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Análise crítica do modelo de auto-avaliação

Rosa Maria Silva – Escola Secundária da Portela

Nos tempos que decorrem é necessário demonstrar a eficácia dos serviços da Biblioteca
Escolar para que possamos reivindicar.
O processo de auto avaliação da BE vem contribuir para a divulgação da acção da BE
no processo de aprendizagem dos alunos, demonstrando o que fazemos de diferente e
até que ponto somos imprescindíveis, mas acima de tudo vai servir para que a equipa da
BE identifique os pontos fortes e fracos do serviço que presta numa perspectiva de
melhoria dos seus serviços e consequentemente da melhoria das aprendizagens,
contribuindo simultaneamente para os objectivos de escola.
A auto-avaliação pressupõe um processo de reflexão conjunta sobre a acção e os
resultados obtidos originando mudanças para a melhoria da melhoria, validando o que
fazemos, como fazemos e onde queremos chegar. A avaliação é imprescindível para a
tomada de decisões, para impulsionar o papel da BE no processo de aprendizagem e
como tal deve envolver toda a escola e integrar a avaliação externa.
A auto-avaliação não deverá sobrecarregar o trabalho da equipa, obrigando a desviar a
sua atenção da função principal da BE, formar utilizadores, deverão ser criadas rotinas
de funcionamento, tornando a avaliação uma prática habitual.
O modelo de auto avaliação deverá ser encarada como um instrumento pedagógico e
regulador, capaz de alterar as práticas, numa perspectiva de melhoria sistemática, dar a
conhecer o impacto dos serviços da BE no sucesso dos alunos e na promoção da
aprendizagem ao longo da vida, contribuindo para a formação integral dos alunos,
tornando-os cidadãos conscientes e esclarecidos capazes de usar e criticar a
informação disponível.
O modelo de auto-avaliação é um documento credível, pois resultou da análise de
modelos já experimentados e adaptado à realidade portuguesa, é um documento
orientador, pois ao listar um conjunto de factores críticos de sucesso, assim como um
conjunto de evidências e de acções de melhoria, dá a indicação de como se poderá
desenvolver a acção e onde recolher evidências. Facilita o trabalho das equipas, pois
têm no modelo um referencial para o planeamento e concretização da acção da BE ao
mesmo tempo que permite a flexibilização com a adaptação às diferentes realidades e
tipologias.
A existência da BE bem apetrecha pressupõe que esta, colaborando com todos os
parceiros da comunidade escolar, seja capaz de contribuir de forma efectiva para os
objectivos de escola e para a formação dos utilizadores. A diferença não está nos
recursos, mas sim na mais-valia que estes podem trazer à escola e ao desenvolvimento
de competências de Literacia da Informação, assim como no fornecimento de
ferramentas que permitam aos alunos aprender hoje para o amanhã, tornarem-se
autónomos capazes de transformar informação em conhecimento e de alterar
comportamentos, atitudes e valores ligados ao uso da informação.
Tradicionalmente a avaliação tinha como base os inputs, número de utilizadores, número
de empréstimos, número de aquisições do acervo documental. Actualmente estes dados
são apenas considerados como processos necessários para atingir os resultados
pretendidos nas aprendizagens dos alunos. O que importa é o valor acrescentado e os
resultados obtidos com os processos.

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Outro conceito associado à auto-avaliação é a de que esta não pode ser encarada como
um imposição mas sim como uma necessidade e como um processo regulador para
conseguir a melhoria. O processo de auto-avaliação deverá implicar a reflexão de toda a
Escola e não poderá ser encarada como a avaliação do desempenho do professor
bibliotecário.
A auto-avaliação e a prática baseada em evidências permitem identificar o caminho que
se quer seguir para cumprir a missão da BE e os objectivos da Escola, estabelecendo
prioridades e reformulando estratégias tendo sempre como base os alunos e a melhoria
dos resultados.
A avaliação incidirá sobre os quatro domínios que a literatura considera como pontos
críticos:
A- Apoio ao Desenvolvimento Curricular
A.1 Articulação Curricular da BE com as Estruturas de Coordenação
Educativa e Supervisão Pedagógica e os Docentes
A.2 Promoção das Literacias da Informação, Tecnológica e Digital
B- Leitura e Literacia
C- Projectos, Parcerias e Actividades Livres e de Abertura à Comunidade
C.1 Apoio a actividades livres, extra-curriculares e de enriquecimento
curricular
C.2 Projectos e parcerias
D- Gestão da Biblioteca Escolar
D.1 Articulação da BE com a Escola/Agrupamento. Acessos e serviços
prestados pela BE.
D.2 Condições humanas e materiais para a prestação dos serviços
D.3 Gestão da colecção/da informação
Anualmente a BE deverá fazer a auto-avaliação de um dos domínios. A escolha de um
domínio não implica que os outros sejam esquecidos, mas apenas que se vai dar mais
atenção à avaliação dos pontos fortes e fracos nessa área. No final dos quatro anos a
equipa terá uma visão global dos sucessos e insucessos da acção da BE.
O modelo é apresentado num quadro que se divide em quatro colunas, nas quais são
apresentados indicadores, factores críticos de sucesso, evidências e acções para a
melhoria/exemplos, em cada um dos domínios e subdomínios.
Em cada domínio podemos encontrar uma listagem de acções/situações que sugerem o
que deverá ser feito em cada um deles. A equipa pode partir dessa referência para a
reflexão do que tem sido a sua actuação, quais as práticas que deverá alterar e pensar
nas evidências que terá de apresentar. O exemplo de acções para a melhoria também
se apresenta como um instrumento de grande utilidade formativo.
Parece-me um modelo de auto-avaliação muito ambicioso e vejo alguns
constrangimentos na sua aplicação a curto prazo.
Um dos constrangimentos prende-se com a percepção do papel do Professor
Bibliotecário e do paradigma da BE. Alguns órgãos de gestão pouco apoio têm dado às
bibliotecas, não sendo o meu caso, sinto que, apesar de merecer a confiança da

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Direcção e dos professores que me conhecem (este ano a “sala de professores” foi
renovada e muitos dos novos professores ainda não apreenderam a missão e política da
escola), vou ter muita dificuldade em implementar algumas das estratégias referidas no
modelo.
Segundo Lance (2001)1 para que o programa da biblioteca escolar tenha impacto no
sucesso dos alunos é necessário que este conte com o apoio do Director e dos
professores, para que BE faça a diferença é necessário também contar com a
colaboração de assistentes operacionais que libertem o professor bibliotecário das
tarefas de rotina para que possa realizar o seu papel no currículo.
Não há tradição de considerar o professor bibliotecário como um parceiro na instrução e
a prática baseada em evidências pode ser vista como um sobrecarga de trabalho que
implicará resistência dos colegas. A prática baseada em evidências pode também ser
considerada como uma moda passageira2, ou como um instrumento de avaliação dos
professores o que também poderá acarretar constrangimentos.
Ter assistentes operacionais que garantam a abertura da BE e as tarefas de rotina é
outra dificuldade com que os professores bibliotecários se debatem, não só pela falta de
pessoal como pela falta de formação para assistentes operacionais nesta área.
Como as escolas têm falta de assistentes operacionais para assegurar os outros
serviços as direcções podem tender a elaborar o horário do professor bibliotecário de
modo a que este assegure os serviços de rotina.
Com a portaria 756 de 14 de Julho de 2009 foi criada a figura de professor bibliotecário,
à qual está associada um conjunto de competências enumeradas na legislação e na
literatura sobre o assunto. Assim o professor bibliotecário deve ser um líder, um
comunicador no seio da instituição, exercer influência junto dos professores e órgãos de
gestão, ser observador e investigador, saber gerir recursos, promover os serviços, ser
tutor, professor e avaliador de recursos, apoiar e contribuir para as aprendizagens, gerir
e avaliar segundo a missão e objectivos da escola, saber trabalhar com os professores e
os departamentos, ser capaz de ver o todo “the big picture”.
Na leitura dos textos, encontramos muitas palavras-chaves, como integração,
desenvolvimento de competências, articulação, organização, disponibilização,
mobilização, comunicação, recolha de evidências, apresentação, discussão…. e
formação.
Terá o professor bibliotecário disponibilidade física, mental e temporal para integrar e
desenvolver tantas competências, articular com tantos órgãos, mobilizar professores e

2 , «Resistance from colleagues, or branding such advances as passing fads, is not unique to our
profession. By Ross Todd - School Library Journal, 4/1/2008»

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alunos, implementar um modelo de avaliação, estabelecer prioridades, apresentar
resultados, formar e formar-se?
É suposto que sim, é essa a sua função, mas não podemos querer fazer tudo de uma só
vez, é necessário fazer perceber a diferença que a BE pode ter nos resultados
escolares, mas primeiro é necessário que o professor bibliotecário e a sua equipa
apreendam a forma correcta de o fazer e tenham tempo de se apropriarem e
interiorizarem todos estes conceitos.
A BE terá de ser reconhecida como a sala de aula melhor apetrechada e o professor
bibliotecário reconhecido como um professor especialista, ao qual compete em
colaboração com os professores e departamentos desenvolver nos alunos competências
de literacia e informação necessárias ao sucesso em todas as áreas, baseando a sua
prática em evidências recolhidas no dia a dia, mantendo uma avaliação sistemática, para
melhorar a acção da BE e chamar a atenção e apoio de todos os intervenientes na
educação.

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