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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

ASPECTOS DE PROJETO, EXECUÇÃO E COMPORTAMENTO DE


CORTINAS ATIRANTADAS.

Tomaz Turcarelli

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade
Federal de São Carlos como parte dos
requisitos para a conclusão da
graduação em Engenharia Civil

Orientador: Prof. Dr. Roberto Chust Carvalho

São Carlos
Dezembro de 2013
2
3

DEDICATÓRIA

Ao Grande Arquiteto do Universo e aos que enxergam na


engenharia civil uma arte expressa através da técnica
4

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Chust por ter aceitado ser orientador de um tema desafiador e por mostrar de
forma simples a beleza da engenharia de estruturas nas disciplinas de concreto armado e
protendido.
A Profa. Dra. Teresinha por ter apresentado de forma clara e fascinante a engenharia
geotécnica durante a graduação e pelas valorosas e longas conversas.
Ao Prof. Dr. Jasson, por ter aceitado participar da banca em um momento de necessidade e
de forma tão receptiva.
Ao Prof. Dr. Fernando Portelinha, pelas sugestões, conversas e bibliografia disponibilizada.

Aos meus pais, irmãos, amigos e colegas que direta e indiretamente tornaram possível a
conclusão da graduação em engenharia civil.
5

RESUMO

Neste trabalho são desenvolvidos os principais aspectos necessários para execução


e projeto de cortinas atirantadas. As cortinas atirantadas são um tipo especial de contenção
que difere das contenções comuns, pois os tirantes interagem diretamente com o solo,
fazendo com que esse participe como elemento resistente. Inicialmente é fornecida uma
visão geral e é caracterizado os tirantes, para que, nos capítulos a frente possa ser tratado
de maneira mais detalhada o método executivo, o processo de projeto e o estudo do
comportamento dessas estruturas.

Palavras-chave: Tirantes, Cortinas Atirantadas, Contenções.


6

ABSTRACT

In this work the main aspects necessary for project execution and cable-stayed
contentions are developed. The Tied-back Walls are a special type of restraints that differs
from the common retaining because the anchor interacts directly with the soil, participating
as resistant element. Initially an overview is provided and is characterized anchors, so that in
the chapters forward can be treated in more detail about the executive method, the design
process and the study of the behavior of these structures.

Key-words: Anchor, Tied-back Walls, Restraints.


7

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 11
1.1 Apresentação do problema ................................................................................... 11
1.1.1 Importância do projeto no contexto atual ............................................................. 11
1.2 Objetivos ................................................................................................................. 12
1.2.1 Detalhamento dos objetivos ................................................................................. 12
1.3 Justificativa ............................................................................................................. 12
1.4 Metodologia............................................................................................................. 13
2 ASPECTOS GERAIS SOBRE CORTINAS ATIRANTADAS ......................................... 15
2.1 Cortinas Atirantadas .............................................................................................. 18
2.2 Componentes do Tirante ....................................................................................... 18
2.3 Classificação dos Tirantes .................................................................................... 19
2.4 Comparação com outros tipos de contenção quanto ao comportamento ..... 22
3 PROCESSO EXECUTÍVO DOS TIRANTES ................................................................... 25
3.1 1ºEtapa - Montagem ............................................................................................... 26
3.2 2ºetapa – Perfuração .............................................................................................. 26
3.3 3ºetapa – Introdução do tirante e preenchimento da perfuração ..................... 28
3.4 4ºetapa – Injeção da nata de cimento do bulbo .................................................. 29
3.5 5ºetapa – Ensaios de Protensão. .......................................................................... 31
3.6 6ºetapa – Protensão e Incorporação. ................................................................... 32
3.7 7ºetapa – Preparo da cabeça................................................................................. 33
4 PROJETO DE CORTINAS ATIRANTADAS ................................................................... 34
4.1 Introdução ............................................................................................................... 34
4.2 Concepção e Pré-dimensionamento .................................................................... 36
4.3 Verificação da Estabilidade Global (ou Externa do maciço) ............................. 38
4.3.1 Método de Costa Nunes e Velloso (1963) ........................................................... 40
4.3.2 Método Brasileiro de Atirantamento (1957) ......................................................... 42
4.4 Verificação da Estabilidade Local (ou Interna do maciço) ................................ 44
4.4.1 Método De Kranz .................................................................................................. 44
4.5 Dimensionamento do Comprimento do trecho livre .......................................... 51
4.6 Determinação dos Carregamentos (na cortina) ................................................. 53
4.6.1 A Determinação do Empuxo ................................................................................ 53
4.6.2 Pricipais influências sobre a determinação do empuxo ...................................... 55
4.6.3 Processo de execução e sua influência no empuxo .......................................... 55
4.6.4 Número de níveis de escoramento/atirantamento e sua influência no empuxo . 58
4.6.5 Rigidez da estrutura e sua influência no empuxo ................................................ 63
4.6.6 protensão dos tirantes e sua influência no empuxo ............................................ 66
4.6.7 Cálculo Prático (empirico e simi-empirico)........................................................... 67
4.7 Determinação dos Esforços Solicitantes (na cortina e nos tirantes) .............. 73
4.7.1 Escolha do número de tirantes ............................................................................ 73
4.7.2 Cálculo Prático das solicitações – Área de influência ......................................... 74
8

4.7.3 Cálculo Prático das solicitações – Cálculo hiperestático..................................... 75


4.8 Dimensionamento da seção de aço ..................................................................... 79
4.9 Dimensionamento do bulbo de Ancoragem ....................................................... 82
4.9.1 Método da NBR 5629:2006 .................................................................................. 83
4.9.2 Método de Costa Nunes ....................................................................................... 84
4.10 Dimensionamento da cortina (ELU e ELS) .......................................................... 85
4.10.1 Verificação da punção (na cortina) .................................................................. 86
5 ASSUNTOS COMPLEMENTARES................................................................................. 87
5.1 Ensaios nos tirantes .............................................................................................. 87
5.2 Ensaios de Protensão ............................................................................................ 88
5.2.1 Procedimento do ensaio de QUALIFICAÇÃO: .................................................... 88
5.2.2 Apresentação dos resultados do ensaio: ............................................................. 89
5.2.3 Aceitação do tirante: ............................................................................................. 92
5.2.4 Procedimento do ensaio de RECEBIMENTO: ..................................................... 92
5.2.5 Apresentação dos resultados do ensaio: ............................................................. 94
5.2.6 Aceitação do tirante: ............................................................................................. 95
5.2.7 Procedimento do ensaio de FLUÊNCIA: ............................................................. 95
5.2.8 Apresentação dos resultados do ensaio: ............................................................. 96
5.2.9 Aceitação do tirante: ............................................................................................. 97
5.3 Processos construtivos da cortina ...................................................................... 98
5.4 Uso do subsolo e problemas com vizinhança .................................................. 101
5.5 Durabilidade e Proteção dos tirantes ................................................................ 102
5.6 Patologias e Problemas executivos ................................................................... 105
6 CONCLUSÕES E SUJESTÕES DE PESQUISA .......................................................... 109
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 110
8 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR ............................................................................. 112
9 APÊNDICE 1 – APRESENTAÇÃO DO TCC À COMISSÃO JULGADORA ............... 114
9

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1- Cortina Atirantada para contenção de corte de talude em estrada ......................... 16


Figura 2- Cortina Atirantada para contenção de face de túnel................................................ 17
Figura 3 - Cortina Atirantada para contenção de subsolo em edifício .................................... 17
Figura 4 – Cortina atirantada em encontro de viaduto ............................................................ 17
Figura 5– Esquema dos componentes de um tirante. ............................................................. 19
Figura 6 - Tirante monobarra e tubo de injeção com válvulas manchete ............................... 21
Figura 7 - Cabeça e emenda em tirante monobarra ............................................................... 21
Figura 8 - Tirantes de fios ou cordoalhas ................................................................................ 21
Figura 9 - Tirante Auto-Injetável.............................................................................................. 22
Figura 10 - Solo Grampeado e Terra Armada ......................................................................... 23
Figura 11 - Comparação entre os métodos de Contenção ..................................................... 24
Figura 12 - Montagem de cordoalhas ...................................................................................... 26
Figura 13 - Recobrimento mínimo de terreno .......................................................................... 27
Figura 14 - Perfuração.............................................................................................................. 27
Figura 15 – Perfuração de um tirante Autoinjetável ................................................................ 28
Figura 16 - Tirante Auto-Injetável pronto ................................................................................. 28
Figura 17 - Instalação do tirante dentro do furo....................................................................... 29
Figura 18 - Tirante monobarra de injeção única ...................................................................... 30
Figura 19 - Tirante de fios ou cordoalha com sistema para múltiplas injeções ...................... 30
Figura 20 - Resumo do processo executivo de tirantes .......................................................... 31
Figura 21 - Protensão do tirante .............................................................................................. 32
Figura 22 – Modos de ruptura das cortinas atirantadas .......................................................... 34
Figura 23 – Concepção e pré-dimensionamento..................................................................... 37
Figura 24– Método de Culman ................................................................................................ 40
Figura 25– Método de Costa Nunes e Velloso (1963) ............................................................ 42
Figura 26 - Método Brasileiro de Atirantamento ...................................................................... 42
Figura 27 – Cunha de ruptura na instabilidade local ou interna .............................................. 44
Figura 28 – Ancoragem com placa .......................................................................................... 45
Figura 29 – Método de Kranz ................................................................................................... 45
Figura 30 – Método de Kranz (situação 1-a) ........................................................................... 46
c) Figura 31 – Método de Kranz (situação 1-b) ................................................................... 47
Figura 32 – Método de Kranz (situação 2-a e 2-b) .................................................................. 47
Figura 33 – Método de Kranz (situação 3-a) ........................................................................... 48
Figura 34 – Método de Kranz (situação 3-b) ........................................................................... 49
Figura 35 – Método de Kranz (situação 3-c) ........................................................................... 49
Figura 36 – Método de Kranz (situação 4-a) ........................................................................... 50
Figura 37 – Método de Kranz (situação 4-b) ........................................................................... 50
Figura 38 – Método de Kranz (situação 4-c) ........................................................................... 51
Figura 39 - Comprimento livre insuficiente (á esquerda) e suficiente (á direita). ................... 52
Figura 40 – Superfícies potenciais de ruptura no maciço. ...................................................... 52
Figura 41 - Processo executivo da escavação ........................................................................ 56
Figura 42- Estabilização da base da escavação através de Bermas ..................................... 57
Figura 43 - Comportamento da Cortina com o avanço da escavação .................................... 58
Figura 44 - Comportamento da Cortina com o avanço da escavação .................................... 59
Figura 45 – diagrama de empuxo para paramentos rígidos ou flexíveis Paramento em
balanço ............................................................................................................................. 61
Figura 46 – diagrama de empuxo para paramentos flexíveis – 1 nível de tirante ou estronca
.......................................................................................................................................... 61
Figura 47 diagrama de empuxo para paramentos flexíveis – vários níveis de tirantes ou
estroncas nas fases intermediárias da obra .................................................................... 62
Figura 48 diagrama de empuxo para paramentos flexíveis – vários níveis de tirantes ou
estroncas na fase final da obra ........................................................................................ 62
10

Figura 49 – Efeito arco ou arqueamento ................................................................................. 63


Figura 50 – Diagramas de tensão para contenções multiescoradas (corte). ......................... 64
Figura 51 – Diagramas de tensão para contenções multiescoradas (planta)......................... 64
Figura 52- diagrama de empuxo para paramentos rígidos - vários níveis de tirantes na fase
final da obra ...................................................................................................................... 65
Figura 53- diagrama de empuxo para paramentos rígidos - vários níveis de tirantes nas
fases intermediárias da obra ............................................................................................ 66
Figura 54- diagrama de empuxo ara cortinas atirantadas – com consideração dos efeitos de
protensão .......................................................................................................................... 67
Figura 55- diagrama de empuxo aparente em areia - Terzaghi-Peck (1967) ......................... 67
Figura 56- diagrama de empuxo aparente em areia - Tschebotarioff (1951) ......................... 68
Figura 57- diagrama de empuxo aparente em argilas moles e médias .................................. 68
Figura 58- diagrama de empuxo aparente em argilas rijas e fissuradas ................................ 68
Figura 59- diagrama de empuxo aparente em argilas rijas- Tschebotarioff (1951) ................ 69
Figura 60- diagrama de empuxo aparente em argilas média - Tschebotarioff (1951) ........... 69
Figura 61- diagrama de empuxo aparente em argilas moles - Tschebotarioff (1951) ............ 69
Figura 62 – diagrama de empuxo para paramentos rígidos ou flexíveis – paramento em
balanço ............................................................................................................................. 70
Figura 63 – diagrama de empuxo para paramentos flexíveis – 1 nível de tirante .................. 70
Figura 64 diagrama de empuxo para paramentos flexíveis – vários níveis de tirantes nas
fases intermediárias da obra ............................................................................................ 71
Figura 65 diagrama de empuxo para paramentos flexíveis – vários níveis de tirantes na fase
final da obra ...................................................................................................................... 71
Figura 66- diagrama de empuxo para paramentos rígidos - vários níveis de tirantes na fase
final da obra ...................................................................................................................... 72
Figura 67- diagrama de empuxo para paramentos rígidos - vários níveis de tirantes nas
fases intermediárias da obra ............................................................................................ 72
Figura 68 – Definição da malha da cortina .............................................................................. 73
Figura 69 – Cálculo dos esforços por Área de Influência dos tirantes .................................... 74
Figura 70- Cálculo dos esforços através de duas vigas contínuas ......................................... 75
Figura 71- Cálculo dos esforços através de pórticos equivalentes ......................................... 76
Figura 72 – Dois níveis de tirantes:.......................................................................................... 77
Figura 73 – Dois níveis de tirantes:.......................................................................................... 77
Figura 74 – Três ou mais níveis de tirantes: ............................................................................ 78
Figura 75 – Cortinas com ficha: ............................................................................................... 78
Figura 76 - Gráficos do Ensaio de Qualificação ...................................................................... 89
Figura 77 -Gráficos para o Ensaio de Recebimento .............................................................. 94
Figura 78- Gráfico deslocamento x Tempo ............................................................................. 97
Figura 79 - Gráficos do Ensaio de Fluência ............................................................................ 97
Figura 80 - Processo construtivo da Cortina ........................................................................... 98
Figura 81 - Cortina em situação de corte e aterro ................................................................... 98
Figura 82 - Cortina em Grelha ................................................................................................. 99
Figura 83 – Método brasileiro (de cima para baixo) .............................................................. 100
Figura 84 – Seção do trecho livre de tirantes de fios ou cordoalhas – 1º Opção ................. 103
Figura 85 – Seção do trecho livre de tirantes de fios ou cordoalhas – 2º Opção ................. 104
Figura 86 - corrosão de cabeças de tirantes ......................................................................... 106
Figura 87 - percolação de água sobre o capacete da cabeça do tirante .............................. 106
11

1 INTRODUÇÃO
1.1 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA
As cortinas atirantadas são um tipo especial de contenção, contenções são
estruturas destinadas a suportar esforços horizontais, tais como empuxos de solo, assim
toda a base técnico-científica que norteia o projeto de uma cortina atirantada está
relacionada aos aspetos fundamentais da geotecnia e da engenharia de estruturas.
Cortinas atirantadas são também denominadas Cortinas Ancoradas e participam de
um conjunto particular de contenção, que são aquelas que além de resistirem ao empuxo
atuam também reforçando o maciço de solo ou de rocha. Dentre as principais estruturas
com esse princípio destacam-se três: o “solo armado”, o “solo grampeado” e a “cortina
atirantada”.
Nesse trabalho é abordado alguns aspectos importantes que devem ser levados em
conta na fase de projeto e de construção das cortinas atirantadas. Utilizando os
conhecimentos clássicos de mecânica dos solos, fundações, estruturas metálicas e
estruturas de concreto armado, pode-se a partir de algumas modificações ser elaborado um
projeto de uma cortina atirantada e proceder sua execução. O mais importante no que tange
a esse trabalho é o entendimento do comportamento desse tipo de estrutura e onde sua
aplicação é viável.

1.1.1 IMPORTÂNCIA DO PROJETO NO CONTEXTO ATUAL

As grandes obras de infraestrutura com rodovias, ferrovias, túneis e pontes exigem


que grandes volumes de cortes e aterros sejam executados, e como consequência direta
que os cortes sejam contidos. Quando o corte possui altura elevada ás técnicas correntes
de contenções se tornam inviáveis economicamente, e mesmo tecnicamente impraticáveis.
Com isso técnicas mais avançadas devem ser lançadas, e a ancoragem do terreno por
tirantes é uma delas.
Com os planos de aceleração do crescimento do governo federal e o grande volume
de obras de infraestrutura de transportes as cortinas atirantadas tendem a ser cada vez
mais usadas. No entanto dada ao pouco destaque que essas estruturas recebem nos cursos
de formação de engenheiros o número de profissionais capacitados para executar e
principalmente para projetar essas estruturas é limitado, tornando-se assim um campo
altamente fértil para pesquisa acadêmica para o desenvolvimento profissional.
12

1.2 OBJETIVOS

Organizar o procedimento de projeto de Cortinas Atirantadas de forma prática e


descrever sobre assuntos que são indispensáveis para a concepção e projeto dessas
contenções, levando-se em conta os aspectos geotécnicos, estruturais e tecnológicos.

1.2.1 DETALHAMENTO DOS OBJETIVOS

De maneira mais detalhada esse trabalho estuda:


1) Orientações para concepção e comportamento de cortinas atirantadas
(número de tirantes, espaçamento entre tirantes, comprimento e ângulo de
embutimento).

2) Traçar os Métodos executivos e aspectos de durabilidade.

3) Sistematizar os aspectos geotécnicos e estruturais a serem verificados ou


dimensionados

4) Comentar sobre o uso do subsolo e a relação com a vizinhança

5) Descrever os Ensaios Pertinentes e suas aplicações

6) Descrever as Patologias mais comuns

1.3 JUSTIFICATIVA

A necessidade de estabilizar encostas, taludes de estradas, escavações de subsolo


de edifícios, portais de tuneis fazem com que seja cada vez mais crescente a utilização de
contenções, que devem oferecer um desempenho adequado quando submetidas a esforços
horizontais, devendo apresentar pequenos deslocamentos, segurança quanto à estabilidade
de corpo rígido, quanto à ruptura do solo e dos elementos estruturais (cortina e tirantes). Em
muitos desses casos as cortinas ancoradas com tirantes representam a solução técnica
mais adequada frente a outras opções disponíveis, permitindo vencer grandes alturas com
razoável viabilidade econômica.
As contenções em cortinas atirantadas, apesar de serem facilmente vistas em obras
de contenção de taludes rodoviários, são pouco exploradas nos cursos de graduação em
engenharia civil e carecem de estudos e publicações nacionais, tornando pertinente um
estudo mais aprofundado dos métodos de execução e das peculiaridades de projetos
dessas estruturas, o que é possível se alcançar em certo nível em um trabalho de conclusão
de curso.
13

1.4 METODOLOGIA

Com o intuito de atingir os objetivos desse trabalho ele foi dividido em duas
categorias de atividades, a primeira foi a coleta de informações técnicas e acadêmicas que
envolvem o projeto, execução e o comportamento de Cortinas Atirantadas, a segunda
consiste na elaboração do corpo do trabalho dividido em quatro partes que sistematizam o
assunto, respectivamente os capítulos 2, 3, 4 e 5 desse trabalho que fazem a revisão
bibliográfica e mostram o estado da arte do assunto:
Capítulo 2: Aspectos gerais sobre Cortinas Atirantadas: trata dos aspectos
importantes que devem ser levados em consideração para a concepção da estrutura e é
feito comparações com outros tipos de contenção
Capítulo 3: Processo Executivo dos Tirantes: Nesse capítulo é explicada
detalhadamente a metodologia executiva dos tirantes.
Capítulo 4: Projeto de Cortinas Atirantadas: explica os processos de verificações
e dimensionamentos de projeto.
Capítulo 5: Assuntos Complementares: É feito considerações a respeito de
assuntos indispensáveis, mas que ficariam deslocados dentro dos temas principais, ou os
deixaria muito extensos. Questões como o uso do subsolo, ensaios, durabilidade,
comportamento da estrutura durante a escavação, execução das cortinas e patologias são
tratadas nesse capítulo.
Revisão bibliográfica realizada para organizar os conhecimentos existentes sobre o
tema e para fornecer embasamento teórico, esse trabalho consiste em um estudo de revisão
bibliográfica com o objetivo de reunir informações e sistematizar o assunto e está distribuída
ao longo dos quatro capítulos mencionados acima (2, 3, 4 e 5). O estudo da revisão
bibliográfica ocorreu ao mesmo tempo a todo desenvolvimento do corpo do trabalho.

Para o desenvolvimento do projeto de Trabalho de Conclusão de Curso foi elaborado


um cronograma onde é possível visualizar as seguintes atividades previstas.

A. Definição dos objetivos e justificativas.

B. Revisão Bibliográfica.

C. Desenvolvimento da metodologia

D. Elaboração do corpo do trabalho

E. Defesa do Trabalho de Conclusão de Curso.


14

Cronograma de Atividades.
2013
Atividade
ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

E
15

2 ASPECTOS GERAIS SOBRE


CORTINAS ATIRANTADAS
O uso de contenções ancoradas é produto de desenvolvimento da segunda metade
do século XX, e é uma técnica utilizada para obter a melhoria das características mecânicas
do terreno. Segundo Yassuda e Dias (1998) as primeiras obras executadas com essa
técnica ocorreram no Brasil e na Alemanha no final da década de cinquenta.
Atualmente no Brasil, a NBR5629: 2006 – “Execução de tirantes ancorados no solo”
regulamenta e direciona os projetos de cortinas atirantadas. Segundo essa norma o tirante é
o elemento cuja função é a de transmitir esforços de tração entre suas extremidades. Pode-
se dizer que as cortinas atirantadas são formadas de dois elementos principais: o
paramento, que é a cortina propriamente dita, cuja função é a de conter o maciço de solo ou
de rocha, o segundo elemento é o tirante, cuja função é transmitir os esforços para o
maciço. Dessa forma, projetar uma estrutura de contenção em cortina atirantada passa pela
verificação da estabilidade global da contenção e pela definição e dimensionamento do
paramento (laje), do tirante, da ligação entre o paramento e o tirante, e da ancoragem
(ligação entre o tirante e o maciço).
Diversas são as possibilidades de aplicação das ancoragens, usualmente os
diversos autores sobre o tema (ALVES, 2003; CAPUTO, 1983; MORE 2003; YASSUDA E
DIAS, 2008) dão destaques sobre aplicação de ancoragens em contenções, que é o objeto
desse trabalho. Mais detalhes sobre as aplicações podem ser obtidas em Yassuda e Dias
(1998), as principais aplicações enunciada por esse autor são: Combate a Empuxos de
Terra, Chumbadores em Maciços Rochosos, Reação em Provas de Carga, Combate á
Subpressão e Esforços de tração direta. Essa última se refere a esforços oriundos de
estruturas como torres de alta tensão e ancoragens para vigas de equilíbrio em fundações
de divisa. Os maciços rochosos não raramente possuem descontinuidades, que são unidas
pelos chumbadores que fazem o papel de “parafusos”. O combate a subpressão é comum
em escavações como piscinas e reservatórios enterrados, onde o nível da escavação é mais
baixo do que o do lençol freático. As estruturas de reação são utilizadas principalmente para
a realização de provas de carga em estacas e sapatas. Por fim, a principal aplicação dos
tirantes é na contenção e encostas e escavações combatendo o empuxo de terra.
Esse último caso em especial contribui de diversas formas para a contenção,
Yassuda e Dias (1998) evidenciam os seguintes fatores:
- A execução pode ser feita à medida que as escavações vão sendo realizadas,
trazendo segurança durante a fase de execução.
16

- A reação é obtida dentro do maciço


- A execução não exige que haja escavações além da que se procura obter para a
obra, isto é, não há necessidade de se escavar espaços para a execução que tenham de
ser reaterrados.
- a aplicação da proteção, quando for o caso, minimiza as deformações no maciço
Essas vantagens inerentes às cortinas atirantadas tornaram essa técnica cada vez
mais usual; no Brasil seu uso é mais corrente em contenções de estradas para estabilização
de taludes de cortes, contenções de faces de túneis e de subsolo para garagens em
edifícios como pode ser visto na Figura 1, Figura 2, Figura 3 e Figura 4.
Da mesma forma há aspectos negativos que também devem ser citados:
- não é possível sua reutilização como acontece com as estroncas
- pode se tornar uma interferência para a implantação de obras futuras nos vizinhos
- exige mão de obra e equipamentos especializados, não podendo ser executado por
qualquer tipo de mão-de-obra e empresa. O custo consequentemente pode ser significativo
frente a outras técnicas de contenção.
- podem causar deformações consideráveis na superfície do terreno devido a
formação do bulbo, esse problema é mais comum em terrenos argilosos quando há uma
linha vertical alinhada de tirantes.
- risco de corrosão do elemento tracionado do tirante, principalmente na região do
trecho livre e da cabeça.

Figura 1- Cortina Atirantada para contenção de corte de talude em estrada

Fonte: Autor (Rodovia Raposo Tavares – SP 270)


17

Figura 2- Cortina Atirantada para contenção de face de túnel.

Fonte: Autor (Rodovia dos Imigrantes – SP 160)

Figura 3 - Cortina Atirantada para contenção de subsolo em edifício

Fonte: Geofix Fundações (http://www.geofix.com.br/site2010/servicos/tirantes)

Figura 4 – Cortina atirantada em encontro de viaduto

Fonte: Autor (Rodovia Castelo Branco – SP 280)


18

2.1 CORTINAS ATIRANTADAS

Cortinas são contenções ancoradas ou apoiadas em outras estruturas,


caracterizadas pela pequena deslocabilidade (YASSUDA E DIAS, 1996). A pequena
deslocabilidade da estrutura é devido ao fato de haver ancoragens, este comportamento
mais rígido faz com que os esforços oriundos do empuxo do terreno sejam distribuídos de
forma diferente dos modelos usuais triangulares, a rigidez relativa solo-cortina é
fundamental na determinação dos esforços atuantes.
As cortinas mais rígidas deslocam menos, e o empuxo aproxima-se mais do empuxo
repouso e possui um diagrama retangular, as cortinas mais flexiveis deforman-se mais, e o
empuxo aproxima-se mais do ativo e o diagrama não é triangular.
O aspecto que mais difirencia as cortinas atirantadas dos demais tipos de contenção
são os tirantes protendidos, esse elemento é descrito e detalhado no item a seguir

2.2 COMPONENTES DO TIRANTE

As estruturas de contenção, de um modo geral sempre contém um elemento com


função de placa que exerce o papel do paramento. Nas cortinas ancoradas especial atenção
deve receber o elemento tirante, que é o elemento que diferencia esse tipo de estrutura das
demais tipologias de contenções. Assim segue abaixo uma descrição baseada em Yassuda
e Dias (1998) das partes constituintes de um tirante como pode ser visualizado na Figura 3.
- cabeça: tem a função de transmitir os esforços da cortina para o tirante, é
composto basicamente por placa de apoio, cunha de grau e bloco de ancoragem. A placa de
apoio transfere de forma distribuída o esforço de tração do tirante comprimindo a cortina
(tomando o mesmo papel que um capitel exerce em uma laje lisa), é normalmente composto
de uma ou mais chapas metálicas. A cunha tem a função de alinhar o eixo do tirante em
relação a cabeça e o bloco de ancoragem é a parte que trava o tirante, e pode ser em forma
de cunha denteada ou não, pode ser um sistema de parafuso e porca ou ainda um botão
(que é o travamento de tirantes formados de fios a partir da formação de um bulbo na
extremidade dos fios).
19

Figura 5– Esquema dos componentes de um tirante.

Fonte: Yassuda e Dias (1998)

- trecho livre: é o trecho do tirante cuja finalidade é a de transmitir a cargas oriundas


do empuxo na cortina para a região de ancoragem dentro do maciço a uma profundidade
além da cunha de ruptura do maciço, que segundo a NBR5629: 2006 não deve ser menor
do que 3m, Joppert Jr (2006) recomenda um comprimento mínimo de 5m, no entanto de
acordo com Yassuda e Diaz (1996) os comprimentos livre não costumam ser executados
com menos de 5m (FIGURA 4). Nesse trecho, os cabos, fios ou barras devem estar isolados
do solo, isso pode ser feito com a injeção de calda de cimento dentro de tubos plásticos, ou
com o uso de cordoalhas engraxadas.

- trecho ancorado: deve transmitir, finalmente, os esforços para o solo, isso é


realizado com a injeção de calda de cimento com pressão de forma a formar um bulbo na
extremidade do tirante cujas dimensões dependem da pressão de injeção e do número de
etapas da operação de injeção. O bulbo é subdividido dois trechos, um onde há ancoragem
do tirante na calda de cimento, e outro onde há a ancoragem da calda de cimento no solo. O
comprimento do trecho ancorado na prática costuma ser sempre maior que 5m, fazendo
com que um tirante tenha no total pelo menos 10m de comprimento

2.3 CLASSIFICAÇÃO DOS TIRANTES


De acordo com Yassuda e Dias (1998), Joppert Jr. (2007) e More (2003) os tirantes
podem ser classificados em função da vida útil, da forma de trabalho, da constituição e da
maneira como é executada a injeção de nata de cimento, a seguir é feita a descrição dessas
classes.
20

a) Quanto a vida útil: obras definitivas (mais de dois anos) e obras provisórias
(menos de dois anos), as primeiras são projetadas com coeficiente de segurança de 1,75 e
as segundas com coeficiente de segurança igual a 1,5.
b) Quanto à forma de trabalho: tirante ativo (protendido) e tirante passivo, o
primeiro domina o mercado de tirantes, o segundo é mais usado na forma de chumbadores
em rochas, sua atuação ocorre a medida a mobilização dos esforços pelo deslocamento do
maciço.
c) Quanto à constituição:
Tirante monobarra (FIGURAS 6 e 7): uma única barra compõe o elemento principal
do tirante, após o tensionado é travado a partir do giro da porca na cabeça do tirante. Nos
anos 60 e 70 era comum o uso de aço CA-50A com diâmetro de ¾” e 1.1/4”, por ser difícil
fazer a rosca atualmente tem sido preferível o uso de barras prontas com rosca com
diâmetro de 19 á 32mm com fyk de 850 MPa. O principal fabricante no Brasil é “Protendidos
DYWIDAG LTDA”.
Tirante de múltiplas barras: como o próprio nome diz se diferencia do anterior pela
quantidade de barras, que é maior que uma, não é muito comum no Brasil.
Tirante de fios: constituído de uma quantidade fios que são protendidos, mas que
permitam a passagem de nata entre si. No mercado é encontrado fios de 8 e 9mm de aço
150RN, 150RB, 160RN e 160RB, onde os aços 150RB são os mais usados, os fios de 9mm
ainda não são normalizados pela ABNT. A quantidade usada normalmente esta entre 6 e 12
unidades devido ao diâmetro do furo que gira em tono de 10 a 15 cm, atingindo uma
resistência ao escoamento de 419 KN para o 12x8mm 150RM por tirante
Tirantes de cordoalhas (FIGURAS 8): da mesma forma que o anterior são as
mesmas cordoalhas usadas para concreto protendido, sendo predominante o uso de
diâmetro de 12,5mm com aço CP190RB. Pelas mesmas razões do fios o número máximo
de cordoalhas costuma ser de 12 unidades alcançando em torno de 1040 KN de resistência
ao escoamento para o aço citado acima por tirante.
Tirantes Autoinjetáveis (FIGURA 9): uma única barra compõe o elemento principal
do tirante, após tensionado é travado a partir do giro da porca na cabeça do tirante, a
diferença principal em relação ao monobarra é no processo executivo, a barra perfuratriz do
autoinjetável é o próprio tirante. O principal fabricante no Brasil é a “Incotep Sistemas de
Ancoragem”.
21

Figura 6 - Tirante monobarra e tubo de injeção com válvulas manchete

Fonte: Joppert Jr (2006)

Figura 7 - Cabeça e emenda em tirante monobarra

Fonte: http://www.dywidag.com.br/inicio.html

Figura 8 - Tirantes de fios ou cordoalhas

Fonte: Joppert Jr (2006)


22

Figura 9 - Tirante Auto-Injetável

Fonte: http://www.incotep.com.br

d) quanto ao sistema de injeção: injeção em estágio único ou em estágio múltiplo,


a primeira é usada quando em solo de boa resistência, e normalmente com tirantes de
barras pouco solicitados, a segunda é mais utilizada nos demais casos e é executada com
tubos “manchetes e obturadores” que são tubos furados por onde sai à calda de cimento no
bulbo.

2.4 COMPARAÇÃO COM OUTROS TIPOS DE CONTENÇÃO QUANTO AO


COMPORTAMENTO

Diversas são as técnicas que estabilizam taludes, entre elas estão as das
contenções. Um segmento especial de contenções são aquelas tem elementos que
envolvem o maciço, seja solo ou rocha, e que dessa forma interferem no comportamento do
mesmo.
Quatro técnicas serão destacadas aqui: Cortinas Atirantadas, Cortinas Ancoradas,
Solo Grampeado e Terra armada. Cada uma delas possui um comportamento específico
para estabilizar taludes como é mostrado a seguir baseado em Franco (2010):
Cortinas Atirantadas: o mecanismo básico de funcionamento consiste na
transmissão do carregamento oriundo do paramento para o solo através do atrito entre o
bulbo de argamassa e o solo em uma região do maciço distante do paramento. O maciço é
estabilizado pela própria ação do empuxo, a protensão tem como principal objetivo limitar os
deslocamentos do paramento da contenção aplicando um estado de tensão de compressão
no maciço que inicia a mobilização de esforços antes da ação do empuxo.
23

Cortinas Ancoradas: o mecanismo de funcionamento é o mesmo das atirantadas,


nesse caso a diferença encontrasse no fato da armadura das anteriores serem ativas
(denominadas tirantes), aplicando um estado de tensão no terreno, nesse caso o elemento
tracionado é passivo (denominados chumbadores) e a transmissão de esforços ao solo só é
ocorre a partir do deslocamento da estrutura, ou seja, o empuxo deve deslocar o paramento
para tracionar o chumbador e esse mobilizar a ancoragem do terreno. Essa solução é
normalmente utilizada para terrenos em rocha.
Terra Armada: essa técnica consiste no reforço das propriedades mecânicas do solo
através de camadas de fitas metálicas que são colocados sobre algumas camadas de
compactação do aterro, as fitas são acopladas a placas na extremidade da face que fazem o
papel do paramento possibilitando a execução de taludes verticais de grande altura.
(FRANCO, 2010). A terra armada atua de duas formas distintas, a primeira a transmissão do
empuxo para as fitas metálicas, e a segunda forma, que a diferencia dos demais tipos de
solução, é o aumento da resistência do solo, esse amento de resistência influencia
principalmente na estabilidade Global dos elementos, uma vez que, para que seja atingida a
ruptura do maciço as fitas atreladas nas camadas de solo também serão mobilizadas. Outro
tipo de reforço de solo semelhante pode ser feito com uso geotêxtis no lugar das fitas.
Solo Grampeado: consiste em uma solução intermediária entre a terra armada e a
cortina ancorada por chumbadores. São feitos grampos (chumbadores) de argamassa sub-
horizontais com armadura passiva dentro do maciço, esses grampos são de diâmetro menor
que os chumbadores de cortinas e são em quantidade maior e não possui trecho livre, todo
o seu comprimento participa da ancoragem no solo. O objetivo de reforço do solo é atingido
devido ao grande número de grampos e ao fato de todo seu comprimento estar envolto ao
maciço, permitindo assim que o comportamento seja semelhante ao da terra armada o que
se refere ao reforço do solo. A terra armada contém uma diferença marcante entre os outros
sistemas de contenção, seu processo executivo é feito em aterros, do pé do talude para a
crista, enquanto o solo grampeado é executado em cortes e da crista para o pé do talude,
esse fato altera a deformada do paramento (FIGURA 10).

Figura 10 - Solo Grampeado e Terra Armada

Fonte: Ortigão, Zirlis e Palmeira (1993) citados em Teixeira (2011)


24

No esquema abaixo (FIGURA 11) é traçado um quadro comparativo entre a execução dos
quatro métodos expostos acima.

Figura 11 - Comparação entre os métodos de Contenção

Fonte: Adaptado de Abramento, Koshima e Zirlis (1998) citado em Mendes (2010)


25

3 PROCESSO EXECUTÍVO DOS


TIRANTES
Baseado em Joppert Jr. (2007) e na NBR 5625:2006 os tirantes são executados nas
etapas seguintes:
1ºetapa – Montagem: montagem de acordo com o projeto no que tange ao número
de fios, cordoalhas ou barras, marcação comprimento livre e ancorado no aço e proteção
contra corrosão (FIGURA 12)
2ºetapa – Perfuração: Perfuração do solo ou rocha, na profundidade e diâmetro de
projeto, manual ou mecanicamente, com uso de fluido estabilizante (água, lama ou ar
pressurizado) ou revestimento quando necessário. (FIGURA 13)
3ºetapa – Introdução do tirante e preenchimento da perfuração: é feito com nata de
cimento com relação água/cimento de 0,5, esse preenchimento se refere a bainha ou ao
tubo plástico no trecho livre ((FIGURA 15)
4ºetapa – Injeção da nata de cimento no bulbo: é feito com pressão de 2 MPa a 3
MPa através de uma mangueira até o bico de injeção com perfurações laterais(obturador).
Pode ser feita em faze única ou em múltiplas fazes de injeção;
5ºetapa – Ensaios de Protensão: devem ser realizados os ensaios de protensão a
partir do momento que a nata de cimento atingiu a resistência de projeto, na prática é feita
em sete dias para cimentos normais e após três dias da injeção para cimentos de alta
resistência inicial, os ensaios serão descritos em capítulo a parte, mas são feitos junto com
a etapa de protensão. (FIGURA 21)
6ºetapa – Protensão e Incorporação: após a aceitação nos ensaios submetidos o
tirante pode ser protendido, a protensão alinhada ao travamento da placa de ancoragem
(por encunhamento) incorpora toda a estrutura da cortina ao tirante. O carregamento
imposto na protensão corresponde a carga de incorporação que deve estar entre 80% a
100% da carga de trabalho (0,8 Ft< Fi < 1,0 Ft).
7ºetapa – Preparo da cabeça: é feita em tirantes definitivos com a concretagem do
bloco de ancoragem, após a concretagem é injetada nata de cimento no bloco de
ancoragem para preencher eventuais vazios.
De maneira mais pormenorizada segue a descrição das principais etapas de
execução:
26

3.1 1ºETAPA - MONTAGEM

Nos tirantes de fios e cordoalhas é feito o corte dos fios ou cordoalhas, posicionado
os espaçadores e passada a proteção contra a corrosão (FIGURA 12). Nos tirantes
monobarra é organizado os trechos de barras e emendas para estarem prontos para a hora
do uso. Nos tirantes auto-injetáveis é feita a pintura anticorrosiva e instalação do tricone
(ponta de perfuração) na primeira barra a ser introduzida, as demais barras são introduzidas
a medida que evoluem a perfuração, para as barras do trecho livre é aconselhável que
sejam tratadas com graxa.

Figura 12 - Montagem de cordoalhas

Fonte: Geofix Fundações (http://www.geofix.com.br/site2010/servicos/tirantes)

3.2 2ºETAPA – PERFURAÇÃO

A NBR 5629:2006 permite o uso de qualquer sistema de furação, contanto que o furo
seja retilíneo, com diâmetro, comprimento e inclinação de projeto. O processo de perfuração
deve ainda garantir a estabilidade do furo até a injeção do material aglutinante, caso o solo
ofereça risco de desmoronamento do furo, fechando a seção, a perfuração pode ser feita
revestindo o furo (tubo metálico ou PVC) ou usando um fluído estabilizante. O fluido
estabilizante se for usado, deve ser tal que não agrida o tirante nem interfira no processo de
cura e endurecimento do material aglutinante.
Outro aspecto importante recomendado pela norma diz respeito ao recobrimento de
solo em torno do tirante aconselhado ser de pelo menos 5m, isso garante a distribuição de
27

tensão no maciço, e não diz respeito em relação a distância entre tirantes mas sim nas
regiões extremas das cortinas, como mostra a Figura 13 abaixo

Figura 13 - Recobrimento mínimo de terreno

Fonte: Autor

Normalmente o sistema mais usado, no caso de tirantes de barras, fios ou


cordoalhas é com o uso de uma perfuratriz (Figura 14 ) com auxílio de água, lama ou ar
comprimido para auxiliar na limpeza e perfuração.

Figura 14 - Perfuração

Fonte: Geofix Fundações (http://www.geofix.com.br/site2010/servicos/tirantes)

Os tirantes autoinjetáveis tem um processo de perfuração diferenciado dos demais, o


equipamento perfuratriz introduz a haste no terreno e ao mesmo tempo injeta o material
aglutinante, após perfuração de todo comprimento previsto, a perfuratriz é desconectada da
haste e a haste torna-se o próprio tirante. (FIGURA 15 e 16)
28

Figura 15 – Perfuração de um tirante Autoinjetável

Fonte: Joppert Jr (2006)

Figura 16 - Tirante Auto-Injetável pronto

Fonte: Joppert Jr (2006)

3.3 3ºETAPA – INTRODUÇÃO DO TIRANTE E PREENCHIMENTO DA PERFURAÇÃO

No caso de tirantes com barras, fios ou cordoalhas, o tirante pode ser inserido antes
ou depois da injeção de preenchimento do furo (formando a denominada bainha).
O material aglutinante é de livre escolha do projetista ou executor, normalmente o
que tem sido usado é calda de cimento ou argamassa em qualquer um dos casos a relação
água/cimento deve estar entre 0,5 e 0,55 com resistência mínima de 25 MPa , a NBR
5629:2006 permite que seja alterada a dosagem desde que seja respeitada a resistência
mínima.
No primeiro caso instala-se o tirante e injeta-se a calda de cimento ou argamassa do
fundo do furo até que extravase pela boca do mesmo, nesse processo qualquer fluído
utilizado durante a perfuração é expulso durante a injeção da calda. (FIGURA 17)
29

No segundo caso, usado para solos instáveis, o material aglutinante pode servir
como material estabilizante do furo, com o furo aberto após a perfuração é injetada a calda
ou argamassa do fundo para a boca (expulsando qualquer eventual outro material
estabilizante que tenha sido usado na perfuração) e imediatamente em seguida é inserido o
tirante.

Figura 17 - Instalação do tirante dentro do furo

Fonte: Geofix Fundações (http://www.geofix.com.br/site2010/servicos/tirantes)

3.4 4ºETAPA – INJEÇÃO DA NATA DE CIMENTO DO BULBO

Após a instalação do elemento de tração e do furo é feita a abertura do bulbo no


fundo do furo pela injeção de nata (calda) de cimento ou argamassa. A injeção pode ser
feita em uma, duas, ou mais fases, pode ainda ser feita injeção individual ou coletiva.
A injeção em fase única (FIGURA 18) se dá pelo simples preenchimento do furo ou
com aplicação de alguma pressão na boca do furo, esse sistema é usado em locais de solo
com boa capacidade de suporte ou em rocha, onde a aplicação de pressão de injeção
implica em pouco ou nenhum alargamento do bulbo (YASSUDA E DIAS, 1998)
30

Figura 18 - Tirante monobarra de injeção única

Fonte: http://www.ebanataw.com.br/talude/caso8a.htm

A injeção em fases múltiplas é usada para situações onde é desejável maior


aderência entre o bulbo e o material de suporte (através da clavagem do terreno, que é a
entrada de nata nos poros e fissuras do solo ou rocha), é necessário um sistema auxiliar
para proceder com a injeção esse sistema é instalado junto com o tirante e normalmente
consiste em um tubo PVC de 32 a 40 mm com válvulas “manchete” na região da
extremidade que entra na parte interna do furo, cada válvula distante cerca de 0,5 a 2 m
entre si. O tubo de injeção ao final de cada fase deve ser lavado com água, após o tempo
pega da injeção anterior prossegue-se com a próxima (FIGURA 19). Segundo Yassuda e
Dias (1998) o intervalo entre uma injeção e outra costuma ser por volta de 10h. A pressão
de injeção nas fases subsequentes ao preenchimento da bainha variam entre 2 a 3 MPa.

Figura 19 - Tirante de fios ou cordoalha com sistema para múltiplas injeções

Fonte: http://www.ebanataw.com.br/talude/caso8a.htm
31

A calda de cimento ou a argamassa deve ter a relação água/cimento entre 0,5 e 0,7.
A calda normalmente é dosada com 0,5 a 1 saco de cimento por válvula manchete, não
estabelecendo a norma uma resistência mínima para esse material.
A Figura 20 abaixo segue um esquema da execução de um tirante resumindo os
itens anteriores:

Figura 20 - Resumo do processo executivo de tirantes

Fonte: http://www.drilling.com.br

3.5 5ºETAPA – ENSAIOS DE PROTENSÃO.

Os ensaios e a protensão, segundo a NBR 5629:2006 deve ser feito após o tempo
de cura da calda ou argamassa que pode ser adotado como 3 dias para o cimento Alta
Resistência Inicial (CP V) e 7 dias para os cimentos comum. Os ensaios podem ser feitos
utilizando o paramento (ainda não incorporado) ou o solo como estrutura de reação, se a
reação for ao solo deve-se garantir a distribuição de tensões por meio de chapas de aço ou
madeira. Todos os tirantes devem ser ensaiados, mais detalhes sobre os ensaios são
encontrados no item 9.1 desse trabalho.
32

3.6 6ºETAPA – PROTENSÃO E INCORPORAÇÃO.

Após a aceitação pelos ensaios o tirante é protendido (FIGURA 21) em estágios até
a carga de incorporação, quando então é realizado o encunhamento dos clavetes* e
incorporação do tirante na cortina, nesse momento há uma perda de tensão devido ao
deslocamento causado pelo encunhamento o valor dessa perda depende do sistema de
cada fornecedor que deve informar o valor da perda para ser acrescida a carga de
incorporação.
* Clavetes são as cunhas usadas para prender com pressão as placas de ancoragem
nos sistemas de protensão de fios ou cordoalhas. No caso de tirantes com barras ou auto-
injetáveis isso é feito com o uso de porcas e arruelas.

Figura 21 - Protensão do tirante

Fonte: Geofix Fundações (http://www.geofix.com.br/site2010/servicos/tirantes)

A carga de incorporação, de acordo com a NBR 6529:2006, deve estar dentro dos
seguintes limites:

0,80. Ft ≤ Fi ≤ 1,00. Ft 3.1

Onde:
Ft – carga de trabalho
Fi – carga de incorporação
Esses limites estabelecidos por norma tem o objetivo de não permitir mobilização dos
deslocamentos do maciço por falta de compressão.
33

3.7 7ºETAPA – PREPARO DA CABEÇA.

Segundo Joppert Jr. (2007) a cabeça do tirante é a parte mais sensível de toda a
contenção no que diz respeito à ação das intempéries, assim deve se garantir que haja uma
proteção para ela.
Após a incorporação deve ser feita a limpeza das partes metálicas e á aplicação de
tinta anticorrosiva, normalmente é usado tintas â base de resinas epóxicas, em seguida
prossegue-se com a execução da capa de argamassa (com traço forte de cimento e areia)
garantindo um recobrimento mínimo de 2 cm para todas as partes metálicas.
34

4 PROJETO DE CORTINAS
ATIRANTADAS
4.1 INTRODUÇÃO
Um projeto de cortina atirantada deve contemplar, sobretudo, dois aspectos a serem
considerados nas verificações e dimensionamentos, o primeiro é o da estabilidade do
terreno: verificação da estabilidade global externa por meio da avaliação do plano de ruptura
do talude, verificação da estabilidade global interna por meio da verificação da ruptura da
cunha solicitada pelo tirante e estabilidade do fundo da escavação quando for o caso. O
segundo aspecto importante é o dimensionamento das partes constituintes da cortina
atirantada: fundação, cortina, tirante e ancoragem.
Há ainda situações especiais como a deformação/ruptura da cortina na primeira fase
de escavação antes que o primeiro tirante tenha sido incorporado ao paramento caso a
estrutura não tenha uma ficha mínima insuficiente, a deformação/ruptura da cortina devido a
ficha insuficiente causando pouco empuxo passivo e permitindo grande deslocamento na
base e deformação/ruptura da cortina devido a protensão insuficiente do tirante. Esses
principais modos de ruptura são apresentados na Figura 22.

Figura 22 – Modos de ruptura das cortinas atirantadas

Fonte: adaptado de More (2003) e de Strom e Ebeling (2002) citados em Mendes (2010).
35

Para qualquer que seja o caso se faz necessário uma investigação do maciço, com
objetivo de conhecer o terreno em questão (tipos de solo, número e espessura de camadas,
plano de ruptura pré-existente, nível d’água) e de se obter parâmetros geotécnicos (ângulo
de atrito e coesão) que são necessários nos cálculos e concepção do projeto.
Diversos autores clássicos da mecânica dos solos (BUENO E VILAR, 2007;
CAPUTO, 1983; VARGAS, 1978; CRAIG, 2007) tratam dos métodos de cálculo consagrados
de estabilidade de taludes, de forma geral esses métodos podem ser usados para avaliar o
problema em questão, de maneira mais específica podem ser encontrados de forma
aplicada às cortinas atirantadas, é o caso de Mendes (2010) que elaborou em estudo de
caso na cidade de Florianópolis aplicando o Método Brasileiro de Atirantamento proposto
por Nunes que de acordo com Fiamoncini, 2009 considera uma superfície de ruptura plana e
verifica a estabilidade interna de uma cunha de ruptura formada devido a protensão do
tirante, mesmo assim é preciso verificar a estabilidade global se todo o sistema, como
exemplo de aplicação de métodos de estabilidade em cortinas atirantadas é feito por More
(2003) que utiliza do método dos elementos finitos para tecer análises do comportamento da
contenção e utiliza o Método das Fatias como o de Bishop Simplificado cujo plano de
ruptura considerado é curvo.
Por outro lado a análise da estrutura da contenção propriamente dita é feita por
partes. As cortinas atirantadas são formadas de dois elementos principais: o paramento, que
é a cortina propriamente e o tirante. O paramento pode ser projetado como laje lisa ou com
vigas enrijecendo suportadas pelos tirantes impedindo o deslocamento translacional e
rotacional aliada a uma fundação na região inferior, que contribui no combate aos esforços
de empuxo, mas que tem como função principal transmitir o peso próprio da cortina ao solo,
a fundação pode ser por sapatas, mas é mais usual nesses casos o uso de estacas (estacas
justapostas, secantes, estacas prancha e parede diafragma) formado uma ficha que
contribui com a estabilidade, com a limitação dos deslocamentos (BUENO E VILAR, 2007;
CRAIG, 2007; HACHICH e outros, 1998, BOWLES, 1996, JOPPERT JR, 2007). Mendes
(2010) resolve em seu trabalho um exemplo completo onde é calculada a laje da cortina, no
caso o autor fez uso de uma cortina enrijecida com vigas, tornando o projeto da mesma no
dimensionamento da laje e das vigas, que é um procedimento usual em estruturas de
edificações e em estruturas de arrimo com contrafortes, a teoria de dimensionamento de
estruturas de lajes e vigas de concreto armado são encontradas em diversos autores tais
como Carvalho e Figueiredo Filho (2007) e Carvalho e Pinheiro (2011), e devem seguir as
recomendações da NBR6118:2003.
O tirante é dimensionado conforme o tipo escolhido, Yassuda e Dias (1998) traçaram
os principais aspectos a serem considerados em cada tipo, e evidencia que a capacidade de
carga do tirante é regulada pela capacidade resistente do elemento tirante (governada pela
36

tensão resistente do cabo, fio ou barra usado e pela área da seção) e pela capacidade de
transmissão de esforços do trecho de ancoragem (capacidade do sistema tirante-maciço)
para o maciço sem atingir o limite de resistência do solo ao cisalhamento na interface entre
o bulbo e o solo.
Várias são as propostas para o cálculo da ancoragem, Joppert Jr (2003) propôs um
método prático de cálculo da capacidade de cálculo para tirantes autoinjetáveis, em More
(2003) são apresentados alguns métodos de cálculo dos quais merecem destaque o Método
de Costa Nunes (1987), o Método da NBR 5629: 2006 e o Método de Ostermayer (1974).
Antes, porém de qualquer verificação ou cálculo, com exceção dos problemas de
estabilidade, é necessário que sejam determinados os esforços decorrentes do empuxo no
paramento e em seguida calcular os esforços solicitantes nos elementos da estrutura.
Assim, com o objetivo principal de sistematizar uma rotina para projeto de cortinas
atirantadas, seguem os tópicos abaixo que foram organizados de maneira que o dado obtido
de um tópico alimente o a entrada de dados do seguinte. Por fim, não há um único
procedimento de projeto, algumas verificações podem ser feitas antes ou depois de outras,
como é o caso da estabilidade global externa e interna, o que se pretende aqui é montar um
procedimento prático e didático para projeto.

4.2 CONCEPÇÃO E PRÉ-DIMENSIONAMENTO

Seguindo as orientações de Matos Fernandes (1990) citado em More (2003), More (2003),
Mendes (2010), Pinelo (1980) citado em Fiamoncini (2009) pode ser traçado as seguintes
considerações ilustradas na FIGURA 23:

 Ângulo de embutimento do tirante (i):

i>10º (evitar que nata de cimento retorne pelo furo)


i<30º (componente horizontal deve ser predominantemente maior que a vertical para
absorção dos esforços de tração da cortina. Inclinação entre 20° e 30° são usadas quando
há necessidade de desvio devido a obstáculos ou para gaantir embutimento no terreno).

 Comprimento do trecho livre e ancorado (Llivre, Lancorado):

Llivre>5m (o bulbo deve estar além da superficie de ruptura do talude, acoselhado ainda
que esteja 0,15h dessa superficie, alem disso quanto mais comprido melhor é a distribuição
do esforço de protenção)
Lancorado>5m (garantor que durante a verificação do comprimento ancorado seja a
resistência da ligação solo/nata esteja próxima do desejado
37

 Distância entre tirantes:

Distância entre tirantes >1,5m (A NBR 5629:2006 recomenda no mínimo 1,3 buscado
evitar diminuição de carga em um tirante devido a protensão do tirante vizinho)

 Profundidade de embutimento do furo (embutimento

Embutimento>5m (evitar problemas de levantamento ou saida de nata na superfície,


garantir uma boa distribuição de tensões no terreno)

 Distancia de interferências:

Dinterferência>3m (evitar problemas de entrada de nata em tubulações, deslocamento do


solo podendo romper tubulações, deslocamento do solo abaixo de fundações superficiais e
ao lado de fundações profundas.

Figura 23 – Concepção e pré-dimensionamento

Fonte: Autor

 Espessura do paramento:

E > 10cm ( Assunto controvérso, em função da espessura a contenção é mais


flexivel ou mais rígida. Concreto projetado ou cortinas feitas com fôrmas
costumam ter espessuras entre 15 e 40 cm. Paredes diafragma, que são
escavadas com Clam Shell costumam ter espessuras entre 30 e 120 cm)
38

 Diâmetro do furo:

9,5 cm< Ø < 15 cm ( É comum ainda se usar diâmetros entre 15 e 30 cm quando


há argila dura e o bulbo não se forma com a pressão, devendo o bulbo ser
feito com o diâmetro do furo).
 Aço do tirante monobarra :

Ø de 19 ou 32 mm , com aço de fyk=850 MPa, deve-se consultar catalogos de


fabricantes como a DAWIDAG.

 Aço do tirante de fios :

6 a 12 Ø8mm por tirante, com aço CP150RB (fyk 1350 Mpa)

 Aço do tirante de cordoalhas :

4 a 12 Ø 12,5 mm por tirante, com aço CP190RB (fyk 1700 MPa)

 Aço do tirante autoinjetavel :

Ø de 30,40,50 e 62 mm , deve-se consultar catalogos de fabricantes como a


INCOTEP

Ainda na fase de concepção deve ser previsto e detalhado um sistema de drenagem


típico para qualquer contenção, os sistemas de drenos superficiais e enterrados aumentam
a vida útil da contenção e diminuem a probabilidade de infiltração e corrosão do tirante, além
desses fatores minimizam o empuxo devido à água no solo.

4.3 VERIFICAÇÃO DA ESTABILIDADE GLOBAL (OU EXTERNA DO MACIÇO)

A primeira informação que se tem quando da concepção de uma contenção é o


talude que deve ser contido, sendo assim de imediato pode-se partir para a verificação da
estabilidade global, generalizada ou externa do talude. Dessa análise se obtém a superfície
crítica de menor coeficiente de segurança. Essa estabilidade consiste na ruptura
generalizada do talude pode ser analisada pelos métodos de estabilidade de talude
baseados na teoria do Equilíbrio Limite (Bishop Simplificado, Bishop, Culmam, Jambu,
Spencer, Morgenstern-Price, etc.).
No entanto cabe aqui fazer uma ressalva que não pode passar despercebida, a NBR
5629:2006 no seu item 4.5 que trata da estabilidade global menciona que deve se fazer
duas verificações de estabilidade, uma primeira vez para verificar a estabilidade do talude
39

sem a consideração dos tirantes, e uma segunda vez levando-se em conta a interferência
dos tirantes, para as duas situações o coeficiente de segurança mínimo deve ser maior do
que 1,5.

 1º verificação (item 4.5.1 da norma): sem considerar efeitos de protensão


deve resultar FS>1,5.

 2º verificação (item 4.5.3 da norma): considerando efeitos de protensão


deve resultar FS>1,5.

A norma não deixa claro o motivo da exigência da primeira verificação. Caso na 1º


verificação FS>1,5 então não haveria necessidade do bulbo ser posicionado além da
superfície de ruptura, já que o talude estaria estável, se na 1ºverificação FS<1,5 a norma
não propõe solução, no entanto naturalmente um dos objetivos do atirantamento é a
estabilização do maciço sendo de fato importante que a segunda situação resulte um
FS>1,5 tornando desnecessária a primeira verificação. No entanto podemos entender que a
norma exija a primeira verificação a fim de estabelecer o comprimento mínimo do trecho
livre e assim ser possível verificar o equilíbrio do talude com os efeitos de protensão.
As obras de mecânica dos solos costumam dar enfoque, no que tange o equilíbrio de
taludes, para as situações de taludes sem contenções ou para contenções sem ancoragem
(chumbadores/grampos/tirantes). Baseado em Gurgel (2012), no caso de tirantes, onde o
bulbo esta na extremidade enterrada da ancoragem três são situações possíveis em função
da posição do centro de gravidade do bulbo (CG)

 1ºsituação: o CG do bulbo se encontra dentro da superfície de ruptura


da 1ºverificação: nesse caso (não permitido pela norma) o tirante esta dentro
da superfície de ruptura, não participando/colaborando para a estabilidade
global.

 2ºsituação: o CG do bulbo se encontra sobre ou além (próximo) da


superfície de ruptura: nesse caso os efeitos de protensão nos tirantes
colaboram com a estabilidade do talude e esses esforços estabilizadores
devem ser contemplados no equilíbrio de forças do método de estabilidade de
talude escolhido, isso pode ser feito por meio da adição no polígono de forças
ou por meio algébrico.

 3ºsituação: o CG do bulbo se encontra além (muito além) da superfície


de ruptura: nesse caso o efeito dos esforços originados no bulbo não
40

influencia significativamente a superfície de ruptura, pois as tensões oriundas


do bulbo vão se dissipando com a distância.

Por fim, dentre os métodos de cálculo de estabilidade de taludes, os de mais fácil


resolução são aqueles que consideram a superfície de deslizamento plana como no Método
das cunhas, quando é estabelecida apenas uma cunha tem-se o Método de Culman.
Ferreira (1986) citado em Teixeira (2011) mostra uma adaptação desse método para
taludes com ancoragens desenvolvido pelo Professor Costa Nunes em 1957 denominada
Método Brasileiro de Atirantamento. Em More (2003) é citado o Método de Costa Nunes e
Velloso (1963) que consiste na aplicação direta do método de Culman e que difere um
pouco de citado em Teixeira. Para ambos os casos a vantagem esta no fato de que se os
tirantes possuírem todos o mesmo ângulo de embutimento e sendo a superfície plana
(inclinação constante) pode-se calcular o equilíbrio do talude como se houvesse um tirante
representativo de todos os tirantes na vertical.

4.3.1 MÉTODO DE COSTA NUNES E VELLOSO (1963)

No método de Culmam pode-se encontrar a superfície de menor fator de segurança


(FIGURA 24) utilizando as equações abaixo:

Figura 24– Método de Culman

Fonte: Gerscovich, (2009) citado em Teixeira (2011)

4.1
41

4.2

4.3

4.4

Onde:
FS – fator de segurança
c – coesão
L – comprimento das superfícies potêncais
N – força normal que haje sobre as superfícies potênciais
 – ângulo de atrito
T – força tangêncial que atua sobre as superfícies potênciais
W –Peso da cunha formada acima das superfícies potenciais mais acrescimo devido a
carregamento distribuido (q) sobre o talude
 – ângulo formado entre as superficies potenciais e a horizontal
i – ângulo formado entre o Tardoz e a horizontal

Variando-se o valor de q é encontrada a superfície crítica de menor FS (FS mín). Se


FS>1,5 o talude está estável e seguro pelas suas próprias características.
Uma forma de se estimar a superfície crítica é através da seguinte equação:

4.5
Onde

cr – é o ângulo formado entre a superfície crítica a horizontal

Dessa forma o fator de segurança pelo método de Culman é calculado diretamente.


O método proposto por Costa Nunes e Velloso adiciona ao sistema de equilíbrio de
formas a força de protensão do tirante, essa força gera duas componentes, uma normal que
colabora com o equilíbrio do talude, uma vez que a força de atrito é função da força normal
aplicada sobre a superfície, a outra componente é a tangencial de módulo muito menor que
a primeira, e que dependendo do ângulo formado pela superfície crítica e o tirante pode
aumentar ou diminuir a resultante das forças tangenciais que instabilizam o talude,
normalmente, para tirantes em que o ângulo de embutimento não ultrapassa 30º ela sempre
colabora para a estabilidade. Adicionando essas componentes nas equações acima é
obtido:
42

4.6

Figura 25– Método de Costa Nunes e Velloso (1963)

Fonte: adaptado de Rodrigues (2011)

4.3.2 MÉTODO BRASILEIRO DE ATIRANTAMENTO (1957)

Nesse método a curva também é uma superfície plana que passa pelo pé do

paramento formando um ângulo  com a horizontal como mostra a Figura 26 abaixo

Figura 26 - Método Brasileiro de Atirantamento

Fonte: Adaptado de Rodrigues (2011)

Segundo Rodrigues (2011) primeiramente deve-se encontrar o fator de segurança


mínimo pela seguinte equação:
43

4.7

Onde a ângulo da superfície crítica mais provável continua sendo:

4.8

Em seguida deve-se encontrar um coeficiente FSp, que é o fator de segurança obtido


com as forças de protensão, é calculado a partir do valor do ângulo do plano de ancoragem
de tal forma que resulte FS>1,5

4.9

De onde se consegue extrair uma relação entre FS e FSmin:

4.10

A força necessária para estabilizar o talude é:

4.11

Onde:
Tp – força de protensão necessária para estabilizar o talude, essa força corresponde
a soma das forças de todos os tirantes em uma linha vertical
W’ – peso da cunha formada acima do plano de ancoragem

Assim o talude estará estabilizado se a força de protensão for maior ou igual a Tp,
Alguns autores (RODRIGUES, 2011; TEIXEIRA, 2011) utilizam a força Tp resultante para
projetar os tirantes, de fato se a força Tp é a mínima necessária os tirantes devem ser
dimensionados para ela caso Tp seja maior que a solicitação transmitida pela cortina devido
ao empuxo.
44

4.4 VERIFICAÇÃO DA ESTABILIDADE LOCAL (OU INTERNA DO MACIÇO)

A estabilidade local, também chamada de estabilidade interna é caracterizada pela


ruptura em cunha, cuja superfície passa pelo CG do tirante, caso a cortina não possua ficha
a superfície passa pelo pé do talude, caso possua ficha a superfície passa pela ponta
inferior da cortina
A ruptura por esse modo ocorre de modo particular para as estruturas atirantadas e é
devida a protensão da ancoragem que exerce um esforço adicional no maciço, esse esforço
incita o maciço a se comportar de forma semelhante a um corpo rígido formando um sistema
“tirante-solo” que deve ser verificado. A força oriunda do bulbo tende a cisalhar o terreno, a
parcela do maciço influenciada pelas tensões de protensão “desejam” permanecer nesse
“corpo rígido”(cunha) enquanto o resto do maciço “pretende” permanecer no seu estado
natural (FIGURA 27)

Figura 27 – Cunha de ruptura na instabilidade local ou interna

Fonte: Ferreira e outros (2006)

4.4.1 MÉTODO DE KRANZ

Proposto por Kranz em 1953 para cortinas de estacas prancha ancoradas por placas
suportadas pelo empuxo passivo do solo, após o surgimento da técnica de tirantes com
bulbo de ancoragem (FIGURA 28) esse sistema caiu em desuso (More, 2003).
O método de Kranz, no entanto persistiu e é utilizado para verificação da estabilidade
local, o modo de ruptura é em cunha e a superfície é pré-definida passando pelo pé do
paramento, pelo centro de gravidade da ancoragem e posteriormente subindo verticalmente
até a superfície. Segundo More (2003) método foi a princípio concebido para uma única
linha de ancoragens e posteriormente adaptado por Jelinek e Ostermayer (1967) e Rank e
Ostermayer (1968) para múltiplas linhas de ancoragem protendidas.
45

Figura 28 – Ancoragem com placa

Fonte: adaptado de More (2003)

O sistema da Figura 29 abaixo pode ser resolvido através do polígono de forças e


será considerado estável o maciço cujo fator de segurança (FS) seja maior que 1,5:

>1,5 4.12

Assim a força de trabalho deve ser no máximo uma vez e meia menor que a força
máxima que o tirante pode ser submetido sem instabilizar o maciço.

Figura 29 – Método de Kranz

Fonte: EC-03:1980

Para uma única linha de ancoragem podem ser usadas as equações da EC-03:1980

Erh = [G - (Eah – E1h) . tg ]. tg (-) 4.13


Tmax= 4.14
 
46

Onde:
Tmax - máxima força possível no tirante sem que haja ruptura da cunha
Q – reação sobre a superfície potencial de ruptura no trecho inclinado da cunha
G – Peso da cunha, quando  , deve ser considerada qualquer eventual
sobrecarga sobre a cunha
Eah – Empuxo ativo atuante na cortina desde o topo até o centro de rotação da ficha
E1h – Empuxo ativo aplicado sobre o trecho vertical da cunha
Erh – Força horizontal resultante devido a resistência (ângulo de atrito) do solo
 – ângulo de atrito solo-paramento
– ângulo de inclinação (embutimento) do tirante
 – ângulo de atrito interno do solo
 – ângulo entre a superfície inclinada da cunha e a horizontal

A maior parte das cortinas atirantadas possui mais de um nível de tirantes, o método
de Kranz generalizado trabalha com várias linhas de tirantes, nesse caso pode surgir
diversas cunhas de ruptura e cada uma deve ser analisada. Três situações são possíveis,
ilustrado nas figuras a seguir.

1º situação: Os tirantes inferiores são mais compridos que os superiores:


a) Ruptura e fator de segurança do tirante superior:

Figura 30 – Método de Kranz (situação 1-a)

Fonte: adaptado de EC-03:1980

>1,5 4.15
47

b) Ruptura e fator de segurança do tirante inferior:

c) Figura 31 – Método de Kranz (situação 1-b)

Fonte: adaptado de EC-03:1980

>1,5 4.16

4.17

4.18

2º situação: Os tirantes inferiores são um pouco mais curtos que os superiores, uma
parte do bulbo dos tirantes superiores esta na cunha do tirante inferior:
A verificação é idêntica ao caso anterior.

Figura 32 – Método de Kranz (situação 2-a e 2-b)

Fonte: adaptado de EC-03:1980


48

a) Ruptura e fator de segurança do tirante superior:

>1,5 4.19

b) : Ruptura e fator de segurança do tirante inferior:

>1,5 4.20

4.21

4.22

3º situação: Os tirantes superiores são mais compridos que os superiores:


a) Ruptura e fator de segurança do tirante inferior:

Figura 33 – Método de Kranz (situação 3-a)

Fonte: adaptado de EC-03:1980

>1,5 4.23
49

b) Ruptura e fator de segurança do tirante superior:

Figura 34 – Método de Kranz (situação 3-b)

Fonte: adaptado de EC-03:1980

>1,5 4.24

c) Ruptura e fator de segurança do conjunto de tirantes:

Figura 35 – Método de Kranz (situação 3-c)

Fonte: adaptado de EC-03:1980

>1,5 4.25

4.26
50

4.27

4º situação: Os tirantes inferiores são muito mais curtos que os superiores:


a) Ruptura e fator de segurança do tirante superior:

Figura 36 – Método de Kranz (situação 4-a)

Fonte: adaptado de EC-03:1980

>1,5 4.28

b) Ruptura e fator de segurança do tirante inferior:

Figura 37 – Método de Kranz (situação 4-b)

Fonte: adaptado de EC-03:1980

>1,5 4.29
51

c) Ruptura e fator de segurança do conjunto de tirantes:

Figura 38 – Método de Kranz (situação 4-c)

Fonte: adaptado de EC-03:1980

>1,5 4.30

4.31

4.32

4.5 DIMENSIONAMENTO DO COMPRIMENTO DO TRECHO LIVRE

Em posse da superfície de ruptura mais provável a primeira definição de projeto que


se extrai é o comprimento mínimo do trecho livre que de acordo com a NBR 6529:2006
consiste no fato da superfície crítica passar pelo centro de gravidade do bulbo. Como pode
ser visto na FIGURA 39 abaixo, caso o bulbo não ultrapasse o plano de ruptura e o talude
vier a romper toda a contenção acompanhara o movimento e os tirantes não oferecerão
nenhuma contribuição para manter a estabilidade.
52

Figura 39 - Comprimento livre insuficiente (á esquerda) e suficiente (á direita).

Fonte: Autor

. No entanto de posse dos duas verificações de ruptura do sistema (global e local)


deve-se escolher um comprimento tal que atenda as duas superfícies:
 primeiro caso (ruptura global): o CG do bulbo deve passar sobre ou além da
superfície de ruptura

 segundo caso (ruptura local): o CG do bulbo deve passar a uma distância tal
que a as tensões na superfície da cunha formada sejam menores do que a
tensão de cisalhamento máxima do solo.

a FIGURA 40 abaixo é possível visualizar os dois modos de instabilidade (local e


global):

Figura 40 – Superfícies potenciais de ruptura no maciço.

Fonte: Autor
53

4.6 DETERMINAÇÃO DOS CARREGAMENTOS (NA CORTINA)


4.6.1 A DETERMINAÇÃO DO EMPUXO

A determinação das solicitações oriundas do empuxo do solo está sem dúvida entre
os mais complexos assuntos da geotecnia, seu cálculo envolve características do maciço da
contenção e do processo executivo. Diante das dificuldades práticas surgiram
procedimentos simplificados para cálculo, Ferreira e outros (1996) seguindo as orientações
da NC-03: 1980 organiza esses procedimentos classificando em duas categorias:

 Métodos evolutivos: nesse caso a determinação da distribuição de pressão


leva em conta o estado de tensão e deformação anterior, é um método mais
próximo da realidade e possibilita obter também os deslocamentos do sistema
contenção-maciço.

 Métodos não evolutivos: enquadram os métodos simplificados, como o de


Terzaghi e Peck, Tschebotarioff, Rankine e Coulomb, nesses métodos não se
obtém os deslocamentos e não se leva em conta a situação anterior do
maciço. São resolvidos através de implementação computacional dos
métodos numéricos como o dos elementos finitos.

A NBR 5629:2006 exige que o modelo de cálculo adotado leve em conta a


delocabilidade da estrutura de contenção o número de níveis de tirantes e a sequência
executiva. Não há clareza sobre a obrigatoriedade do uso dos métodos evolutivos, uma vez
que nos métodos não evolutivos existe uma série de diagramas de empuxo para cada
situação da contenção, a partir desses diagramas é possível projetar a contenção para cada
fase da obra considerando os vários níveis de tirantes a medida que a escavação avança, o
formato de cada um desses diagramas foi elaborado em função de valores medidos, de tal
sorte que a delocabilidade esta englobada para cada caso em particular mesmo que não
seja calculada propriamente dito os diagramas existentes só possuem seus formatos
peculiares devido a deslocabilidade da contenção.
Sob um ponto de vista prático os métodos evolutivos devem ser preferidos para
projeto por serem mais realistas, os métodos não evolutivos admitem muitas hipóteses
simplificadoras que podem levar a inconsistências. Em se tratando do pré-dimensionamento,
verificação manual ou mesmo estruturas de menor responsabilidade é possível a utilização
dos métodos não evolutivos uma vez que estes foram usados intensamente da década de
50 até os dias atuais, e estão assegurados pelos coeficientes de segurança (FERREIRA,
1996)
54

Os métodos evolutivos são métodos analíticos enquanto dentro dos não evolutivos
se encontram métodos empíricos e semi-empiricos

 Métodos empíricos: são os mais conservadores, de aplicação prática e


direta, desenvolvidos experimentalmente através de ensaios, os primeiros a
desenvolverem alguns diagramas foram Terzaghi e Peck em 1941, mais tarde
revisados pelos autores, Tschebotarioff também desenvolveu alguns
diagramas, Segundo Bowles(1996) os de Terzaghi e Peck são mais
apropriados para alturas de até 20m enquanto os de Tschebotarioff para
alturas maiores que 16m. Os diagramas obtidos dessa forma são apropriados
para contenções escoradas, denominados “diagramas de envoltória aparente
de empuxo” (TRONDI, 1993), obtido o diagrama é aplicado o método das
áreas de influência para determinação das solicitações nos tirantes e no
paramento. Os projetistas costumam aplicar esses diagramas nos
paramentos atirantados, apesar de haver ressalvas devido a acréscimo de
tensões no maciço pela protensão.

 Métodos semi-empiricos: é um método semelhante ao anterior, a grande


diferença está na obtenção das solicitações através de modelo de viga
contínua, os diagramas usados para esse método são ditos “diagramas
retificados” e apresentam aspecto semelhante aos de Terzaghi e Peck e aos
de Tschebotarioff, no entanto eles são traçados a partir dos diagramas
triangulares clássicos através da igualdade de áreas como é visto nos itens
que se seguem.

 Métodos analíticos: trata-se dos métodos mais precisos de cálculo, que


exigem auxilio de programas computacionais e que devem ser referidos
sempre que possível. Nesse método pode ser levada em conta, dependendo
do software, a matriz de rigidez da viga, a interação solo-estrutura, a não
linearidade da deformação do maciço entre outras considerações. O modelo
mais usado no que tange aos apoios é a hipótese de apoios elásticos de
Winkler.

Por fim, a literatura costuma misturar o método de cálculo do empuxo com o de


cálculo dos esforços solicitantes nos elementos da estrutura, assim temos a seguinte tabela:
55

Tabela 1 – Métodos de cálculo do empuxo e solicitações


CÁLCULO
MÉTODO
Distribuição do empuxo Esforços solicitantes

através de diagramas através de áreas de


Empirico
experimentais influência
atraves de diagramas através do modelo de
Semi-empirico
clássicos retificados viga contínua

Vale salientar que nada impede o projetista de calcular os esforços solicitantes a


partir do modelo de viga contínua utilizando os diagramas aparentes (experimentais), ou de
calcular a laje com o método dos Pórticos Equivalentes para lajes lisas, uma vez obtido o
diagrama de empuxo devem-se obter os esforços com o procedimento mais cabível para
cada situação de paramento.

4.6.2 PRICIPAIS INFLUÊNCIAS SOBRE A DETERMINAÇÃO DO EMPUXO

O comportamento de cortinas atirantadas é fortemente direcionado por aspectos


construtivos, além de todas as variáveis e parâmetros que dependem do solo existem uma
serie de outros fatores dominantes que tornam a determinação do empuxo um dos assuntos
mais complexos da geotecnia, no item 8.8.5 é explanado uma forma simplificada de obter o
diagrama de empuxos através dos diagramas aparentes de empuxo. O que se segue abaixo
é uma amostra da complexidade da determinação do empuxo para contenções atirantadas,
visando por sua vez entender o comportamento da cortina, abaixo estão os aspectos
tratados nos parágrafos a seguir:

 Processo executivo e sua influência no empuxo

 Número de níveis de escoramento/atirantamento e sua influência no empuxo

 Rigidez da estrutura e sua influência no empuxo

 Protensão dos tirantes e sua influência no empuxo

4.6.3 PROCESSO DE EXECUÇÃO E SUA INFLUÊNCIA NO EMPUXO

A principal forma de executar uma cortina atirantada é construindo-se primeiro o


paramento de concreto armado e em seguida executando-se o tirante. Normalmente a
construção acompanha a evolução da escavação a ser contida (FIGURA 41), à medida que
56

a escavação avança é executado o paramento e os tirantes são incorporados com a


protensão, esse processo evita que o corte sofra deformações muito grandes, pois a
protensão adiciona um estado de pré-compressão no maciço.
Yassuda e Dias (1998) sugerem que a incorporação do tirante a estrutura seja feita
de imediato, mesmo que e forma provisória, para evitar as deformações mencionadas
acima, a falta de protensão, ou a protensão com níveis baixos de tensão podem permitir o
deslocamento do paramento devido ao empuxo. O processo construtivo de “cima para
baixo” é ilustrado na figura a seguir (FIGURA 41).

Figura 41 - Processo executivo da escavação

1ºetapa 2ºetapa

3ºetapa 4ºetapa
Fonte: Yassuda e Diaz (1998)

Nota-se que para cortinas cujo paramento não possui ficha, a estabilização da base
do talude deve ser feita com bermas de equilíbrio enquanto a parte superior do paramento
vai sendo incorporada aos tirantes. (FIGURA 42)
57

Figura 42- Estabilização da base da escavação através de Bermas

Fonte: http://www.solotrat.com.br

Em tese, a cortina deve ser verificada para as fases de construção, cada etapa do
avanço na figura acima deve ser verificada a fim de trazer segurança para a escavação. Isso
é pouco prático quando se trata de cálculos manuais, mas a medida que vem sendo
desenvolvidos softwares de cálculo essas verificações tornam-se possíveis.
A Figura 43 adaptada de Bowles (1996) mostra a sequência de avanço, os
deslocamentos e o suposto diagrama de pressões de empuxo para um caso de cortina de
estaca atirantada, no primeiro estágio de escavação o maciço apresenta a deformação
devido ao alivio de tensões e uma superfície potencial de escorregamento no ponto “b” na
base do talude. Logo em seguida é executado o tirante, que desloca o ponto de giro para o
ponto “a” e diminui o deslocamento. É feito o segundo estágio de escavação, a cortina volta
a se deformar, a ficha torna-se menos representativa. Esse ciclo se repete até que se
completem todos os níveis de tirantes e escavações, no fim do processo é costume de
projeto deixar um trecho de ficha na estaca, que contribui para a contenção e principalmente
para a capacidade de carga vertical da estaca se esta estiver sendo solicitada para isso.
58

Figura 43 - Comportamento da Cortina com o avanço da escavação

Fonte: adaptada de Bowles (1996)

Para cada estágio do processo acima o diagrama de empuxo é alterado em função


do local do ponto de rotação da contenção e do consequente efeito de arqueamento do solo,
nos itens que se seguem são tratados as formas dos diagramas de pressão que ocorre para
cada situação, esses diagramas são obtidos em sua maioria de resultados experimentais
feitos em estruturas escoradas, e são indistintamente aplicadas aos atirantamentos.

4.6.4 NÚMERO DE NÍVEIS DE ESCORAMENTO/ATIRANTAMENTO E SUA INFLUÊNCIA


NO EMPUXO

Como foi explicado no item anterior, o processo construtivo interfere no


comportamento da cortina, nesse item discutido a forma como o atirantamento influencia o
empuxo.
Em um primeiro momento a execução da cortina exige que seja feito uma
escavação, surgem dois casos para essa situação, o primeiro caso diz respeito a
paramentos que não possuem ficha, nessa situação a escavação é feita, logo em seguida o
primeiro nível da cortina é executado e o tirante é incorporado, o primeiro nível de
escavação a cortina se comporta com a cabeça do tirante sendo o ponto de giro e a base
tem a função de transmitir uma pequena carga vertical ao solo. (FIGURA 44)
No segundo caso a situação é mais complexa, a cortina (seja em estacas circulares,
parede diafragma, etc.) é executada antes da escavação, quando é feita a escavação a
ficha da cortina é responsável por resistir a todos os esforços laterais (a) e o ponto de giro é
em uma região da ficha, após a incorporação do primeiro tirante (b) esse absorve parte do
empuxo deslocando o ponto de giro para a cabeça do tirante, esse processo se repete até o
final da escavação (FIGURA 44). Esse processo foi descrito no item anterior e repetido aqui,
pois é de fundamental importância para o entendimento do comportamento do empuxo.
59

Figura 44 - Comportamento da Cortina com o avanço da escavação

Fonte: Autor

Os diagramas clássicos de empuxo propostos por Coulomb e Rankine são


originalmente triangulares, isso porque a pressão vertical do terreno cresce diretamente
proporcional a profundidade, no entanto isso é valido para coeficientes de empuxo
constantes o que não é o caso. A rigidez do paramento influência diretamente no coeficiente
de empuxo uma vez que é o paramento que “substitui” o confinamento fornecido pelo
próprio terreno antes do alívio de tensões causado pela escavação, dizendo de outra
maneira, se a rigidez influência, por extensão a forma como a estrutura se deforma
influencia. Quanto maior o deslocamento da contenção para fora do maciço (tração no solo)
maior é a mobilização do empuxo ativo, quanto menor é esse deslocamento mais próximo
do empuxo em repouso estará o maciço. Esse fenômeno de distribuição diferenciada do
empuxo em função da rigidez de cada trecho do paramento se deve em parte ao efeito arco
ou arqueamento do solo, que é predominante em solos arenosos devido a maior resistência
ao cisalhamento, o arqueamento do solo é tratado no item 8.8.3 desse trabalho, partindo
desse fato pode-se visualizar a FIGURA 44 anterior e os diagramas de pressão da FIGURA
43 do item anterior e chegar as seguintes conclusões:

 Na primeira etapa de escavação a ficha da cortina é responsável pela


absorção de todos os esforços, o deslocamento maior ocorre na extremidade
superior da cortina e o ponto de rotação se encontra na ficha fazendo com
que o diagrama de pressões seja triangular (modelo clássico)

 Nas regiões próximas aos tirantes o diagrama de empuxo tem valor maior,
pois o coeficiente de empuxo esta mais próximo do repouso, o valor do
60

empuxo varia a medida do avanço da escavação e da mudança do ponto de


rotação

 Nas regiões mais deformadas como nos vãos do paramento entre um tirante
e outro o diagrama apresenta valor menor, pois o coeficiente de empuxo ativo
esta sendo mobilizado, valor do empuxo varia a medida do avanço da
escavação e da mudança do ponto de rotação.

 Na região do paramento acima do primeiro tirante o diagrama se comporta


como triangular, pois acima do primeiro tirante o deslocamento cresce como
em uma contenção comum, valendo as teorias de Coulomb e Rankine, não
havendo mudança apreciável de empuxo nessa região.

 Na região da base da cortina e na ficha ocorre aumento e diminuição de


deslocamentos a medida do avanço da escavação, consequentemente ocorre
aumento e diminuição do empuxo a medida do andamento da escavação, em
um primeiro momento a ficha é longa e responsável pela estabilização de
toda cortina, no final ela torna-se curta e deslocada não absorvendo todo
empuxo, no entanto se a ficha final for projetada mais longa ela ainda terá
rigidez suficiente para se deslocar pouco e absorver esforços consideráveis.

Do exposto acima se pode dizer que o diagrama de pressões não cresce


linearmente, mas faz ondulações, sendo maior nas partes mais rígidas e menor nas partes
mais flexíveis, tornando o diagrama mais uniforme, esse fato fez com que Terzaghi (1948) e
posteriormente Tschebotarioff (1951) e Terzaghi e Peck (1967) propusessem diagramas de
pressão do empuxo buscando simular essa uniformização. No item a seguir é tratado do
efeito da rigidez do paramento no diagrama de empuxo e é apresentado alguns diagramas
para situações típicas em função do número de níveis de escoramento e da rigidez da
estrutura.
A FIGURA 45 abaixo mostra o diagrama de empuxo para o primeiro nível de
escavação, com o paramento em balanço, para determinação do valor mínimo da ficha os
diversos autores recomendam o método de Blum (MENDES, 2010; MONTEIRO,
2009.MORE, 203; FERREIRA E OUTROS, 1996; TRONDI, 1993) :
61

Figura 45 – diagrama de empuxo para paramentos rígidos ou flexíveis


Paramento em balanço

Fonte: adaptado da NC-03(1980) e Ferreira e outros (1996)

A FIGURA 46 abaixo mostra o diagrama de empuxo para o primeiro nível de


escavação, com o paramento ancorado no primeiro tirante ou estronca:

Figura 46 – diagrama de empuxo para paramentos flexíveis – 1 nível de tirante ou estronca

Fonte: adaptado da NC-03(1980) e Ferreira e outros (1996)

A FIGURA 47 abaixo mostra o diagrama de empuxo para múltiplos níveis de


atirantamento do paramento que é usado da incorporação do segundo tirante até o
penúltimo (fases intermediárias), nesse caso a ficha é longa e pode ser considerado um
engaste a uma profundidade Hi:
62

Figura 47 diagrama de empuxo para paramentos flexíveis – vários níveis de tirantes


ou estroncas nas fases intermediárias da obra

Fonte: adaptado da NC-03(1980) e Ferreira e outros (1996)

A FIGURA 48 abaixo mostra o diagrama de empuxo para múltiplos níveis de


atirantamento do paramento que é usado após a incorporação do último tirante (fase final da
cortina) considera que a ficha não é suficientemente rígida para ser considerado um
engastamento:

Figura 48 diagrama de empuxo para paramentos flexíveis – vários níveis de tirantes


ou estroncas na fase final da obra

Fonte: adaptado da NC-03(1980) e Ferreira e outros (1996)


63

4.6.5 RIGIDEZ DA ESTRUTURA E SUA INFLUÊNCIA NO EMPUXO

Acima foi explicado como ocorre a distribuição de tensões na cortina, nas regiões
próximas as escoras/tirantes ocorrem pontos de maior rigidez que se deslocam menos que
os vãos entre os tirantes, além disso, em função do processo executivo existe uma variação
do ponto de giro fazendo com que hora o trecho inferior se desloque mais que o superior e a
pressão na região superior é maior, e hora ocorre o inverso . Pois bem, isso corresponde ao
comportamento do paramento, no entanto esse fenômeno de distribuição mais uniforme de
tensões é devido, do ponto de vista do solo, ao arqueamento.
O arqueamento é o efeito causado pela engrenamento dos grãos de solo formando
um arco comprimido entorno de alguma região que tenha sofrido alívio de tensões.
(MENDES, 2010, CAPUTO, 1983; VARGAS, 1978). Esses atores elucidam o problema com
a situação de uma plataforma de areia, em um primeiro momento com a tampa fechada, um
segundo momento com essa tampa deslocada para baixo e um terceiro momento com a
tampa aberta (FIGURA 49).

Figura 49 – Efeito arco ou arqueamento

Fonte: Autor
64

Quando a tampa esta fechada e na posição inicial ela sofre uma pressão de p=g.h,
quando é deslocada para baixo essa pressão diminui e o efeito do arqueamento aparece,
quando é aberta a tampa, uma pequena quantidade de areia cai, mas todo o conjunto
permanece estável. Isso se deve a resistência ao cisalhamento do solo que permite que
ocorra a redistribuição de esforços para regiões mais rígidas formando uma biela
comprimida que é o efeito arco, que ocorre em tuneis, galerias e contenções, ou seja, os
esforços tendem a se propagar em regiões de maior rigidez, como na região da laje ao lado
da porta.
Em uma contenção em balanço esse efeito se dá com o campo de tensões sendo
direcionado para a região da ficha ao invés do paramento, uma vez que na ficha a rigidez da
estrutura é maior, formando assim o diagrama triangular. Nas contenções ancoradas e
escoradas esse efeito aparece quando o paramento apresenta uma deformada ondulada, o
efeito arco causa maior concentração de tensões nas proximidades da cabeça do tirante,
onde o deslocamento é menor (e a rigidez maior), esse efeito é tridimensional e ocorre tanto
na horizontal como na vertical (FIGURA 50 e 51).

Figura 50 – Diagramas de tensão para contenções multiescoradas (corte).

Fonte: Autor

Figura 51 – Diagramas de tensão para contenções multiescoradas (planta).

Fonte: Autor
65

Como se pode ver nessas figuras e de acordo com tudo o que foi dito até aqui a
rigidez do paramento, o efeito arco e o comprimento da ficha influenciam no diagrama de
empuxo. Resta ainda tratar alguns detalhes sobre a rigidez da estrutura.
Uma vez que o paramento tenha flexibilidade suficiente para se formar e mobilizar o
empuxo ativo ocorre o arqueamento e a uniformização do diagrama. Isso é válido para
cortinas de um modo geral, no entanto para paredes de grande espessura, como as paredes
diafragma que podem chegar a uma espessura de 1,20m a rigidez é muito elevada e não há
um deslocamento tão apreciável do paramento em relação aos tirantes, a única região mais
deformável é na base da cortina pois a ficha é suportada pelo solo que é deformável.
Nesse caso a NC-03: 1980 recomenda que o empuxo seja considerado mais próximo
do repouso, pois o empuxo ativo não foi totalmente mobilizado, em diversos autores
(MENDES, 2010; MONTEIRO, 2009; MORE, 203; YASSUDA E DIAZ, 1996, TRONDI, 1993)
Yassuda e Diaz (1996)) é mencionado o fato de alguns projetistas utilizarem um diagrama
intermediário entre o de repouso e o ativo, além dessa consideração há o fato de que, se
todo o paramento é rígido o efeito arco não se forma e não há uniformização de diagrama
de pressões. Nas FIGURAS 52 e 53 abaixo se observa a união entre o diagrama de empuxo
em repouso e empuxo em ativo em um diagrama resultante, a 0,3H partindo-se da base da
escavação é permitido uma diminuição do empuxo em repouso devido a deformabilidade da
ficha, na região 0,7H na figura o empuxo em repouso é triangular devido a rigidez do
paramento.

Figura 52- diagrama de empuxo para paramentos rígidos - vários níveis de tirantes na fase
final da obra

Fonte: NC-03:1980
66

Figura 53- diagrama de empuxo para paramentos rígidos - vários níveis de tirantes nas
fases intermediárias da obra

Fonte: NC-03:1980

Para a situação de primeira escavação, onde a estrutura esta em balanço o


diagrama é o mesmo do de paredes flexíveis só que para coeficiente de empuxo em
repouso (NC-03:1980)
Para a situação do primeiro nível de tirantes o procedimento acima, unificando o
diagrama de empuxo em repouso com o diagrama equivalente de empuxo ativo.

4.6.6 PROTENSÃO DOS TIRANTES E SUA INFLUÊNCIA NO EMPUXO

Apenas a título ilustrativo é mostrado nessa seção outra forma de distribuição do


empuxo nas cortinas, essa forma foi desenvolvida para tirantes especificamente
(diferentemente das anteriores que são de aplicação para escoramentos, mas são usadas
em atirantamento por facilidade e proximidade de comportamento) e é citada em Ferreira e
outros (1996). O diagrama de empuxo é obtido a partir do diagrama de empuxo ativo
triangular para paredes flexíveis e do diagrama de empuxo em repouso triangular para
paredes rígidas, a esse diagrama é adicionado outro devido às tensões de incorporação dos
tirantes mostrados na FIGURA 54 a seguir:
67

Figura 54- diagrama de empuxo ara cortinas atirantadas – com consideração dos
efeitos de protensão

Fonte: Ferreira e outros (1996)

O autor não desenvolve porem o procedimento de cálculo para determinação do


diagrama de tensões devido à instalação dos tirantes, apenas sugere que esse diagrama
seja calculado com o uso de métodos evolutivos através da consideração de barras de
comportamento elasto-plástico (não linear) na região da ficha.

4.6.7 CÁLCULO PRÁTICO (EMPIRICO E SIMI-EMPIRICO)

Aqui é finalmente apresentada uma rotina de cálculo dos empuxos. Nas figuras
abaixo estão organizados os principais diagramas do método empírico e do método semi-
empirico para determinação do empuxo

a) Método empírico (válido para paredes flexíveis, são a maioria dos casos)

I) Cortinas em Areia

Figura 55- diagrama de empuxo aparente em areia - Terzaghi-Peck (1967)

Fonte: Autor, adaptado de Czarnobai (data não informada)


68

Figura 56- diagrama de empuxo aparente em areia - Tschebotarioff (1951)

Fonte: Autor, adaptado de Czarnobai (data não informada)

I) Cortinas em Argila

Figura 57- diagrama de empuxo aparente em argilas moles e médias


Terzaghi-Peck (1967)

Fonte: Autor, adaptado de Czarnobai (data não informada)

Figura 58- diagrama de empuxo aparente em argilas rijas e fissuradas


Terzaghi-Peck (1967)

Fonte: Autor, adaptado de Czarnobai (data não informada)


69

Figura 59- diagrama de empuxo aparente em argilas rijas- Tschebotarioff (1951)

Fonte: Autor, adaptado de Czarnobai (data não informada)

Figura 60- diagrama de empuxo aparente em argilas média - Tschebotarioff (1951)

Fonte: Autor, adaptado de Czarnobai (data não informada)

Figura 61- diagrama de empuxo aparente em argilas moles - Tschebotarioff (1951)

Fonte: Autor, adaptado de Czarnobai (data não informada)


70

b) Método semi-empírico. (igualdade de áreas com diagrama triangular)

Figura 62 – diagrama de empuxo para paramentos rígidos ou flexíveis – paramento


em balanço

Fonte: adaptado da NC-03(1980) e Ferreira e outros (1996)

Figura 63 – diagrama de empuxo para paramentos flexíveis – 1 nível de tirante

Fonte: adaptado da NC-03(1980) e Ferreira e outros (1996)


71

Figura 64 diagrama de empuxo para paramentos flexíveis – vários níveis de tirantes


nas fases intermediárias da obra

Fonte: adaptado da NC-03(1980) e Ferreira e outros (1996)

Figura 65 diagrama de empuxo para paramentos flexíveis – vários níveis de tirantes


na fase final da obra

Fonte: adaptado da NC-03(1980) e Ferreira e outros (1996)


72

Figura 66- diagrama de empuxo para paramentos rígidos - vários níveis de tirantes na fase
final da obra

Fonte: NC-03:1980

Figura 67- diagrama de empuxo para paramentos rígidos - vários níveis de tirantes nas
fases intermediárias da obra

Fonte: NC-03:1980

c) Observações finais

 O empuxo devido a água deve ser calculado sempre com diagrama triangular

 O empuxo devido a sobrecargas deve ser retificado.

 Solos pouco resistentes como argila mole não devem ser retificados, pois não
há resistência ao cisalhamento suficiente para a formação do arqueamento.
73

4.7 DETERMINAÇÃO DOS ESFORÇOS SOLICITANTES (NA CORTINA E NOS


TIRANTES)

4.7.1 ESCOLHA DO NÚMERO DE TIRANTES

A estimativa do número de tirantes definirá a malha da cortina, pode ser feita uma
vez que se obtenha o valor total do empuxo na cortina. O valor do empuxo corresponde a
solicitação por metro de face da cortina, assim a força total para uma cortina de face
retangular é o valor do empuxo multiplicado pelo comprimento da cortina, e o número de
tirantes é:

nt = 4.33

onde:

nt – número de tirantes
E – empuxo resultante
L – comprimento da cortina
– ângulo de embutimento do tirante

Em posse do número de tirantes necessários pode-se projetar uma malha levando


em conta que o espaçamento entre tirantes costuma varias entre 1,5 a 3m. A distância
vertical entre elementos não precisa ser igual a distância horizontal, nem mesmo o
espaçamento entre um tirante e outro precisam ser iguais em toda a malha, seja na
horizontal ou na vertical. Vale salientar, entretanto que uma malha mais uniforme tem
aspecto visual mais agradável e conduz a um projeto mais econômico, uma vez que as
solicitações não devem ser muito diferentes de um tirante para outro, evitando ser
necessário haver tirantes com diferentes capacidades de carga.

Figura 68 – Definição da malha da cortina

Fonte: Autor, adaptado de Czarnobai (data não informada)


74

4.7.2 CÁLCULO PRÁTICO DAS SOLICITAÇÕES – ÁREA DE INFLUÊNCIA

Com a malha de tirantes definida pode se determinar através do modelo de área de


influência (método empírico) o carregamento em cada tirante por nível.

Figura 69 – Cálculo dos esforços por Área de Influência dos tirantes

Fonte: Autor

Da figura acima resulta de forma aproximada (NC-03, 1980; FERREIRA, 1996):

a) Momento Fletor

 Primeiro tirante:

M1 = E1a. d1a 4.34

 Tirante intermediário:

M2 = ( + 4.35

 Vãos entre tirantes:

M12 = . d12 4.36

M23 = . d23 4.37


75

b) Força Normal nos tirantes:

 Primeiro tirante:

F1 = E1a +E1b 4.38

 Tirante Intermediário:

F2 = E2a +E2b 4.39

 Último tirante:

F3 = E3a + E3b 4.40

c) Força Cortante:

Uma vez tendo as reações nos tirantes pode ser traçado o diagrama de força
cortante

4.7.3 CÁLCULO PRÁTICO DAS SOLICITAÇÕES – CÁLCULO HIPERESTÁTICO

Atualmente com a disponibilidade de programas gratuitos não há mais necessidade


de se evitar os modelos de viga hiperestática, assim é aconselhável que os esforços sejam
determinados através de uma viga contínua e não por área de influência.
Em se tratando de paramentos que se comportam com lajes lisas, pode se aplicar
diretamente o modelo de pórticos equivalentes da NBR 6118:2003.

Figura 70- Cálculo dos esforços através de duas vigas contínuas

Fonte: Czarnobai
76

Figura 71- Cálculo dos esforços através de pórticos equivalentes

Fonte: adaptado de Pinheiro (2009)

A diferença entre os dois modelos consiste apenas no fato de que através dos
pórticos equivalentes pode-se alcançar um dimensionamento mais econômico devido ao
fato de se trabalhar com os esforços em faixas, as faixas externas absorvem mais esforços
negativos que as externas devido a maior rigidez na região dos apoios (tirantes), o contrário
ocorre com os momentos positivos. O processo de viga contínua ignora esse fato e os
esforços que resultam são médios na faixa, no entanto dado o pequeno espaçamento entre
tirantes a diferença não será muito significativa. Enfim da analise estrutural é obtido os
esforços solicitantes na cortina e nos tirantes.

- Observações adicionais sobre o Método Semi-empírico da viga continua:

A norma EC-03:1980 recomenda que seja feita uma correção nos valores resultantes
das forças cortantes e reações nas estroncas/tirantes.
No caso de cortinas com ficha deve-se lembrar que na realidade o apoio é elástico e
não indeslocavel por isso na FIGURA 75 uma redução no momento na região da ficha e
aumento na região do último vão entre o tirante e a ficha,
77

Figura 72 – Dois níveis de tirantes:


Reação no Tirante inferior e cortante dentro do terço inferior da altura

Fonte: NC-03: 1980

Figura 73 – Dois níveis de tirantes:


Reação no tirante inferior e cortante dentro do terço intermediário da altura

Fonte: NC-03: 1980


78

Figura 74 – Três ou mais níveis de tirantes:


Reação e cortante entre 0,25H e 0,75H

Fonte: NC-03: 1980

Figura 75 – Cortinas com ficha:


Trecho entre último tirante e ficha da cortina

Fonte: NC-03: 1980


79

4.8 DIMENSIONAMENTO DA SEÇÃO DE AÇO

O dimensionamento do elemento resistente do tirante é feito comparando a tensão


admissível do aço com o esforço máximo de tração obtido do item anterior.

adm = 0,90. 4.41

Onde:

adm – tensão admissível do aço


Fyk – tensão de escoamento do aço
FS – fator de segurança

O valor de FS é tomado como:

 1,5 - Tirantes provisórios

 1,75 - Tirantes permanentes

O coeficiente 0,9 é devido ao fato de que o aço não deve trabalhar sob uma tensão
maior do que 90% da sua tensão e escoamento, a carga limite é: Tlim = 0,9.fyk. As.
A carga de trabalho do tirante é dado por:

Ft = adm. As 4.42

onde:

Ft – carga de trabalho

As – área de aço da menor seção do tirante.

De acordo com a NBR 5629:2006 a área de aço de cada elemento individual (barra,
fio ou cordoalha) não deve ser inferior a 50mm²

No entanto, os fabricantes disponibilizam tabelas com as características do aço e de


onde se pode retirar a carga de trabalho automaticamente:
80

Tabela 2 – Carga de trabalho para tirantes de barra

Fonte: Rodrigues (2011)


81

Tabela 3 – Carga de trabalho para tirantes de fios com aço CP150RB

Fonte: Yassuda e Diaz (1996)

Tabela 4 – Carga de trabalho para tirantes de cordoalhas com aço CP150RB

Fonte: Yassuda e Diaz (1996)


82

Tabela 5 – Carga de trabalho para tirantes autoinjetáveis

Dados do Tubo Tensão Carga de trabalho (KN)


AÇO Área
Espessura da fyk limite
E=21.000 Kg/mm²  nominal  efetivo Efetiva Permanente Provisória
parede (mm) (Kg/mm²) (ensaio)
(mm²)
INCO-15 TD 40 38,1 7.0 684 44 27 15 17
INCO-20 TD 40 38,1 9.0 822 47 34,7 20 23
INCO-27 TD 40 38,1 9.0 822 63 46,6 27 31
INCO-34 TD 40 38,1 11.0 936 70 59 34 40
INCO-43 TD 50 48,3 11.5 1330 63 75,4 43 50
INCO-51 TD 50 48,3 11.5 1569 63 88,9 51 59
INCO-70 TD 62 60,3 15.0 2134 63 121 70 80
Fonte: adaptado do site http://www.incotep.com.br/tirantes-autoinjetavel.php

4.9 DIMENSIONAMENTO DO BULBO DE ANCORAGEM

O fenômeno de transferência de carga do tirante para o maciço ocorre devido ao


atrito entre o bulbo e o material do terreno, naturalmente a resistência devido ao atrito entre
esses dois materiais dependem dos parâmetros do solo e da superfície do bulbo que é
comandada pelo comprimento de ancoragem e pelo seu diâmetro (idealizando um cilindro
de argamassa), outro fatores interferem no atrito como a profundidade em que o bulbo se
encontra (devido ao embutimento no terreno) e a pressão efetiva ao redor do bulbo (função
da pressão de injeção e do peso do maciço sobre o bulbo). (YASSUDA e DIAZ, 1996)
Outro mecanismo de transferência de carga por atrito ocorre entre o aço do tirante e
a calda de cimento no bulbo, a NBR 5629:2006 não comenta nem exige essa verificação.
Diversos são os métodos de verificação da capacidade resistente do bulbo, Yassuda
e Diaz, 1996; More, 2003; Mendes, 2010, NC-03, 1980 e a NBR 5629:2006 trazem em seus
textos e discussões alguns desses métodos. Entre os principais métodos pode-se destacar:

 Método da NBR 5629:2006

 Método de Costa Nunes

 Método de Bustamante e Doix, 1985; atualizado por Habib, 1989

 Método de Ostermayer (1974)

Do ponto de vista de aplicação prática estes são os métodos mais citados entre os
autores. Os dois primeiros, brasileiros, são tratados a seguir. Para os demais sugere-se
consultar More (2003)
83

4.9.1 MÉTODO DA NBR 5629:2006

Segundo a norma as equações abaixo servem para se fazer uma estimativa


preliminar e a determinação do comprimento e seção transversal da ancoragem deve ser
feita experimentalmente por meio dos ensaios básico e de qualificação
As equações da norma não levam em conta fatores como embutimento do bulbo nos
solo e pressão de injeção da nata e de acordo com Yassuda e Diaz (1996) os resultados
são muito conservadores. Duas equações são propostas em função do solo:

Solos arenosos:

4.43

Solos argilosos:

4.44

Onde:
T – Capacidade de carga da ancoragem
’ – tensão efetiva no ponto médio da ancoragem
U – perímetro médio da seção transversal de ancoragem
Lb – comprimento do bulbo de ancoragem
Kf – coeficiente de ancoragem
– coeficiente redutor da resistência ao cisalhamento
Su – resistência não drenada do solo argiloso

Segundo a NBR 5629:2006 não é permitido a execução de tirantes com ancoragem


em solo orgânico mole, solos de aterros sanitários, solos coesivos com N<4 e aterros com
N<4 do ensaio de SPT.

Tabela 6 – Coeficiente de ancoragem Kf

Compacidade
Solo
Fofa Compacta Muito Compacta
silte 0,1 0,4 1
areia fina 0,2 0,6 1,5
areia média 0,5 1,2 2
areia grossa e pedregulho 1 2 3

Fonte: NBR 5629:2006


84

Tabela 7 – Coeficiente redutor de resistência ao cisalhamento

Resistênsia não drenada


Su < 40 Kpa 0,75
Su > 100 Kpa 0,35
40 < Su < 100 = -0,00667. Su +1,017

Fonte: adaptado da NBR 5629:2006

- Ancoragem em rocha:

A norma traz ainda uma estimativa de resistência para rochas devido ao atrito rocha-
argamassa. A capacidade de carga da ancoragem é o menor entre os seguintes valores:

 1/30 da resistência a compressão simples da rocha

 1/30 da resistência a compressão simples da argamassa

4.9.2 MÉTODO DE COSTA NUNES

Costa Nunes foi um engenheiro pioneiro na área de cortinas atirantadas, em 1987


propôs um método de cálculo de ancoragem que considera de forma quantitativa o efeito
benéfico da injeção na ancoragem. (More, 2003)
A resistência da ancoragem é dada por:

4.45

Onde:
T – Capacidade de carga da ancoragem
 – tensão de cisalhamento na interface bulbo-solo
de – diâmetro médio do bulbo
Lb – comprimento do bulbo de ancoragem
nb – coeficiente de aumento de diâmetro do bulbo devido a pressão de injeção
nL – coeficiente de redução de comprimento do bulo devido a pressão não uniforme
sobre o mesmo – para ancoragens de até 8m, considera-se nL=1.
A resistência ao cisalhamento  é determinada pelo critério de Mohr-Coulomb

4.46
85

Onde:
c – coesão entre calda e solo (adotada igual a coesão do solo)

’ – tensão efetiva no solo


 – aumento de pressão normal devido a pressão residual de injeção de nata (é
tomado uma valor entre 5 a 10 vezes a pressão no solo na região do bulbo e deve ser
limitado ao valor de ruptura hidráulica do terreno)
 – ângulo de atrito do solo

Substituindo a tensão efetiva temos:

4.47

Onde:

5. .h<  < 10.  h 4.48

Sendo:
h – profundidade da superfície ao centro do bulbo
 – massa específica do terreno acima do bulbo
nh – coeficiente de redução da profundidade (quando h> 9m, n h=1)

4.10 DIMENSIONAMENTO DA CORTINA (ELU E ELS)

O dimensionamento da cortina em si é feito como uma laje onde os apoios podem


ser considerados como indeformados. Os apoios são os tirantes e um ponto na ficha. Para
cada tipo de laje há um procedimento de cálculo específico que deve atender as
prerrogativas da NBR 6118:2007. Esses procedimentos de cálculo, como dito anteriormente,
podem ser encontrados em autores clássicos de livros sobre estruturas de concreto armado
e é assunto plenamente divulgado e de fácil acesso.
Seguindo as prescrições da NBR 6118:2007 e o costume de projeto, é feito
dimensionamento da laje para o Estado Limite Último (ELU)e posteriormente é verificado os
Estados Limites de Serviço (ELS): Estado Limite de deformação excessiva(ELS-DEF),
Estado limite de abertura de fissuras (ELS-W) e Estado limite de formação de fissuras
(ELS-F) quando for o caso.
86

4.10.1 VERIFICAÇÃO DA PUNÇÃO (NA CORTINA)

Quando a cortina se tratar de uma laje apoiada diretamente nos tirantes, isto é, não
haver uma grelha ou vigas passando pelos tirantes deve ser verificado a punção na região
dos tirantes, seguindo novamente as prescrições da NBR 6118:2007, esse cálculo também
pode ser encontrado nos livros clássicos de concreto armado.
87

5 ASSUNTOS COMPLEMENTARES
5.1 ENSAIOS NOS TIRANTES
De importância fundamental quando se trata de tirantes são os ensaios de
protensão, todos os tirantes devem ser submetidos a algum tipo de ensaio, de acordo com a
NBR 5629:2006 estabelece quatro tipos de ensaios, a saber: ensaio básico, ensaio de
qualificação, ensaio de recebimento e ensaio de fluência, cujas características básicas
seguem abaixo:

Ensaio Básico:

Deve ser feito quando se utiliza um novo tipo de tirante, esse ensaio consiste na
execução do ensaio de qualificação e posterior escavação ao lado do tirante e na verificação
da conformação do bulbo, da qualidade de injeção e dos comprimentos livre e de
ancoragem.
Só é realizado para novos modelos de tirantes

Ensaio de Qualificação:

É utilizado para verificar a capacidade de carga e deslocamentos dos tirantes, desse


ensaio pode-se obter o comprimento livre e avaliar o atrito ao longo do comprimento livre.
É realizado em pelo menos 1% dos tirantes por obra, 1% dos tirantes por tipo de
terreno e 1% por tipo de tirante), com pelo menos 2 tirantes.

Ensaio de recebimento:

Trata-se do principal ensaio, deve ser realizado em todos os tirantes da obra para
garantira capacidade de carga e do comportamento do tirante.

Ensaio de fluência:

Tem como objetivo avaliar o comportamento do tirante sob o efeito de cargas de


longa duração.
É realizado em pelo menos 1% dos tirantes por obra, 1% dos tirantes por tipo de
terreno e 1% por tipo de tirante), com pelo menos 2 tirantes.
88

5.2 ENSAIOS DE PROTENSÃO


5.2.1 PROCEDIMENTO DO ENSAIO DE QUALIFICAÇÃO:

Deve ser seguida a sistemática abaixo:


a) preparar uma viga para apoiar os extensômetro em uma posição que não seja
afetada pela movimentação do maciço ou de qualquer outra fonte de perturbação. O
extensômetro de estar posicionado na mesma direção de ação da protensão.
b) protender o tirante até a carga inicial Fo e esperar estabilização dos
deslocamentos

Fo=0,1. fyk . S 5.1

Onde:
Fo – carga inicial
Fyk – resistência característica a tração
S – área da menor seção do elemento tracionado*
* No caso de tirantes com rosca não se deve considerar as saliências da rosca
c) a partir de Fo deve-se prosseguir com os estágios de força abaixo

tirante permanente 0,4 Ft 0,75 Ft 1,0 Ft 1,25 Ft 1,5 Ft


tirante provisório 0,4 Ft 0,75 Ft 1,0 Ft 1,25 Ft 1,5 Ft 1,75F

Para ambos os casos não se deve ultrapassar uma carga de estágio maior que 0,9.
Fyk . S.
d) Alcançado Fo aplicasse o primeiro estágio de 0,4 Ft, e medem-se os
deslocamentos até estabilização dos deslocamentos para essa carga, após estabilização
alivia-se a carga até Fo e mede-se o deslocamento plástico, finalizando assim o ciclo do
estágio 0,4Ft.
e) Para o próximo estágio (0,75Ft) segue-se o mesmo procedimento, medindo-se o
deslocamento na passagem pela carga 0,4Ft (após estabilização da pressão do manômetro)
e o deslocamento (após a estabilização do deslocamento) com carga de 0,75Ft, em seguida
alivia-se a carga até Fo e mede-se o deslocamento plástico fechando o segundo ciclo e
assim por diante para todos os estágios até ser alcançado o último estágio.
Cada estágio de carregamento ao ser atingido deverá ter o deslocamento da cabeça
do tirante medido com extensômetro de resolução 0,01mm. Será considerado o
deslocamento estabilizado em cada ciclo (antes de se aliviar a carga para Fo) se for
obedecido os seguintes critérios:
89

 Estágios de carga inferiores a 0,75Ft: em intervalos de 5 minutos o


deslocamento deve ser menor que 0,1mm

 Estágios de carga entre 0,75Ft e 1,0Ft: em intervalos de 15 minutos


para solos arenosos ou 30 minutos para solos argilosos o
deslocamento deve ser menor que 0,1mm

 Estágios de carga entre 1,0Ft até 1,5Ft (tirantes provisórios) ou 1,75Ft


(tirantes permanentes): em intervalos de 60 minutos o deslocamento
deve ser menor que 0,1mm.

5.2.2 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DO ENSAIO:

De acordo com a norma resultados do ensaio deve ser apresentada com o uso de
um gráfico “Carga x Deslocamento” (FIGURA 76-a) e de um gráfico “Carga x
Deslocamentos elásticos e permanentes” (F x de e F x dp) como mostra a FIGURA 76-b.

Figura 76 - Gráficos do Ensaio de Qualificação

Fonte: NBR 5629:2006


90

Do primeiro gráfico é possível obter o comportamento do tirante durante o ensaio, o


deslocamento plástico e o elástico. A elaboração do gráfico é simples, eixo das abscissas
comportando o valor das cargas e eixo das ordenadas com os valores dos deslocamentos.
Do segundo gráfico se obtém mais informação, nele o deslocamento elástico
repartido do deslocamento plástico, são traçadas retas (linha a, linha b e linha c) donde se
obtêm a aceitação ou rejeição do tirante.
Abaixo é descrito de forma detalhada como elaborar e interpretar o gráfico
apresentado na Figura 82.
- linha a - linha limite superior: corresponde ao deslocamento elástico da cabeça
do tirante, considerando um comprimento livre (LL) mais metade do comprimento do bulbo
(Lb), essa reta mostra o máximo alongamento teórico possível no tirante, ou seja, considera
o maior comprimento e não leva em conta as perdas de carga, a equação que rege essa
reta é exposta a seguir:

5.2

Onde:

dea – deslocamento elástico do limite superior


F – carga do estágio correspondente
F0 – carga inicial
LL – comprimento livre teórico
Lb – comprimento do bulbo
E – módulo de elasticidade do elemento resistente a tração
S – menor seção transversal do elemento resistente a tração

- linha b - linha limite inferior: corresponde ao deslocamento da cabeça de um


tirante cujo comprimento livre LL é reduzido de 20%. A reta é obtida em três trechos, o
trecho OR, o trecho RS e o trecho de S até a carga limite (F lim), a carga limite corresponde a
máxima carga ao qual o tirante foi solicitado no ensaio e deve estar limitada a 90% da forço
de escoamento do material tracionado (F lim ≤ 0,9 . fy . S). A reta b representa a curva
“deslocamento elástico x força” de um tirante com perdas de cargas relativas altas no trecho
inicial do tirante (trecho OR e trecho RS). Segundo Yassuda e Dias (1998) a redução de
20% é devida a uma tolerância de que até 20% do trecho livre pode ter alguma aderência (e
não ser efetivamente livre).
91

Ponto O: Eixo da abscissa –X= F = F0


Eixo da ordena –Y= deb = 0
Ponto R: Eixo da abscissa –X= F = F0+0,15 Flim
Eixo da ordena –Y= deb = 0
Ponto S: Eixo da abscissa –X= F = F0+0,75. Flim
Eixo da ordena –Y= deb = 0,6 (Flim. LL) / (E.S)

A Partir do ponto S, vale a equação:

5.3

Onde:
deb – deslocamento elástico do limite inferior

- linha b - linha média: corresponde ao alongamento teórico do trecho livre, e sua


função é de referência visual.

5.4

Onde:
dec – deslocamento elástico de referência

- curva real e comprimento livre efetivo: da curva real, obtida dos valores dos
deslocamentos elásticos do ensaio pode-se obter o comprimento livre efetivo (LLE) do tirante,
isso é feito pela equação abaixo onde Δd e e ΔF são retirados do trecho aproximadamente
reto dessa curva.

5.5

Onde:
LLE – comprimento livre efetivo
Δde – variação do deslocamento elástico entre pontos qualquer em um trecho
aproximadamente reto da curva
ΔF – variação do carregamento correspondente a Δd e.

- Perda de carga por atrito (Pa): é a perda de carga que ocorre no trecho livre do
tirante, pode ser obtida a partir do prolongamento da parte aproximadamente reta da curva
92

real até o eixo das abscissas (ou das forças), a diferença de força entre o ponto F0 e o
ponto de intersecção é a perda de carga Pa.

5.2.3 ACEITAÇÃO DO TIRANTE:

De acordo com a NBR 5629:2006 será considerado como aceito o tirante:


a) cuja curva real dos deslocamentos elásticos estiver entre a linha a e a linha b
b) cuja perda de carga por atrito seja menor ou igual a 15% de Flim
Yassuda e Diaz (1996) adicionam alguns aspectos importantes para a aceitação
desse ensaio:
 a norma não diz respeito a nenhum critério de rejeição

 o fator mais importante a ser avaliado é a carga máxima, caso a carga


máxima no qual os deslocamentos se estabilizem seja inferior a carga de
trabalho prevista o tirante ainda pode ser aproveitado a partir de uma revisão
de projeto ou se fazer a execução de novos ensaios para atestar os
resultados.

 O fato de haver perda por atrito no trecho livre maior que 15% de Flim não
implica necessariamente que o tirante não tem a capacidade de carga
suficiente significa apenas que o bulbo não foi testado plenamente, caso isso
ocorra pode-se tentar o descolamento do trecho livre através de sucessivos
carregamentos ou descarregamentos. Para tirantes com trechos livres mais
longos (quanto mais longo maior o risco de haver atrito e perda de carga
nesse trecho) pode-se superdimensionar o aço para que a carga limite
aplicada seja maior, vencendo as perdas de carga de forma que a tensão
resultante no bulbo seja a Flim desejada.

5.2.4 PROCEDIMENTO DO ENSAIO DE RECEBIMENTO:

Trata-se de um ensaio de rotina, o principal ensaio, deve ser realizado em todos os


tirantes da obra para garantira capacidade de carga e do comportamento dos
deslocamentos. Esse ensaio consiste em uma simplificação do ensaio de qualificação, por
se tratar de um ensaio para todos os tirantes sua execução é mais prática e rápida que o
anterior, mas mantem os mesmos princípios fundamentais.
Nesse ensaio os tirantes são divididos em quatro tipos, conforme sejam permanentes
ou provisórios, para cada tipo é estabelecido os estágios a que devem ser submetidos.
93

Tabela 8 – Tirantes a serem ensaiados – Ensaio de recebimento


Quantidade de tirantes para ensaio
tipo A mínimo 10% dos tirantes da ora
tirante permanente
tipo B demais tirantes restantes
tipo C mínimo 10% dos tirantes da ora
tirante provisório
tipo D demais tirantes restantes

Deve ser seguida a sistemática abaixo, semelhante ao ensaio anterior:


a) preparar uma viga para apoiar os extensômetro em uma posição que não seja
afetada pela movimentação do maciço ou de qualquer outra fonte de perturbação. O
extensômetro de estar posicionado na mesma direção de ação da protensão.
b) protender o tirante até a carga inicial Fo e esperar estabilização dos
deslocamentos

Fo=0,1 fyk . S 5.6

Onde:
Fo – carga inicial
Fyk – resistência característica a tração
S – área da menor seção do elemento tracionado*
*no caso de tirantes com rosca não se deve considerar as saliências da rosca
c) a partir de Fo deve-se prosseguir com os estágios de força abaixo:

tirante tipo A 0,3Ft 0,6Ft 0,8Ft 1,0Ft 1,2Ft 1,4Ft 1,6Ft 1,75Ft
permanente tipo B 0,3Ft 0,6Ft 0,8Ft 1,0Ft 1,2Ft 1,4Ft
tirante tipo C 0,3Ft 0,6Ft 0,8Ft 1,0Ft 1,2Ft 1,5Ft
provisório tipo D 0,3Ft 0,6Ft 0,8Ft 1,0Ft 1,2Ft

Para ambos os casos não se deve ultrapassar uma carga de estágio maior que 0,9.
Fyk . S.
d) Alcançado Fo aplica-se o primeiro estágio de 0,3 Ft, e medem-se os
deslocamentos (após estabilização do manômetro), após estabilização aplicasse o segundo
estágio de 0,6Ft e assim por diante. Ao atingir o último estágio (carga máxima) medem-se
os deslocamentos (após estabilização dos deslocamentos) e aliviasse até F 0 onde é medido
o deslocamento plástico. (No ensaio de recebimento antes de prosseguir para o próximo
estágio a protensão era aliviada, nesse caso não, parte-se de um estágio ao outro direto,
apenas esperando a estabilização da pressão do manômetro).
94

O deslocamento da cabeça do tirante deve ser medido com extensômetro de


resolução 0,01mm. Será considerado o deslocamento estabilizado na carga máxima (antes
de se aliviar a carga para Fo) se for obedecido os seguintes critérios:
 Para solos arenosos: em intervalos de 5 minutos o deslocamento deve ser menor
que 1mm.

 Para solos argilosos ou não arenosos: em intervalos de 10 minutos o deslocamento


deve ser menor que 1mm.

5.2.5 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DO ENSAIO:

O ensaio de recebimento deve também ser apresentado com gráfico Carga x


Deslocamento (FIGURA 77-a) e o gráfico Carga x Deslocamentos elásticos e permanentes
(F x de e F x dp) como mostra a FIGURA 77-b.

Figura 77 -Gráficos para o Ensaio de Recebimento

Fonte: NBR 5629:2006


95

A construção dos gráficos acima é idêntica aos dos gráficos do ensaio de


qualificação

5.2.6 ACEITAÇÃO DO TIRANTE:

De acordo com a NBR 5629:2006 será considerado como aceito o tirante:

a) cuja curva real dos deslocamentos elásticos estiver entre a linha a e a linha b
b) cujo deslocamento tenha se estabilizado durante aplicação da carga máxima de
ensaio prevista (segundo os critérios de intervalos de tempo do item 9.2.2 desse trabalho)

Da mesma forma valem os comentários de Yassuda e Diaz já explicados no item


9.1.3 desse trabalho e reescritos abaixo sobre os aspectos importantes para a aceitação
desse ensaio:
 A norma não diz respeito a nenhum critério de rejeição

 O fator mais importante a ser avaliado é a carga máxima, caso a carga


máxima no qual os deslocamentos se estabilizem seja inferior a carga de trabalho
prevista o tirante ainda pode ser aproveitado a partir de uma revisão de projeto ou se
fazer a execução de novos ensaios para atestar os resultados.

 O fato de haver perda por atrito no trecho livre maior que 15% de Flim não
implica necessariamente que o tirante não tem a capacidade de carga suficiente,
significa apenas que o bulbo não foi testado plenamente, caso isso ocorra pode-se
tentar o descolamento do trecho livre através de sucessivos carregamentos ou
descarregamentos. Para tirantes com trechos livres mais longos (quanto mais longo
maior o risco de haver atrito e perda de carga nesse trecho) pode-se
superdimensionar o aço para que a carga limite aplicada seja maior, vencendo as
perdas de carga de forma que a tensão resultante no bulbo seja a Flim desejada.

5.2.7 PROCEDIMENTO DO ENSAIO DE FLUÊNCIA:

Tem como objetivo avaliar o comportamento do tirante sob o efeito de cargas de


longa duração, por isso sua aplicação é necessária em tirantes provisórios. O ensaio em si
segue o mesmo procedimento do ensaio de qualificação, a NBR 5629:2006 estabelece os
mesmos estágios de carga e a mesma quantidade de tirantes (1% por obra, por tipo de solo
e por tipo de tirante, com o mínimo de 2 tirantes) desse ensaio, permitindo assim que o
ensaio de fluência seja realizado junto com o de qualificação.
96

O procedimento de ensaio é encontrado no item 9.1.1 desse trabalho, segue abaixo


os estágios de carregamentos dos tirantes permanentes.

tirante permanente 0,4 Ft 0,75 Ft 1,0 Ft 1,25 Ft 1,5 Ft

A medida dos deslocamentos na cabeça do tirante devem ser coletadas para cada
estágio de carregamento nos seguintes intervalos de tempo

Intervalos de tempo para coleta de deslocamentos (minutos)


10 20 30 40 50 60

A partir de 60 minutos a norma considera que há dados suficientes para análise da


fluência desde que nos últimos 30 minutos (desses 60 minutos) os deslocamentos medidos
sejam inferiores a 5% do deslocamento total do ensaio, caso isso não ocorra deve-se
prosseguir com medição após um intervalo de mais 30 minutos e assim sucessivamente até
que o deslocamento menor que 5% seja obtido.

5.2.8 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DO ENSAIO:

Com a informação do “deslocamento x tempo” deve ser construído dois gráficos


obrigatoriamente (FIGURA 79-a E FIGURA 79-b):
 log (tempo) x deslocamentos

 carga x coeficiente de fluência

O uso do gráfico do deslocamento em função do logaritmo do tempo tem por


finalidade linearizar o gráfico da Figura 78, e dessa forma obter o coeficiente de fluência
para cada estágio. Com esses coeficientes é traçado o gráfico de “carga x coeficientes de
fluência”
O coeficiente de fluência é dado por:

5.7

Onde:
CF – coeficiente de fluência
d1 e d2 – deslocamentos em dois pontos quaisquer da reta
t1 e t2 – tempos correspondentes aos deslocamentos d 1 e d2
97

Figura 78- Gráfico deslocamento x Tempo

Fonte: Joppert Jr. (2006) e NBR 5629:2006

Figura 79 - Gráficos do Ensaio de Fluência

Fonte: Joppert Jr. (2006) e NBR 5629:2006

5.2.9 ACEITAÇÃO DO TIRANTE:


É aceito o tirante cujo valor do coeficiente de fluência para a carga de 1,75 seja
menor que:
a) 1 mm, para bulbos em terrenos arenosos

b) 2 mm, para bulbos em terrenos argilosos ou não arenosos


98

5.3 PROCESSOS CONSTRUTIVOS DA CORTINA

Quando se trata de um tipo de contenção com estacas que contenham uma ficha
enterrada no solo, como é o caso das paredes diafragma atirantadas não há necessidade de
se usar as bermas para dar estabilidade ao sistema uma vez que a ficha seja projetada ara
suportar os empuxos durante o processo construtivo (FIGURA 80).

Figura 80 - Processo construtivo da Cortina

Fonte: Hanna (1982) citado em More (2003)

Outro fator importante é que as cortinas não precisam ser executadas


necessariamente em cortes, podem ser feitas ao ar livre e depois aterradas. Nesse caso a
compactação do aterro deve ser feita com todo critério possível para que a compactação
não mude a direção ou inclinação ou ainda quebre o tirante. Cabe salientar que
preferivelmente o bulbo deve fica sob o solo natural além da superfície de ruptura do aterro.
(FIGURA 81).

Figura 81 - Cortina em situação de corte e aterro

Fonte: Yassuda e Diaz (1996)


99

Em relação a execução do paramento, esse pode ser de diversos tipos, com


comportamentos estruturais diferentes. Pode ser executado antes dos tirantes, pode ser
feito de placas pré-moldadas, pode ser feio por placas verticais (uma placa para cada linha
vertical de tirantes), ou ser feito em forma de grelha, não há limitações quanto a tipologia
estrutural do paramento, cada tipologia, entretanto deve receber o processo de
dimensionamento apropriado. A cortina pode ser ainda executada antes ou pós os tirantes
por meio da técnica de concreto moldado in loco ou projetado, onde o concreto é lançado
sob o terreno, nesse caso deve-se controlar a espessura de concreto e ser prevista uma
malha de aço para transmitir os esforços as tirantes, o concreto projetado é mais
recomendado para solo grampeado, onde os esforços no paramento são menores devido ao
grande número de chumbadores, de qualquer forma a incorporação ocorre depois da
execução do paramento. A FIGURA 82 mostra a execução e uma cortina com paramento
em grelha.

Figura 82 - Cortina em Grelha

Fonte: http://www.infraestruturaurbana.com.br/solucoes-tecnicas

Na FIGURA 83 pode-se ver o processo executivo de cima para baixo denominado também
de método brasileiro.
100

Figura 83 – Método brasileiro (de cima para baixo)

Fonte: Rodrigues (2011)


101

5.4 USO DO SUBSOLO E PROBLEMAS COM VIZINHANÇA

Diferentemente da maior parte das contenções as cortinas atirantadas utilizam parte


do maciço para estabilizarem o talude, a grande vantagem desse sistema é o fato de ser
possível executar uma contenção sem escavar o maciço (como ocorre para fazer a fôrma
muros de gravidade e de concreto armado de modo geral). Esse aspecto positivo reflete
também algumas desvantagens explanadas a seguir:

a) problema devido a interferências de sistemas públicos


Um segundo tipo de problema que costuma ocorrer é a interferência com tubulações
de gás, água de abastecimento, água pluvial, sistema de coleta de esgoto, etc. A NBR
5629:2006 em seu item 5.4.3 estabelece que cabe ao proprietário obter informações sobre
as interferências e definir a distância mínima de perfuração dos obstáculos bem como obter
a permissão por parte dos órgãos públicos no processo de licenciamento da obra. Ao
projetista e executor cabe exigir essas informações e documentos.
Sobre a permissão de perfuração em si há controvérsias sobre o tema uma vez que
a exploração do subsolo é de propriedade da união, no entanto o bom senso leva os
projetistas a consultarem as prefeituras e órgãos públicos antes da execução.

b) problema com vizinhos e interferências em obras existentes


Como dito anteriormente sobre a permissão de perfuração em si há controvérsias
sobre o tema uma vez que a exploração do subsolo é de propriedade da união, mas os
projetistas costumam consultar os proprietários de terrenos vizinhos antes da execução,
principalmente quando se trata de uma edificação já existente com fundação profunda, uma
vez que existe o risco de quebra de estaca durante a perfuração do tirante, assim é
obrigatória a consulta aos projetos das edificações vizinhas existentes para evitar patologias
e danos às edificações próximas. É importante também que os vizinhos sejam comunicados
dos benefícios oriundos do atirantamento do solo. Yassuda e Diaz (1998) tecem alguns
argumentos a ser explicada a vizinhança em relação ao atirantamento:
 Obras ancoradas evitam deformações excessivas no terreno evitando
assim danos as estruturas vizinhas no que diz respeito a recalques

 São materiais enterrados e inertes, não oferecendo riscos ao meio


ambiente.

 A execução dos tirantes não prejudica a resistência do terreno, pode


até vir a melhoras as propriedades do mesmo.
102

 Trata-se de uma obra segura, onde todos os tirantes são ensaiados.

 Se no futuro o terreno vizinho for escavado, não há riscos a


contenção, uma vez que escavado o terreno não haverá mais empuxo a conter.

c) problemas devido à injeção


A injeção pode ocorrer em estágio único ou em estágios múltiplos. Duas coisas são
importantes de serem observadas sobre esse aspecto.
As injeções em um único estágio oferecem menos aderência bulbo-solo, de forma
que são viáveis para terrenos rochosos ou solos de boa capacidade de suporte. No caso de
injeções múltiplas o volume do bulbo formado é maior que no processo único, causando
uma deformação do solo aos arredores deslocando parte do maciço, quando se trata de um
único bulbo ou quando o tirante esta enterrado a uma distancia considerável da superfície
superior do terreno não há grandes problemas, no entanto é comum o alinhamento
horizontal e vertical dos tirantes, a soma dos deslocamentos dos bulbos alinhados, aliado a
uma profundidade insuficiente do tirante mais superior em relação a superfície do terreno
pode causar uma “lombada”, esse levantamento do terreno pode causar trincas e outras
patologias em edificações vizinhas. A NBR 5629:2006 recomenda um recobrimento de solo
de no mínimo 5m que evita esse problema, além de melhora a distribuição de tensões no
maciço.
O segundo fato importante é que altas pressões perto de sistemas públicos de
tubulações podem fazer com que a nata infiltre nesses sistemas, ou seja, deve-se manter
uma distância segura para evitar a perfuração ou a contaminação de tubulações.

5.5 DURABILIDADE E PROTEÇÃO DOS TIRANTES

Atualmente as normas ABNT tem dado maior enfoque para as questões de


durabilidade das estruturas visando garantir o bom funcionamento durante toda a vida útil
esperada.
Nas cortinas atirantadas, entre todos os elementos constituintes, é o trecho livre e a
cabeça do tirante quem normalmente apresenta patologias (YASSUDA E DIAZ, 1998;
JOPPERT JR., 2007), isso porque na região do bulbo o cobrimento de argamassa sobre o
aço é bastante representativo, na região do trecho livre os problemas de corrosão, segundo
Yassuda e Diaz (1998), costumam ocorrer no primeiro metro próximo a cabeça, pois é na
região da cabeça que há a interface solo/ar/água de chuva, com possibilidade de infiltração
pela água da chuva principalmente.
103

Esse mesmo autor enfatiza também a necessidade de controle durante a vida útil
dos tirantes, a antiga NBR 5629:1977 preconizava, para o caso de tirantes definitivos a
verificação da carga por medida direta ou reprotensão em pelo menos 5% dos tirantes nos 6
meses iniciais e após cada 2 anos até os 5 primeiros anos da execução. Essa verificação
não era feita na prática e por isso a atual norma não exige esses ensaios. No entanto com a
finalidade de garantir a segurança, pelo menos em parte, durante a vida útil a atual norma
aumentou o nível de exigência no que diz respeito à proteção dos tirantes, estabelecendo
hoje três classes de proteção, como é mostrado na tabela seguir.
Tabela 9 – Tirantes a serem ensaiados – Ensaio de recebimento
Classe Aplicação Proteção
Trecho ancorado:
1º barreira física: tubo plástico corrugado ou metálico com espessura mínima de 4 mm
a)Tirantes permanentes em meio 2º barreira física: argamassa ou nata de cimento
muito agressivo ou medianamente trecho livre: opção 1
Classe 1 agressivo (graxa anticorrosiva + duto plástico) por barra, fio ou cordoalha +
b)Tirantes provisórios em meio (calda/argamassa de cimento entre os dutos individuais+ duto plástio)
muito agressivo trecho livre: opção 2
(graxa anticorrosiva + duto plástico) envolvendo todas as barras, fios ou cordoalhas +
(calda/argamassa de cimento entre os duto anterior e outro duto plástio)
Trecho ancorado:
a)Tirantes permanentes em meio
argamassa ou nata de cimento e uso de centralizadores garantindo um recobrimento
não agressivo
Classe 2 de no mínimo 2 cm
b)Tirantes provisórios em meio
trecho livre:
mediamente agressivo
uso das opções 1 ou 2 da classe 1
Trecho ancorado:
argamassa ou nata de cimento e uso de centralizadores garantindo um recobrimento
de no mínimo 2 cm
a)Tirantes provisórios em meio
Classe 3 trecho livre: opção 1
não agressivo
proteção por um duto plástico individual por barra, fio ou cordoalha
trecho livre: opção 1
proteção por um duto plástico envolvendo todas as barras, fios ou cordoalhas

Fonte: Autor (baseado na NBR 5629:2006)

Para a proteção classe 1 (mais complexa) é mostrado os esquemas abaixo:

Figura 84 – Seção do trecho livre de tirantes de fios ou cordoalhas – 1º Opção

Fonte: Autor
104

Figura 85 – Seção do trecho livre de tirantes de fios ou cordoalhas – 2º Opção

Fonte: Autor

Apesar da norma não dizer claramente, os autores (YASSUDA E DIAS, 1998;


JOPPERT JR., 2006) recomendam que todas as barras, fios ou cordoalhas devem receber
entes da sua instalação no furo uma limpeza através de escovação (ou de imersão em acido
fosfórico e posterior banho em solda cáustica para casos mais graves de oxidação) e após a
limpeza recomenda-se a pintura de proteção anticorrosiva com tinta a base de resina.
Os mesmos autores consideram que como proteção adicional, pode-se utilizar um
tubo PVC de cerca de 40cm a partir da cabeça, passando pela parede da cortina e
prosseguindo um pouco em contato com o terreno, onde deve ser injetado calda de cimento.
A NBR 5629:2006 estabelece tipos de protensão em função do tipo de tirante e do
meio em que ele se encontra. Independente do tipo de proteção adotada, a argamassa é
considerada uma camada de proteção e qualquer outra proteção (com exceção à
argamassa) devem atender aos seguintes critérios:
 Ter vida efetiva maior ou igual a requerida para o tirante.

 Não reagir quimicamente com o meio.

 Não restringir o movimento de trecho livre.

 Ser composto de materiais com deformações compatíveis às do


tirante.

 Não sofrer envelhecimento ou trincar sob tensão.

 Ser resistente às operações de montagem, transporte, instalação e


proteção do tirante.
105

Resta ainda uma questão a ser tratada sobre o tema, como determinar qual o grau
de agressividade do meio. Yassuda e Diaz fornece a seguinte tabela, que foi retirada da
NBR 5629:2006 com algumas adaptações, onde o grau de agressividade é função da
caracterização da água presente no solo:

Tabela 10 – Indicação do grau de agressividade em função da água no solo

Fonte: NBR 5629:2006

5.6 PATOLOGIAS E PROBLEMAS EXECUTIVOS

Em decorrência da proteção inadequada, considerações erradas de projeto, erros de


execução ou falta de manutenção ao longo dos anos as cortinas atirantadas (como qualquer
estrutura) pode vir a apresentar sintomas de patologias, em sua maioria são oriundas de
infiltrações de umidade pela cabeça do tirante causando oxidação do aço.
No Manual de Serviços Geotécnicos Solotrat (2011) é mencionado três patologias
típicas, reproduzidas a seguir:
 Corrosão na cabeça: é percebida quando há trincas no capacete da cabeça
(no caso de capacete de concreto) ou quando se nota pontos de oxidação no
capacete (no caso de capacete de aço)
106

Figura 86 - corrosão de cabeças de tirantes

Fonte: Manual de Serviços Geotécnicos Solotrat (2011)

 Percolação de água pela estrutura ou pelas juntas: caso isso ocorra há


problema com o sistema de drenagem, as águas devem fluir através dos drenos,
que devem receber manutenção e limpeza.

Figura 87 - percolação de água sobre o capacete da cabeça do tirante

Fonte: Manual de Serviços Geotécnicos Solotrat (2011)

 Rompimento dos cabos: quando isso ocorre o capacete da cabeça costuma


cair, pode ser fruto da oxidação de um ou mais cabos.

Outra situação que pode ocorrer é o aumento do deslocamento da cortina devido ao


afrouxamento do tirante devido principalmente a relaxação do aço, fluência do concreto,
deslocamento da cabeça durante o encunhamento e processo de umidificação e secagem
do solo. Para cortinas elásticas onde o solo acompanha as deformações não há maiores
problemas, nos sistemas rígido como o de paredes diafragmas ancoradas isso pode causar
aumento de esforços na região da ficha
Muitas vezes durante a execução o engenheiro se depara com situações de
problemas e deve encontrar uma solução, Joppert Jr. (206) indica os principais problemas,
as possíveis causas e providencias a serem tomadas essas indicações são dadas nas
tabelas abaixo adaptadas desse autor, cabe reforçar que em muitas situações a experiência
do executor e o grau de conhecimento do projetista são decisivos para que seja tomada
107

uma boa solução para o problema em potencial, e naturalmente, existe mais de uma
alternativa para se solucionar o problema:

Tabela 11 – Problemas Executivos durante a Perfuração, Causas Prováveis e Providencias.


ETAPA PROBLEMA EXECUTIVO CAUSA PROVÁVEL PROVIDENCIA
perfurar novamente com mudança de
interceptação de tubulação
inclinação vertical
Perda de água durante
interceptação de cascalho perfurar novamente utilizando revestimento
a perfuração
interceptação de fossa ou perfurar novamente com desvio de inclinação
poço horizontal
Desbarrancamento do
existência de camada de areia
Perfuração

furo durante a perfurar novamente utilizando revestimento


com ou sem água
perfuração
ocorrência de rocha, matacão
intercepção de alguma utilizar martelo de retropercursão
ou entulho
interferência durante a
ocorrência de fundação perfurar novamente com desvio de inclinação
perfuração
vizinha horizontal
abalo das fundações vizinhas
movimento nas devido a escavação com executar perfuração com ar comprmido
edificações vizinhas injeção de água
durante a perfuração perfurar novamente com desvio de inclinação
interceptação de estacas
horizontal
Fonte: adaptado de Joppert Jr. (1998)

Tabela 12 – Problemas Executivos durante a Injeção, Causas Prováveis e Providencias.


ETAPA PROBLEMA EXECUTIVO CAUSA PROVÁVEL PROVIDENCIA
diminuir o volume de injeção por manchete e
ocorre movimentação pressão de injeção esta aumentar a quantidade de fases de injeção
nas edificações vizinhas abalando as edificações nos tirantes subsequentes, perfurar com
durante a injeção vizinhas diâmetros entre 15 e 20 cm e aumentar o
comprimento de ancoragem
na primeira fase de
injeção a pressão de
abertura das independentemente das pressões de injeção,
manchetes e a pressão injetar várias fases com controle de volume, e
ocorrência de argila muito rija
de injeção são muito nos próximos tirantes perfurar novamente
ou dura
altas, sendo difícil a com diâmetros entre 15 e 20cm e aumentar o
introdução de nata de comprimento de ancoragem
Injeção

cimento na região do
bulbo
durante a injeção
ocorre o vazamento de ocorrência de vazios no solo
nata de cimento no ou quebra de tubulações injetar várias fazes ara consolidar o terreno
vizinho (piso, próximas ao tirante
tubulação, dreno, etc.)
não há aumento de ocorrência de vazios no solo injetar várias fases para consolidar o terreno
pressão na abertura
dos manchetes e de injetar várias fazes com controle de volume, e
injeção ocorrência de argila muito nos próximos tirantes perfurar novamente
independentemente da mole com diâmetros entre 15 e 30cm e aumentar o
quantidade de fases de comprimento de ancoragem
injeção

Fonte: adaptado de Joppert Jr. (1998)


108

Tabela 13 – Problemas Executivos durante a protensão, Causas Prováveis e Providencias.


ETAPA PROBLEMA EXECUTIVO CAUSA PROVÁVEL PROVIDENCIA
durante o ensaio de
recebimento e/ou o tirante não possui
qualificação e/ou ancoragem compatível com o reinjetar nata no tirante
fluência a carga do carregamento
tirante não estabiliza
após a primeira
o tirante não possui
reinjeção a carga do reinjetar várias vezes nata no tirante com
ancoragem compatível com o
tirante continua não controle de volume de nata
carregamento
estabilizando
após várias reinjeções a
provável ocorrência de argila
carga do tirante não executar um tirante de reforço e nos próximos
dura fissurada, o bulbo de
estabiliza (o bulbo de tirantes perfurar novamente com diâmetros
ancoragem não aumenta pois
ancoragem não entre 15 e 20cm, implantar o tirante após
apesar da injeção de mais nata
aumenta apesar de injeção da bainha e aumentar o comprimento
ela entra pelas fissuras ao
introdução de mais de ancoragem
invés de "empurrar" o solo
nata de cimento)

a) revisar o projeto estudando a possibilidade


de diminuição do trecho livre, ou
Protensão

b) aumentar a carga máxima de ensaio (não


ultrapassando o limite de 90% da tensão de
na verificação dos
escoamento do aço) para vencer as perdas de
limites de deformação o trecho livre não esta se
tensão, ou
na curva de deformando livremente, isso
c) fazer repetidos ciclos de carregamento e
"deslocamento x pode ocorrer devido a um
descarregamento para tentar descolar a
força", comprimento livre muito
bainha do solo, ou
a "linha real" encontra- longo, gerando atrito nas
d)fazer tirante de reforço para esse tirante, no
se abaixo da "linha paredes
tirante de reforço e nos próximos tirantes
b"(limite inferior)
superdimensionar o elemento tracionado para
que a carga máxima de ensaio possa superar
as perdas de carga ao longo do trecho livre e a
carga resultante no bulbo seja a carga de
ensaio desejada
na verificação dos
limites de deformação
na curva de deformação elástica está
reinjetar nata no tirante ou executar tirante de
"deslocamento x atingindo além do trecho livre
reforço. É aconselhável nesse caso fazer um
força", a "linha real" mais da metade do
ensaio de qualificação
encontra-se acima da comprimento ancorado
"linha a"(limite
superior)
Fonte: adaptado de Joppert Jr. (1998)
109

6 CONCLUSÕES E SUJESTÕES DE
PESQUISA
De fato as cortinas atirantadas são um tipo especial de contenção, seu processo de
cálculo exige do engenheiro conhecimentos apurados de geotecnia e de estruturas, o
método executivo é rico em particularidades que só ocorrem nesse tipo de contenção e o
seu comportamento pode se tornar extremamente complexo dependendo da situação.
No entanto, em meio a todos os fatores complicadores as cortinas atirantadas têm
seus fundamentos baseados nos mesmos conceitos clássicos de geotecnia e concreto
armado fazendo com que o desenvolvimento de um projeto consista em saber juntar os
conhecimentos das diversas áreas do conhecimento pertinentes a engenharia civil.
Contudo, como foi dito, restam muitos problemas com solução limitada ou com
restrições poderosas para uso, implicando necessariamente na necessidade de
desenvolvimento científico e tecnológico sobre alguns temas, principalmente os que
envolvem o projeto. Sendo assim segue abaixo algumas sugestões de pesquisa que sem
dúvida seriam de muita utilidade para o meio técnico, principalmente quando é enfocado o
aspecto prático do problema, permitindo que as soluções oferecidas sejam passíveis de uso
no dia á dia.
Sugestões de pesquisa:
 Determinação do empuxo para múltiplos níveis de ancoragem

 Estudo do efeito da protensão no empuxo

 Estudo do comportamento da fundação das cortinas

 Influência da ficha nas estruturas com múltiplos níveis de ancoragem

 Consideração dos efeitos da sequência executiva no projeto

 Utilização de métodos computacionais para cálculo


110

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9 APÊNDICE 1 – APRESENTAÇÃO DO
TCC À COMISSÃO JULGADORA
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