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ROBÔS TROPICAIS

09-03-2008

MARCELO GLEISER
é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover
(EUA) e autor do livro "A Harmonia do Mundo"

Nem num Fla-Flu, que cresci vendo, havia tanta vontade

O estádio estava lotado. Quase 2.000 jovens, com idades de 14 a


19 anos, lotavam as arquibancadas e o campo. Mas não se via rede
de vôlei, trave de futebol de salão ou cesta de basquete. Nem
mesmo era um show de rock que estava para começar. Eram 50
grupos multicoloridos, cercando geringonças metálicas, fios, rodas e
ferramentas espalhadas por toda a parte, um caos tecnológico
completo. Objetivo: cada grupo, representando uma escola ou um
consórcio de escolas, tinha de construir um robô desenhado
especificamente para realizar tarefas montadas para a competição:
um campeonato de robôs, onde times competem para construir o
mais veloz e o mais eficiente.

Nem mesmo num Fla-Flu decisivo, que eu cresci assistindo, vi tanto


entusiasmo. E o sensacional é que o objetivo era incentivar o
trabalho em equipe, a criatividade, influenciar jovens, especialmente
moças e grupos minoritários, a participarem de um evento
tecnológico, a se interessarem por ciência, computação e
engenharia.

O evento ocorreu fim de semana passado aqui no Estado de New


Hampshire, onde moro. Os 50 times representavam a região da
Nova Inglaterra, que inclui os estados de New Hampshire, Maine,
Vermont, Massachussetts, Rhode Island e Connecticut. Meu filho de
14 anos competia no time da sua escola. Desde o início de
novembro, ia para a escola de engenharia todos os dias por 5 horas
para trabalhar no seu robô com seus companheiros. Cada grupo
tem um ou mais mentores -engenheiros, professores, voluntários
que ensinam os jovens (e, em certos casos, aprendem) a construir
um robô a partir de um kit comum. A dedicação era completa.
Novas amizades surgiram, baseadas em interesses comuns nas
áreas de ciência e tecnologia.
O evento é realizado todos os anos pela organização First, uma
sigla que em português significa "Para Inspiração e
Reconhecimento de Ciência e Tecnologia". A idéia é motivar jovens
a entrar para as áreas de ciência e tecnologia, eliminando o
absurdo tabu de que "isso é coisa para nerd". Pelo que vi na turma
da competição desse ano, que abriu o campeonato de 2008 nos
EUA, tinha de tudo. Mas o que mais tinha era entusiasmo. O
desafio deste ano é construir um robô capaz de tirar uma bola de
uma plataforma, carregá-la em torno de uma pista oval e lançá-la
sobre a mesma plataforma, como num jogo de vôlei.

Depois das eliminatórias, oito times foram selecionados. Esses


times escolhem dois parceiros dos outros times para firmar uma
"aliança". Essas alianças fazem com que times colaborem entre si
para tentar vencer os demais. É empolgante. Mas foi quando o
fundador da First, Dean Kamen, fez o seu discurso, que me
empolguei de verdade. Pois ele falou na competição como sendo
um evento internacional, envolvendo Canadá, Israel e Brasil! É,
jovens brasileiros vêm participando desses campeonatos já há
alguns anos. Ano passado, foram 450 jovens representando 15
equipes competindo em Porto Alegre. Neste ano, a competição,
aberta ao público, será em São José dos Campos (local bem
apropriado) nos das 14 e 15 de março. Para mais detalhes, ver
www.brfirst.org.

Se isso soa como propaganda é porque é. Recomendo que


professores levem suas turmas, que pais que queiram motivar seus
filhos e filhas a estudarem mais, a entrarem para áreas
tecnológicas, assistam ao evento. É muito divertido, uma grande
celebração do espírito de colaboração e da inventividade humana.
Apenas uma nação com um parque tecnológico autônomo e um
espírito inovador sobreviverá num mundo competitivo. Boa sorte
aos times!
MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth
College, em Hanover (EUA) e autor do livro "A Harmonia do Mundo"

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0903200806.htm

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