N01 A greve dos bancrios e a necessidade de uma Organizao forte e pela Base Ao longo dos ltimos anos, os bancos brasileiros vm apresentan- do as maiores taxas de lucratividade do mundo, tanto que a soma do lucro registrado por 4 bancos brasileiros em 2013 chegou a cerca de US$ 20,5 bilhes; lucro maior at que o Produto Interno Bruto (PIB) estimado de 83 pases (G1, 13/02/2014). A cada ano, nossas instituies inanceiras se revezam em uma espcie de disputa acirrada, com o intuito de saber quem que vai ocupar o primeiro lugar no quesito da lucratividade. Enquanto os bancos apresentam esses lucros exorbitantes, a categoria bancria vem sendo cada vez mais explorada, por fazer parte dessa estrutura perversa, assediadora e opressora. Toda a organizao do traba- lho bancrio estabelecida para favorecer essa explorao, atravs da prtica de assdio moral, cobrana abusiva de metas, da competitividade agressiva entre os colegas etc. Alm disso, com a reduo constante no quadro de funcionrios, ocorre a sobrecarga de trabalho, o que resulta em uma extrapolao da carga horria, facilitada atravs do trabalho fora do ponto (mais conhecida entre a categoria como hora-besta). Em consequncia disso, os bancrios tm sido, entre as categorias de trabalhadores, um dos que mais ado- ecem, tanto mental como isicamente; e, nisso, no h diferenas entre os empregados em bancos pblicos ou privados. Ano aps ano, vamos para uma mesa de negociao ilusria, na qual a categoria bancria sempre sai em desvantagens. Nossos representantes sindicais tm focado as energias em uma campanha exclusivamente salarial, que nos ltimos anos tem resultado em um aumento real de salrios que mal assegura os reajustes inlacionrios e, muitas vezes, at ocorre perda de direitos conquistados anteriormente. O resultado disso uma falta de atuao poltica por parte dos trabalhadores bancrios. Falta provocada pelo descrdito nos dirigentes sindicais devido atuao aparelhada de algumas frentes sindicais, levando-os a no mais se posicionarem nas lutas, deixando espao para esse tipo de atuao utilitarista e parasitria praticada por esses dirigentes. Precisamos impedir que nossas greves sejam simplesmente de fachada. Ou seja, no podemos aceitar que os bancos nos pres- sionem a trabalhar internamente com a agncia fechada, prti- ca corriqueira tanto no setor pblico quanto privado, pois, com isso, esvazia-se o potencial da nossa greve e faz com que futu- ramente ela no tenha efeito nenhum. Ademais, devemos lem- brar tambm das reinvindicaes dos terceirizados. Eles so grande parte dos trabalhadores do ramo inanceiro e, muitas vezes, exercem atividades essenciais aos bancos, embora no tenham plenamente assegurados seus direitos trabalhistas. Para melhorar esse cenrio, necessria organizao pela base por parte da categoria bancria. S assim conseguiremos enfrentar com fora os banqueiros e exigir o que nos de direito. Uma negociao feita com propostas srias que vo alm de ganhos econmicos. preciso que tenha sim aumentos salariais, mas tambm que se apresentem solues para o grave problema da presso por metas abusivas, da sobrecarga de trabalho, por isonomia salarial, pelo im das demisses e mais segurana; e, concomitantemente a isso, lutar para que se tenha mais contrataes, sendo possvel oferecer um melhor atendimento aos clientes, reduo nas ilas e beneiciando a populao como um todo. Que avancemos nos organizando pela base, sem aparelhamento partidrio e conciliao com o patro! Chega de Ass- dios nos locais de trabalho! Pela volta do protagonismo da base
O "Milagre" Brasileiro: Crescimento Acelerado, Integração Internacional e Concentração de Renda (1967-1973) - Luiz Carlos Delorme Prado e Fábio Sá Earp