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O documento discute a tensão geopolítica gerada pela implantação de um escudo antimísseis da OTAN na Polônia e a reação da Rússia. A entrada da Polônia na OTAN aumentou seus gastos militares e dependência dos EUA/Alemanha para equipamentos. Isso gerou preocupação na Rússia sobre ameaças perto de suas fronteiras e sua esfera de influência.
O documento discute a tensão geopolítica gerada pela implantação de um escudo antimísseis da OTAN na Polônia e a reação da Rússia. A entrada da Polônia na OTAN aumentou seus gastos militares e dependência dos EUA/Alemanha para equipamentos. Isso gerou preocupação na Rússia sobre ameaças perto de suas fronteiras e sua esfera de influência.
O documento discute a tensão geopolítica gerada pela implantação de um escudo antimísseis da OTAN na Polônia e a reação da Rússia. A entrada da Polônia na OTAN aumentou seus gastos militares e dependência dos EUA/Alemanha para equipamentos. Isso gerou preocupação na Rússia sobre ameaças perto de suas fronteiras e sua esfera de influência.
O CASO DO ESCUDO ANTIMSSEIS DA OTAN NA POLNIA. Luiz Fernando Mocelin 1
1- INTRODUO O presente artigo tem como proposta explicitar as tenses que escudo antimsseis da OTAN sobre a Polnia gerou na geopoltica da regio do centro-leste europeu, assim como quais foram as aes russas afim de conter a implantao de tal projeto num pas que ,num passado no muito remoto, fora sua zona de influncia imediata. Afim de melhor compreenso, que o artigo possui dois tpicos temticos, sendo que o primeiro expe como se daria a implantao de tal sistema antimsseis e o que est por trs de tal movimento. O segundo procura explicitar a reao russa frente ameaa fronteiria que surgira em seu horizonte, assim como em demonstrar que tal reao retomou uma velha doutrina do antigo imprio sovitico, a de exercer influncia sobre o seu entorno regional pari passu em extirpar qualquer tipo de ameaa ao territrio russo. Ademais, cabe ressaltar que a Polnia se envolveu em uma das questes mais complexas do mundo contemporneo: como o Ocidente deve interagir com a Rssia sob a Era Putin, e como os russos podem reagir frente s ameaas do mundo exterior, como, por exemplo, a guinada da poltica de segurana polonesa ao lado da OTAN, a qual tem, praticamente, um s objetivo: Frear o avano da influencia russa nos arredores das fronteiras polonesas e, ao mesmo tempo, estabelecer laos fortes com o ocidente para um futuro embate com os russos. Para finalizar esta breve introduo sobre o tema a ser abordado, h que se frisar que o contexto do tema a ser exposto a seguir reflete a Rssia sob a Era de Putin, pois foi durante o governo do Ex-agente da KGB (agncia de espionagem da extinta Unio das Repblicas Socialistas Soviticas) que as tenses comearam entre poloneses e russos, devido
1 Bacharel em Relaes Internacionais pela FACAMP (Faculdades de Campinas), graduando em Cincias Econmicas pela PUC-SP (Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo) e pesquisador em economia brasileira na FIPE (Fundao Instituto de Pesquisas Econmicas).
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implantao do escudo antimsseis da OTAN (Organizao do Tratado do Atlntico Norte), em solo polons.
2- A ENTRADA DA POLNIA NA OTAN E AS TENSES COM A RSSIA. Entrada da Polnia na OTAN Aps o declnio do da Unio das Republicas Socialistas Soviticas, a Polnia se via liberta para fazer uma poltica autnoma no cenrio europeu. Em 1999, a Polnia foi aceita para integrar o quadro de pases membros da OTAN (Organizao do Tratado do Atlntico Norte), sendo, a partir daquele momento, uma base extremamente importante e estratgica da OTAN para uma eventual agresso advinda e destinada do e para o Oriente Mdio e sia. Aps sua insero na OTAN, a Polnia aumentou seus gastos militares, fazendo importantes aquisies de equipamentos blicos com os aliados do atlntico norte, e tendo, ento, que assumir responsabilidades frente sua poltica internacional. Tais responsabilidades as quais seriam partilhar de princpios de defesa ocidentais e rearmamento em grande escala, no era bem vista por outros atores internacionais, caso da Rssia. Nesse sentido, ao integrar a aliana militar do Ocidente e assumir para si uma doutrina de segurana coletiva que tangencia rivalizava com atores da regio, caso da Rssia, a Polnia teve de promover massivos investimentos em equipamentos blicos, assim como compartilhar sua soberania com a OTAN, tendo em vista a instalao de equipamentos de materiais blicos, de comunicaes e de defesa em geral. Para se ter uma ideia da magnitude dessas importantes aquisies da Polnia, a Alemanha forneceu cerca de trezentos tanques Leopard-2 para os poloneses, os quais duzentos e cinquenta foram entregues entre 2009 e 2011 e, o restante, entregue em 2012. Em nmeros absolutos, os gastos poloneses no mbito militar chegaram a US$ 24,5 bilhes em 2011, tendo como principais aquisies msseis patriot, cinco corvetas da classe meko-A100, um submarino, todos dos Estados Unidos; 250 tanques Leopard-2 A4 e 690 carros de combate AMV-Patria, ambos da Alemanha.
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Quando se envolve a questo de investimentos diretos na OTAN, a Polnia tem participao relativamente pequena, cerca de dois por cento. Isso se deve poltica de aquisies militares em detrimento do fornecimento de financiamento direto na OTAN
TABELA 1. PERCENTAGEM DE CONTRIBUIO DOS PASES MEMBROS DA OTAN NO PROGRAMA OTAN DE INVESTIMENTO EM SEGURANA. (EM %) OTAN Pases Membros Gastos partilhados entre 18 pases Gastos partilhados entre 19 pases Blgica 4.240 3.720 Canad 4.025 3.220 Repblica Tcheca 1.033 0.900 Dinamarca 3.440 3.000 Frana 0 12.904 Alemanha 23.135 20.254 Grcia 1.050 1.000 Hungria 0.746 0.650 Islndia 0 0 Itlia 9.100 7.745 Luxemburgo 0.200 0.184 Pases Baixos 4.740 4.140 Noruega 2.895 2.600 Polnia 2.8474 2.480 Portugal 0.392 0.345 Espanha 3.779 3.291 Turquia 1.130 1.040 Reino Unido 11.715 10.192 Estados Unidos 25.531 22.333 Fonte: http://www.nato.int/docu/other/po/handbook.pdf Da tabela acima podemos inferir que a Polnia est na orbita de pases tercirios pases com menos de 5% em gastos no fomento da OTAN. Por esse pequeno volume de contribuio relativa na OTAN, a Polnia se destaca por ser grande importador de armas, tendo como origem de seus armamentos os Estados Unidos e a Alemanha.
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Pode-se dizer, ainda, que a entrada da Polnia na OTAN foi benfica tanto para a OTAN quanto para a Polnia, pois com a ajuda militar e financeira da aliana militar do Ocidente, a Polnia pde lanar sua influncia sobre outra ex-repblica sovitica, a Ucrnia, tendo em vista um possvel amortecimento de ataques oriundos da Rssia. Ao mesmo tempo, a entrada da Polnia na aliana militar do Ocidente proporcionou Alemanha uma salvaguarda contra, tambm, ataques advindos da Rssia, dando tempo para que a Alemanha tenha como se defender e efetuar um contra-ataque contra o Kremilin. Segundo Peter Gowan, naturalmente, as exatas modalidades da situao da Polnia como membro (da OTAN) no esto ainda claras. Mas esses so detalhes essencialmente insignificantes. Eles no tocam nos principais problemas: a Polnia ser integrada capacidade militar da OTAN e a Rssia ser deixada de fora (GOWAN, 2003, p. 413). A partir da citao acima, podemos inferir que a Polnia, a partir da sua entrada na OTAN, ter o melhor aparato blico para dar lastro s suas aes nessa nova poltica de defesa e segurana unilateral e ao mesmo tempo conjunta com a OTAN. Outra citao de Gowan importantssima para termos a dimenso do impacto que tal poltica de segurana e defesa teria no poder dissuasivo da Polnia para conteno de eventuais ataques e ajuda a outros pases do leste europeu: [...] mas no se pode presumir que a expanso para a Polnia tenha um significado puramente poltico. Mesmo se a Polnia no fosse formalmente integrada ao comando da OTAN, e mesmo se no houvesse um posicionamento permanente nem de armas nucleares nem de tropas no-polonesas da OTAN em territrio polons, o equilbrio de foras estratgico-militares muda profundamente para a Rssia como resultado da condio da Polnia como membro, porque a OTAN adquire a capacidade de construir as infraestruturas e mecanismos de coordenao para desenvolver uma fora nas fronteiras da Polnia com a Ucrnia muito rapidamente em uma crise. Como consequncia, os Estados Unidos e a Alemanha adquirem a capacidade de usar uma fora muito mais poderosa de diplomacia coercitiva contra a Rssia, no caso de os interesses da Rssia e dos Estados Unidos colidirem nas zonas ao redor das fronteiras russas. Isso mais uma vez inerente a qualquer expanso da OTAN em relao Polnia. Palavras apaziguadoras sobre
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parcerias estratgicas, consultas, etc. entre Estados Unidos/OTAN e a Rssia no faro desaparecer esse fato (GOWAN, 2003, p. 413- 414). Em suma, podemos presumir que o poder dissuasivo que a Polnia deteve com tal movimentao rumo a uma aliana com a OTAN gerou grande impacto nas relaes com a Rssia, e esse aumento de poder polons causou uma assimetria nas relaes diplomticas coercitivas entre Estados Unidos e Rssia. Portanto, o possvel aumento do poder polons seria primordial para a estratgia da OTAN de conteno Rssia, e uma base para atuar, tambm, em outras regies do globo, como por exemplo, o Oriente Mdio.
3- A RESPOSTA RUSSA S PRETENSES DA OTAN NA POLNIA. Nos anos do governo de George Walker Bush, deu-se inicio a conversas sobre a criao de um escudo antimsseis da OTAN em algum pas do leste europeu, para conter qualquer agresso advinda do Oriente. Aps a entrada da Polnia na OTAN, este pas se tornou o principal pas candidato a ter em seu solo o mais sofisticado sistema de defesa antimsseis que a maior mquina de guerra do mundo (Estados Unidos/OTAN) j criaram. O apelo do governo polons para que o sistema fosse posto em funcionamento em seu solo foi grande, at que, em 2005, definiu-se que o pas polons seria a casa do sistema de defesa da OTAN. A reposta do governo russo foi imediata, firme e contundente. Qualquer tipo de sistemas antimsseis instalado em republicas que permeassem a zona fronteiria russa seria considerado uma clara provocao de Washington Moscou e, em resposta, os russos teriam o direito de intervir militarmente, a qualquer momento, em qualquer pas, caso houvesse a necessidade de defender o territrio e a populao russa. Tal reao, explicita em comunicados do chefe do estado maior das foras armadas russas reflete a objetividade russa quanto defesa de sua soberania e de seu territrio, conforme reportagens divulgadas poca por vrios meios de comunicao Ocidentais. 2
Ademais, tal provocao ocidental foi considerada grave pelo governo russo, tendo em vista que tal movimento polons de dissuaso neutralizaria o poderio dos arsenais nucleares russos, tanto de ataque quanto de defesa. Segue logo abaixo como funciona o escudo antimsseis da OTAN (figura 1 e 2), os locais onde os msseis e centrais de informaes estaro a postos na Polnia (figura 3) e o raio de abrangncia do sistema de defesa antimsseis da OTAN em solo polons (figura 4): FIGURA 1. ESCUDO ANTIMSSEIS DA OTAN Fonte: http://sempreguerra.blogspot.com/2010_07_01_archive.html
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FIGURA 2. ESCUDO ANTIMSSEIS DA OTAN Fonte: Departamento de Defesa dos Estados Unidos da Amrica
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FIGURA 3. POSICIONAMENTO DOS MSSEIS DA OTAN NA POLNIA Fonte: http://brigadasinternacionais.blogspot.com/2008/02/polnia-e-eua-fazem-acordo-sobre-escudo.html
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FIGURA 4. RAIO DE ABRANGNCIA DO SISTEMA DE DEFESA ANTIMSSEIS DA OTAN EM SOLO POLONS Fonte: http://pbrasil.wordpress.com/2010/09/23/dissuasao-nuclear-proliferacao-das-adm-de-curto-alcance/
Com o aprofundamento das conversas entre a aliana militar do Ocidente e os poloneses, os russos endureceram a retrica contra a instalao de tal sistema antibalstico. Nesse sentido, mister ressaltarmos que o governo russo cogitou o uso de armas nucleares contra aa Polnia,
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em caso de instalao de misseis Patriot oriundos dos Estados Unidos, conforme entrevista do Chefe Adjunto do Estado-Maior das foras armadas russas, Anatoly Nogovitsin: os Estados Unidos esto ocupados com seu prprio sistema de defesa contra msseis; no presente estado de coisas, eles no pretendem defender a Polnia. A Polnia, dando permisso para que os Estados Unidos assestem o sistema, cria uma situao de vulnerabilidade para si prpria. O pas poder tornar-se alvo de reao da Rssia. Tais alvos so destrudos liminarmente [...] [e] a Rssia pode usar armas nucleares nos casos estipulados na doutrina de defesa.
Aps esta declarao, o governo russo planejou e instalou, em 2012, msseis balsticos intercontinentais nucleares em Kaliningrado (fronteira com a Polnia), como resposta aos movimentos da OTAN na Polnia. Para finalizar, cabe ressaltar que o governo da Polnia um lobby muito grande para que o sistema antimsseis fosse posto em ao pela OTAN/EUA. No entanto, com o ressurgimento do nacionalismo russo aps a eleio de Vladmir Putin, em 2000, a Rssia voltou a adotar uma postura de enfrentamento no que tange s ingerncias de potncias Ocidentais na sua zona imediata de influncia, caso da Polnia, em nosso estudo. Ademais, cabe ressaltar que Putin resgatou o nacionalismo na sua subida ao poder. Tal nacionalismo se exprime na defesa da soberania territorial russa, na defesa dos recursos naturais e energticos, na dissuaso militar frente s ameaas externas e, como ponto mximo, a reconstruo de uma zona de influncia em seu entorno imediato, ou seja, exercer uma zona de influencia sobre as ex-repblicas soviticas do leste europeu.
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4- CONSIDERAES FINAIS Nossas consideraes finais acerca da geopoltica russo-polonesa com a possvel instalao do escudo antimsseis da OTAN em territrio polons a de que a Polnia claramente encurralou os russos para uma posio onde eles no querem estar. Em posio de vulnerabilidade militar. Em contrapartida, a resposta russa s aes da OTAN em solo polons reflete o retorno do nacionalismo russo frente s suas aes com o mundo exterior e na defesa de seus interesses. Tal convico se expressa no movimento russo em Kaliningrado, o qual foi um movimento de desestabilizao contundente de uma possvel ameaa ao Estado, populao e ao territrio russo. Vale destacar, tambm, que o programa do escudo antimsseis na Polnia revela, ainda, uma nova escalada armamentista no leste europeu, pois a Rssia no aceitar ser inferior tecnologicamente frente ao sistema alheio, o qual demandar alta tecnologia para ser executado. Aps tal episdio, houve que dissesse que uma nova guerra fria, que mais parece guerra quente, est no horizonte, tendo em vista que tal incidente forou os russos a reafirmarem sua posio com base na ltima ratio do poder, a fora. Com base neste incidente russo-polons, duas perguntas nos inquietam neste momento: Estamos diante de uma nova guerra-fria entre russos e o Ocidente? Foi o incidente com os poloneses o marco inicial da retomada russa de sua antiga zona de influncia sobre o leste europeu e outras regies?
5- REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
BRIGADAS INTERNACIONAIS. Disponvel em: http://www.brigadas internacionais.blogspot.com.br. Acessado em: 10/04/2014. EUA. United States Department of Defense. Disponvel em: http://www.defense.org. Acessado em: 10/04/2014. GOWAN, Peter. A roleta global. Traduo de Regina Bhering. Rio de Janeiro: Record, 2003. IG. (INTERNET GROUP). Disponvel em: http://www.ig.com.br. Acessado em: 17/04/2014.
Síntese JUNIOR, Hilário. "Introdução - O (Pré) Conceito de Idade Média" In: Idem. A Idade Média: Nascimento Do Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2001, Pp. 11-18.