas na sigla. Somando a experincia de dezenas de conflitos e lutas localizados em todo o pas, a UNI se articulou com outros setores da sociedade civil nacional, empenhados na resistncia contra o governo militar e a pela redemocratizao do pas, para dar visibilidade aos conflitos locais, outrora invisveis e extremamente desiguais, e para a reivindicao dos direitos indgenas no plano nacional. Teve, com grupos aliados da sociedade civil, uma atuao importante no avano dos direitos indgenas na Constituio de 1988 e foi o precursor da Coordenao das Organizaes Indgenas da Amaznia Brasileira (COIAB), que hoje representa 165 povos indgenas e 75 organizaes regionais.
Foram os seringueiros do Acre que lideraram a mobilizao dos extrativistas. Era inicialmente um movimento espontneo de resistncia contra a pistolagem, expulses e ameaas que sucederam a abertura da estrada 317 no vale do Rio Acre e a venda dos antigos seringais para pecuaristas do sul, porm, com o surgimento de lideres como Wilson Pinheiro (assassinado em 1980) e Chico Mendes (assassinando em 1988), conquistou espao no movimento sindical. Atravs dos empates manifestaes pacficas dentro da floresta para parar o desmatamento e preservar a posse dos seringueiros, o movimento passou a impedir a expanso descontrolada da fronteira e forar a interveno do governo nos conflitos. Logo no incio, contaram com a participao de ndios mais prximos ao movimento nos empates.
Em outubro 1985, com apoio da UNB e organizaes da sociedade civil, os sindicatos dos seringueiros do Acre convocaram o primeiro encontro nacional dos seringueiros em Braslia, reunindo representantes de comunidades extrativistas de cinco estados da Amaznia. Nesse encontro, foi criado o Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS). Chico Mendes, e um grupo de seringueiros e assessores, formularam a proposta da Reserva Extrativista. Perante a experincia da violncia e destruio do modelo oficial do desenvolvimento reinante na fronteira, os seringueiros desenvolveram uma proposta original para que as suas formas de uso da terra e conhecimento dos recursos naturais, tidos como atrasados e fadados a desaparecer, com o devido reconhecimento dos seus direitos fundirios, acesso aos servios sociais, e investimento na economia florestal, pudessem se transformar numa alternativa de conservao e desenvolvimento sustentvel. Com base na proposta da Reserva Extrativista, conceituada desde o incio como anloga a Terra Indgena, os seringueiros comearam a se articular com o movimento nacional e internacional ambientalista, chamando ateno para as repercusses globais das suas lutas localizadas pela defesa da floresta.
Em 1987, o ento coordenador da UNI, Ailton Krenak, o primeiro presidente do CNS, J aime da Silva Arajo, e o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, Chico Mendes, fizeram um evento pblico em So Paulo para discutir a proposta da criao da Aliana dos Povos da Floresta, enfocando os paralelos entre suas experincias e lutas e a importncia de construir uma aliana efetiva. Deram depoimentos para a Comisso Bruntland das Naes Unidas, que subsidiariam a organizao da Eco-92, a conferncia internacional sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentvel realizada pela ONU, no Rio de J aneiro, em 1992. Em fevereiro de 1989, meses apos o assassinato do Chico Mendes, a Aliana dos Povos da Floresta foi lanada no Primeiro Encontro Nacional dos Povos da Floresta e Segundo Encontro Nacional dos Seringueiros, no Rio Branco do Acre. A Aliana deu respaldo a dezenas de colaboraes entre ndios e seringueiros em conflitos com grileiros e madeireiros no Acre e gestes conjuntas das duas organizaes no plano nacional na reivindicao pelos seus direitos e defesa das suas propostas alternativas. A Aliana deu inicio e liderou a mobilizao que resultou na criao do Grupo de Trabalho da Amaznia, que hoje conta com 623 organizaes em todos os estados da Amaznia.
Hoje, perante quase 20 anos de conquistas, mas enfrentando ameaas de propores inditas, como os efeitos da mudana climtica na floresta e as foras econmicas da globalizao, a COIAB, CNS, e o GTA vem a necessidade de se rearticularem, fazer a reflexo e avaliao dos seus histricos coletivos e sobre a conjuntura atual, e propor caminhos que possam levar a elaborao e implementao de polticas que possam avanar na busca de melhoria de qualidade de vida desses povos, e preservao das florestas. Por essa razo, foi que um grupo de lideranas do CNS, GTA e COIAB, reunido em Santarm, em maro de 2007, tomou a deciso de re-articular a Aliana dos Povos das Florestas e num segundo encontro, realizado no final de abril de 2007, em Manaus, a mesma liderana, juntamente com pesquisadores e instituies deliberaram pela realizao do Segundo Encontro dos Povos das Florestas, tendo como enfoque principal o problema das mudanas climticas e a implantao de polticas que compensem os povos das florestas pelos servios prestados ao ecossistema pela ocupao secular de tais povos.
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