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in loco
Direcção Executiva A sociedade está em destaque nesta edição. de é o direito a um comércio justo, que deve
Daniel Mota Gomes · João Braga Tavares
A Angola’in examina o elemento mais impor- basear-se na transparência. A Angola’in apre-
Direcção Editorial
Manuela Bártolo - mbartolo@comunicare.pt tante e a razão da existência de um país, ana- senta-lhe as garantias de uma transacção
Redacção lisando as suas múltiplas valências. A justiça assente no respeito do valor real dos bens e
Patrícia Alves Tavares - ptavares@comunicare.pt
Mónica Mendes - mmendes@comunicare.pt social merece particular atenção, num perí- serviços, medidos pela quantidade e qualida-
Colaborador Especial odo em que o Bastonário da Ordem dos Ad- de. Levamos até si os desafios que se impõem
João Paulo Jardim - jpjardim@comunicare.pt
Design Gráfico vogados, recentemente eleito, assume o seu ao sector, num momento em que se viven-
Bruno Tavares · Patrícia Ferreira segundo mandato. Inglês Pinto abordou, em ciam situações de especulação e a corrupção
design@comunicare.pt
Fotografia entrevista exclusiva, questões fulcrais como a ainda persiste. Aliás, o seu fomento é uma
Ana Rita Rodrigues · Shutterstock · Fotolia luta pelos direitos humanos e a urgência (ou das apostas governamentais para assegurar o
Serviços Administrativos e Agenda
Maria Sá - agenda@comunicare.pt não) na aprovação da nova Constituição. efectivo combate à evasão fiscal.
Revisão
Marta Gomes
Por outro lado, revelou algumas das ideias para Aproveitando o lançamento do primeiro mo-
Direcção de Marketing a gestão da Ordem dos Advogados para o trié- delo de Habitação de Custo Controlado, mos-
Pedro Posser Brandão
Tel. +351 229 544 259 | Fax.+351 229 520 369 nio 2009/ 2011, tecendo críticas à ausência de tramos tudo o que precisa saber sobre o
E-mail - pbrandao@comunicare.pt
condições para o exercício pleno da profissão e sistema, que pode ser uma mais-valia para
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lançando alertas, no que respeita à corrupção, a execução de um milhão de casas até 2012,
E-mail - publicidade@comunicare.pt formação, exercício da advocacia e da magis- garantindo que todos têm uma casa de qua-
João Tavares - jtavares@comunicare.pt
Daniel Gomes - dgomes@comunicare.pt tratura e ao estado da Justiça em Angola. lidade e acessível a todas as carteiras. A ha-
ASSINATURAS - assinaturas@comunicare.pt bitação de baixo preço tem uma componente
Envie o seu pedido para: Este mês, destacamos as fragilidades do sis- social interessante, pois incentiva a interac-
Rua Rainha Ginga, Porta 7
Mutamba - Luanda - Angola tema fiscal e tributário, nomeadamente os ção entre as comunidades.
perigos da evasão fiscal, um dos problemas
Departamento Financeiro
Sílvia Coelho que preocupam não só Inglês Pinto, mas to- A fechar, não esquecemos um dos temas mais
Departamento Jurídico das as entidades governamentais. Apesar das debatidos por toda a sociedade: a importân-
Nicolau Vieira
Impressão reformas, a fraude e fuga ao fisco causam ain- cia da governação local. Problemática ques-
Multitema da grande consternação, exigindo uma maior tionada por quase todas as figuras públicas,
Distribuição
Africana Distribuidora Expresso fiscalização, especialmente nas alfândegas, a Angola’in faz uma reflexão acerca da ne-
Luanda - Angola onde a situação é mais comum e carece de in- cessidade de descentralizar a capital Luanda,
Tiragem
10.000 exemplares tervenção urgente. sobrecarregada de habitantes e serviços e da
— urgência de promover o poder local e autárqui-
ISSN 1647-3574
DEPÓSITO LEGAL Nº 297695/09 Justiça não diz respeito unicamente à análise co, determinantes no comando dos destinos
—
Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos,
da conduta dos povos. O termo é mais abran- dos munícipes.
fotografias e ilustrações, sob quaisquer meios e para gente. Proveniente do latim iustitia, é sinóni-
quaisquer fins, inclusive comerciais
mo de igualdade entre todos os cidadãos. Ora,
ASSINE ANGOLA´IN um dos princípios da equidade numa socieda- A Direcção
|3
Esta revista utiliza papel produzido e impresso por
empresa certificada segundo a norma ISO 9001:2000 IN LOCO · ANGOLA’IN
(Certificação do Sistema de Gestão da Qualidade)
40
SOCIEDADE
comércio justo
É um dos direitos fundamentais da
população, que deve ter acesso aos produtos
de subsistência básica, sem ter que pagar
preços extrapolados por bens essenciais.
O comércio justo baseia-se na transparência,
pelo que convidamo-lo a compreender o
funcionamento da máquina económica.
A especulação cresce de forma preocupante,
levando o Governo a tomar medidas.
Descubra as bases do respeito pelo valor real
dos bens e serviços, medidos pela quantidade
e qualidade
26 76
ECONOMIA & NEGÓCIOS DESPORTO
evasão fiscal reis das pistas
Esta edição tem como tema central a Justiça. Nesse A soberania africana no atletismo é evidente. Uns
âmbito, um dos problemas indissociáveis da socieda- apontam os factores genéticos como a razão do ta-
de diz respeito à justiça social, em que a evasão fiscal lento dos negros para as corridas. Outros destacam
é uma problemática que prevalece. Assim, as fragili- as condicionantes naturais e sociológicas para a su-
dades do sistema fiscal e tributário passam pelo ‘ra- premacia em relação aos brancos, que ficam aquém
dar’ da Angola’in, que deixa o alerta para os perigos da destreza e capacidade física dos atletas, oriundos
da ausência de fiscalização, nomeadamente nas alfân- de África. Conheça os casos de sucesso e os ícones
degas, cuja intervenção é urgente da modalidade
ANGOLA IN PRESENTE
03 IN LOCO 12 INSIDE 22 IN FOCO
6 | ANGOLA’IN · SUMÁRIO
ECONOMIA & NEGÓCIOS
24 quénia - futura plataforma
financeira regional
O FMI prevê um abrandamento do crescimento do país, de-
vido às condicionantes mundiais e à crise política. Porém, o
Quénia parece passar incólume a estas previsões e prome-
te ser a próxima plataforma financeira regional. As expec-
tativas estão voltadas para a Bolsa de Valores de Nairobi,
que é o maior mercado bolsista da África Central e Oriental.
Descubra o porquê destas aspirações e conheça os motivos
desta confiança inabalável
SOCIEDADE
44 diplomacia não governamental
Responsáveis pelo apoio de retaguarda das sociedades, as
ONG’s são essenciais no auxílio à sociedade. Em colaboração
68
INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO
com o Governo ou com entidades privadas, estas associa-
ções conseguem fazer muito com parcos recursos. Descu- médicos do bairro
bra as áreas de actuação e iniciativas destas entidades Para muitos, uma ida à farmácia local é o que
mais se aproxima de uma visita ao médico. A
TURISMO Angola’in traça o perfil do sector farmacêutico
58 tanzânia e suazilândia nacional, revelando as acções em curso e os
Nesta edição, sugerimos um passeio por terras africanas. projectos que permitem revolucionar o sector,
Encante-se com as paisagens deslumbrantes da Tanzânia, esperando-se que assim seja possível reduzir
onde subsistem mais de cem tribos com culturas e dialec- as importações. O arranque de uma fábrica de
tos próprios. As praias são o principal atractivo. Se preferir, produção interna e a aposta na investigação são
opte por um país único, conhecido pela sua singularidade: a as novidades que lhe apresentamos
Suazilândia. É o local ideal para quem procura os melhores
safaris do mundo e savanas extraordinárias
SUMÁRIO · ANGOLA’IN |7
editorial
10 | ANGOLA’IN · EDITORIAL
EDITORIAL · ANGOLA’IN | 11
INSIDE | patrícia alves tavares
12 | ANGOLA’IN · INSIDE
Banco de Investimento tem “luz verde”
O Banco Nacional de Angola (BNA) autorizou a criação de um banco de investimento, que foi
proposto pela Sonangol e pela Caixa Geral de Depósitos. A parceria CGD/Sonangol foi estabe-
lecida em Março deste ano. A nova estrutura terá como finalidade estreitar as relações entre
os dois países. O banco central angolano foi autorizado no mês de Agosto, permitindo assim a
antecipação do arranque da operação destinada a apoiar projectos de investimento em Ango-
la. Recorde-se que a data prevista para a abertura do espaço estava agendada para o final de
2009. Em declarações ao jornal português Diário Económico, Francisco Bandeira, vice-presiden-
te da CGD e futuro «chairman» da instituição angolana, afirmou que está confiante de que «ain-
da durante o último trimestre” o grupo terá “condições para olhar para as primeiras operações».
A parceria CGD/Sonangol visa potenciar a cooperação entre Portugal e Angola, através do apoio
e financiando dos projectos de maior dimensão na economia angolana, especialmente no que
respeita à área das grandes infra-estruturas.
INSIDE · ANGOLA’IN | 13
14 | ANGOLA’IN · INSIDE
INSIDE · ANGOLA’IN | 15
INSIDE
Total investe
quatro milhões
A companhia petrolífera Total vai aplicar qua-
tro mil milhões de dólares norte-americanos
em vários projectos nacionais. A empresa e
respectivos parceiros pretendem participar
no desenvolvimento sustentável da nação. As
afirmações são do director-geral de pesquisa
e produção, Yves-Louis Darricare, que confir-
mou que os valores a investir serão aplicados
em áreas de pesquisa e produção, nos domí-
nios operados pela entidade na região. Du-
rante a cerimónia de apresentação do novo
director-geral da Total Angola, Philippe Cha-
lon, Yves-Louis Darricare explicou que “ em
relação ao investimento do ano 2008 houve
um aumento de quase quatro por cento, daí
o actual (investimento) de quatro mil milhões
de dólares norte-americanos”. A Total lançou
a nível mundial um programa de redução de
custos que vai permitir manter os seus projec-
tos de investimento em curso, particularmen-
te em Angola. Quanto ao facto do preço do
BESA promove amostra petróleo continuar em baixo, o representante
O Banco Espírito Santo Angola vai participar na Cimeira Mundial do Planeta Terra, com a mostra-se confiante e reitera que “é preciso
exposição BESA Banco do Planeta. O certame, que decorre este mês em Lisboa (Portugal), investir para o futuro”. “Se não investirmos
exibe os projectos de cinco fotógrafos africanos, cujos trabalhos foram recolhidos durante agora não vamos ter capacidade para aten-
uma viagem por várias províncias angolanas. Esta é uma iniciativa do BESA e contou com der a procura depois”, sustentou. O director-
a colaboração do World Press Photo, a prestigiada agência internacional de fotografia. Os geral contou que o potencial de produção da
fotógrafos são naturais de Angola, Zimbabué, Gana, Tanzânia e Quénia e efectuaram um Total em Angola neste momento é superior a
workshop para aprofundar conhecimentos acerca do projecto e dos temas que cada profis- 500 mil barris/dia, significando que a compa-
sional retratou (águas; terra e saúde; recursos energéticos; megacities; solos). Os melhores nhia opera pouco mais que em um quarto da
trabalhos retratam um local específico de Angola. O evento tem como finalidade abordar produção petrolífera angolano. O novo direc-
temas relacionados com a protecção do planeta terra e conta com a presença do secretário- tor-geral da Total Angola, Philippe Chalon pre-
geral da ONU, Ban Ki-moon, do rei Gustavo da Suécia e de vários chefes de Estado e de Go- tende prosseguir na mesma linha de actuação
verno. O BESA recebeu a distinção Banco do Planeta, atribuída pelo Comité Internacional dos eixos programados pela companhia, que
de Desenvolvimento do Planeta Terra e participa no certame nessa qualidade. A escolha da consistem na produção petrolífera, na angola-
instituição deveu-se ao seu empenho e apoio na divulgação de mensagens sobre protecção nização e no desenvolvimento sustentável.
do ambiente e sustentabilidade.
16 | ANGOLA’IN · INSIDE
MUNDO | patrícia alves tavares
banca
Reino Unido pede limites
aos prémios dos banqueiros
A Inglaterra junta-se aos dois principais países da UE, Ale-
manha e França, no apelo conjunto para que sejam adop-
tadas “regras obrigatórias” para controlar os sistemas de
atribuição de generosos prémios aos banqueiros. A medida
surgiu mediante a crise financeira que eclodiu no ano passa-
do e atingiu todas as economias, em que a gestão da banca
é apontada pelos especialistas como causa. O primeiro-mi-
nistro britânico, Gordon Brown, a chancelar alemã, Ângela
Merkel e o presidente da França, Nicholas Sarkozy elabo-
raram uma carta conjunta, onde defendem a adopção de
sistemas de contenção dos bónus, de forma a evitar com-
portamentos de risco na banca internacional. Os responsá-
veis querem que esta medida seja analisada na cimeira do
rd congo G20, que decorrerá em Pittsburgh, nos EUA. O objectivo
Angola e Kinshasa suspendem expulsões consiste em ligar a dimensão dos prémios às remunerações
A República Democrática do Congo ção contra o repatriamento de con- fixas e ao desempenho dos bancos a longo prazo. Aliás, a
e Angola chegaram a acordo quanto goleses, que Angola tem efectuado França e o Reino Unido já criaram novos regulamentos, que
à recente vaga de expulsões de cida- nos últimos anos, em virtude de se não especificam regras acerca dos limites e critérios de atri-
dãos entre os dois países. De acordo encontrarem em situação ilegal (cer- buição de prémios aos gestores de topo.
com o diário congolês “Le Potentiel”, ca de 100 mil), nomeadamente a tra-
o entendimento foi firmado após um balhar nas zonas diamantíferas. Dias
encontro entre uma delegação ango- antes da celebração do acordo entre
lana, chefiada pelo vice-ministro das as duas nações (cujo conteúdo ainda
Relações Exteriores, George Chicoty não foi divulgado), Kabila suspendeu
e o presidente da República Demo- a expulsão de cidadãos angolanos
crática do Congo, Joseph Kabila. Re- em resposta a uma mensagem en-
corde-se que recentemente mais de viada pelo Presidente da República,
20 mil angolanos foram expulsos da José Eduardo dos Santos.
região Congo-Kinshasa, em retalia-
petróleo
Receitas de petróleo “nacionalizadas”
O novo modelo de exploração de petróleo e gás natural no Brasil inclui um mo-
delo de partilha de produção existente na Noruega, Venezuela e Rússia. O sis-
tema tem como finalidade controlar as gigantescas reservas, situadas a sete
mil metros de profundidade na bacia de Santos e sob a chamada camada de fortuna
pré-sal. Actualmente a funcionar em regime de concessões, o Estado brasilei- Bill Gates lidera ranking
ro torna-se proprietário de todo o crude e quer ficar com 80 por cento da re- O fundador da Microsoft encabeça a lista dos magnatas
ceita da exploração do mesmo. Assim, a Petrobras passa a operar em todos os generosos. O ranking foi elaborado pela revista Forbes de
blocos, no mínimo com 30 por cento do capital, existindo a possibilidade de ter filantropos que doaram mais de mil milhões de dólares ao
parceiros privados, que serão remunerados em petróleo. Por outro lado, caberá longo da sua vida. A conhecida publicação encontrou apenas
à nova empresa pública, a Petro-Sal, administrar os contratos. Com as recei- 14 “super generosos” em todo o mundo. Dos 793 poderosos
tas, provenientes do crude, o país vai lançar o Fundo Social do Pré-Sal, que se que possuem um património superior a mil milhões de dóla-
destina ao combate da pobreza e financiamento de projectos na área da saú- res, apenas 11 integram a nova categoria da famosa revista,
de, educação, ciência e tecnologia, meio ambiente e cultura, modelo comum que classifica ainda estes milionários como “possivelmente
em países como a Noruega. o subgrupo de ricos mais exclusivo do mundo”.
18 | ANGOLA’IN · MUNDO
ambiente
Glaciares perdem espessura em dois anos
Um estudo do Centro Mundial de Monitoriza- 11,3 metros de água equivalente. Em Espanha, Mundo”. O responsável garante que a situação
ção de Glaciares revelou que no ano hidrológi- “se em 1820 o glaciar de Maladeta ocupava 152 implica “uma grande perda da riqueza bioló-
co de 2005/ 2006 os glaciares perderam uma hectares, hoje são 54, ou seja, perdeu 35 por gica dos Pirinéus”, pelo que poderá ter graves
espessura de 1,3 metros de água equivalente cento da sua superfície”, informou Cuellar, da repercussões no abastecimento de água a zo-
e 0,7 metros no ano 2006/ 2007. No primei- associação Globalizate, no jornal espanhol “El nas densamente povoadas.
ro período, os especialistas estudaram cem
glaciares e 80 no ano seguinte. “Estes dados
mostram que se mantém a tendência global
do degelo acelerado nas últimas décadas”,
anunciam os autores da pesquisa. Desde a dé-
cada de 80, os glaciares perderam em média
ambiente
Fosfatos derramados
ao largo de Madagáscar
Um cargueiro de bandeira turca naufragou em
frente à costa de Madagáscar, derramando 39
mil toneladas de fosfatos, que ameaçam pro-
vocar uma catástrofe ecológica, que deverá
afectar a zona protegida. O barco, com 186 me-
tros de comprimento, perdeu toda a carga. O
naufrágio deu-se a três quilómetros da costa,
em frente ao Cabo Faux, a sul da ilha. De acordo
com os dados divulgados pela imprensa turca, brasil
os 23 tripulantes foram resgatados pelas au- Rio de Janeiro, palco dos Olímpicos de 2016
toridades. O Comité Olímpico Internacional (COI) anunciou em Copenhaga que a organização dos Jo-
gos Olímpicos de 2016 ficará a cargo da cidade brasileira Rio de Janeiro, situação que até
há poucos meses parecia improvável. O discurso de Lula da Silva, presidente da República
do Brasil e o seu poder económico foram decisivos na escolha do país sul-americano para
o maior evento multi-desportivo mundial. A cidade concorreu à organização das compe-
tições de 2004 e 2012, mas acabou por ser excluída da corrida. Agora, com as previsões do
Banco Mundial a preverem que o Brasil se torne na quinta maior economia do planeta, em
2016, os membros do COI deram o tão esperado voto de confiança. “Para os outros países
candidatos, será mais uma decisão. Para nós, será a oportunidade de construir um novo
Brasil”, argumentou Lula da Silva, recordando que entre as dez maiores economias mun-
afeganistão diais, o seu país era o único que ainda não tinha acolhido o certame. Em tom de desafio, o
ONU admite fraudes presidente esclareceu que “os que pensam que o Brasil não tem condições de receber os
Jogos vão surpreender-se”.
nas eleições
Kai Eide, representante especial da ONU no
Afeganistão, explicou que as presidenciais do
Afeganistão, que decorreram a 20 de Agos-
to, foram alvo de “fraudes consideráveis”.
Os resultados das eleições ainda não são co-
nhecidos, mas os primeiros dados apontam
Karzai como vencedor, com 55 por cento dos
votos. As acusações de fraude partiram de
observadores afegãos e internacionais, que
argumentam que os actos ilícitos foram co-
metidos a favor do actual presidente Karzai,
que procura novo mandato. Eide, em confe-
rencia de imprensa, admitiu que “é verdade
que num determinado número de mesas de
voto no Sul e Sudeste houve fraudes consi-
deráveis”. Os resultados definitivos serão
anunciados brevemente.
MUNDO · ANGOLA’IN | 19
MUNDO
medicina
Encontrados três genes da Alzheimer
Dois grupos de cientistas do Reino Unido e da França conseguiram dar um “grande passo em
frente” na investigação da doença de Alzheimer. A identificação dos três novos genes pode-
rá, no futuro, reduzir até 20 por cento as taxas de incidência da doença. Após a publicação da
investigação na revista científica “Nature Genetics”, a professora da Universidade de Cardiff
(Gales), Julie Williams, que esteve à frente da equipa do Reino Unido, referiu que se trata “do
maior avanço conseguido na investigação do Alzheimer nos últimos 15 anos”. Os investigado-
res garantem que, neutralizando a actividade dos genes em causa, será possível evitar num
país como o Reino Unido (população estimada de 61 milhões) cem mil novos casos por ano da
variante mais comum do Alzheimer, que afecta sobretudo os mais idosos. Recorde-se que ain-
da não existe um tratamento eficaz para esta doença neurodegenerativa, que se manifesta
através de alterações cognitivas e comportamentais, devido à morte de neurónios e à atrofia
do cérebro. Ainda segundo dados da Organização Mundial de Saúde, 0,379 por cento da popula-
ção mundial sofria da doença em 2005, número que subirá para 0,441 em 2015. Esta descober-
ta é a primeira a ser divulgada desde 1993. Dois dos genes (CLU e PICALM) foram descobertos
pela equipa britânica, enquanto o terceiro (denominado por receptor complementar 1 ou CR1)
foi identificado pelo grupo francês. Possuir determinadas versões destes genes aumenta entre
10 e 15 por cento a probabilidade de sofrer de Alzheimer.
parceria
Aproximação
à África do Sul
O presidente da Agência para o Investimen-
to e Comércio de Portugal (AICEP – Portugal
Global), Basílio Horta, explicou que a presen-
ça económica portuguesa em África deve ter
clima uma visão regional, na qual a África do Sul te-
Japão quer reduzir CO2 rá necessariamente de estar presente. O res-
A nação asiática pretende cortar em 25 por ponsável participou recentemente na Feira
cento as emissões de gás com efeito de estu- Internacional de Maputo e manteve encontros
fa, a partir dos níveis de 1990. A medida será privados com agentes económicos públicos e
aplicada até 2020 e foi definida pelo primeiro- privados em Joanesburgo e Pretoria, com o in-
ministro eleito Yukio Hatoyama, que preten- tuito de abrir novas oportunidades de negó-
de implantar o ambicioso propósito com uma segurança cio para a economia portuguesa na mais forte
condição: as principais economias mundiais Pijamas em papel economia africana. Basílio Horta, em declara-
devem participar no esforço de redução dos nas prisões francesas ções à agência Lusa, mostrou-se optimista e
níveis de poluição. “Como objectivo a médio- O mais recente método optado pelos esta- perspectiva a consolidação dos laços econó-
prazo, pretendemos até 2020 reduzir 25 por belecimentos prisionais franceses visa evi- micos entre Portugal e África do Sul, desta-
cento a partir dos níveis de 1990, com base nos tar enforcamentos e consiste na adopção de cando os sectores das energias tradicionais e
padrões exigidos cientificamente para deter pijamas em papel. Por outro lado, está pre- renováveis, das componentes automóveis, da
o aquecimento global”, anunciou Hatoyama, visto o acompanhamento de prisioneiros em agro-indústria e moldes enquanto áreas mais
numa conferência em Tóquio sobre alterações “stress” psicológico. As medidas constam do vulneráveis para a penetração a curto-prazo
climáticas. O seu antecessor, Taro Aso, tinha plano do governo francófono para diminuir as das empresas portuguesas. “Os empresários
estabelecido a meta em oito por cento. O Ja- taxas de suicídio nas prisões, que é uma das portugueses têm de partilhar esta convic-
pão é o quinto maior emissor de gases com mais altas da Europa. O anúncio, proferido ção de que, através da África do Sul, podem
efeito de estufa e tem sofrido pressões para pela ministra da Justiça, Michèle Alliot-Ma- ir mais longe, e, quando vemos a África do Sul
combater as alterações climáticas, após estas rie, foi entretanto criticado por uma associa- ter uma relação com Angola agora em fase de
terem subido 2,3 por cento, colocando o país ção de defesa dos reclusos. A distribuição de dinamização, é óbvio que as empresas portu-
16 pontos acima dos patamares estabelecidos “kits” de protecção e de colchões anti-fogo guesas não se podem alhear dessa aproxima-
pelo protocolo de Quioto. Entretanto, a indús- são outras das novidades. A ministra sal- ção”, enunciou o presidente da AICEP. A última
tria japonesa já começou a levantar objecções vaguardou que o apoio psicológico a presos visita ao país africano, segundo Basílio Horta,
a esta medida, proposta por Hatoyama, que com tendências suicidas será efectuado por marca uma “nova era” no relacionamento eco-
tomou posse a 16 de Setembro. voluntários (também prisioneiros). nómico de Portugal com a África do Sul.
20 | ANGOLA’IN · MUNDO
MUNDO · ANGOLA’IN | 21
IN FOCO | manuela bártolo
TRADIÇÃO
DEMOCRÁTICA
“No Gana, por exemplo, o petróleo traz grandes oportunidades e o povo do Gana tem sido muito responsável na sua preparação para as
novas receitas. Mas como muitos ganenses bem sabem, o petróleo não pode simplesmente transformar-se no novo cacau. Da Coreia
do Sul a Singapura, a história mostra que os países se desenvolvem quando investem no seu povo e na sua infra-estrutura; quando
promovem múltiplas indústrias de exportação e desenvolvem uma mão-de-obra especializada e quando criam espaço para pequenas e
médias empresas criadoras de emprego. À medida que os africanos tentam realizar este potencial, a América estenderá a mão de uma
forma mais responsável. Reduzindo os custos que acabam nas mãos de consultores e administradores, queremos colocar mais recursos
nas mãos daqueles que precisam deles, formando-os simultaneamente para serem mais auto-suficientes”
Barack Obama
Quando o país decidiu perigos de retrocesso, dos problemas sociais O papel que continua a
aplicar à economia a próprios de uma economia que teve de se sub-
desempenhar tem feito
meter à receita amarga do FMI, vive hoje um
receita neoliberal, pura e gradualmente do país um
período marcado pelo optimismo. O típico or-
dura, teve como resultados gulho dos Ashanti, cuja cultura é “a alma da centro comercial da África
o controlo da inflação, o identidade” nacional do Gana, serve indirecta- Ocidental
crescimento económico, o mente para explicar porque é que, no contexto
investimento estrangeiro e africano, é um exemplo. Desde que em 1992, Papel primordial na região
a confiança da comunidade o ex-presidente Jerry Rawlings, subiu ao po- O Gana pode não ser um agente económico tão
der pela costumeira via do golpe de Estado e grande quanto o seu vizinho, mas tem uma
internacional
optou por se legitimar através da via eleitoral dinâmica eficaz superior ao seu peso nos fó-
Barack Obama escolheu o Gana como des- que este acto teve o dom de empurrar o país runs regionais. O país tem desempenhado um
tino da sua primeira viagem, na presidência para a democracia. Cerca de uma década de- papel de liderança na África Ocidental, muito
dos Estados Unidos, à África, por uma razão pois este responsável tornou a ter uma nova embora não seja um grande agente económi-
nobre: é um dos poucos países subsaarianos importância no seu desenvolvimento, quando co. Os ganenses orgulham-se de ser pacíficos
com alguma tradição democrática. Duran- decidiu aplicar à economia a receita neoliberal, e isso tem-se reflectido no facto do país ter
te o seu discurso, em Accra, capital do país, pura e dura, preconizada pelo FMI e pelo Ban- escapado a todos os traumas de guerras civis
Obama destacou: “para construir um futuro co Mundial. Resultado: controlo da inflação, que afectaram os seus vizinhos. O segredo do
próspero, o continente precisa de se lançar crescimento económico, investimento estran- seu progresso tem-se baseado na estabilida-
contra a corrupção e a tirania e assim livrar- geiro, confiança da comunidade internacional. de e crescimento económico no interior de um
se da pobreza e das doenças”. Esta tem sido No entanto, o preço foi o habitual, e revelou- sistema democrático sustentável. O país tem
a luta de um povo que, ao contrário de ou- se particularmente pesado a nível ambiental conseguido desenvolver no continente africa-
tros, sempre se bateu pela democracia, ten- – desertificação, desflorestação, preocupante no e na sub-região um papel central no sector
do sido o primeiro país da África Ocidental a escassez de água potável, mas também se re- do investimento comercial precisamente por
proclamar a independência, depois de ter ul- flectiu no aumento do desemprego, na dimi- causa destes factores de elevada importân-
trapassado uma longa fase de indefinição, nuição do poder de compra, no crescimento do cia para a comunidade internacional. Em to-
instabilidade e golpes militares. Apesar dos analfabetismo e da mortalidade infantil. da a sua história, o Gana tem sido um porto
22 | ANGOLA’IN · IN FOCO
de abrigo seguro para a maior parte dos seus Tema Port, fora de Acra,
vizinhos. Durante as guerras civis da Nigéria, tornou-se na base de
foi em Aburi, uma pequena cidade fora de Ac-
trânsito para os Estados
cra, que as facções antagónicas encontraram a
paz. O país concedeu refúgio a togoleses, cos-
interiores, como o
ta-marfinenses, serra-leonenses e liberianos Burquina Faso, o Mali e o
em fuga durante as guerras civis nos seus pa- Níger, isto porque o país
íses. Episódios históricos que lhe proporciona- abriu as suas portas à
ram um efeito de alavanca sobre os restantes circulação de mercadorias
países nos negócios do agrupamento regio-
e de serviços
nal – a Comunidade Económica dos Estados
da África Ocidental (ECOWAS). O seu exem-
plo sucede-se em outras áreas, pois tem de-
monstrado ter capacidade para fazer avançar do 10.º FED destina-se especialmente às or- Diáspora
a sua sociedade, como o demonstra no aprovi- ganizações básicas e rurais. Restam 2 milhões de euros do orçamento
sionamento de água sem interrupção na maior total à migração, à diáspora e à segurança.
parte das cidades do país, podendo dizer-se o Transportes Está igualmente prevista assistência téc-
mesmo da electricidade. Factores que fazem Do FED actualmente em vigor foram reserva- nica para melhorar a capacidade das agên-
com que este se torne um destino privilegia- dos 76 milhões de euros para os transportes. cias de polícia e de migração na aplicação
do para o estabelecimento de empresas e que Este sector é visto como essencial para a re- da legislação. Cinco por cento da população
estiveram na génese da implantação do Ban- dução da pobreza. A UE tem apoiado a elabo- do Gana faz parte da diáspora, calculando-
co Central, organismo do ECOWAS no país. O ração de um Plano Nacional de Integração dos se que, só em África, reside um milhão de
Instituto Monetário da África Ocidental está Transportes que abrange portos, instalações ganeses (citado em Twum Baah 2005) e
também sedeado no Gana, o que veio revelar portuárias, caminhos-de-ferro e estradas. Com 189.461 inscritos na base de dados da mi-
que este desempenha um papel primordial na a nova tónica na integração regional, o 10.° gração da Organização de Cooperação e De-
agenda da Comunidade. FED toma em consideração a beneficiação e a senvolvimento Económicos, não incluindo a
construção de estradas nacionais, de modo a Alemanha. Outros estudos apontam para a
Governação exemplar fazer do Gana um centro de transportes regio- existência de 600.000 ganeses só no Reino
Uma concentração persistente no apoio or- nal. Está orçamentada a reabilitação de estra- Unido e na UE. A diáspora é igualmente uma
çamental e à governação, assim como o es- das nacionais no Oeste do país, mas uma nova fonte de divisas substancial, tanto através
tabelecimento do Gana como terminal de construção só será efectuada após uma avalia- das remessas para o Gana, como do turismo.
transportes ocupam um lugar proeminen- ção social e ambiental. Se os benefícios forem Muitos ganeses são altamente qualificados
te no pacote de despesas de 367 milhões de considerados insuficientes, as atenções po- e trabalham no sector da saúde no estran-
euros em seis anos do 10º Fundo Europeu de dem ser desviadas para outras estradas nacio- geiro. A construção é o seu principal sector
Desenvolvimento estabelecido entre a União nais, como a continuação do corredor Leste. de crescimento e é parcialmente financiado
Europeia e o Governo do Gana (2008-2013). pelas remessas. A lei foi recentemente al-
Um montante de 175 milhões de euros desti- A diáspora é uma fonte de terada para permitir a dupla nacionalidade
na-se ao apoio orçamental geral. A UE é um aos ganeses e alargar o voto aos que vivem
divisas substancial, tanto no estrangeiro. Em 2006, também foi cria-
dos vários doadores que estão a canalizar os
fundos de desenvolvimento directamente pa-
através das remessas para do um Ministério do Turismo e das Relações
ra o orçamento do Estado a fim de ajudar, por o Gana, como do turismo da Diáspora. Há também mais dois milhões
exemplo, a realizar reformas económicas e a de euros para um mecanismo de cooperação
desenvolver o sector privado. Os 95 milhões Comércio técnica. Além do pacote conhecido como o
de euros atribuídos à governação têm como Dos 21 milhões de euros remanescentes, es- pacote ‘A’, estão orçamentados mais 6,6 mi-
objectivo fomentar a descentralização. Os pera-se a afectação de 9 milhões de incentivo lhões de euros para os dois primeiros anos
fundos para esta área consistem, em parte, ao comércio, tendo o Gana assinado um acor- do 10.° FED no pacote ‘B’, que cobre neces-
num apoio ao orçamento e, noutra, numa aju- do de parceria com a UE. Espera-se que os sidades imprevistas, como assistência de
da a projectos. De acordo com os funcionários fundos ajudem o país a ser mais competitivo emergência, iniciativas de redução da dívida
da Comissão Europeia, estes fundos desti- em matéria de exportações não tradicionais internacionalmente aceite e apoio para miti-
nam-se a projectos como vias de penetração e e possam igualmente ser canalizados pa- gar os efeitos secundários da instabilidade
instalações de água e de saneamento. O FED ra melhorar a documentação aduaneira. São nas receitas da exportação. Como membro
é aplicado principalmente no domínio da edu- afectados 8 milhões de euros da quantia re- da Organização Regional da África Ociden-
cação, da saúde e da água. As verbas reser- manescente à gestão dos recursos naturais, tal, a ECOWAS, o Gana também beneficiará
vadas à governação são para ser utilizadas no incluindo o reforço dos organismos básicos de do 10.° programa indicativo regional da UE
reforço da sociedade civil (8 milhões de euros) regulação envolvidos na gestão dos recursos para a região da África Ocidental e é elegí-
e instituições de governação não executivas naturais, e também ao apoio da Aplicação da vel para posterior financiamento, tanto ao
(4 milhões de euros), para que ambas possam Legislação, Governação e Comércio no Sector abrigo das facilidades de Energia e Água da
encetar o diálogo com o governo local e agir Florestal (FLEGT) da UE para limitar a explo- UE como da parceria UE-África no campo das
como “guardiãs”. O financiamento no âmbito ração florestal ilegal.
infra-estruturas.
IN FOCO · ANGOLA’IN | 23
ECONOMIA & NEGÓCIOS | manuela bártolo
Quénia
futura
plataforma
financeira
Edward Njoroge - Chairman da NSE
Quando o Governo queniano pôs à venda na Bolsa de Valores de rão essenciais para mobilizar fundos de longo
prazo e fundos de infra-estruturas.” Instou ao
Nairobi (NSE) 25% da sua participação financeira na empresa financiamento de projectos de infra-estrutu-
Safaricom, o seu principal operador de telecomunicações, o registo ras através de obrigações a longo prazo, pa-
de investidores multiplicou seis a oito vezes o número de inscrições. ra mobilizar recursos financeiros públicos. As
obrigações constituem uma forma rápida de
Para o presidente do país, Mwai Kibaki, a agitação “mostra a grande instituições como governos e empresas mo-
dimensão dos recursos locais disponíveis para investimentos bilizarem capitais através da Bolsa de Valores
rentáveis a longo prazo” para iniciativas como construção de estradas
ou sistemas de abastecimento de água. O in-
vestidor, também conhecido por mutuante,
Criada em 1954, a Bolsa obtém lucros através dos juros associados à
de Valores de Nairobi é o obrigação.
maior mercado bolsista
Obrigações do Tesouro
da África Central e O Professor Chege Waruingi, presidente do
Oriental e o quinto maior Conselho de Administração da Autoridade do
do continente africano Mercado de Capitais do Quénia, explicou, na
altura da venda da Safaricom, que os princi-
Tendo atraído 860 mil accionistas, a venda pais projectos de infra-estruturas para 2008-
das acções, que teve início em 9 de Junho de país parece estar a passar incólume sobre es- 2012, que fazem parte da estratégia “Visão
2008, após o lançamento da Oferta Pública ses acontecimentos e aspira a tornar-se uma 2030” do governo para transformar o Qué-
Inicial (OPI) em Março, adicionou 200 mil mi- plataforma financeira regional. nia num país de rendimento médio, deverão
lhões de xelins quenianos à Bolsa de Valores custar 500 mil milhões de xelins quenianos.
e aumentou a capitalização da empresa para Bolsa de Valores Frisou ainda a necessidade de eliminar os
mais de um bilião de xelins quenianos. Actu- Criada em 1954, a Bolsa de Valores de Nairobi obstáculos jurídicos e administrativos ao fi-
almente, cerca de um milhão, ou um em cada é o maior mercado bolsista da África Central e nanciamento por parte de investidores locais
18 quenianos, detém uma acção na NSE, in- Oriental e o quinto maior do continente afri- e estrangeiros.
cluindo em antigas empresas públicas como cano. Neste momento, possui um sistema de As inovações actualmente em desenvolvi-
Kengen, Kenya Airways, Mumias Sugar Corpo- transacções totalmente automatizado e uma mento para “consolidar” a Bolsa de Valores
ration, Kenya Commercial Bank e Kenya Rein- gama crescente de produtos. Desde 2007, o de Nairobi incluem um sistema de mercado de
surance Corporation Ltd. O Fundo Monetário estabelecimento de uma rede local permitiu a balcão organizado para os títulos não transac-
Internacional (FMI) previu um abrandamento todos os corretores, bancos de investimento e cionados em sessões de bolsa e a introdução
no crescimento do país, com 2,5% em 2008 operadores económicos participarem no mer- de um sistema primário de transacção em que
contra 7% em 2007, após a crise política e a cado de capitais a partir dos seus próprios ga- o governo selecciona operadores económicos
redução da oferta de crédito a nível mundial binetes. Numa intervenção na NSE, em Junho, para promoverem o investimento em obriga-
que se receava viesse afectar negativamente na venda da Safaricom, o presidente Mwai ções do Tesouro. O Professor Chege Waruingi
a indústria do turismo do Quénia. Todavia, o Kibaki afirmou: “Os mercados de capitais se- informou igualmente que não seriam tole-
stop
à fuga
“É importante que as pessoas entendam que quando se faz uma reforma não é
para agravar impostos, nem muitas vezes será para obter mais receitas, embora as
receitas sejam, efectivamente, a principal questão a perseguir”
Francisco Brandão, presidente do Comité Nacional para a Reforma Fiscal
Angola tem, como aliás todos os países, a Desafios que exigem ajustes fiscais (reformas de um sector que data de há mais de meio
necessidade de gerar saldos positivos não só tributárias e administrativas) e a procura de século é urgente por estar “desactualizado e
através da exportação do petróleo, mas sobre- alternativas de financiamento que não os ex- díspar”, tornando-se, por isso, necessário fa-
tudo da criação de novas fontes de angariação ternos, exercendo pressões sobre uma gestão zer uma “grande reforma fiscal, principalmen-
de impostos directos e indirectos. Os mesmos eficiente das receitas provenientes do sector te na área não petrolífera”. Para o efeito, “é
podem ser obtidos pela circulação de mer- extrativo, associadas à necessidade de ma- preciso criar novos códigos, isto é um código
cadoria, sobre propriedade, sobre produção nutenção de reservas em moeda forte. O país geral tributário, que permita actualizar uma
industrial, sobre o território, produtos impor- não pode permanecer dependente de uma só legislação que, por vezes, tem 60 ou 70 anos”.
tados ou sobre os industrializados. O objectivo receita (petróleo), embora haja já receitas pro- O Governo está a criar um sistema fiscal mo-
é, no entanto, sempre o mesmo - aumentar e venientes das exportações. Importa aumentar derno, capaz de dar resposta aos objectivos da
diversificar as fontes de rendimento do Gover- o número de contribuintes e não aumentar a política tributária e aos desafios do desenvol-
no (Tesouro Nacional), podendo estes se es- carga tributária sobre os poucos que existem, vimento socioeconómico através de políticas
tender sobre a produção/exportação de barris até porque, segundo os especialistas, quanto de atracção do investimento, de promoção
de petróleo ou a entrada de produtos estran- maior for a carga maior será a fuga. do emprego e de integração regional. Até ao
geiros de forma amplificada. Considerando momento foi dado um passo importante - a
os impostos sobre a produção e exportação Assente na reestruturação aprovação, em Conselho de Ministros, das Li-
de petróleo já existentes “fiéis serventes” de três pilares - nhas Gerais da Reforma Fiscal. Um documen-
das despesas do Estado e o principal apoio to base que propõe acções a curto prazo, tais
na continuidade da expansão das actividades
legislativo, administrativo como a revisão e actualização do Código Ge-
em curso, a redução na angariação destes po- e recursos humanos - a ral Tributário (CGT), a adopção de um Código
de tornar-se um entrave no desenvolvimento reforma fiscal promete ter de Processo Tributário, a racionalização e con-
da economia, dada a necessária demanda ao um impacto forte na vida solidação legislativa do imposto industrial e a
processo de diversificação e independência do dos cidadãos simplificação do imposto de selo. A revisão do
sector do petróleo na pauta exportadora. Cer- imposto sobre o rendimento do trabalho, do
tos estamos, por isso, da urgência da aplicação Reformar é preciso regime de consignação de receitas fiscais que
do plano para a diversificação e do programa Modernizar o sistema fiscal é uma das gran- devem ser atribuídas ao poder local, a prosse-
de substituição das importações que faz parte des prioridades do Ministro da Finanças, Seve- cução e implementação de políticas de alarga-
do Programa de Desenvolvimento Industrial. rim de Morais, para este mandato. A reforma mento da base tributária a nível aduaneiro e a
dimentos das pessoas singulares encontra-se incidentes sobre a importação e exportação de a balança de pagamentos, mecanismo que re-
repartida por três impostos: o Imposto sobre mercadorias e o referido Imposto do Selo, que flecte o que o país vende e compra do exterior.
os Rendimentos do Trabalho, que incide sobre tributa vários actos, contratos e operações de Nesse âmbito, foi assinado um acordo especial
as remunerações recebidas pelos trabalhado- natureza distinta. Apesar das dificuldades de financiamento com o Governo para minimi-
res por conta de outrem e sobre os rendimen- que subsistem, cada vez mais se reconhece zar os efeitos da crise na balança de pagamen-
tos resultantes do exercício de actividades por internacionalmente que investir em Angola é tos. O acordo especial deverá entrar em vigor a
conta própria, obtidos por serviços prestados hoje muito mais fácil. E mesmo conhecendo partir de Janeiro de 2010. Nos últimos meses,
em Angola, quer o seu titular seja ou não resi- a concorrência de empresas provenientes de o Estado adoptou restrições de moeda estran-
dente, o Imposto Industrial e o Imposto sobre grandes potências mundiais (como a China), geira no mercado financeiro para estabilizar as
a Aplicação de Capitais. Quanto à tributação a crescente presença de investidores revela o reservas líquidas internacionais, que passaram
do património imobiliário, assenta na coexis- desenvolvimento do país. de 19,5 mil milhões de dólares, em meados do
tência de impostos distintos: o Imposto Pre- ano passado, para 12,4 mil milhões de dólares,
dial Urbano, que tributa o património numa Política fiscal elogiada em função, principalmente, da queda do preço
perspectiva estática e incide sobre o valor lo- O Fundo Monetário Internacional (FMI) tem do petróleo, principal fonte de recursos.
cativo anual, efectivo ou potencial dos prédios vindo a enaltecer as medidas de política fiscal Durante seis anos, Angola teve uma taxa de
urbanos – a Sisa -, devida pelas transmissões e monetárias adoptadas pelo Governo para es- câmbio regular. O Banco Nacional teve de in-
onerosas de propriedade imobiliária, rústica tabilizar as reservas líquidas internacionais do jectar, nos bancos comerciais, quantidades de
ou urbana, e o Imposto sobre as Sucessões e país face à crise financeira internacional. O re- dólares suficientes para que a procura do dólar
Doações que incide sobre todas as transmis- conhecimento, expresso num relatório da ins- não fosse exponencial.
sões a título gratuito de propriedade imobili- tituição, diagnosticou a situação económica Ao mesmo tempo que agradeceu a coopera-
ária ou mobiliária. As transmissões sujeitas a e financeira do país, com principal incidência ção das autoridades angolanas pela sua aber-
Sisa estão igualmente sujeitas a Imposto de sobre os efeitos da crise economia e financei- tura ao longo das discussões, os especialistas
Selo. O Imposto sobre o Consumo, monofási- ra internacional, e concluiu que as “medidas do FMI afirmaram que se o Governo angolano
co e cumulativo, recai sobre a produção e im- de política fiscal e monetária tomadas foram não tivesse tomado medidas de restrição da
portação de mercadorias, o consumo de água acertadas”. O diagnóstico do FMI permite sa- moeda externa em tempo útil, as reservas lí-
e energia, os serviços de telecomunicações, ber que, apesar dos esforços das autoridades quidas internacionais do país teriam sido “gra-
os serviços de hotelaria e outras actividades para minimizar os efeitos da crise, o país es- vemente afectadas”, com reflexos negativos
conexas ou similares. É de salientar, ainda, o tá numa situação que precisa de ajuda espe- para um país em reconstrução e desenvolvi-
Imposto sobre as Transacções Internacionais, cial do fundo, principalmente para estabilizar mento.
sabia que
A nova reforma irá rever duas das
mais importantes lacunas de toda a
política fiscal nacional: a dupla tribu-
tação e a excessiva burocracia de todo
o sistema que, segundo os especialis-
tas, é a principal causa da incorrecta
racionalização de recursos. Segundo
Manuel Alves da Rocha, professor as-
sociado da Universidade Católica, “a
burocracia em excesso é uma forma
de intervenção perversa do Estado na
economia. Influencia a estrutura dos
custos empresariais, desvia recur-
sos de finalidades mais apropriadas,
promove a corrupção, diminui a pro-
dutividade e desvia a actividade das
instituições públicas das suas verda-
deiras finalidades, centradas na pres-
tação de serviços de qualidade e na
regulação de serviços de qualidade e
dos processos de mercado”
PODER LOCAL
dividir
para ‘reinar’
Descentralizar é um verbo que entrou para a promoção de uma cultura de cidadania uma desburocratização eficiente e fiável dos
definitivamente na agenda política angolana. participativa que permita a construção de processos. A descentralização não pode ser
Actualmente, não existe no país um poder um poder local democrático forte. De acordo sinónimo de desresponsabilização, até porque a
local que traduza a verdadeira dimensão da com a base legal proposta, é evidente que o sua principal missão é gerar bem-estar e coesão
sociedade civil. Na futura Constituição está poder central delegado não será eliminado, social entre as populações ao nível local. Deve
consagrado o princípio da descentralização, sendo no entanto reformulado no sentido de haver, por isso, um compromisso do Estado
que “inclui políticas de promoção da contemplar os governos provinciais. Os seus com as reais capacidade de auto-financiamento
boa governança e de desconcentração agentes serão responsabilizados, havendo das autarquias, sempre com a consciência
da administração pública a níveis mais maior transparência nos procedimentos, que recai sobre si a responsabilidade quer na
próximos da população”. Nesse sentido, “a deixando estes de serem apenas receptáculos atribuição de recursos, quer na distribuição dos
criação de condições para a constituição de e canalizadores dos recursos do Estado aos mesmos segundo princípios claros de equidade,
autarquias” surge como uma das áreas de diferentes níveis territoriais para passarem justiça e transparência.
intervenção prioritária para a consolidação a deter maior autonomia e autoridade. A
do Estado de Direito. Uma efectivação que transferência de recursos do poder central Um poder local forte deve
carece de todo o empenho do Estado na para o poder provincial carece, contudo, ser gerador de coesão
procura de respostas a temas tão sensíveis de uma gestão exigente segundo critérios
e urgentes quanto a definição do futuro objectivos como seja a população, os índices
social, desenvolvimento
da administração e poder local autárquico de desenvolvimento ou a performance na económico, preservação
ao nível das suas competências, funções, criação de receitas próprias. Outra das questões da pluralidade cultural
dotações, poderes e articulação entre estes a ser discutida é a disponibilização de meios e de boas experiências
e o poder central. Importa criar estratégias por parte do poder central para que haja democráticas
sabia que...
Descentralizar traduz a existência de
um poder local democraticamente
legitimado pelo povo, autónomo
e detentor de identidade, funções,
responsabilidades e objectivos
próprios, o que não impede que
seja simultaneamente um poder
em perfeita articulação com o
Estado central e em sintonia com as
grandes metas de toda a sociedade
na mente
do consumidor
Uma série de novas tecnologias Viagem ao interior do cérebro as pessoas, em geral, falam uma coisa e fa-
está a ajudar as grandes empre- Desde os anos 80 que o mais conhecido gu- zem outra, enquanto que com o eye-tracking
ru desta corrente, o consultor Paco Underhill, é forte a possibilidade de existir um veredic-
sas a identificar desejos e prefe- colecciona cerca de 20 mil horas de vídeos em to inequívoco. A mudança de comportamen-
rências dos clientes sem que eles que grava o comportamento dos clientes no to representa a busca de resposta para uma
precisem dizer uma única palavra interior dos supermercados. Mais recente- questão que vale centenas de biliões de dó-
mente, investigadores de grandes indústrias lares gastos em marketing, a cada ano, por
O empresário Henry Ford, conhecido entre ou-
foram além e começaram, em incursões etno- empresas em todo o mundo. Para decifrar o
tras coisas por desprezar pesquisas de mer-
gráficas, a frequentar a casa dos clientes para que se passa dentro da mente dos consumi-
cado, afirmou há mais de um século que, se
ver o quê, porque e como eles consomem os dores e acertar o destino desses biliões, vale
tivesse perguntado aos consumidores o que
mais diversos produtos. Agora, a pesquisa de o rastreamento da íris através de câmaras de
queriam antes de criar o pioneiro Ford T, o
mercado ultrapassa outra fronteira, a de en- vídeo capazes de acompanhar clientes numa
resultado teria sido um cavalo mais rápido e
trar, em alguns casos literalmente, na cabe- loja e estabelecer padrões de comportamento,
não um automóvel. Talvez essa seja a primei-
ça dos novos consumidores. Foi o que fez a até ao novíssimo neuromarketing, que se de-
ra constatação sobre a discrepância entre o
americana Kimberly-Clark com a embalagem nomina pela aplicação da neurociência ao ma-
que os clientes dizem e o que eles realmente
de um novo modelo de fralda. Antes de che- rketing. Por meio de eléctrodos que captam
querem ou precisam. Nos últimos tempos, por
gar ao mercado, o pacote passou pelo crivo variações na actividade cerebral, acredita-se
desconfiar de que as pesquisas tradicionais
de 300 mulheres. Os investigadores não per- que hoje seja possível medir a reacção das
não eram suficientes para saber o que de fac-
deram tempo com perguntas. Enquanto elas pessoas a marcas ou produtos. É, por isso, es-
to os consumidores queriam, muitas empre-
observavam o produto no laboratório da em- tranho perceber quanto tempo demorou para
sas passaram a observá-los em vez de apenas
presa, no Estado americano de Wisconsin, um a ciência e o marketing se unirem. De acordo
lhes fazerem perguntas.
equipamento chamado eye-tracking rastrea- com o consultor de marcas dinamarquês Mar-
va o caminho da íris de cada uma delas. A em- tin Lindstrom, especialista em neuromarke-
Enquanto os clientes balagem escolhida atraiu mais olhares para a ting, no seu livro “A Lógica do Consumo”, “a
observam o produto, um informação de que o produto era feito de al- ciência existe desde que começamos a ques-
equipamento chamado godão orgânico e vitamina E, dado observado tionar-nos sobre o nosso comportamento.
eye-tracking rastreia o por 69% das entrevistadas. Esta nova forma E o marketing, uma invenção do século XX,
de chegar aos clientes, tem reduzido drastica- faz perguntas do mesmo tipo há mais de 100
caminho da íris de cada
mente as pesquisas com questionários, isto anos”. Algumas das tecnologias hoje aplica-
um deles porque segundo vários especialistas da área das ao marketing já estavam disponíveis há
Segundo especialistas, as
pessoas, em geral, falam
uma coisa e fazem outra.
Com o eye-tracking é forte
a possibilidade de existir
um veredicto inequívoco
Neuromarketing
Nada representa de maneira mais literal, po-
rém, a intenção de entrar na mente do consu-
midor do que o neuromarketing. Nos últimos 2008. Ora como é de imaginar, tanta tecnolo- DADOS CORPORATIVOS
cinco anos proliferaram consultorias especia- gia não custa barato. Estima-se que a avalia- › Origem: Alemanha
lizadas em pesquisas de mercado por meio ção de um produto ou uma campanha através › Fundação: 1871
do monitoramento das ondas cerebrais. Boa da monitorização da actividade cerebral pos- › Fundador: Karl Benz, Gottlieb Daimler
parte delas usa equipamentos semelhantes a sa custar até 10 mil dólares para um grupo de e Wilhelm Maybach
capacetes e dezenas de sensores conectados 20 pessoas -- em média, dez vezes mais do › Sede mundial: Stuttgart, Alemanha
à cabeça, num eletroencefalograma, que me- que uma pesquisa tradicional. Uma reporta- › Proprietário da marca: Daimler AG
de o fluxo dos impulsos eléctricos. É comum gem publicada pelo jornal The New York Times › Capital aberto: Sim
que algumas dessas empresas especializadas mostra que o uso da neurociência associado a › Chairman: Dieter Zetsche
combinem ao mesmo tempo a avaliação do outras técnicas tem ajudado as marcas a defi- › Facturação: €99.39 biliões (2008)
batimento cardíaco, temperatura corporal e nir a cor da embalagem e a ressaltar informa- › Lucro: €3.97 biliões (2008)
dilatação da pupila para ajudar a avaliação du- ções que interessam aos clientes. Nem todas › Valor de mercado: €40.1 biliões
rante a pesquisa. De acordo com A.K. Prade- as novas tecnologias são tão, digamos, inva- (Setembro/2009)
ep, fundador da NeuroFocus à revista EXAME sivas. É o caso das câmaras de vídeo. Trata- › Valor da marca: US$ 23.867 biliões (2009)
brasileira, este processo permite interpretar se de uma espécie de versão 2.0 do princípio › Produção: 1 milhão unidades/ano
reacções em três aspectos: o envolvimento criado pelo consultor Underhill. A diferença é › Presença global: 180 países
emocional, o nível de atenção e a retenção na que, em vez de simplesmente colocar alguém › Ícones: A estrela de três pontas
memória”. A NeuroFocus é uma das maiores para assistir às cenas detectadas no momen- de seu logotipo
consultorias de neuromarketing do mundo, to da compra, programas de computador › Slogan: The Future of the Automobile.
comprada pelo grupo Nielsen, em Fevereiro de processam automaticamente informações e
sabia que...
O mundialmente famoso símbolo da Mercedes teve um início profético. Representando a tri- mitos, chamado W125, tinha chassis de liga de
plicidade das actividades da Daimler, fabricante de motores para uso em terra, mar e ar, a estre- aço com cromo, níquel e molibdênio e carroçaria
la de três pontas foi adoptada como logótipo em 1909, após a morte de Gottlieb Daimler, apesar de alumínio, que pesava menos graças ao tru-
que descoberto, em 1934, no modelo W25. Até
de ter aparecido pela primeira vez no ano de 1901 num automóvel da marca. Foi inspirada
àquele ano os Mercedes de corrida eram pinta-
numa figura que ele tinha desenhado num postal, que endereçou à sua esposa com o seguinte
dos de branco, a cor da Alemanha para as com-
comentário: ‘um dia essa estrela brilhará sobre a minha obra’. Ao longo dos anos, o símbolo petições. Como o carro estava com peso acima
passou por várias alterações. Em 1923, foi acrescentado o círculo. E três anos depois, com a do permitido pelo regulamento, os engenhei-
fusão das empresas Daimler e Benz, foi incluída a coroa de louros, pertencente ao logótipo da ros não tiveram dúvida - rasparam toda a tinta,
Benz. A forma definitiva foi adoptada em 1933 e desde então mantém-se inalterada. As peças deixando os carros com o alumínio da carroçaria
(principalmente chaves, motores, suspensões, etc.) produzidas pela marca são únicas e difíceis reluzindo. As “flechas de prata” ganharam sete
de serem ilegalmente copiadas das onze provas disputadas, com a primeira vi-
tória em Tripoli, na Itália. Depois, veio a II Guer-
w125 ra Mundial e as Flechas de Prata só voltaram
a correr em 1954, graças ao esforço da Merce-
des-Benz, que retornou às pistas com o modelo
W196. Construídos com a mais alta tecnologia
da época, os W196 deixaram todos os outros
carros obsoletos. A marca não economizou di-
nheiro na construção dos seus novos modelos.
Havia duas carroçarias, uma tradicional e outra
usada somente em circuitos de alta velocidade,
que cobria as rodas. Os modelos W196 domi-
naram as temporadas de 1954 e 1955 dirigidos
pelos pilotos Juan Manuel Fangio, Stirling Moss
e Karl Kling. Com oito cilindros, 2982 cm3 de ci-
lindrada, potência até 310 cv e uma velocidade
máxima acima dos 300 Km/h, este “Flecha de
Prata” conquistou em 1955 os primeiros luga-
res nas mais consagradas provas automobilís-
w196 ticas: Mille Miglia, Targa Florio, Tourist Trophy,
Eifelrennen, bem como no Grande Prémio da
Suécia. Teriam feito ainda mais, mas a Merce-
des-Benz resolveu abandonar as competições
depois do acidente nas 24 Horas de Le Mans de
1955, em que morreram o piloto Pierre Levegh
e 81 espectadores.
o segredo
Para vender carros que chegam a custar 3 mi-
lhões de dólares, a empresa submete os seus
vendedores a um rígido programa de ven-
das. Todos recebem orientações básicas sobre
mecânica, comportamento do consumidor,
etiqueta e cultura geral. São três fases de ins-
trução, com intervalo de seis meses entre
elas. As aulas são ministradas por professores
formados na matriz
O PREÇO JUSTO
Ao comprar produtos estes agricultores têm restrições de acesso a com a decadência das economias socialistas.
de comércio justo, o crédito, o que os torna frágeis frente à varia- Actualmente, o esquema de comercialização
ção dos preços. São pequenas propriedades e, fair trade é visto como uma evolução natu-
consumidor tem a garantia
portanto, não há como se defender com uma ral do sistema capitalista, que, na esteira do
de que está a fomentar produção em larga escala. A escassez de re- desenvolvimento sustentável, pauta as suas
uma cadeia comercial cursos financeiros, por outro lado, impede a relações pela ética, assimilando lucro e res-
alicerceada em princípios aquisição de novas tecnologias. O acesso à in- ponsabilidade social. O comércio justo é, por
éticos formação destes grupos é baixo, dificultando isso, definido como “uma parceria de comércio
o desenvolvimento da organização de coope- baseada no diálogo, transparência e respeito,
Certamente já ouviu alguém dizer que “o preço rativas que, na maioria das vezes, só ocorre que procura um maior grau de igualdade no
justo é aquele que o cliente se dispõe a pagar”. mediante a assessoria de agentes externos, comércio internacional. Contribui para o de-
Uma frase habitual em situações comerciais, como as ONG’s, por exemplo. Os pequenos senvolvimento sustentável oferecendo me-
tida como um instrumento de venda, que su- produtores são presa fácil para as grandes em- lhores condições comerciais e protegendo os
gere que os produtos devem ser comerciali- presas, que compram os seus produtos a pre- direitos de produtores e trabalhadores margi-
zados pelo preço mais alto possível, no limite ços “injustos”, muitas vezes pagando menos nalizados, especialmente no hemisfério Sul”.
da disponibilidade e interesse dos seus con- do que o próprio custo de produzi-los. O resul- Na prática, o fair trade funciona da mesma
sumidores. tado desta equação é o aumento da pobreza, maneira que o comércio “normal”, uma rela-
miséria, violência e a degradação ambiental. ção de compra e venda como outra qualquer.
Quando há margem para negociar com os Ora é neste contexto que se insere o Comércio A diferença é que as partes se comprometem
clientes até poderá fazer sentido. Não é, no Justo (Fair Trade), podendo ser encarado co- a seguir determinados princípios, garantindo
entanto, o que ocorre no âmbito do comércio mo uma ferramenta contra os malefícios de que os produtores não sejam “espremidos”
internacional, marcado pela oferta de produ- um sistema comercial injusto e socialmente em negociações comerciais.
tos superior à procura e pela alta volatilidade excludente. Ao comprar produtos de comér-
de preços. Num mercado como o actual, do- cio justo, o consumidor tem a garantia de que O avanço do comércio
minado por grandes corporações, quais são está a fomentar um cadeia comercial alicer-
ceada em princípios éticos. Este é tido como
justo parece depender
as hipóteses de sucesso de pequenas comu-
nidades produtoras da zona rural da América uma forma de comercialização alternativa ao fortemente de uma
Latina, África ou Ásia? Algo próximo a zero, modelo proposto pelo capitalismo, que pres- maior consciencialização
obviamente. supõe exclusivamente a maximização de lu- dos consumidores para
cros, a despeito de outros valores e critérios. os custos sociais e
Como não têm volume no sistema de capital, Tal interpretação, no entanto, perdeu sentido ambientais da produção
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um por todos e todos por um
O comércio justo é um movimento que guarda semelhanças com diversas outras
iniciativas de desenvolvimento sustentável, pois mantém laços com o consumo
CONHEÇA OS PRINCÍPIOS
consciente, introduzindo a responsabilidade sócio-ambiental no acto da compra. Um
QUE REGEM O MOVIMENTO
produto de comércio justo é certamente um alvo para consumidores conscientes
DE COMÉRCIO JUSTO:
Poder ao consumidor seus processos de certificação, porém sem 1. Criação de oportunidades para os pro-
O consumidor exerce um papel fundamental verificação externa. Embora sejam organiza- dutores economicamente desfavorecidos
no comércio justo, pois é ele que garante a ções sérias e comprometidas com os objecti- O comércio justo é uma estratégia de
demanda destes produtos. Ao optar pelo fair vos do comércio justo, com rígidos controlos combate à pobreza e desenvolvimento
trade, o consumidor tem a certeza de que co- de certificação, nem todas os mercados reco- sustentável. O seu objectivo é o de criar
munidades socialmente excluídas não estão a nhecem isto como uma garantia efectiva. Há, oportunidades para os produtores economi-
ser injustiçadas nas transacções comerciais. ainda, organizações que se valem do seu his- camente desfavorecidos ou marginalizados
tórico de conduta e na credibilidade das suas pelo sistema de comércio convencional
Mas como ter certeza que os pequenos produ- marcas para garantir o comércio justo. Um dos
tores estão a ser efectivamente beneficiados ícones desta prática é a cadeia de lojas ingle- 2. Transparência e Responsabilidade
pelas garantias do comércio justo? A respos- sa The Body Shop, que ao contrário de outras O fair trade envolve uma gestão transpa-
ta a esta pergunta revela um dos grandes di- organizações, não comercializa alimentos, e rente das relações comerciais para tratar de
ferenciais do sistema. Para que o fair trade sim produtos manufacturados (cosméticos, forma justa e respeitosamente com os par-
realmente funcione, é necessário o envolvi- perfumes, etc...). É possível também comprar ceiros comerciais.
mento de todos os actores da cadeia de co- produtos fair trade na Europa, com a garantia
mercialização - desde o pequeno produtor, até das “boas prácticas”, nos mais de 2.000 world 3. Construção de Capacidades
ao consumidor final, passando pelos importa- shops espalhados pelo velho mundo. Este é um meio para o desenvolvimento
dores e exportadores, distribuidores e comer- dos produtores e da sua independência.
ciantes. As organizações de comércio justo Hora da mudança
garantem as “boas práticas” de diversas for- Adoptar critérios meramente financeiros na es- 4. Pagamento de um preço justo
mas distintas. Por exemplo, adoptam o pro- colha de produtos, simplesmente ignorando o Um preço justo, no contexto regional ou lo-
cesso de certificação em cadeia, com auditoria caminho percorrido entre os campos e as pra- cal é aquele que tenha sido acordado atra-
realizada por organismo externo. É preciso teleiras dos supermercados, nem sempre é a vés do diálogo e da participação. Além de
que produtores, distribuidores e comercian- melhor alternativa, pois é vergonhoso tapar os cobrir os custos de produção, também per-
tes sejam fiscalizados para que um produto olhos a eventuais abusos comerciais ou a práti- mite uma produção socialmente justa e
chegue até às prateleiras dos supermercados cas nocivas ao meio ambiente. ambientalmente racional. Ele oferece um
com o selo oferecido pela organização. E para Se é possível comprar café com a garantia de salário justo para os produtores e leva em
comercializar os produtos certificados, as or- que quem o plantou e colheu foi remunerado conta o princípio da igualdade de remune-
ganizações estabelecem o preço mínimo que dignamente, porquê escolher outro produto que ração por trabalho igual entre mulheres e
o distribuidor tem de pagar aos produtores, não oferece as mesmas garantias? É uma quali- homens.
independentemente das oscilações do mer- dade a mais no produto, tão importante quanto
cado internacional. Esta imposição de pre- o preço ou a higiene. Não é à tôa que o comércio 5. Equidade de género
ços deriva de estudos económicos realizados justo é um movimento que cresce ano após ano, Comércio Justo significa que o trabalho das
por técnicos da própria instituição e varia de em níveis superiores ao Produto Interno Bruto mulheres é devidamente valorizado e re-
região para região. Outra exigência é o paga- (PIB) e que alcança dezenas de países em todo compensado. Estas são sempre pagas pela
mento de um “prémio social” aos produtores, o mundo. Embora os produtos de comércio jus- sua contribuição para o processo de produ-
ou seja, um valor adicional pago por unidade to ainda não sejam tão conhecidos, já é possível ção e estão habilitadas no seio das suas or-
de produto comercializado, que é destinado a encontrá-los e consumi-los. E para quem pro- ganizações.
projectos sociais nas suas comunidades. Vá- duz, há cada vez mais uma enorme procura de
rios organismos têm vindo a desenvolver os consumo no âmbito do comércio internacional. 6. Condições de trabalho
O fair trade proporciona um ambiente de
trabalho seguro e saudável para os produto-
res. A participação dos filhos (se for o caso)
não afecta negativamente o seu bem-estar,
segurança e requisitos educacionais, estan-
do em conformidade com a Convenção das
Nações Unidas para os Direitos da Criança,
bem como a legislação e normas no contex-
to local.
7. O ambiente
O Comércio Justo incentiva activamente
melhores práticas ambientais e a aplicação
de métodos de produção responsável.
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SOCIEDADE
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SOCIEDADE | patrícia alves tavares
ong’s
Diplomacia não
governamental
Actuam em todos os pilares da sociedade e são, de certo modo, tudo desenvolvido por Alessandra Fayet, que
os parceiros mais rentáveis do Estado. As Organizações Não entrevistou os principais intervenientes nas
ONG’s, como João Castro, da FONGA (Fórum
Governamentais (ONG’s) trabalham com escassos recursos das Organizações Não Governamentais de
financeiros e contam quase em exclusivo com o apoio de voluntários Angola); Peter Matz, da Unicef e João Kiala,
e empresas, que abnegadamente contribuem para a valorização da da Cruz Vermelha (CV). A investigação refere
sua componente social, através da cedência de bens ou doações que a CV Angolana, a Caritas Angola e a ADRA
monetárias. Nesta edição, a Angola’in traça o perfil das associações, (associação local ligada à agricultura) são as
cujos rostos a maioria desconhece, mas que detêm um papel entidades que reúnem mais voluntários (ul-
trapassam a centena). A maioria são técnicos
fundamental junto das comunidades profissionais que colaboram nas campanhas
de conhecimento, de segurança alimentar e
São elementos decisivos e estratégicos no não governamental é um dos agentes na pre- na construção de infra-estruturas comunitá-
processo de implementação da paz. O país venção e resolução de conflitos, sendo res- rias. Segue-se o pessoal médico, os jovens, os
não seria certamente o mesmo sem a pre- ponsável pelo acesso das populações à água chefes das comunidades e os professores.
sença das ONG’s. O facto de estarem imple- e saneamento, pela angariação de financia-
mentadas no seio das comunidades é uma mento para o desenvolvimento, pela sensibi- “A maioria das ONG’s
mais-valia, pois conhecem de perto a realida- lização para questões como a desigualdade/
de e têm a possibilidade de analisar os pro- exclusão social e as mudanças climáticas. A
trabalha sem capacidade
blemas caso a caso. As ONG’s desenvolvem Angola’in faz o balanço do trabalho desen- financeira,
um dos trabalhos mais louváveis. Apoiam volvido nos últimos anos, revelando alguns pelo que grande parte
áreas estruturais como a educação, saúde, projectos e apresentando os seus principais dos seus colaboradores
ambiente, alimentação, reconstrução e apoio ‘actores’. são voluntários a tempo
social. Recentemente as associações huma- inteiro”
nitárias tiveram um papel importante no au- Força do voluntariado
xílio aos refugiados da RD Congo, através da Em Angola, a maioria das ONG’s labora sem
Privados ‘solidários’
doação de medicamentos. Assumem-se co- capacidade financeira, pelo que grande par-
As empresas, cada vez mais preocupadas
mo o principal parceiro do Estado e da Orga- te dos seus colaboradores são voluntários a
com a componente social do seu negócio, são
nização Mundial de Saúde (OMS) no combate tempo inteiro. Uns são oriundos de outros pa-
importantes financiadoras das associações. O
ao flagelo da SIDA. Sem o seu contributo, o íses, outros são cidadãos locais, que desejam
referido estudo indica que existem múltiplos
nível de crescimento nacional e o grau de de- ajudar no desenvolvimento do próprio país,
doadores internacionais a investir no país, em
senvolvimento humano e social registariam auxiliando os grupos e as áreas mais margi-
que se destacam as companhias petrolíferas
valores bastante preocupantes. A diplomacia nalizadas. A Angola’in teve acesso a um es-
e de cooperação bilateral. A Chevron/ Texaco
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apoia a formação e programas na província “A “Jango Juvenil” quer investir este ano cerca de 65
de Cabinda. As companhias petrolíferas Es- mil USD num projecto de formação socioprofissional,
so, Total e BP possuem alguns projectos para
que deverá abranger 1.076 jovens da província da Huíla”
a Responsabilidade Social Colectiva. A União
Europeia é um dos principais elementos dina-
mizadores. Em Setembro, os seus represen-
tantes anunciaram que vão disponibilizar 4.5
milhões de euros, para projectos de impactos senvolvimento, de emergência e ambientais) tre outros. No Lubango, a “Jango Juvenil” quer
sociais e económicos a favor das comunida- e acompanham as negociações regionais e investir este ano cerca de 65 mil USD num
des. Na primeira fase, o plano abrange ONG’s internacionais intergovernamentais, fomen- projecto de formação socioprofissional, que
nas províncias da Huíla, Benguela, Huambo, tando o diálogo e pressionando os governos deverá abranger 1.076 jovens da província da
Bié, Kuando Kubango, Kwanza Norte e Kwan- e instituições relevantes. Huíla. A acção enquadra-se no Programa de
za Sul e abarca iniciativas na saúde, sanea- Serviços Internacionais e é financiada pela
mento básico e agricultura, entre outros. A Agente Social organização americana USAID, destinando-
UE, que na Huíla patrocina mais de quatro or- Estas organizações constituem um dos prin- se a formar jovens em especialidades como
ganizações, afiança que vai continuar a ajudar cipais agentes do apoio social e humanitário, culinária, electricidade, informática e secre-
o Governo na construção de infra-estruturas elaborando projectos vitais para o desenvol- tariado. A organização realiza ainda acções
escolares, postos médicos e nos programas vimento das comunidades mais recônditas e de formação sanitária sobre prevenção de
agro-pecuários e económicos. Já a Agência carentes, promovendo acções de formação/ doenças de transmissão sexual e VIH/ SIDA,
Espanhola de Cooperação Internacional para alfabetização, criando lares, creches, etc. As em colaboração com a Direcção Provincial de
o Desenvolvimento divulgou que possui uma internacionais investem largamente no sec- Saúde. São inúmeras as ONG’s locais, nacio-
carteira avaliada em 72 milhões de euros a ser tor, pois têm maior facilidade em adquirir nais e internacionais que se dedicam à ela-
aplicada em projectos sociais. O director, Jo- apoios para esta causa junto dos países de boração de estratégias, projectos e acções de
sep Puig confirmou que estão em execução origem. É o caso da ONG americana “Fundo combate à doença. As ONG’s detêm um inte-
programas sociais em sete províncias, num de Cristãos para as Crianças”, que desde 2008 ressante contributo no apoio aos deficientes,
total de 77 intervenções em áreas de serviços alfabetizou mais de mil jovens entre os 15 e nomeadamente na formação e integração dos
sociais básicos, como educação, saúde e sa- os 18 anos, moradores em dez aldeias da co- visados na vida profissional, tendo, em cola-
neamento. muna do Monte Belo (Bocoio, Benguela). O boração com a Associação Nacional de Defi-
programa conta com o auxílio da OMA, JM- cientes Angolanos, beneficiado quase 50 mil
“As plataformas nacionais PLA, administração e autoridades locais, en- pessoas, através do projecto “Vem Comigo”.
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GRANDE ENTREVISTA | patrícia alves tavares
INGLÊS PINTO
“ADVOCACIA
PREVENTIVA
E CIDADÔ
Recentemente reeleito Bastonário da Ordem dos Advogados, Inglês Pinto possui um longo
currículo na área do Direito, tendo desempenhado funções em alguns ministérios. Defensor
incansável dos Direitos Humanos, o alto representante dos profissionais de Justiça falou à
Angola’in, numa entrevista que toca questões fundamentais como a situação da advocacia e
os desafios que se colocam à consolidação do Estado de Direito Democrático.
ordem dos advogados direitos fundamentais dos cidadãos e a sua ristas e cursos de refrescamento na área dos
Quais são os principais desafios protecção jurisdicional assumem-se como ou- processos, bem como reactivar a produção da
que se colocam à organização? tro dos grandes desideratos. Uma advocacia revista da Ordem dos Advogados e consolidar
A OAA é uma instituição recente (13 anos), cidadã é difícil, mas jamais impossível. o processo de informatização da legislação
com bastantes limitações no plano material “Lexangola” e da jurisprudência. Por outro la-
(falta de instalações próprias e condignas) e Quais as linhas de acção para o do, desejamos dar maior atenção às questões
financeiro, facto que tem condicionado a re- triénio 2009/ 2011? de ética e deontologia, no plano pedagógico
alização dos seus objectivos. Não obstante, a Pretendemos continuar o processo de conso- e disciplinar. Cooperar com outras institui-
OAA tem-se afirmado como uma organização lidação da Instituição, o que implica a criação ções da Administração da Justiça para que ha-
sócio-profissional de referência em Angola, de condições técnico-materiais; a construção ja uma Justiça que corresponda às legítimas
o que é difícil num país de múltiplos condi- da sede Nacional, de sedes para os Conselhos expectativas dos cidadãos, que passa pela
cionalismos. A consolidação da instituição, Provinciais de Luanda, Benguela e Cabinda, igualdade de oportunidades e a não exclusão
a continuidade do incremento das acções de para os Conselhos Interprovinciais e núcleos de qualquer natureza é uma das nossas me-
formação e o zelo pelo lado ético e deontoló- com instalações próprias nas restantes sedes tas, tal como a promoção de acções que visem
gico, no exercício da advocacia, são os grandes de províncias. Queremos desenvolver acções o apoio aos jovens advogados no plano social
desafios da Ordem, no plano interno. No que de aprendizagem no Centro de Estudos e For- e de meios para motivação de juristas para o
toca ao lado “externo”, a sua função social, a mação, incluindo um curso de inglês jurídico, exercício da profissão, em especial em provín-
defesa do Estado de direito democrático e dos contabilidade, auditoria e fiscalidade para ju- cias onde não se faz sentir esta tão importan-
“Há que criar Tribunais de 2ª instância gados de corpo e alma” não são mais de 20%
dos inscritos na OAA.
– “Relação” e acelerar o processo da
reforma legal, criando uma ordem Os actuais cursos superiores são
jurídica desburocratizada” suficientes?
No que se refere à licenciatura em direito ain-
da não são suficientes. É de aplaudir a mais
recente criação de universidades públicas e o
surgimento de outras privadas, algumas de
boa qualidade, quer a nível de infra-estrutu-
ras, quer a nível do corpo docente. Contudo, no
cômputo geral, há que primar pela qualidade.
Ética e Deontologia
O Código Deontológico adapta-se às morosidade ou tratamento indevido das peti- O nível de formação adapta-se às
necessidades do actual sistema ju- ções dos cidadãos, ao extravio de documentos exigências da profissão?
dicial? e à excessiva burocracia. A estes condiciona- Não obstante a OAA e o INEJ ministrarem cur-
Estou certo de que este instrumento se adap- lismos há que acrescentar os casos de des- sos essencialmente práticos num período de
ta perfeitamente. A questão é que o seu cum- respeito pelas prerrogativas dos advogados 6 a 12 meses, creio que devemos ser mais exi-
primento depende da vontade, de princípios e abusos de poder. No entanto, temos alguns gentes ao nível das várias faculdades. Há que
morais e éticos fora do quadro profissional. bons profissionais, sérios e determinados. reformular as metodologias de ensino, rever
Isto acontece em todas as profissões. Há que as disciplinas e promover cursos de prós-gra-
criar mecanismos para a sua efectiva aplica- O actual número de profissionais é duação, em especial nas áreas económico-fi-
ção. De que servem os códigos se o sujeito não suficiente? nanceiras, bem como um maior investimento
está a fim de pautar a sua conduta nos ter- Não. Há províncias que, em termos práticos, na capacitação do corpo docente e na organi-
mos neles previstos, já que outros interesses não têm advogados. São pelos menos meia zação técnico-administrativa das instituições.
se levantam? dúzia delas, com centenas de milhares de ci- Quanto ao ensino privado, é preciso compati-
dadãos a necessitarem destes serviços. Mais bilizar a legitimidade em se obter rentabilida-
Os advogados cumprem o código de 90% dos advogados estão concentrados de económico-finaceira e a sua função social,
profissional? em Luanda. Benguela, Cabinda, Huambo e a formação de qualidade em benefício do de-
De uma maneira geral, apesar das dificulda- Huíla têm 10 a 20 advogados, outras detêm senvolvimento harmonioso, para responder
des objectivas e do individualismo exacerbado dois ou três. Um quadro desolador. É eviden- aos desafios da competitividade inerente à
que se vai promovendo, a maioria dos colegas te que existem regiões e áreas mais motiva- dita globalização.
vão pautando a sua conduta profissional e so- doras para os advogados. Estamos a falar da
cial de forma exemplar, cumprindo a lei e os capital, do eixo Benguela - Lobito, da Huíla,
princípios éticos e deontológicos da profissão. Cabinda e Huambo. Falamos das actividades Infra-estruturas
petrolíferas, do imobiliário, da banca, dos se- Quando se fala em infra-estruturas,
Há um combate efectivo à corrupção guros, das energias e das minas, sendo o cri- há que abordar a questão dos tribu-
entre a classe? me, a família e outras áreas do cível pouco nais e do seu funcionamento...
Na medida do possível, no plano pedagógico e apetecíveis. A advocacia de negócios prevale- Apesar do reconhecido esforço do Governo na
mesmo disciplinar. Num país em que a corrup- ce, o que é legítimo, mas como proteger áreas construção de novos edifícios para instalar
ção faz morada a quase todos os níveis, com menos “rentáveis”, contudo, indispensáveis? tribunais e seus equipamentos, como é o ca-
menor ou maior grau, é uma missão difícil, Temos o mecanismo da Assistência, que deve so do tribunal provincial de Cabinda, Namibe,
mas não impossível. Não só como dirigentes ser aperfeiçoado, em especial no que se refere Lobito, Ana Joaquina em Luanda e do futuro
da OAA, mas como cidadãos, assiste-nos o à remuneração dos seus advogados. palácio da Justiça, ainda estamos num estado
dever de desencadear este combate. lastimável na maioria das províncias. Há que
Há cada vez mais jovens motivados investir muito mais.
para a advocacia?
Formação Verifica-se um aumento de jovens interessa- Quais os edifícios que carecem de
Existem as condições necessárias dos em seguir esta carreira. Mas o número es- intervenção urgente e qual a inter-
para exercer a profissão? tá muito aquém das necessidades. A maioria venção da OAA?
Ainda não são as melhores. Muito temos que opta pela magistratura. Uma questão de “se- Quase todos. À Ordem apenas compete su-
fazer, no plano da formação, do profissiona- gurança”, já que a advocacia, nos termos em gerir, “pressionar” para que haja condições de
lismo, da dedicação e da vocação. As condi- que está consagrada em Angola, envolve al- trabalho dignas para todos, pois contribui pa-
ções de trabalho não são as melhores, devido guns “riscos”. Atrair novos membros tem sido ra o melhor desempenho profissional dos ad-
à inexistência de salas de advogados na maio- a luta da OAA. A maioria não o faz em regime vogados, em benefício dos seus constituintes
ria dos tribunais, às dificuldades de acesso à integral, com todos os inconvenientes ineren- e da sociedade em geral. Está ainda prevista a
informação em muitas instituições públicas, à tes da “advocacia de fim de tarde”. Os “advo- criação de tribunais municipais.
pontos quentes i
Parcerias
Qual o nível de relacionamento com “O acesso ao direito e à justiça em Angola ainda está muito aquém das metas que po-
o Ministério da Justiça? deremos considerar razoáveis. No entanto, já são notórios os esforços de mudança”
Até à data tem sido satisfatório. Iremos envi-
dar esforços para a consolidação e desenvol- “Num país em que a corrupção faz morada a quase todos os níveis, o seu combate é
vimento desta cooperação em benefício da uma missão difícil, mas não impossível”
justiça em geral.
“Há províncias que, em termos práticos, não têm advogados. Mais de 90% dos advo-
Quais as principais áreas de coope- gados estão concentrados na capital”
ração com esta entidade?
Fundamentalmente referem-se à assistência “A maioria dos jovens opta pela magistratura. A advocacia enquanto profissão liberal
judiciária e informatização da legislação, à re- por excelência envolve alguns “riscos”. Atrair novos membros tem sido a luta da OAA”
forma legislativa do sector e à promoção dos
meios alternativos de resolução de litígios.
Um dos projectos em comum é o da criação de Existem leis que necessitam de ser este processo. É apenas a minha opinião que,
condições físicas e a instalação de centros de adaptadas ao panorama actual? felizmente, ainda a posso ter e divulgar, uma
assistência judiciária (caso da cidade do Dun- Sim. No entanto, resta saber que panorama. conquista que luto, diariamente, pela sua
do, na província da Lunda Norte). Há que regulamentar de imediato a legislação preservação.
base do exercício de direitos fundamentais,
A Ordem tem parcerias com entida- em especial os de natureza política e cívica, Quais as entidades envolvidas na
des estrangeiras? como a lei de imprensa, das associações, sem- sua concepção?
Há alguns anos, com base no financiamento pre na perspectiva do efectivo exercício dos di- Este envolvimento foi alargado, por decisão
da União Europeia desenvolvemos um pro- reitos fundamentais dos cidadãos. legal, a toda sociedade, com destaque para as
jecto, tendo como finalidade a protecção dos organizações da sociedade civil e cidadãos, o
direitos humanos. A OAA trabalhou de forma que é positivo, numa perspectiva democráti-
activa e com resultados bastante positivos Constituição ca. É de louvar.
com o Escritório das Nações Unidas em Ango- Concorda com a necessidade de se
la para os Direitos Humanos. criar uma Constituição antes das Quais as principais matérias a in-
eleições presidenciais? cluir no documento?
É conveniente, mas não determinante. Em primeiro plano, os direitos fundamentais
Legislação dos cidadãos, com inspiração na Declaração
Quais as áreas que carecem de in- É urgente a sua aprovação? Universal dos Direitos Humanos e Tratados
tervenção urgente, em termos de re- Em meu entender, a urgência ou não depen- Internacionais subsequentes e os mecanis-
gulação legislativa? de das agendas e vontades dos políticos. O mos que contribuem para a sua efectiva pro-
A legislação de base terá que ser actualizada, a mais importante é a efectivação das leis. tecção e realização. A separação efectiva dos
exemplo do processo em curso relativo aos no- Mesmo com a actual constituição, desde que poderes e os princípios do artigo 159º da Lei
vos códigos do processo penal e laboral. A legis- haja determinação geral de cumpri-la, com Constitucional vigente também são essen-
lação relativa ao notariado e conservatórias, bem base no estrito cumprimento da lei e no res- ciais. Um texto constitucional mais claro, com
como a do código comercial datado de 1888, não peito pelos direitos fundamentais dos cida- um desenho da organização política adequa-
obstante a oportuna aprovação da lei das socie- dãos, digo que ela pode vigorar por muitos da aos princípios de um Estado democrático
dades comerciais são essenciais. A questão da anos, sem que se ponha em causa a estabi- que, em princípio, todos nós defendemos, é
lei sobre a prisão preventiva, as buscas e apreen- lidade política e as bases para o desenvolvi- uma boa base para alcançarmos os mais no-
sões deverão, em meu entender, ter um melhor mento e bem-estar social. O que deixei dito bres propósitos políticos, sociais, económicos
tratamento em sede do processo penal. não afasta a importância que tenho dado a e culturais.
pontos quentes ii
Progresso
Como encara o processo de recons- Foi vice-presidente e coordenador indirectamente ligada à estratégia política
trução nacional e o desenvolvimen- da Comissão dos Direitos Humanos da dita oposição, e isto tem o seu preço. Isto
to económico? e Acesso à Justiça. Que tipo de tra- vai passar. Leva tempo, mas há que ser op-
Há que ser realista e honesto. Os progressos balho foi desenvolvido? timista e lutar.
são visíveis, fundamentalmente no plano das Realizamos um conjunto de acções no âmbi-
infra-estruturas básicas, em termos quanti- to da promoção dos Direitos Humanos, com Como avalia o panorama da segu-
tativos. Podemos afirmar que a economia de destaque para a monitorização de unidades rança?
Angola é já uma das maiores economias afri- penitenciárias, a avaliação do grau de respeito Não avalio as questões de segurança e da
canas. Mas, muito tem que ser feito no plano pelos direitos dos detidos e a intervenção em criminalidade fora do contexto social. Com o
da justiça social, para que seja uma sociedade casos pontuais em processos judiciais. A mo- actual quadro, os índices poderiam ser mais
em que os indicadores económicos reflictam tivação dos advogados para este tipo de ad- elevados. Mas, isto não afasta a ocorrência
o desenvolvimento harmonioso e não mero vocacia é que é difícil. Neste mandato iremos de alguns crimes hediondos. Há que avaliar
crescimento. Esta posição não afasta o re- dar continuidade, mas numa perspectiva mais as causas da criminalidade e prevenir, sem
conhecimento dos grupos empreendedores, jurisdicional. prejuízo das acções de investigação e jul-
criadores de postos de trabalho e de riqueza gamento, nos termos da lei, defendendo os
honesta. O respeito pelos Direitos Humanos princípios da presunção da inocência e da
é uma realidade? defesa condigna. A OAA e os seus associa-
Esteve ligado ao Ministério da É evidente que o quadro vai melhorando. dos não estão indiferentes a esta situação
Energia e Petróleos e da Energia e Ainda estamos muito aquém daquilo que e têm feito o melhor. Sem pôr em causa a
das Águas. O país depende dema- poderá ser tido como normal, mormente no independência da profissão e da instituição,
siado do petróleo? que se refere aos direitos económicos e so- vão cooperando com outros órgãos da ad-
É um facto reconhecido por todos. Os poderes ciais. Existe em Angola um aspecto subjec- ministração da justiça, instituições públicas
públicos estão a fazer esforços para reverter es- tivo que condiciona a militância séria neste e da sociedade civil, em especial no que se
te quadro, em nada favorável a um desenvolvi- domínio – o de intencionalmente ou involun- refere à educação jurídica da sociedade e ao
mento sustentável. A aposta em outras fontes tariamente, alguns extractos sociais consi- desencadeamento das acções preventivas.
de energia é uma opção inquestionável. derarem estas acções como algo directa ou Estamos no bom caminho.
MÃE NATURA
Envolta por montanhas no horizonte longínquo,
passeio-me por cenários de planícies douradas
e deixo-me seduzir por gazelas e manadas de oryx
desfilando ao longe na paisagem. Assim é o Parque
Nacional do Iona e Foz do Rio Cunene. Natural.
Nas profundezas do Parque, as tribos Muimbas
surpreendem-me pela sua genuinidade.
Cobertas de barro e peles de animais contemplam o
horizonte e fazem-me repensar a essência humana...
viagemtro
Tanzânia
ao cenra
da ter seus visitantes pela
sua
A Tanzânia atrai os la evolução
anos, marcados pe
riqueza. Os últimos os
ci ed ad e e de to do s os sectores económic
da so aposta
m o sucesso da forte
e financeiros, revela os,
ri sm o. Co m po st o por mais de cem trib
no tu têm a
quenos grupos, que
o país conta com pe u, os
óp ri a cu ltu ra . Os árabes, a tribo Bant
sua pr liaridade
conferem uma pecu
europeus e asiáticos ,o
al a es ta na çã o, on de o inglês, o swahili
especi
ivem diariamente
alemão e o árabe conv
Lar de alguns dos mais antigos antepassados Tanganhica e Zanzibar, em 1964, após a inde- “Casa da Paz”
do Homem, com fósseis dos primeiros seres pendência do primeiro (em 1961). O seu pas- Dar es Salaam, que em árabe significa “Casa
humanos encontrados nas proximidades da sado histórico é uma das principais marcas da Paz”, é a cidade mais importante da Tanzâ-
Garganta de Olduvai, o norte da Tanzânia é culturais, que revelam influências das dife- nia, a mais vibrante de África e a verdadeira ca-
frequentemente apelidado de “berço da hu- rentes nações que por aqui passaram. O chefe pital do país (actualmente Dodoma é a oficial).
manidade”. Este facto constitui apenas uma de estado do país é o presidente Jakaya Ki- Esta localidade alberga uma mistura eclética
das muitas razões para descobrir este pa- kwete (desde 2005), enquanto Amani Abeid da arquitectura germânica, asiática, britânica
ís, limitado a norte pelo Uganda e Quénia, a Karume comanda os destinos de Zanzibar e swahili, reflectindo as influências do passado
leste pelo Oceano Índico, a sul por Moçambi- (desde o mesmo ano). A capital é Dodoma, colonial e da história recente. Próximo do Equa-
que, Malawi e Zâmbia e a oeste pela Repúbli- onde se concentram parte das instituições. dor e do quente Oceano Índico, este centro ur-
ca Democrática do Congo, Burundi e Ruanda. Dar es Salaam, antiga capital, alberga ainda bano é a área mais importante da Tanzânia,
Antiga colónia alemã (1880 – 1919) e britânica os edifícios públicos, embaixadas e o maior albergando os principais núcleos económicos e
(1919 – 1961), a Tanzânia resulta da fusão do aeroporto internacional do país. governamentais. A sua importância enquanto
pólo de negócios e ponto turístico obrigatório
PERFIL fez florescer o número de restaurantes inter-
nacionais, que se instalaram na cidade nos úl-
País: República Unida da Tanzânia (desde 1964) | Área: 945.087 km2 timos anos e captam o interesse dos viajantes
População: 40.213.162 hab. (em 2008) | Fronteira: Uganda, Quénia, pela diversidade gastronómica e pelos moder-
Moçambique, Malawi, Zâmbia, República Democrática do Congo, Burundi e nos hotéis de cinco estrelas, muito procura-
Ruanda | Capital: Dodoma | Cidade mais populosa: Dar es Salaam dos pelos turistas que desejam umas férias de
Moeda: Shilling tanzaniano e dólar norte-americano | Idiomas: Inglês e luxo. As praias a norte de Dar es Salaam são
Swahili | Vacinas: Febre-amarela e profilaxia da malária | Documentos: outro motivo sedutor. Muitos turistas não dis-
Passaporte, visto válido por seis meses, carta de condução internacional, pensam uma passagem pela Península e pela
boletim de vacinas e seguro de viagem Ilha de Kigamboni, em que a praia mais próxi-
ma da capital é Oyster Bay.
60 | ANGOLA’IN · TURISMO
Zanzibar
A ilha acolhe uma das cidades mais turísticas
da Tanzânia, Stone Town ou “Cidade de Pedra”.
Aqui concentra-se grande parte do país, onde
impera o turismo de praia, o sol e a aventu-
ra. Terra natal do famoso cantor e compositor
Freddie Mercury, a parte antiga da região, que
alberga a capital, está classificada como Patri-
mónio Mundial. As zonas costeiras guardam
parte da história nacional, alternando entre
passado e futuro. Zanzibar é o contraste da
Tanzânia verde, das savanas e dos safaris. A
região é o destino perfeito para quem procu-
ra férias repletas de luxo, tranquilidade, sol e
conforto. As praias isoladas são sem dúvida as
mais atraentes de África. Os hotéis garantem
uma estadia despreocupada, onde pode prati-
car windsurf, kitesurf e mergulho nos corais,
numa experiência inesquecível. As paradisía-
cas praias de Zanzibar, decoradas pelos reci-
fes de corais (ricos em diversidade marinha),
razões para visitar a tanzânia
são recortadas pelas vilas de pescadores, que
Praias selvagens e não urbanizadas, águas quentes e tropicais, turismo de
mantêm o seu tradicional estilo de vida. Não
natureza e safaris, ambiente e cenários exóticos são excelentes motivos para
existe grande variedade de animais selvagens
incluir este país na lista de viagens a concretizar. Os hotéis das cidades, as pou-
na ilha e as áreas florestais são habitadas por
sadas, casas e villas proporcionam o conforto aos turistas ávidos de aventura e/
pequenos antílopes e macacos. As palmeiras
ou descanso. Apenas o clima pode constituir uma desvantagem, pois é árido e
são abundantes e óptimas para uma pausa
pode por vezes tornar-se insuportável
à sombra. Além do mais, são extremamente
úteis para a população, que retira delas uma
infinidade de produtos. requisitados, pois os visitantes não dispen- está limitado aos veículos de tracção às qua-
sam a oportunidade de conhecer ao vivo as tro rodas. É proibido sair das viaturas, fazer pi-
Oportunidades turísticas paisagens e espécies, que habitualmente en- queniques, deitar lixo e alimentar os animais.
A Tanzânia oferece-lhe a possibilidade de contram apenas na televisão, nos programas Na savana, passeiam-se manadas de zebras,
desfrutar umas férias recheadas de sol, bom de vida selvagem. gnus, gazelas e búfalos, que coabitam com os
tempo e inseridas nos maiores tesouros na- leões, que controlam a zona das águas. Hie-
turais do país. As formas de entretenimento Último paraíso animal nas e abutres pairam sob a cratera, conside-
são diversas. Pode alugar um barco e percor- Ngorongoro é o local ideal para observar num rada reserva de caça para os leopardos, chetas
rer a distância entre Dar es Salaam e a ilha de único dia um microcosmos da África Orien- e chacais. É esta sobreposição territorial entre
Zanzibar ou fazer o percurso pela costa ou pe- tal. Localizado a norte, junto à fronteira com os animais que mais surpreende os turistas. O
los lagos do interior, como é o caso do Lago o Quénia (a cerca de três horas da cidade de Ngorongoro é o refúgio do rinoceronte preto,
Tanganica ou Lago Victoria. As grandes cida- Arusha), é muitas vezes apelidado de “a cra- uma das espécies africanas mais ameaçadas
des de Dodoma, Dar es Salaam ou Arusha e a tera da Arca de Noé”. Este local é refúgio para de extinção. A melhor época para se deslocar
capital de Zanzibar (Stone Town) são pontos presas e predadores, que vivem num perfei- a esta zona é a estação seca (Maio a Novem-
de excelência para uma tarde de compras. A to equilíbrio e que se mantêm a salvo da in- bro), período em que o clima é mais ameno,
estas características juntam-se os inúmeros tervenção humana. A velha caldeira tem dois com temperaturas a oscilar entre os 14/ 18ºC
cantos arqueológicos, em que o vale do Rift milhões e meio de anos e possui uma área de (mínimas) e 30/ 34ºC (máximas). Contudo,
alberga parte da história e cultura nacional, 326 quilómetros quadrados e cerca de 20 de há a necessidade de se preparar convenien-
não esquecendo a Garganta Olduvai e a zona diâmetro. Aí, está reunido um ecossistema temente para este tipo de safaris. Sacos de
de Laetoli. Nestas regiões de beleza natural, o ímpar, que recebe as migrações sazonais e viagem maleáveis, roupas desportivas e de
turista tem a possibilidade de praticar despor- favorece a reprodução das mais diversas es- cores claras, botas de “trekkink” ou “randon-
tos ao ar livre, como caminhadas, mountain pécies. A melhor imagem que descreve este née” e chapéu são indispensáveis, bem como
bike, escalar o ponto mais alto de África - o Ki- achado natural é o lago do Ngorongoro, po- óculos de sol, cantil, canivete suíço, bolsa de
limanjaro, ou passear pela Serengeti National voado por centenas de milhares de flamingos primeiros socorros, repelente para insectos,
Park. Os apreciadores de praias paradisíacas rosa, que encobrem a presença de aves como protector solar e binóculos. Se desejar registar
encontram no Oceano Índico uma infinidade a íbis e os gansos do Egipto, a marabous, as o momento pode levar máquina fotográfica
de possibilidades, em que o mergulho é a ac- garças e as cegonhas europeias. O acesso à e câmara de vídeo, embora não possa captar
tividade mais procurada. Os safaris são muito cratera segue as regras do parque natural e imagem em todas as zonas.
TURISMO · ANGOLA’IN | 61
TURISMO
Flora única
A maioria dos espaços naturais da Tanzânia
oscila entre as savanas e as florestas no sul,
centro e oeste. Na fronteira com o Uganda e
Quénia, ergue-se uma das florestas mais co-
nhecidas e que circunda o Lago Victoria. A
savana arbustiva do norte, a zona de Seren-
geti, a área arborizada do sul e os arbustos do
centro do país são muito procurados, pela sua
beleza e imponência. Nas áreas que fazem A origem da humanidade
fronteira com o Quénia e nos picos das zonas Nas terras em Olduvai Gorge são visíveis as
montanhosas, os visitantes deparam-se com marcas da passagem dos primeiros seres hu- Sabia que... jaro atrai mais de 25
mil
vegetação abundante, pastagens e florestas, manos. Aí foi encontrada a mais antiga pega- A subida do Kiliman metros
ssui mais de 5.900
derivados de um clima mais húmido. Quanto da humana. Os restos encontrados indicam pessoas por ano. Po tos
aladas. Os mais ap
à fauna, o Parque Nacional Serengeti, em Se- que por esta região africana passaram ante- de caminhadas ou esc un tai n bik e,
tar pe lo mo
rengeti, alberga a maior parte da diversidade passados, como o homem Australopitecos, fisicamente podem op
riência única
animal da região, onde encontrará girafas, le- com mais de três milhões de anos e que mui- que oferece uma expe
ões, leopardos, aves de rapina, elefantes, ri- tos consideram tratar-se do primeiro Homem
nocerontes, muitas espécies de macacos, no planeta. A Tanzânia surge ainda associada
zebras e uma grande variedade de espécies ao movimento mercantil, tendo sido ponto
selvagens. Este espaço protegido é partilhado de passagem para os comerciantes, que na-
pelo Quénia, que tem uma pequena parte do vegavam no Oceano Índico e desembarcavam
país vizinho. As principais áreas protegidas da nestas terras para comprar marfim e vender guia de dar es salaam
Tanzânia são o Parque Nacional de Serenge- especiarias.
O QUE FAZER E VISITAR:
ti, o Parque Nacional de Tarangire e o Parque
› Museu Nacional da Tanzânia: onde
Nacional Ruaha. Por outro lado, os visitantes Crescimento galopante encontrará os fósseis encontrados em
têm ao seu dispor as reservas naturais Ngoro- O desenvolvimento económico da Tanzânia é Olduvai Gorge
goro, Selous ou a Reserva Natural ou Nacional uma marca de confiança. Nos últimos cinco
› Mercado de Arte Mwenge: descubra os
de Katavi. O Parque Nacional de Kilimanjaro anos, o país conseguiu uma média de cresci- trabalhos e desenhos dos artistas locais
destaca-se pela sua altitude, que alcança qua- mento anual acima dos sete por cento, graças
› Mercado Kariakoo, pelas suas cores,
se os seis mil metros. Ao passar pela Tanzânia a uma profunda reforma política e económica, produtos exóticos e têxteis, confeccio-
não pode perder outras áreas naturais, deten- que tem vindo a ser aplicada. Devido ao com- nados localmente
toras de beleza única, como são o caso do La- promisso governamental e à reforma macroe-
› Entre as ruas Índia e Indira Gandhi
go Vitória, do Lago Tanganica e de algumas conómica, a nação encontra-se no caminho do Street encontra os melhores restauran-
zonas partilhadas com outros países. desenvolvimento sustentável. tes da África Oriental, nomeadamente
nas ruas Jamhuri, Zanaki, Kisutu e
Mkunguni
› Jardins botânicos
› Ruínas Kaole, em Bagamoyo, a uma hora
de viagem, a norte de Dar es Salaam
animação nocturna co
nstant e
Os dois grandes desti
nos turísticos, Dar es
Zanzibar são os princ Salaam e a Ilha
ipais centros da vid
duas cidades têm est a nocturna. As
ruturas hoteleiras,
cas, onde poderá pa que têm discote-
ssar uma noite agrad
boa música e muita ável, ao som de
festa
62 | ANGOLA’IN · TURISMO
TURISMO | patrícia alves tavares
Cidade tranquila
A capital Mbabane é a maior cidade da Sua-
zilândia, com perto de 50.000 habitantes. A
localidade é o cenário perfeito para descansar,
devido ao sossego preponderante. A Galeria
Indingilizi vende artesanato tradicional, tendo
aí a possibilidade de apreciar alguns excelen-
tes trabalhos de artistas nacionais contempo-
râneos. As principais atracções localizam-se
no vale adjacente de Ezulwini. Lobamba é o
abrigo do Palácio do Estado Embo e um dos
pontos turísticos. É a capital real e legislati-
va do país. Nesta cidade, descobrirá o Museu
Nacional, com interessantes exposições e
boa parte da cultura Swazi. Ali encontra uma
vila tradicional beehive. Nas proximidades do
museu, estão localizados o Parlamento e o
Memorial ao Rei Sobhuza II. Nas redondezas,
está erguida a Vila Cultural Swazi, composta
pelas cabanas beehive e onde pode assistir às
apresentações culturais.
Os melhores safaris
No vale de Ezulwini (paraíso, na língua suazi),
r ação
Suazilândia
situa-se a velha casa da família Reilly, o ponto
no co
de partida para conhecer parte da Suazilândia,
especialmente as três reservas da vida selva-
gem. A Mkhaya Game Reserve é uma das mais
da savana
procuradas. Os seis mil hectares são compos-
tos essencialmente pela savana e pela planura
sulcada por rios secos. A fauna é composta por
múltiplos exemplares do rinoceronte branco,
várias espécies de antílopes, impalas, girafas,
palancas e elefantes. Os safaris são realizados
em jipe aberto, organizados pela administração
do parque e que permitem aos turistas olhar de
perto para crocodilos, pequenos mamíferos e
aves de rapina. Os safaris e alojamentos neces-
A Suazilândia distingue-se de todos os destinos pela sua sitam de reserva antecipada. Existem ainda os
singularidade. É um dos países mais pequenos de África e safaris a pé, pensados para os adeptos das ca-
a sua tranquilidade ilustra qualquer cartão-de-visita pelos minhadas e que são organizados pelo amanhe-
locais relaxantes que proporciona. É a última monarquia cer ou anoitecer, para uma melhor apreciação
absolutista africana e simultaneamente um dos rostos das espécies junto das fontes de água. Além
mais amáveis do continente das visitas às reservas e à aldeia de Manten-
ga, os aficionados de aventuras na montanha,
encontram na reserva natural de Malolotja, no
Pequeno e montanhoso, é o palco de férias por Moçambique e África do Sul, o país não Highveld, cerca de 200 quilómetros de trilhos
com que qualquer aventureiro, apreciador de tem saída para o mar, mas em contrapartida com diversos graus de dificuldade, repletos de
um safari inesquecível, sonha. Situada em oferece uma panóplia de planaltos cobertos florestas de altitude, espécies botânicas raras
pleno pulmão da África Austral, a Suazilân- por savanas e pastagens. As suas capitais são e fauna diversificada (águias, zebras, impalas e
dia é uma das poucas monarquias remanes- Mbabane (administrativa) e Lobamba (legis- gnus). Aí desfrute das Malolotja Falls, as casca-
centes no continente. Os motivos para visitar lativa) e a economia assenta na agropecuária, tas mais altas do país, com quase uma centena
esta região são mais que muitos. Limitado embora o reino da Suazilândia não seja auto- de metros de altura.
64 | ANGOLA’IN · TURISMO
À LUPA
Capital: Mbabane
ti
Idioma: inglês e siswa
Área: 17.364 km2
5 (2002)
População: 1.123.60
uia Parlamentarista
Governo: Monarq
Ecoturismo de excelência Nacionalidade: Suazi
A diversidade paisagística é a imagem de Moeda: Lilangeni
marca do território suazi. Cada parque possui
características e ecossistemas únicos, embora
existam muitos habitats comuns para certas
espécies. A ocidente, os visitantes encontram
o Highveld, uma região marcadamente mon-
tanhosa, onde coabitam o verde das densas
matas e os cursos de água e algumas casca-
tas. O Middleweld abrange os vales com maior
densidade populacional (é o caso do vale de
Ezulwini), uma vez que a área é menos aci-
dentada. Na metade leste, o turista não pode
deixar de passar pelo Lowveld, devido à sua
paisagem que contrasta com o resto de ter-
ritório e onde surgem os cenários da savana
africana. Aliás, nestes dois últimos ecossiste-
mas encontram-se as três reservas mais im-
portantes da vida selvagem do país: Mlilwane
Game Sanctuary, Mkhaya Game Reserve e
NÃO ESQUECER
A moeda nacional é o Lijangeni (plural Emalangeni), que possui
Hlane Royal National Park (associados ao pro-
paridade com o Rand sul-africano. Os pagamentos podem ser
jecto Big Game Parks, que engloba os três par-
efectuados com ambas as moedas, existindo a possibilidade de levantar
ques nacionais e duas reservas naturais). Mli-
dinheiro em caixas automáticas
lwane apresenta-se como a mais antiga área
protegida da Suazilândia. Poderá descobrir
este território a pé ou a cavalo, visto que a sua
fauna é composta principalmente por várias Rural, que comercializa peças de excelente guia do viajante
espécies de antílopes (incluindo alguns rarís- qualidade, confeccionadas pelas artesãs da A Suazilândia partilha fronteiras com
simos, como o frágil antílope azul), impalas, região. Os trabalhos em cestaria merecem a África do Sul e Moçambique. Portan-
zebras, búfalos, girafas e pássaros de todas as igualmente destaque, devido à sua capacida- to, a melhor forma de chegar ao país
espécies. O único aviso vai para as áreas junto de inventiva, perfeição e mistura de técnicas. é através de Moçambique. Após o de-
aos lagos, em que os caminhantes não devem O mercado de Manzini deve fazer parte da sembarque, a fronteira fica a cerca de
ultrapassar os limites de aproximação, pois aí agenda de quinta-feira de qualquer turista. Ali uma hora de Maputo, pelo que as boas
condições da estrada e a simplificação
encontram-se os habitats dos crocodilos e dos encontram peças de artesanato, provenientes
das formalidades na fronteira, permi-
hipopótamos. do reino da Suazilândia, das regiões da África
tem ao turista chegar ao centro da Su-
Austral, bem como dos vizinhos Moçambique azilândia em cerca de duas horas. Caso
Passeios alternativos e África do Sul. A viagem vale pela descober- pretenda viajar entre Junho e Setem-
Para os viajantes que não abdicam de uma ta das vendedoras das terras de Maputo, que bro, deverá estar preparado para en-
ida às lojas e gostam de comprar objectos que falam português e adoram partilhar histórias frentar a estação seca, em que as bai-
simbolizem as regiões por onde passam, o de vida com os visitantes. Em termos gastro- xas temperaturas podem descer abaixo
vale de Ezulwini é o destino mais apreciado. nómicos, distinguem-se as variedades de pra- dos 10 graus. Entre Novembro e Maio,
A localidade oferece atractivos diversos, dos tos, preparados com base em carnes com mi- os termómetros sobem (no Lowveld ul-
quais se destacam as velas decorativas das lho e curries. Um dos produtos mais populares trapassam os 40 graus) e os aguaceiros
Swazi Candles (com motivos faunísticos afri- é o bunny chow (fogaça de pão com carne), as tropicais são frequentes. Os cidadãos
da União Europeia não necessitam de
canos), os batuques da Baobab Batik (dispõe espigas assadas e os camarões. Nos principais
visto para a Suazilândia. Porém, para
de explicações sobre as técnicas de fabrico ar- hotéis e restaurantes, estão disponíveis refei-
chegar a Moçambique este é exigido
tesanal) e o artesanato da cooperativa Gone ções mais ocidentais. aos turistas europeus
TURISMO · ANGOLA’IN | 65
ARQUITECTURA & CONSTRUÇÃO | patrícia alves tavares
Quando
ESPECIAL - HABITAÇÃO DE BAIXO CUSTO
menos
é mais
Habitação de custo controlado significa estandardização. A redução de reciclagem acima da média, uma vez que o
do número de operações exigidas no processo simboliza menos des- investimento incentiva os moradores a cuidar
do seu espaço. Responsável pela descida dos
perdícios e reconstruções. A simplificação do método, sem descurar custos de construção, a tecnologia SEB (Sta-
a qualidade resulta em diminuição de custos. É isto que torna este bilized Earth Brick) recorre ao aproveitamento
método de construção tão atractivo para os Governos que desejam dos materiais retirados do solo e é bastan-
resolver o problema da habitação. A Angola’in apresenta-lhe os bene- te usada internacionalmente, sobretudo pe-
fícios do novo sistema e a forma como o sucesso da implementação la empresa Low Cost Housing International.
do primeiro projecto pode constituir uma mais-valia para a execução Os tijolos de terra estabilizada são duráveis,
mais resistentes perante catástrofes natu-
da meta governamental de criar um milhão de casas até 2012 rais (não necessita de nenhum produto para
solidificar) e muito procurados por países que
precisam de fabricar anualmente milhões de
casas a baixo custo, já que é possível produzir
O modelo apresentado pela Opway-Angola preços das casas, devido aos elevados custos a matéria-prima no local onde decorre a obra.
não é novidade. Enraizado em quase todas das terras, e para criação de espaços de quali- O sistema SEB é barato, torna o edifício mais
as partes do globo, é aplicado com frequência dade, com recurso a materiais nacionais (cus- eficiente energeticamente e está disponível
em certos países africanos, que têm a possi- to da obra diminui e preço final da habitação em larga quantidade, permitindo que uma
bilidade de desenvolver habitação (para ven- desce). Nesta edição, a Angola’in mostra-lhe pessoa não especializada (com a ajuda de um
da ou arrendamento) de qualidade e a baixo ao pormenor tudo o que precisa saber sobre a único técnico) consiga erguer a sua casa. A
custo para o construtor e consumidor final. chamada habitação de baixo preço. tecnologia, frequente nos EUA, foi sugerida
A Angola’in descobriu que o método é usual por dois especialistas portugueses, que con-
na Europa e EUA, sendo aplicado em econo- Inovador sideram Angola o país indicado para a criação
mias como a Índia, Filipinas ou Paquistão. No A habitação de custo controlado tem uma das chamadas ‘casas de terra’, tema aborda-
caso angolano, a criação de habitação de bai- componente social interessante, já que incen- do pela Angola’in numa das suas edições. O
xo custo pode ser a solução para duas ques- tiva à interacção entre os habitantes de cada solo nacional é vasto e fértil, pelo que muitos
tões que preocupam o Executivo: a criação em comunidade, que são convidados a participar técnicos acreditam que este sistema pode ser
tempo útil de um milhão de casas em quatro no processo. A qualidade dos espaços é sal- aplicado na construção civil nacional, baixan-
anos e a especulação imobiliária. A doação de vaguardada e tem vindo a ganhar força. Em do os custos de edificação e a importação de
terrenos estatais para este fim é um incenti- Inglaterra, em termos energéticos, estas ca- cimento e materiais de construção, um dos
vo para os construtores - que inflacionam os sas são as mais eficientes do país, com níveis principais handicaps do sector.
materiais indústria
Governo combate Novas empresas de
especulação exploração da madeira
Higino Carneiro, ministro das Obras Públicas, A crescente procura de madeira no mercado
garante que o Governo está empenhado em nacional levou António Rui da Silva, director
desencorajar a especulação dos preços dos técnico da Panga Panga, a anunciar a criação
materiais de construção, com o intuito de faci- de mais empresas de exploração e serração.
litar a aquisição de habitações de baixa renda. A reconstrução nacional tem fomentado o
O responsável revelou que existem equipas recurso a estes produtos, cuja fraca produ-
específicas que estão a trabalhar na fiscali- ção tem obrigado os empreiteiros a procurar
zação e regularização da actividade e respec- a importação. A empresa, gerida pela Socie-
tivos preços, para que os cidadãos consigam dade de Gestão Empresarial, não consegue território
adquirir os produtos a preços acessíveis. O fazer face ao elevado número de pedidos, pe- Ordenamento
ministério planeia inserir o Programa de Re- lo que sugere a entrada de novas entidades recomendado
estruturação do Sistema de Logística e Distri- no ramo. O responsável propõe a elaboração O governo da província de Huambo deve de-
buição dos Produtos Essenciais à População de novas parcerias entre empresários nacio- senvolver uma estratégia de ordenamento do
(Presild) no plano de comercialização dos ma- nais e estrangeiros para fomentar a produção território, preservando o antigo e inovando os
teriais de construção civil, prevendo-se que interna. “Isto vai permitir à indústria trans- usos e costumes da população local. A reco-
com esta iniciativa as famílias terão a possi- formadora reorganizar-se e revitalizar a sua mendação foi divulgada durante a primeira
bilidade de erguer as suas casas em regime de produção, tornando o material mais barato conferência provincial sobre urbanismo e habi-
auto-construção dirigida. para o consumidor”, sustentou. tação. A região tem a seu cargo a urbanização
de 49.200 lotes de terreno para a construção
de habitações durante o quadriénio 2009/
2012. Os participantes acreditam que é urgen-
te a adopção de políticas de ordenamento do
território, que deverão passar pelos planos di-
rectores municipais, urbanísticos e de lotea-
mento, bem como projectos que envolvam a
requalificação e realojamento das áreas afec-
tadas. Durante a conferência foi proposta a
aplicação dos princípios do governo provincial,
de modo a que os futuros empreendimentos
reservem uma cota mínima de 35% de super-
fícies para áreas verdes e de lazer.
construção civil
investimento
Inertes nacionais registados
O Ministério da Geologia e Minas pretende proceder ao registo da origem dos Fábrica de tintas no Centro
inertes nacionais, de modo a reduzir o preço do produto na área da construção O Ministro das Obras Públicas, Higino Carneiro, anunciou a
civil. A acção está incluída no Programa Nacional de Inventariação dos Recursos construção de uma fábrica de tintas e vernizes, localizada no
Minerais e possibilitará a actualização dos dados relativos ao mercado nacional pólo industrial da Caála (Huambo). A empreitada arranca em
de construção e produção de matérias-primas de origem mineral. A execução 2010, ano em que a província do Kwanza Sul vê nascer uma
do projecto contribuirá para a localização das áreas de exploração, bem como a unidade fabril de revestimentos (mosaicos). Os novos centros
avaliação dos referidos recursos, que se destinam à construção civil e indústria de produção vão, de acordo com o ministro, estimular a imple-
transformadora, assegurando desta forma o objectivo governamental de recons- mentação do programa habitacional e promover a criação de
truir as infra-estruturas nacionais. O projecto compreende a indicação de áreas novos postos de trabalho. A unidade de Caála terá capacidade
de reservas para extracção de inertes nos planos directores de ordenamento do para produzir 50 mil tijolos por dia e será a primeira de 40 fá-
território a nível da província, município e comuna, de modo a evitar conflitos. bricas, que futuramente vão ser edificadas no pólo industrial.
FARMÁCIAS
MÉDICOS
DO BAIRRO
“O objectivo fundamental é o de servir os des-
tinatários de saúde”, esclareceu José Pascoal,
director da Angomédica, em declarações ao ‘O
País’. O sector farmacêutico prepara-se para um
novo desafio, após o período de solidificação e
de controlo da qualidade dos estabelecimentos.
A meta consiste em travar a circulação de medi-
camentos adulterados e diminuir o número de
importações, através da produção interna. Ana-
lisando a capacidade dos meios técnicos e huma-
nos, o dirigente insiste para que o país “tenha
disponíveis os medicamentos que os angolanos
precisam, não aqueles que às vezes nos chegam
por razões meramente mercantilistas”
É uma das áreas mais estratégicas do sector comendações da OMS”. Em entrevista ao ‘O Conselho de Ministros, desde 2005 e permi-
da saúde. A indústria farmacêutica renas- País’, o responsável alegou que se está a “de- tirá reestruturar a actividade. A Companhia
ce num período em que é crucial controlar a senvolver uma lógica empresarial que assen- das Farmácias, uma das principais redes a
qualidade dos medicamentos. Perante estes ta num elevado nível de profissionalização”, operar na província de Benguela, é encara-
desafios, José Pascoal, médico e director ge- pelo que dispõe de “quadros profissionais da por muitos como exemplo de boa gestão
ral da Angomédica, está empenhado em re- treinados” e identificaram “um parceiro tec- e sucesso. Com duas farmácias abertas ao
erguer o gigante farmacêutico, que deverá nológico e científico externo que vai proceder público, trabalha ainda na vertente de im-
abastecer o mercado nacional com os fárma- à validação dos processos de fabrico e certifi- portação de material médico e hospitalar.
cos considerados essenciais. A empresa está cação do controlo e da garantia da qualidade”. Fornecedora de serviços públicos e privados
a desenvolver um laboratório de controlo de O objectivo “essencial” da entidade consiste em Angola, a entidade venceu o concurso
qualidade, que possa travar a entrada de me- em “satisfazer as necessidades básicas em público de abastecimento de medicamen-
dicamentos suspeitos e testar fármacos, cujo medicamentos essenciais para a saúde dos tos essenciais para o primeiro quadrimestre.
desconhecimento fazem os utentes duvidar angolanos”. O médico assegura que possui A empresa, além da importação e comercia-
dos seus efeitos. O desafio está na criação de uma estrutura capaz de produzir em quan- lização de medicamentos, dedica-se ao seu
uma fábrica de produção interna. tidade suficiente para atender as necessida- fabrico, produzindo pomadas, xaropes e so-
des internas, detendo na área da produção luções externas, possuindo para o efeito um
Renascer do gigante médicos, farmacêuticos, químicos e técnicos laboratório farmacotécnico. Por outro lado, o
A Angomédica tem um papel decisivo no de- de laboratório. correcto funcionamento dos espaços tem si-
senvolvimento da indústria farmacêutica, do assegurado pelas sucessivas inspecções.
que depende excessivamente das importa- Espaços adequados As equipas são multi-sectoriais, compostas
ções de medicamentos e necessita urgen- Luanda possui 31 farmácias oficiais. De acor- por representantes da Saúde, Finanças e Em-
temente de incrementar a produção interna, do com os registos, até Março do último ano prego. No caso de Luanda, a verificação dos
de forma a evitar a contrafacção de fárma- existiam 560 espaços com autorização pa- espaços é regular. A organização e aprovisio-
cos. A empresa, segundo José Pascoal, “foi ra laborar durante um ano. Em todo o país namento dos medicamentos são os pontos
totalmente reestruturada de acordo com os encontravam-se habilitados e autorizados a mais visados, pelo que os inspectores estão
conceitos tecnológicos pelas boas práticas exercer a profissão 114 farmacêuticos. O no- atentos à organização dos produtos, rotula-
de produção e tendo em consideração as re- vo pacote legislativo está em avaliação pelo ção invisível e desordem nos armazéns.
Novo impulso SABIA QUEo..d.os Profissionais boratório de referência PCR, com a finalidade
Um dos projectos mais importantes do In- A Associaçã a única
de fazer testes em tempo real. A medida, que
de Angola é
farmed é a criação de um laboratório de nível de Farmácia o Estado, coloca o país ao nível dos europeus e america-
nhecida pel
1 para servir Angola e os países centro-afri- entidade reco ri a nos, foi divulgada após a reunião da Comissão
o é obrigató
canos. Foi igualmente celebrado um acordo cuja inscriçã ti co s, Interministerial para a Prevenção da doença.
farmacêu
com a Inspecção Geral de Saúde, que visa a para todos os os b ásicos “O envio de amostras para o exterior chegou
ios e técnic
formação de futuros inspectores e aquisição técnicos méd a . A ao fim, porque o nosso laboratório já tem so-
a Assofarm
de conhecimentos sobre os procedimentos de registados n ainda luções para passar a confirmar no país”, con-
rmacêuticos
licenciamento das actividades. Vasco Maria, Ordem dos Fa ti n d o uma firmou o responsável, em finais de Setembro.
ação, exis
presidente do Infarmed, aproveitou a visita está em form O ministro revelou que o espaço está dota-
aladora
à unidade fabril da Angomédica e incenti- comissão inst do dos equipamentos técnicos necessários e
vou a direcção a avançar com a exploração que se procedeu à formação de técnicos nesta
dos meios existentes, uma vez que “as ins- matéria. A montagem do laboratório esteve
talações são amplas” e “têm os equipamen- ao cargo de um técnico da África do Sul (país
tos adequados”. “Penso que deve ser urgente onde se efectuaram as primeiras análises an-
a reactivação desta única fábrica de medica- golanas) e o ministério conta ainda com a co-
mentos de Angola, para a produção de drogas laboração de empresas de telecomunicações,
de primeira linha, no quadro das necessida- que estão a informar os utentes sobre os cui-
des da população”, frisou o responsável. Por dados a ter, através de SMS.
seu turno, Susana Pedro Maria, directora ad-
junta da Angomédica, mostrou-se disponível
para “colaborar com o Infarmed, sobretudo
na área laboratorial, uma vez que o nosso
objectivo é fornecer medicamentos de qua-
lidade e seguros”. Para tal, as entidades de
saúde contam com as equipas fiscalizadoras,
que têm intensificado a actividade junto das
farmácias. Ainda este ano, a fábrica da An-
gomédica deverá arrancar com a produção de
soros, pomadas e supositórios. Para 2010, es-
tá agendado o início da produção de outros
medicamentos.
AGRICULTURA SOB
INVESTIGAÇÃO
As metas estabelecidas pelas Nações Unidas durante a Cimeira ce-ministro da Agricultura, Zacarias Sambeny,
de 2000, relativamente ao respeito dos objectivos de desenvolvi- a organização da área de investigação agrária
permitirá a médio e longo prazo gerar, adaptar
mento do milénio, exigem um combate eficaz e efectivo à fome e
e transferir tecnologias que propiciem a segu-
à pobreza. O sector agrário é determinante e, nesse sentido, os rança dos alimentos e consequente nutrição
centros de investigação são fulcrais para cumprir as exigências e saúde das famílias. Durante a Conferência
internacionais e garantir a auto-suficiência alimentar dos ango- Nacional sobre o sector, que este ano abordou
lanos, bem como o acesso equitativo a alimentos seguros e de qua- o tema da investigação agrária, o responsá-
lidade. A recuperação e criação de 16 espaços são as apostas. vel manifestou o seu optimismo em relação à
aposta nos centros de investigação, que per-
mitirão adaptar e transferir as novas tecnolo-
O Ministério da Agricultura, no âmbito de deste ano mais de 20 por cento, contribuindo gias para a optimização da produção, no que
uma profunda reorganização e modernização decisivamente para este ritmo os investimen- concerne à cultura de alimentos e criação de
do sector, está, desde o início do ano, a rees- tos na reconstrução de perímetros irrigados e animais. Por outro lado, de acordo com os res-
truturar os centros de investigação e política nos centros de investigação. “A meta que pre- ponsáveis governamentais, o investimento em
agrária. O Governo pretende implementar es- vemos é de dois dígitos, portanto acima dos locais de estudo, que deverão estar a funcionar
tratégias que definam modelos para a sua in- 20 por cento”, frisou, em declarações aos jor- em pleno em 2012, vai tornar viável a utilização
vestigação e para a formação de 30 técnicos nalistas. A modernização das infra-estrutu- sustentável dos recursos naturais, sendo pos-
por ano. As medidas, incluídas no Plano Na- ras de apoio tem, de facto, contribuído para o sível coordenar, promover e estimular acções
cional, visam o relançamento do sector e a re- aumento do rendimento das culturas e para a de investigação agrária, por parte das organi-
vitalização de uma área determinante para o melhoria da qualidade das sementes. A inclu- zações públicas e privadas, bem como da so-
desenvolvimento económico nacional. Assim, são destas medidas no Orçamento Geral do ciedade civil, que vão contar com a colaboração
está prevista a reconversão e reestrutura- Estado e no Plano Nacional do Governo tem de organizações internacionais congéneres, no
ção de 16 centros de investigação agrária (até como finalidade garantir a segurança alimen- âmbito da troca de experiências. O programa
2012), que serão dotados de equipamentos tar, questão que passa pela aposta nos secto- de fomento da investigação agrária inclui a
eficazes e a reabilitação de quatro estações res agrícola, da pesca e da indústria. instalação de 16 centros nacionais, que vão ser
no Huambo, Waku Kungo, Malange e Uíge. espalhados por diversos pontos do país. Para
Melhor qualidade alcançar as metas estratégicas, o ministério
Sustentabilidade A modernização do sector agrícola é o meio tem em curso um conjunto prioritário de Pro-
O investimento na agricultura será deter- mais eficaz para alcançar uma produção inter- gramas Nacionais de Investigação, com vis-
minante para o crescimento desta área da na suficiente para satisfazer as necessidades ta a adquirir a auto-suficiência em alimentos
economia. Ana Lourenço, Ministra do Plane- e, até, para exportar. É o caminho mais viável e matérias-primas e a criação de excedentes
amento, anunciou no final do último ano que para alcançar a tão desejada qualidade e se- para os mercados internacionais, permitindo
o sector agrícola deverá crescer até ao final gurança dos produtos alimentares. Para o vi- o desenvolvimento sustentável da agricultura.
fibra óptica
Cabo interliga rede terrestre
“Adones” é a denominação do sistema de cabo submarino de fibra óptica, que interliga
a rede nacional terrestre de telecomunicações, de Cabinda ao Cunene, orçado em 80 mi-
lhões de dólares. O mecanismo está finalizado, faltando apenas a sua exploração comer-
cial. Actualmente, está em curso o estudo da inserção do trajecto do cabo de fibra óptica
nas cartas marítimas, para que as companhias de navegação conheçam o local exacto por
telecomunicações
onde passa o cabo, para se evitar a sua destruição.
Ministério projecta
tecnologia concurso rede privativa
O ministro das Telecomunicações e Tecnolo-
Coordenar a investiga- Fábrica de vidro gias de Informação, José Carvalho da Rocha,
ção científica no Kikolo acredita que o desenvolvimento de uma rede
Um novo mecanismo que facilita o intercâmbio A FVK (Fábrica de Vidros do Kikolo) foi re- privativa de tecnologias de informação per-
entre as instituições de investigação científica centemente inaugurada pelo ministro da In- mite interligar a administração central e lo-
foi apresentado recentemente pelo Ministério dústria, Joaquim David. A nova indústria tem cal, agregando uma panóplia de serviços. A
da Ciência e Tecnologia. O objectivo consiste como objectivo de colmatar as necessidades ideia foi proferida durante um workshop, em
em reforçar o processo de educação e formação de materiais, pois o ‘boom’ na construção civil Benguela, onde o governante anunciou que a
profissional, dotando-o de capacidade científi- originou uma forte procura destes produtos. província poderá ficar interligada administra-
ca e tecnológica. Por outro lado, o novo sistema A fábrica recorre a tecnologia inovadora e o in- tivamente ainda este ano. Outra das vanta-
contribui para o desenvolvimento de um méto- vestimento em Know How tem como finalida- gens do projecto, segundo Carvalho da Rocha,
do de pesquisa e inovação integrada, dinâmica de garantir a qualidade, inovação, flexibilidade está no combate à info-exclusão, uma vez
e de elevada qualidade, facilitando a dissemi- e controlo de risco. Aliás, estes são os princí- que a novidade contribuirá para o desenvolvi-
nação e comunicação do conhecimento científi- pios que regem o funcionamento da empre- mento da sociedade de informação. Por outro
co e tecnológico. “Neste âmbito, para dar maior sa, que garante conseguir dar uma resposta lado, o ministro assegurou que, até ao final
valor à actividade científica, vai desenvolver-se eficaz aos clientes mais exigentes. O espaço de 2009, a rede de vigilância sísmica e mete-
a capacidade inovadora, traçando sinergias e está especializado na produção de vidro tem- orológica será reforçada em todo o território,
elaborando um plano de coordenação para po- perado, duplo, laminado e apresenta como va- com uma estação meteorológica automática
der aproveitar o processo de reconstrução na- lências os serviços de corte, furos, polimento em cada capital provincial. Ainda na vertente
cional”, explicou fonte do ministério. de arestas, entalhes, moldes, entre outros. A das tecnologias, o Governo deverá aumentar
aposta nestes serviços é uma mais-valia, pelo o número de linhas telefónicas (fixa e móvel),
que a fábrica conseguiu captar clientes profis- investindo na qualidade das comunicações.
sionais e particulares.
cooperação
UNESCO e Mincit reforçam parceria
A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura vai apoiar o Ministério da Ciência e
Tecnologia, uma vez que se trata de uma área importante para atingir os objectivos do milénio. A garan-
tia foi dada pelo director regional da Unesco, Alaphia Wright. Os dois responsáveis abordaram a possi-
bilidade de trabalharem em conjunto na área “O Homem e a biosfera”. “A Unesco tem uma experiência
mundial muito vasta, o que o torna num colaborador importante para o país, porque essa experiência vai
ajudar no progresso das ciências e tecnologia”, destacou Alaphia Wright. Já a ministra angolana Cândida
Teixeira revelou que “na área de ciência e tecnologia está previsto para final de Novembro a calendariza-
ção do plano de trabalhos de 2010/2011, daí que vamos cooperar para desenvolvermos projectos nesta
área, onde a Unesco tem muita experiência”, disse.
ÁFRICA
78 | ANGOLA’IN · DESPORTO
tudo. Além disso, quando vamos para uma
corrida nos grandes eventos não há indivíduos,
o que interessa é o trabalho de equipa. E, se se
tem tudo, porque não fazer algo com isso?”
Legado de Owens último Campeonato do Mundo de Atletismo, a ser edificados para albergar a competição de
Há 73 anos, Jesse Owens fez história no Es- no qual os atletas americanos competiram futebol, serão dotados de pistas para a prática
tádio Olímpico de Berlim. Em 1936, nos Jogos com as iniciais JO bordadas no equipamento, da modalidade, que enfrenta como principais
Olímpicos, o norte-americano tornou-se no enquanto descendentes de Owens entrega- entraves para o crescimento as escassas ver-
primeiro atleta de raça negra a conquistar qua- ram as medalhas no salto em comprimento. bas e infra-estruturas obsoletas e desadequa-
tro medalhas de ouro (100 metros, 200 me- das. É o caso da província da Huíla, em que a
tros, 4X100 metros e comprimento) perante CAN relança modalidade construção do novo estádio e a reabilitação de
a incredulidade de Adolf Hitler, desafiando a Os dirigentes angolanos encaram o CAN como três espaços, no âmbito do CAN, suscitou a sa-
propaganda da superioridade ariana. A sua fi- uma mais-valia para a divulgação do atletismo, tisfação do presidente da Associação Provin-
gura e o seu legado foram homenageados no uma vez que a maioria dos estádios, que estão cial de Atletismo, Pedro Ndala. O responsável
DESPORTO · ANGOLA’IN | 79
DESPORTO | patrícia alves tavares
afirmou publicamente que as obras vão per- hierarquização das modalidades permiti-
mitir o relançamento da modalidade na região. rá criar indicadores dos desportos que mere-
O estádio principal e as estruturas da Senhora cem especial atenção e protecção, que sejam
do Monte, Benfica e Ferroviário serão dotados considerados capazes de atingir mais rapida-
de pistas com piso de tartam. “A província já mente medalhas e que devido ao seu historial
tem mostrado um bom trabalho, mesmo a la- provam que podem competir com “bastante
borar nas condições actuais. Agora com as no- dignidade”, apresentando potenciais de cres-
vas condições que estes estádios vão oferecer, cimento dentro de um espaço temporal. De
sem dúvida, no próximo ano, vamos ter atletas acordo com o líder olímpico, Gustavo da Con-
com performances melhoradas, para o bem do ceição, além do futebol, do andebol e do bas-
atletismo nacional”, enunciou, revelando que quetebol, existe um conjunto de modalidades
com as novas infra-estruturas os atletas vão individuais que podem atingir altas perfor-
abandonar as pistas de cinza, o que se traduzi- mances. Assim, citou como exemplo o atle-
rá numa melhoria das suas performances des- tismo que nesta fase não é prioridade pelos
portivas. resultados desportivos, mas pela sua essên-
cia. “O atletismo é a base de todas as outras
Intervenção prioritária modalidades, porque todos correm e saltam
Encontra-se no ranking das modalidades que e o atletismo só leva isso a níveis técnicos e
necessitam de intervenção prioritária. O ande- de performance de excelência”, frisou. O Di-
bol encabeça a lista, divulgada pelo Ministério rector Nacional de Desportos, Raimundo Ri-
da Juventude e Desportos, que define aque- cardo, elogiou recentemente, em declarações
les que merecem maior atenção no âmbito da à Angop, o trabalho que tem sido desenvol-
olimpíada 2008/ 2012. O atletismo surge em vido pelo presidente da Federação Angolana
quarto lugar, num estudo que tem como fina- de Atletismo, Carlos Rosa, especialmente no
na boca do mundo
lidade orientar as modalidades para a adopção que concerne à procura de apoio dos governos
Ele é jamaicano e saltou para o da estratégia de desenvolvimento desportivo, provinciais para a massificação da modalida-
estrelato ao bater todos os recordes com vista a participar nos Jogos Olímpicos de de. Reconheceu ainda que os dirigentes deste
no Mundial de Atletismo de Berlim. 2012. O ministério tenta ordenar os despor- desporto possuem “um rico programa” de tra-
Ela tornou-se campeã nos 800 metros tos, de acordo com a exiguidade de recursos balho para o desenvolvimento, pelo que care-
e a necessidade de serem rentabilizados. A cem ainda de muitos apoios financeiros.
do último campeonato do mundo. Os
dois atletas são exemplos do talento
dos negros para o atletismo. Usain
Bolt é considerado pelos analistas
como o maior velocista de todos os
tempos. Actual campeão olímpico
e mundial, tem 23 anos e é detentor
dos recordes mundiais nos 100 e
200 metros rasos, sendo que no
primeiro estabeleceu os últimos três
recordes, conseguindo a proeza da
superar-se a cada competição que
passa. Caster Semenya, sul-africana,
medalha de ouro nos femininos,
surpreendeu todos ao bater todos
evolução do atletismo
O atletismo designa todas as actividades desportivas, realizadas individualmente
os máximos (da competição e
ou entre equipas, que incluem corridas, marcha atlética, lançamentos e saltos.
individuais). A conquista esteve
A modalidade assume-se como o evento chave dos Jogos Olímpicos desde a era
envolta na polémica. Os exames
antiga. Em 776 a. C., Corobeus, de Atenas, tornou-se no primeiro e mais antigo
podem revelar que a jovem de 18
herói do atletismo, ao ganhar a prova de velocidade nos 192 metros de pista
anos é pseudo-hermafrodita, pelo
improvisada. Após um interregno de 1400 anos, os Jogos Olímpicos regressaram a
que se colocam importantes questões Atenas (Grécia), repartidos em 26 provas masculinas e 23 femininas. O atletismo
quanto à participação da atleta em é até hoje uma das principais modalidades e das mais disputadas. A pista oficial
próximas competições femininas tem um formato oval e é dividida em oito raias de 400 metros de extensão
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DESPORTO · ANGOLA’IN | 81
DESPORTO ||patrícia
patríciaalves
alvestavares
tavares
Sangue
novo
em campo
A OMS destaca a
relevância do desporto
pelo seu contributo para
a saúde física, mental e
social, para a capacidade
funcional e bem-estar de
indivíduos e comunidades
82 | ANGOLA’IN · DESPORTO
crianças recebem formação no inter
As crianças do projecto polidesportivo “Dom Bosco Inter
Campus” vão beneficiar de acções de formação no Inter de
Milão (Itália) e de um lote de material do clube. A iniciativa
insere-se no programa “Inter Campus África” e capacitará
monitores, treinadores e professores para trabalhar com
crianças necessitadas. O plano foi apresentado pelo responsável
italiano Massimo Seregni, durante a apresentação da equipa
infantil angolana, que representará o país na primeira edição
da Copa do Mundo Inter Campus em Futebol, em Itália
os jovens das formações, que vão somando al- Viana. Actualmente, conduz uma motorizada
guns títulos. Com o apuramento para o mun- de 65 centímetros cúbicos e relata que o seu
dial da modalidade (2010) garantido, os sub-18 objectivo passa por tornar-se campeão.
sagraram-se no último ano vice-campeões
africanos. Já em 2009, a participação nos Jogos Os equipamentos
da Lusofonia terminou com uma medalha de Um dos objectivos do Ministério da Juven-
ouro para a equipa. O futebol é uma autênti- tude e dos Desportos consiste na criação de
ca máquina de prodígios, cuja qualidade des- estruturas adequadas ao ensino dos mais no-
perta o interesse dos clubes internacionais. A vos, desde espaços adaptados à formação de
selecção sub-20 sagrou-se pela primeira vez quadros desportivos. O Governo destaca que
campeã da Taça das Nações Africanas, em as seis novas universidades públicas que ar-
2001. O bom desempenho é constante e, ape- rancam este ano terão um curso superior de
sar dos poucos títulos, estiveram presentes no educação física e desporto. Por outro lado, o
Mundial de 2006 e venceram recentemente o programa Despertar prevê abranger 180 mil jo-
torneio internacional de futebol, organizado vens em todo o país, por um período de qua-
pela Fundação Eduardo dos Santos. O mesmo tro anos, tendo como missão o combate da
ocorre em modalidades como o xadrez que, delinquência através do fomento do desporto. (Pouco) amigo do coração
embora ainda esteja a afirmar-se no desporto, Até 2012 serão erguidos mil campos de fute- Os dados não são totalmente fiáveis. Porém,
regista uma forte procura e tem apostado na bol. Para massificar modalidades como o bas- Mário Fernandes, presidente da Associação
formação de escalões, o que já lhe valeu uma quetebol, o andebol, o atletismo, a ginástica dos Amigos do Coração (AACOR), afirmou,
medalha de bronze no Campeonato Africano e o xadrez, o ministério está a formar seis mil em declarações a ‘O País’, que o problema da
de Juniores de Xadrez, de 2007. agentes desportivos. O CAN também constitui hipertensão afecta faixas etárias mais jovens
um bom agente da promoção do desporto en- que a população europeia, pelo facto de se
Novas modas tre os mais pequenos. Os novos estádios estão encontrar associado a factores relacionados
À semelhança das artes marciais, a capoeira dotados das infra-estruturas necessárias para com a raça negra (estilo alimentar e aos as-
tem atraído os mais novos, cuja adesão tem servir os escalões de formação de várias áreas pectos socioeconómicos). Isto é ainda mais
superado as expectativas. A cidade de Ben- desportivas. preocupante quando se fala de atletas. Os
guela é um desses casos, situação que levou casos de morte súbita em campo são uma re-
o membro graduado da Associação Brasileira Desporto nas escolas alidade. O recente caso de Cabinda suscitou
de Apoio e Desenvolvimento da Arte Capoei- O desporto escolar é uma das apostas do mi- a necessidade da medicina desportiva e da
ra, Joaquim Tchivela, a elogiar o reconhecimen- nistro Gonçalves Muandumba. Inserido no cardiologia agirem de forma a reduzir estas
to dos benefícios da modalidade por parte dos plano de massificação da actividade, o respon- situações. Mas, Mário Fernandes conside-
jovens. O representante garantiu que as exibi- sável anunciou que foi acordado com o Minis- ra que “nunca será possível atingir o zero”.
ções, o empenho e o interesse dos jovens con- tério da Educação que a partir deste ano todos “Temos sempre a ideia de um desportista é
tribuíram para a massificação da capoeira, que “os estabelecimentos novos de ensino, públi- o mais saudável da sociedade, mas também
contabiliza mais de 200 (quatro graduados) cos ou privados, têm de ter uma componen- temos que entender que ele faz eventual-
praticantes apenas naquela cidade. O moto- te desportiva”. “Só neste ano lectivo, entraram mente uma das coisas mais arriscadas da
cross, por outro lado, é a modalidade mais im- em funcionamento 35 institutos politécnicos sociedade”, lembrou referindo-se às provas
provável para formar camadas jovens. Porém, novos. Cada um tem um campo de futebol, de extremo esforço a que são submetidos. O
Vítor Moreira contraria a tendência. Com ape- um polidesportivo e um ginásio para os alunos médico evoca que por vezes os dirigentes se
nas nove anos, o pequeno atleta, que pratica praticarem desporto”, contou o ministro, em esquecem “do essencial que é ter um médico
desde os quatro anos, é o orgulho do núcleo de entrevista ao jornal ‘A Bola’. que se responsabilize pela saúde dos atletas”
DESPORTO · ANGOLA’IN | 83
DESPORTO BREVES | patrícia alves tavares
motocross
Pista de Saurimo
recebe aprovação
Os responsáveis e motoqueiros do núcleo de
amigos do motocross de Viana consideram que
a pista da cidade de Saurimo reúne todas as
condições para receber provas internacionais.
Os pilotos Pitoca e Bruno Moreira e o respon-
natação
sável Carlos Moreira argumentam que a pista
apresenta as dimensões e o perímetro neces- Modalidade carece de infra-estruturas
sários para acolher os melhores atletas africa- A falta de equipamentos adequados para a prática da natação constitui um dos principais en-
nos. Por seu lado, o empresário José Faria apela traves ao desenvolvimento da modalidade a nível nacional. A análise do actual estado desta
ao apoio da classe empresarial da província da prática desportiva foi proferida pelo presidente da Federação Angolana de Natação (FAN), An-
Lunda Sul, no sentido de dinamizarem a moda- tónio Monteiro, que revelou que apesar da piscina de Alvalade se encontrar funcional, os agen-
lidade na localidade. O investidor conta com a tes preferem os espaços do Clube Náutico e do 1º de Agosto, devido à maior acessibilidade dos
colaboração de ex-motoqueiros de Saurimo e preços. O responsável alega que esta situação dificulta a tarefa de massificação da modalidade
adeptos, que em conjunto estudam a compra de e respectivo aumento do número de equipas e atletas. O dirigente defende que o Governo deve
motorizadas de baixa cilindrada nos países vizi- aproveitar a organização das provas continentais (africanos de andebol, basquetebol e futebol)
nhos e pretendem reabilitar o perímetro circun- para construir piscinas nos mesmos recintos de jogo ou nas imediações, canalizando esses in-
dante à pista, que engloba uma zona florestal e vestimentos para um aumento das modalidades. Entre 1989 e 1995, período em que a piscina
uma antiga piscina. As iniciativas prendem-se de Alvalade esteve encerrada para obras, o país perdeu 10 mil alunos de natação e assistiu ao
com o objectivo de divulgar a modalidade. encerramento de 150 escolas, levando a uma descida de mil federados para os actuais 232.
basquetebol
Próximos da NBA
Vitorino Cunha, ex-técnico da selecção na-
cional sénior masculina de basquetebol,
está optimista em relação à presença efec-
tiva de jogadores angolanos na prestigia-
da liga norte-americana NBA. A previsão
é de que tal seja viável nos próximos cinco
a dez anos, bastando que um base nacio-
nal tenha 1,85/ 1,90 metros e possua qua-
lidades de excelente defensor e passador,
com lançamentos acima dos 55 por cento.
boxe
Estes são os requisitos exigidos para que
Federação prepara Olímpicos seja aprovado nos testes de aptidão para
A Federação Angolana de Boxe encontra-se a trabalhar no programa de preparação para os Jogos representar um clube da liga NBA. Já o ex-
Olímpicos de Londres (Inglaterra), em 2012. O objectivo da antecipação do evento mundial con- tremo nacional terá de ser excelente de-
siste em conferir maior rodagem competitiva aos pugilistas nacionais. Conforme as declarações fensor, contra-atacante e passador, bem
do vice-presidente, Azevedo Neto, os atletas encontram-se a treinar nos clubes desde o início do como medir mais de 2,02 metros. Assim,
ano e estão previstas convocatórias às selecções nacionais, para que, além da formação base, se- para possibilitar o ingresso dos talentos
ja possível aprimorar as técnicas, tácticas e estratégias. A vertente psicológica e as capacidades nacionais na competição mais requisitada
competitivas também estão a ser trabalhadas. A participação no “zonal da modalidade” já rendeu do mundo, há que “começar já a trabalhar
“duas medalhas de ouro e três de bronze”. “Tivemos cinco participações e agora estamos a prepa- nessa senda”, defendeu o técnico. A selec-
rar o campeonato africano e os jogos africanos de Maputo (Moçambique) ”, explicou. Por seu lado, ção nacional venceu recentemente a última
o antigo técnico das selecções nacionais Franklin Gomes defendeu a aplicação de um regime de edição do Afrobasket, somando dez títulos
treinos especial, que vise os dez melhores atletas, preparando-os para a alta competição. continentais.
84 | ANGOLA’IN · DESPORTO
DESPORTO · ANGOLA’IN | 85
LUXOS | patrícia alves tavares
FERRARI O sucessor do F430 marca o início de um novo capítulo na tradição dos carros despor-
tivos de elevadas ‘performances’, construídos em Maranello. O motor V8 de 4.499cc
458 ITALIA atinge as 9.000 rpm e debita uma potência máxima de 570 cv. A tecnologia é a mais
recente, desde a transmissão de dupla embraiagem com sete velocidades à suspen-
são revista, destacando-se ainda os poderosos travões Brembo.
86 | ANGOLA’IN · LUXOS
MAYBACH É um dos carros mais caros do mundo. Com 700 cv, supera facilmente os 350 km/h
e é uma peça única, pois resulta da fusão de linhas retro e futuristas. Está equipado
EXELERO com tudo, como sistemas de navegação por satélite, airbags para todos os lados,
comandos eléctricos individuais para cada banco, ABS, ESP, entre outros.
LUXOS · ANGOLA’IN | 87
LUXOS
CADILLAC
PROVOQ
O mais recente protótipo Cadillac surge na sequência da
nova moda dos SUV, com formas coupé. O Provoq utiliza
a tecnologia E-Flex, que recorre ao hidrogénio e permite
que este circule aproximadamente 32 quilómetros apenas
com energia eléctrica e mais 450 km com gás natural. A
velocidade máxima é de 160 km/h. O uso de combustíveis
alternativos e tecnologias de luxo vai de encontro à satis-
fação dos clientes de automóveis de luxo.
88 | ANGOLA’IN · LUXOS
LUXOS | patrícia alves tavares
BENELLI
TNT 899 S
Exclusivas, as TNT da Benelli são muito desportivas e o novo
modelo funciona de forma mais suave e regular, apresentan-
do, em relação ao modelo 1130, apenas alguns retoques no
farol, uma nova instrumentação e modificações nos freios e
suspensões. Veloz, a 899 tem em consideração a protecção
do condutor, passando uma sensação de estabilidade.
ARAI
CHASER JUNGLE
O seu design baseia-se numa linha confortável,
disponível em cinco tamanhos. O interior é lavável
e possui um sistema que reduz o ruído do vento.
ALPINESTARS
DUAL GLOVE
Produto da criação de Clarino, as luvas da Alpines-
tars existem em vários tamanhos e possuem um
fecho anatómico de pulso.
90 | ANGOLA’IN · LUXOS
LUXOS · ANGOLA’IN | 91
LUXOS | patrícia alves tavares
DELL
Adamo XPS
Ultra-fino, o notebook de 13 polegadas
da Dell tem um processador 1.4 GHz
Core 2 Duo, 4GB de memoria RAM e um
disco de 128GB. A bateria dura 2 horas
(podendo estender-se para 5 com uma
bateria suplementar).
JABRA STONE
Este auricular Bluetooth de gama alta possui um
estojo, que também serve de carregador e autonomia
para 8 horas em conversação e 12 dias em repouso.
SONY
VAIO P
Tem o tamanho de uma carta comercial e cabe num
SONY
bolso. O portátil da Sony tem ligação 3G embutida,
teclado de dimensões idênticas a um portátil normal,
ecrã de 8” e pesa cerca de 640 gramas.
ERICSSON
XPERIA X2
O sucessor do caro X1 possui mais funcionalidades. A
câmara de 8.1 megapixels tem autofoco e filma em
VGA a 30 fps (MP4 em alta qualidade). Apresenta
ainda uma tela OLED WVGA de 3,5”, 512 MB de
memória RAM e Windows Mobile 6.5.
LG
CHOCOLATE
O LG Chocolate BL40 tem um ecrã
óptimo para filmes (21:9 em alta
definição de 4 polegadas). Dispõe ainda
de interface Flash 3D UI, multitouch,
AGPS, Wi-Fi, câmara de 5MP e um vidro
com superfície resistente a arranhões.
92 | ANGOLA’IN · LUXOS
BOWERS&WILKINS
Zeppelin ipod dock
O principal fabricante mundial de caixas acústicas lançou uma dock-
station de formato oval, desenhada especificamente para combinar
com o design do iPod. O aparelho possui uma caixa acústica
amplificada, pelo que pode ser usado como um sistema estéreo.
Canondale ON
É o novo estilo de urban bike. A mecânica da
bicicleta parece-se com uma bike de estrada.
A pensar nos ciclistas das grandes cidades,
surge a novidade: o modelo é desdobrável.
SAMSUNG
LUXIA LED 8000
APPLE TV Os ecrãs LED possuem uma imagem melhor, são muito
A novidade da Apple permite-lhe mais finos e consomem menos energia. Além dos 2,5 cm
sincronizar sem fios o iTunes com de espessura, os aparelhos da série 8000 têm Auto Motion
o televisor, podendo ainda adquirir Plus, que actualiza o ecrã 240 vezes por segundo, eliminan-
música no iTunes Store e enviá-la do virtualmente os “saltos” das cenas de acção. Possuem
para o computador, iPod e iPhone. ainda acesso à Internet com ou sem fios.
Veja também as suas fotografias,
vídeos e podcasts em alta definição
no televisor da Apple.
SAMSUNG
BLUE RAY BD-P4600
O novo Blu-Ray da Samsung oferece-lhe imagens incrivelmente de-
talhadas, com cores brilhantes em alta definição, a uma resolução
de 1080 p. O leitor possui ainda Anynet, a tecnologia que permite
controlar todos os aparelhos da marca com um único comando.
LUXOS · ANGOLA’IN | 93
LUXOS | patrícia alves tavares
ZENITH
ACADEMY
TOURBILLON
BLACK TIE
Resistente à água (até 30 m), este relógio de
platina é composto por diamantes e por um
visor em cristal de safira. Este luxuoso produ-
to é de edição limitada e disponibiliza-lhe três
cores, conforme o seu gosto: preto, branco e
pérola. O bracelete é em pele genuína e apre-
senta as tradicionais funcionalidades, que o
acompanham no dia-a-dia.
Rolex
Daytona
A Rolex acaba de lançar uma linha exclusiva
de cronógrafos. Este modelo de elevada
qualidade e resistente à água apela ao lado
mais elegante de cada comprador, devido à
mistura exclusiva dos clássicos preto e branco.
É definitivamente uma opção para acrescentar
à lista de desejos.
94 | ANGOLA’IN · LUXOS
ESTILOS | lisete pote
DOLCE&GABBANA
A Markas é uma loja que fica situada na rua
Engrácia Fragoso, número 8, Luanda. É a re-
presentante de várias marcas que no decorrer
das nossas edições serão apresentadas, sen-
do a Dolce & Gabbana a primeira de muitas,
por ser uma marca de renome internacional
que se adequa aos homens da nossa socieda-
de. Nesta colecção, destaque para o cinza e o
azul nos tons azul noite e azul-marinho, bem
como o branco e os tecidos jeans.
Anel
96 | ANGOLA’IN · ESTILOS
Ténis/botas em preto
Pulseira em pele
Relógio em pele
ESTILOS · ANGOLA’IN | 97
ESTILOS
Ténis azuis
Ténis brancos
98 | ANGOLA’IN · ESTILOS
A camisa em cambraia estampada
permite-nos também criar um look que pode ser usado em ocasiões mais formais,
como uma saída para uma festa ou para a noite, combinando-se com jeans
Anel
ESTILOS · ANGOLA’IN | 99
ESTILOS | patrícia alves tavares
d&g
Le Beteleur
o novo perfume da d&g mistura
notas de citrinos, rosmaninho
e jasmim, apresentando aromas
amadeirados, envolvidos em
noz-moscada, manjericão,
sândalo e vetiver.
paco rabanne
1 Million
é a novidade da paco rabanne. amadeirado
ardente, o perfume apresenta notas de
hortelã-pimenta, lavanda, cedro, almíscar,
café e patchouli.
narciso rodriguez
Narciso Rodriguez for him
bvlgari a mais recente fragrância de narciso rodriguez
BLV combina notas de couro e bergamota com
é uma óptima opção para jasmim, almíscar e sândalo. o toque amadeirado
homens confiantes e seguros refrescante é perfeito para o uso formal.
de si. as suas notas de flores
de tabaco possuem um toque
de tabaco, cedro, gengibre,
cardamomo, almíscar e sândalo.
banana republic
Cordovan
ideal para uso diário
e homens dinamicos,
a nova fragrância
possui notas de figo,
bergamota, noz-
moscada, lavanda, lírio
e vetiver. prada
Ambar men
é a escolha certa para homens independentes.
o contraste olfactivo do couro e do sabão de
barbear é típico de um fougére. apresenta notas
de bergamota, mandarina, fava tonka, neroli,
madeira de sândalo e camurça.
Luz e Cor
Podemos considerar diversos factores como merece uma boa dose de atenção e pesquisa
elementos-chave na realização de um projecto da personalidade de quem irá usufruir do es-
de interiores, mas nenhuns são transversais a paço a ser trabalhado.
todos os tipos de projecto como estes dois fac- Quanto mais monocromático for um ambien-
tores interdependentes: a Luz e a Cor. São dois te, menos estímulos provocará, tornando-se
pontos básicos, (mesmo óbvios) no desenvol- em breve um espaço monótono, desinteres-
vimento de qualquer trabalho e talvez por isso sante e cansativo. Por isso uma boa paleta de
algumas vezes sejam menosprezados na sua cor, mais complexa, tornará qualquer espaço
importância e peso real no resultado final de mais vivo e atractivo. Mas isto que é teorica-
um bom projecto. mente simples e óbvio, para surtir efeito na
Na prática não é possível pensarmos num sem prática exige um grande conhecimento e do-
o outro. Em boa verdade, um deriva do outro. mínio da Cor. Um tom errado, numa proporção
Ou não seja a Cor mais do que um efeito resul- errada, pode comprometer todo o equilíbrio do
tante da absorção e refacção da Luz. Falamos ambiente a criar.
do ponto de vista físico da questão, mas existe O outro factor que aqui abordamos, a Luz, é
outra vertente de igual importância: a influên- quanto a mim, o elemento mais importante
cia psicológica da cor. em qualquer projecto. Um bom projecto po-
A psicologia da cor não é uma ciência exacta, de ser completamente arruinado por uma ilu-
mas a quantidade de estudos que são conti- minação desadequada, tal como um projecto
nuadamente feitos nesta área permite-nos já mediano fica indubitavelmente valorizado por
uma base de informação sustentável que na uma iluminação cuidada e eficaz. São os jo-
maioria das vezes sublinha o que o senso co- gos de luz e sombra que nos permitem uma
mum e o conhecimento popular sempre nos boa leitura das cores, determinam a percepção
disseram. do espaço e condicionam a sua vivência. Mais
Se o azul, que é a cor geralmente mais apre- uma vez um bom domínio técnico da Luz é o
ciada, nos transmite calma e harmonia, o cas- segredo para um resultado positivo.
tanho, por seu lado, sendo a cor que reúne a Esta é uma área extremamente complexa, e po-
menor preferência das pessoas em geral, torna deríamos alongar-nos mais do que este espaço
um ambiente antiquado. Mas, um azul pode nos permite. Pretendemos aqui apenas chamar
ser frio e distante e um castanho ser acolhe- a importância para o tema e sensibilizar o lei-
dor. Tudo depende da tonalidade, da forma co- tor a analisar esta questão ao avaliar eventuais
mo a cor está inserida no ambiente e da cultura projectos que se lhe possam deparar.
e personalidade de quem a vê. Para o olhar de-
satento tudo isto parece arbitrário, no entanto João Paulo Jardim - jpjardim@comunicare.pt
um bom profissional sabe que este é um fac-
tor crucial para o sucesso de um projecto e que
qxR
P. Senra
Radicado em Ontário, Canadá, este jovem
emergente é já uma promessa no mundo das
artes plásticas. Formado em Ciências Políti-
cas e actualmente a complementar os seus
estudos com um mestrado em Política Inter-
nacional, nada faria prever que com apenas
25 anos e uma carreira profissional ligada ao
governo, se entregasse com tamanha paixão
e empenho ao seu lado artístico. Envolvido por
diferentes técnicas de expressão plástica que
consegue acoplar em envolventes trabalhos
de técnicas mistas, cria sempre obras de gran-
de intensidade e expressividade, sendo o seu
sucesso internacional imediato reflexo disso
XR
Exemplo de Sucesso
Com um longo historial no país, a Atlanfina (sub holding do Grupo Atlântica) é uma das maiores empresas em Angola
especialista na representação e distribuição de bebidas, designadamente vinhos e espirituosas de qualidade, entre outros
produtos alimentares e gourmet. O seu desenvolvimento está patente no crescimento contínuo do volume de negócios, tendo
triplicado os mesmos de 2005 para 2007. Actualmente, possui uma forte logística sedeada no centro de Luanda, responsável
pela gestão e distribuição de mais de cinco milhões de garrafas/ano, o que lhe permite assumir uma posição de liderança
destacada no sector. A grande aposta para 2010 é continuar a somar valor acrescentado aos seus produtos, sem esquecer o
apoio ao desenvolvimento dos recursos endógenos, nomeadamente ao nível da formação profissional especializada. Outras
das garantias é a promessa de expansão para outras províncias, alargando o número de postos de trabalho locais, actualmente
na casa dos 50. Uma acção assente na deslocalização de mais agentes para as principais cidades, continuando o processo
de cobertura de todo o território nacional. O leque de representadas resulta sempre de uma rigorosa selecção, marcada por
um conjunto de marcas de vinhos e espirituosas de excepcional qualidade, valor e prestígio de dimensão internacional. Em
entrevista à Angola’in, António Lopes Alves, administrador da Atlanfina, revela-nos o segredo do sucesso e brinda-nos, com
um exclusivo, sobre o lançamento de três novos produtos.
Como surgiu a oportunidade melhor o mercado, uma aprendizagem muito tro, passou a existir um maior poder de com-
de operar em Angola? própria que nos tem permitido transmitir no- pra, disseminado por pessoas que viajam
Cresci aqui, logo tenho a pretensão de conhe- vas mensagens ao cliente final. Percebemos a habitualmente e com isso adquirem melhor
cer bem o mercado, assim como o comporta- nobreza do vinho e deixamos de ser uma em- conhecimento sobre o sector. Nota-se uma
mento do consumidor e os seus padrões de presa que vendia indiscriminadamente vários forte internacionalização. Há uma crescente
consumo. Há dez anos, o país revelava ter to- produtos para apostar num critério unificador apetência pelo vinho, fruto até de uma certa
do o potencial para aquilo que é hoje a Atlan- assente nesta bebida de excelência. Fomos ligação a Portugal, pelo que procuramos es-
fina. O mercado evoluiu muito nos últimos gradualmente afastando-nos dos produtos de merar essa aproximação promovendo não só
anos, passou-se do comércio de vinho a granel cotação massiva e consumo indiscriminado. os vinhos portugueses, mas também os de
para vinho de grande qualidade. Sem falsas outros países, apesar de sentirmos uma voca-
modéstias penso que o nosso processo de de- Quais as razões que aponta ção dirigida do consumo para este país. Nos
senvolvimento acompanhou esse crescimen- para esse progresso? últimos anos, têm aparecido mercados emer-
to. Mudamos quando passamos a conhecer Por um lado, o mercado amadureceu, por ou- gentes também com força de investimento.
EXCLUSIVO
As iniciativas da Atlanfina enquadram-se sempre numa aposta grande na inovação,
paixão pelo vinho, formação e tributo a Angola. A empresa tem criado ou apoiado
algumas marcas a preencher algumas lacunas no mercado. No passado, apoiou um
rótulo do Esporão da autoria do pintor António Ole e agora, para além do lançamen-
to em parceria com a Quinta da Aveleda de um rótulo especial para Angola do Casal
Garcia, tem três novos projectos. São eles:
FLAMINGO: um tributo ao Sul de Angola, que preserva ainda esta ave em extinção e
que é característica do Lobito. Um vinho verde distinto, jovem e referescante, prepara-
do em associação com a Real Companhia Velha e a Casa de Vilacetinho, uma empresa
vitivinícola de excelência da região dos vinhos verdes em Portugal;
VIP: um projecto realizado em parceria com o Luís Duarte, um reputado enólogo lu-
so-angolano nascido no Lobito e duas vezes eleito pela revista dos vinhos o melhor
enólogo do ano em Portugal. Trata-se de um vinho tinto regional alentejano, sendo
uma edição exclusiva para Angola. Distinto e requintado é adequado à gastronomia
mediterrânica e tropical. Como diz o rótulo é um vinho seleccionado para partilhar os
momentos especiais da vida com as pessoas mais importantes…aquelas de quem mais
gostamos. Haverá também o VIP Reserva que, garante Luis Duarte, será um verdadei-
ro “Néctar dos Deuses”;
de sabores e proveniências, sendo também Prevê índices de crescimento bito e Cabinda. O centro nevrálgico continua
uma questão cultural. Além disso, os produtos elevados para o próximo ano? a ser Luanda, onde está instalada toda a lo-
são diferentes, há nesse sentido que ter em O consumo per capita sempre foi elevado. gística e área administrativa. Não vamos ter
conta questões comportamentais e de consu- Actualmente, foi aumentando por força do uma atitude estática, vamos procurar levar o
mo. Assim, temos uma casa representante do crescimento demográfico e económico. Há know-how que temos em Luanda realmente
Chile, França, Itália e África do Sul, mantendo também mais expatriados em Angola, o que aos locais, promovendo eventos e acções. Por
uma oferta harmoniosa, com uma perspectiva pode induzir a uma maior diversificação, fa- exemplo, implementamos um roteiro dentro
mais alargada do mundo dos vinhos. zendo com que se sinta um alargamento do da restauração e hotelaria em que, para além
consumo e aparecimento de novos hábitos. de fornecermos os produtos e acessórios im-
O maior mercado da Atlanfina Embora esse crescimento tenha sido mais vi- portantes, oferecemos formação. Esta tem
continua a ser Angola? sível nos dois anos anteriores. Penso que este sido um estandarte da Atlanfina porque real-
Ao nível da exportação e no sector dos vinhos ano houve alguma contenção a vários níveis, mente acreditamos na valorização dos recur-
Angola é sem dúvida um país importante. As que se prendeu, a meu ver, com o abranda- sos e na criação de raízes.
exportações estão quase exclusivamente vo- mento do crescimento. Penso que ainda ha-
cacionadas para cá, embora já tenha tido expe- verá espaço dentro do sector dos vinhos para Confirma a intenção de avançar com
riências crescentes para outros países. Agora algum desenvolvimento, sobretudo nas pro- o projecto de produção vitivinícola
iremos passar para uma nova fase, depois de víncias, e no próximo ano, por força da realiza- em território nacional?
consolidarmos o mercado angolano, avança- ção do CAN, julgo que irá também aumentar, A Atlanfina rege-se por três diapasões: pri-
mos para outros destinos. Estamos a estudar uma vez que este vai ser um grande evento, meiro, a ética, segundo, a qualidade e ex-
mais dois ou três países para 2010. Um pela tendo um efeito acelerador. Contudo, acredito celência no produto/serviço e terceiro, a
proximidade também a Angola, a Namíbia, que a tendência será para a estabilização. valorização do potencial endógeno. Nesse
seguindo-se Cabo Verde. Acredito que neste sentido, tenho a ambição de poder produzir
momento serão os mercados onde podemos Para onde contam expandir? um vinho em pequena escala no Namibe, que
crescer de forma sustentada, uma vez que se Procuramos seleccionar as províncias mais tem marcadamente características típicas do
encontram ‘maduros’ do ponto de vista do tu- importantes e representativas. Temos neste clima mediterrânico. Assim, poderia conjugar
rismo e, embora mais pequenos e com menos momento parceiros e delegações muito fortes esses três valores, criando ao mesmo tempo
potencial, estão devidamente desenvolvidos. no Namibe, Lubango, Benguela, Huambo, Lo- um vinho emblemático da região.
HERDADE DO ESPORÃO
Quatro Castas
Límpido, de cor viva e concentrada, este vinho revela toda a elegância
e perfume da Touriga Nacional. Ideal para acompanhar desde pratos de
bacalhau até uma perna de borrego assada, este néctar apresenta uma
mistura de sabores muito equilibrada, revelando toda a sua textura
aveludada, sustentada por taninos firmes, conferindo um final longo e
persistente. Deve consumir-se entre os 16 e 18ºC.
LEOPARD’S LEAP
LOOKOUT RED
Este néctar possui um aroma a frutos
vermelhos, com um toque de notas de
baunilha. No paladar, sobressaem os
sabores das bagas e do chocolate, com um
final a revelar o paladar do café.
HERDADE DO ESPORÃO
Duas Castas
Singular, complexo e elegante, este néctar apresenta notas de
minerais, amêndoas, pimenta e chocolate, inseridas num fundo
elegante de frutos vermelhos e vegetais frescos. Caracterizado
pela enorme frescura, é recomendado para carnes assadas e
pratos de caça, servindo-se à temperatura de 18ºC.
QUINTA DE PANCAS
2007
Recomendado para pratos de peixe, mariscos e vegetais,
este vinho, de cor amarelo citrino deve ser conservado a uma
temperatura constante de 15ºC. Elegante, com notas de
melão, citrinos e sugestões florais, este Quinta de Pancas
apresenta-se na boca com um bom volume, persistência
aromática e boa frescura. Serve-se a 10ºC.
EVEL
Branco
Dourado, complexo e detentor de grande
intensidade aromática, este vinho possui aromas
florais e de frutos brancos, apresentando sabores
a pêssego e melão. É óptimo para acompanhar
pratos de peixe e carnes brancas.
FUNDADOR
Porto Tawny
Este néctar possui reflexos aloirados e um
aroma muito fino. O travo harmonioso e
refinado resulta da lotação de vinhos com
múltiplas idades e características, que
foram envelhecidos em cascos de carvalho.
GATÃO ROSÉ
Table Wine
Límpido e de cor rosada, este vinho apresenta um
aroma jovem e frutado, revelando na boca toda a sua
delicadeza, maciez e frescura. Acompanha pratos de
carne magra grelhada, massas, pizzas e entradas.
GATÃO
Óptimo para pratos de peixe, marisco e aperitivos ligeiros. De
aroma jovem e frutado, este produto de cor citrina é macio e
delicado, apresentando-se como um vinho meio-seco, que deve
ser consumido ainda jovem.
BUTLERS
Blue Curacao
O método de fabrico é simples, as
cascas de laranja são embebidas em
água destilada, ficando mergulhadas
durante algum tempo, o que lhe
confere uma cor inconfundível, sendo
por isso muito usado em cocktails.
BUTLERS
Triple Sec
Licor com sabor a laranja com um processo de fabrico
exclusivo, em que as cascas deste citrino são mergulhadas
em água destilada. Trata-se de uma bebida utilizada na
confecção do cocktail Cosmopolitan. Sem dúvida, uma boa
escolha para oferecer em festas.
Dias 2 e 3 desta casa portuguesa, que se dedica à produ- é necessário “tentar convencer os donos dos
mais a Norte, ção de vinhos DOC Douro e Vinhos do Porto de restaurantes de que a caipirinha é mais forte e
no Douro profundo categorias especiais e Moscatel. que o caipiroyal dá para consumir mais”, adian-
Após a visita às caves do Porto, o grupo de es- ta, admitindo que na restauração “o que tem
canções rumou à Região Demarcada do Dou- Foi no final do dia, já na Casa das Pipas, uma uni- mais saída são os vinhos de mesa”.
ro, para dois dias de aventura e de descoberta dade de agro-turismo, explorada pela empresa
das vinhas e do processo da recolha das uvas. do Douro, que Marlene Santos confidenciou à Quanto à Quinta do Portal, a empresa dedi-
A visita à Quinta do Portal coincidiu com um Angola’in que o prémio de escanção “é o reco- ca-se à produção de uma panóplia de vinhos,
workshop, promovido por várias empresas e nhecer do trabalho de quatro anos” e que deseja em que os do Porto e de Moscatel se desta-
destinado a jornalistas da especialidade. As- “fazer a formação de enologia e seguir o curso” cam pela fusão entre tradição e modernidade,
sim, os mais recentes peritos em vinhos pu- para poder aconselhar “o consumidor final”. dando origem a um produto fortificado, muito
deram aperfeiçoar a sua formação-base, apreciado tanto pelos consumidores maduros
adquirindo novas competências e conheci- A Assistente de Marketing da Atlanfina é co- como pelos mais jovens. Já os vinhos do Dou-
mentos acerca dos vinhos portugueses, que ordenadora das promotoras e embaixadora da ro (tintos e brancos) e Espumantes são frutos
são simultaneamente os mais vendidos e pro- caipiroyal. O balanço da mais recente apos- de castas autóctones, que devido às cuidadas
curados no mercado angolano. Além dos en- ta da empresa, em parceria com a Real Com- macerações e fermentações e posterior estágio
sinamentos teóricos e práticos, os escanções panhia Velha, é positivo. “As pessoas gostam em barricas de carvalho dão origem a produtos
depararam-se na Quinta do Portal com o con- muito do caipiroyal”, garante. Porém, como o de elevada qualidade, que inclusive arrecada-
ceito “Boutique Winery”, a imagem de marca produto está no mercado há apenas um ano, ram algumas distinções internacionais.
ORGANIZAÇÃO FAZ BALANÇO DO CERTAME que este é o primeiro passo de um caminho muito longo a percorrer no
Manuel da Silva Reis, director da Real Companhia Ve- sentido da profissionalização e da especialização dos profissionais. Hoje
lha, em entrevista à Angola’in em dia, há uma demanda muito grande de hotelaria e de restaurantes no
Qual o balanço da 2ª edição do concurso de escanções? mercado angolano, que é emergente. Começa a haver muita procura e
O balanço é extremamente positivo porque o ano passado foi um período começam a existir hotéis, pelo que tem que começar a haver uma oferta
de teste. A acção foi muito boa e este ano a adesão excedeu as expectativas. compatível.
Foi um sucesso. Angola hoje em dia tem um grande mercado de consumi- Quais foram os critérios de selecção para o curso?
dores de vinhos portugueses, que cada vez mais vão interessar-se não só São chefes de vinhos e gerentes de restaurantes, que foram submetidos a
pela quantidade mas pela qualidade. As pessoas querem saber o porquê da um concurso de escanções, dado por um enólogo da nossa praça e estes
qualidade, da diferença das regiões e cabe aos profissionais, aos escanções jovens foram os vencedores deste concurso. Houve critérios, uma avalia-
prestar essas informações. Ora nós como empresas que pretendem não só ção e estes foram os que ganharam, os que no fundo mostraram mais ha-
vender qualidade, mas quantidade para o mercado angolano, interessa- bilitações para este concurso e o prémio era uma viagem a Portugal, aos
nos que hajam profissionais que saibam informar os consumidores das representantes da Atlanfina, que promoveu o concurso.
potencialidades e das diferenças das regiões portuguesas. Os escanções já têm um bom nível de aprendizagem?
É uma aposta ganha? Não diria que estão ao nível dos sommeliers de um restaurante de Paris ou
É uma aposta ganha e será para continuar. Nós desafiamos os participantes de um hotel de 3/ 4 estrelas. Mas estão num nível muito capaz e muito ra-
para que seja criada uma associação de escanções. Porque achamos que só zoável. Tem havido uma evolução muito positiva. Uma das coisas que noto
com uma alta profissionalização é que se poderá chegar aos níveis que nós neles é o interesse, a vontade e o querer saber e aprender, o que é funda-
pretendemos para o mercado angolano. São níveis muito ambiciosos. mental. São extremamente curiosos, extremamente interessados em tudo
Qual o grau de adesão? aquilo que nós falamos e justamente esse querer e essa vontade irá permitir
Tivemos bastantes candidatos, incluindo um director de hotel. Pensamos chegar a um nível muito aceitável, a caminho do bom e do muito bom
Fila de cima - Adebayo Vunge, Romão Ferreira, Aníbal Coutinho (enólogo deu o primeiro módulo de formação), Joaquim Laureano (Professor Universitário), Jaime Fidalgo, André Sibi, José Kaliengue,
Fila de baixo - Natacha Roberto, Jacqueline Saluvo, António Silva, Paula Sequeira (back- agência de comunicação da ViniPortugal em Angola), Ninelmo Ribeiro, Elizandra Royer (back), Sónia Fernandes (Viniportugal)
viniportugal desenvolve
formação para jornalistas
A ViniPortugal mação detalhada do ciclo vitivinícola. O facto cluiu ainda a componente sensorial, em que os
escolheu a tradicional do período das vindimas se caracterizar co- alunos foram convidados a fazer uma análise
época das vindimas mo um acontecimento único, contribuiu para dos seus sentidos, bem como a participar nu-
o enriquecimento da vertente formativa do ma prova de vinhos, orientada pelas suas ca-
em Portugal para evento. A adesão excedeu as expectativas e o racterísticas e regiões. Aníbal Coutinho e Mário
promover um workshop certame contou com a presença de profissio- Louro foram os formadores que iniciaram os
vínico, especificamente nais representantes de algumas rádios, tele- jornalistas nacionais no mundo da vinicultura
destinado a profissionais visões e jornais nacionais. portuguesa.
da comunicação social
angolanos, que se A recepção aos jornalistas contou com uma Após a teoria e a introdução aos conceitos es-
visita ao Palácio e Adega da Bacalhôa e, pelo senciais da actividade, os participantes do
mostraram interessados final do dia, ao centro de vinificação de José workshop, organizado pela ViniPortugal, se-
em alargar os seus Maria da Fonseca, uma casa familiar com dois guiram viagem, passando pelas regiões vitivi-
conhecimentos acerca da séculos de história, considerada a mais antiga nícolas do Dão, da Bairrada, do Tejo, de Lisboa
matéria. produtora de vinho de mesa e de Moscatel de e do Alentejo. As actividades repartiram-se en-
Setúbal. Os dias seguintes foram os mais in- tre visitas a quintas, adegas e produtores, em
tensos e produtivos, integralmente dedicados que não faltaram palestras sobre a temática,
O evento contou com uma enorme afluência, à aprendizagem. provas dos vinhos típicos de cada herdade e
nomeadamente por parte dos jornalistas da participação nas respectivas actividades, de-
especialidade, que se deslocaram a Portugal À chegada a Lisboa, a comitiva frequentou senvolvidas no âmbito das vindimas. No térmi-
para participar no certame e, desta forma, um curso de iniciação à prova de vinhos, sub- no do workshop, os jornalistas mostraram-se
investir na sua formação vínica. dividido em duas partes. A formação intensi- satisfeitos, salientando o interesse e vontade
va incidiu inicialmente sobre os tipos de vinhos em aprofundar conhecimentos acerca de um
A Associação Interprofissional para a Promo- portugueses, a sua importância e o estudo dos nicho de mercado que tem sofrido um expo-
ção dos Vinhos Portugueses escolheu várias três perfis do produto e respectivas regiões vi- nencial crescimento nos últimos anos. De fac-
regiões portuguesas emblemáticas da produ- tícolas. O dia encerrou com uma degustação de to, a inclusão de artigos da especialidade nas
ção vinícola. O curso intensivo, que decorreu sete variedades do néctar de Baco. Aliás, esta publicações é uma mais-valia, uma vez que o
entre 24 de Setembro e 4 de Outubro, abran- tarefa foi o mote para o arranque da segunda consumidor de vinhos revela-se cada vez mais
geu a visita a vários produtores e respectivas parte da formação, em que os visitantes ti- exigente e empenhado em adquirir informação
adegas, em que cada participante dispôs de veram a possibilidade de, após uma visita às sobre este sector.
um acompanhamento mais próximo e infor- vinhas, elaborar o seu próprio vinho. O curso in-
aragawa
Requinte europeu
no coração do Japão
É simplesmente o restaurante mais caro do 227 gramas custa 800 dólares. Pode sempre
mundo. A distinção foi atribuída pela não me- optar pelo invulgar bife ‘Wagyu au saqué’, que
nos importante revista americana Forbes, que recebe uma massagem dos cozinheiros antes
anualmente publica a lista dos dez espaços de ser servido. No entanto, quem conhece con-
mais dispendiosos. sidera que vale a pena gastar isso e muito mais
para ter a oportunidade de provar a carne mais
O japonês Aragawa lidera o ranking pelo se- saborosa do planeta. Afinal, o seu custo ape-
gundo ano consecutivo. Um dos motivos apon- nas reflecte o preço dos ingredientes dispen- informações úteis
tados para os preços exorbitantes está na diosos, usados na sua confecção. Morada: ankyu-Koutsukosha Bldg.,
especialidade da casa, o bife Wagyu ou Kobe-
fl. B1|3-3-9 Shinbashi Minato-ku
beef, uma das carnes de vaca mais caras do pla- Inaugurada em 1967, a pequena churrascaria
neta, que no caso concreto, é oriunda de uma japonesa, à semelhança de muitos estabeleci- Telefone: (81-3) -3591-8765
quinta local, propriedade do restaurante. A len- mentos do país, não dispõe de website e muito Género: Steakhouse
dária especialidade, conhecida pelo tratamen- menos de uma decoração moderna. O tradicio- Especialidade: Bife Kobe
to peculiar e requintado dos bovinos, é servida nal estilo requintado e clássico da sala, decora- Preço médio: 40000 JPY
simplesmente com pimenta e mostarda, pelo da a vermelho e dourado, é uma mais-valia e
Reserva: aconselhável
que espere uma experiência única. A carne Ko- faz deste restaurante, localizado no centro de
be será definitivamente a melhor que alguma Tóquio (num prédio bastante simples), um dos Horário: Seg. a Dom., das 12h
vez provará. espaços mais procurados, onde não é fácil con- às 15h e das 17h às 22h (hora local)
seguir uma reserva e há uma selecção criteriosa Dresscode: Formal
Situado em Tóquio, no Japão, o restaurante dos clientes. O ambiente tipicamente japonês,
Pagamento: Dinheiro,
Aragawa cobra pelo prato mais barato 370 dó- com um toque europeu (onde não existe músi-
cartões de crédito/ débito
lares, pelo que o cliente deve estar preparado ca ambiente), e as melhores carnes que algum
para gastar, no mínimo, mil dólares num sim- dia experimentou fazem do Aragawa ponto de Outras indicações:
ples e único jantar. Uma fatia de steak kobe de passagem obrigatório. fotografias proibidas
VINHOSLUXOS
& CA. · ANGOLA’IN | 121
VINHOS & CA. GOURMET
cais de quatro
Paraíso
junto ao mar
Requintado, glamoroso e detentor de uma A funcionar desde 2003, o Cais de Quatro con- informações úteis
ementa eclética e diversa. O Cais de Quatro quista de imediato quem o visita pela primei- Morada: Rua Mortala Mohamed/
é provavelmente um dos restaurantes com a ra vez. A decoração minimalista, num espaço
Casa do Desportista Ilha de Luanda
melhor vista para a Baía de Luanda. A sua be- clean, em tons brancos e azuis, perfeitamen-
leza é reconhecida por todos os visitantes, que te ajustados ao cenário marítimo envolvente, Email: caisdequatro@hotmail.com
ficam encantados com a paisagem, especial- torna o seu jantar num momento de deleite e Reservas: convém
mente à noite, em que a iluminação da baía dá degustação únicos. “Tratando-se de um res- reservar todos os dias
um toque de charme ao espaço. taurante aberto à beira-mar, pode-se fumar Contacto para reservas: 924570620
onde quiser”, contando com cerca de 120 co-
Horário: todos os dias das 11h/ 02h
Á semelhança da maioria dos restaurantes de laboradores para o servir e ajudar na escolha
renome internacional, a ementa é variada, po- dos menus. (excepto segunda-feira, das 18h/ 02h)
dendo usufruir das tradicionais especialidades Cartões: VISA
à base de peixe ou carne, bem como de uma O local define-se como cosmopolita, em que Indicações: Possui parque de
bela ‘pasta’ ou ‘sushi’. Assim, o Cais de Quatro a última novidade é o Sushi, um produto que
estacionamento e tem designação
procura dar resposta às diferentes exigências Luís Cartaxo descobriu nas suas viagens pelo
de espaço para fumadores
dos seus clientes que, segundo Luís Cartaxo, estrangeiro, onde visitou os espaços mais co-
sócio do espaço, são essencialmente da “classe nhecidos e as culturas mais peculiares.
alta”. Em declarações à Angola’in, o responsá-
vel garante que não detêm uma especialidade Se ficou com vontade de conhecer um dos
em particular, mas o “top” das escolhas recai restaurantes mais emblemáticos de Luanda
na “pescada da nossa costa, no lombinho aos não se esqueça de fazer reserva. Habitual-
três queijos, na espetada baía azul, na pica- mente, o espaço está lotado, pelo que deve
nha e nas nossas sobremesas top Crostatta de marcar a sua mesa, independentemente do
maca e a bomba calórica petit gateaux”. dia da semana.
Sabores
angolanos
temperados
“la vie o”
Boa tarde meus amigos! bem rija para que a moamba fique boa.
Ao longo das próximas edições vou apre- A receita deste mês recorre ainda a um
en rosat
sentar-lhes algumas das especialidades ingrediente com longa história: a Jingu-
nacionais, deixando sugestões sobre o ba. Este é o nome que os antigos (e ain-
modo de confecção das mesmas. Espero da muitos) atribuem ao amendoim, que
levar até si os melhores sabores de Áfri- é oriundo do norte do país. Por isso, a mi-
ca e os aromas de Angola. Para o arran- nha sugestão é uma mistura de sabores,
que da minha rubrica, escolhi um prato, uma vez que o prato e óleo de palma são
que faz recordar os cheiros da terra mo- típicos do outro ponto de Angola, o sul.
lhada, óptimo para ser apreciado ao final Jindungo era a designação do piri-piri,
do dia, com o pôr-do-sol como pano de também muito apreciado pelos africa-
fundo. Assim, a minha sugestão vai para nos, que adoram refeições com sabores
uma moamba de galinha rija de jinguba. apurados e exóticos. Pode acompanhar
Ela surge de uma fusão de sabores de di- com um bom vinho ou com a nossa cer-
versos pontos do país. Do sul do territó- veja cuca. Espero que aprecie este prato,
rio surge o óleo de palma, que é muito que é de muito fácil confecção. Os ingre-
consumido nessa zona. Como não existe dientes indicados são para quatro pes-
mar dentro das várias periferias de An- soas, pelo que pode acrescentar mais
gola, muitas culturas consomem quase galinhas, consoante o número de pesso-
em exclusivo carnes. A galinha deve ser as para a refeição.
Bom Apetite!
moambia
de gal nha
rija dea
jingub
S:
INGREDIENTE
ha rija
1,5 kg de galin
Sal qb
qb
Óleo de palma
em já pronta
Moamba de dend
1 cebola
3 tomates
milho
1 kg de fuba de ompanhar
quiabos para ac
10 unidades de
Versejar
estórias
de um povo
A poesia é muito mais que um género literário. Ela transporta
sentimentos e sentidos ocultos e recorre ao dom da palavra
para traduzir os acontecimentos que rodeiam o poeta e o
ambiente social, de onde recebe diversos estímulos
A literatura angolana tem um percurso idênti- da Cruz e Agostinho Neto, emergem no perí- perfil
co às manifestações literárias, que compõem odo pós-guerra, veiculando a sua “mensagem UANHENGA XITU
a cultura de cada país, seja em África, na Eu- com um conteúdo social” e fazendo parte de Agostinho André Mendes de Carvalho,
ropa ou noutro continente. A poesia nacional um movimento político-cultural, denomina-
de pseudónimo Uanhenga Xitu,
acompanha a evolução nacional e transmite do “Vamos descobrir Angola” (1948). Com o
nas subtilezas de cada poema a cultura, so- arranque do movimento pela libertação na- nasceu em 1924, em Ícolo e Bengo.
ciedade e história contemporânea de Ango- cional, em 1961, o panorama literário também Enfermeiro de profissão, a actividade
la. Foram muitos os autores que procuraram sofre mudanças, voltando-se para a distribui- politica valeu-lhe a prisão. Mais
através das palavras dar sentido aos momen- ção de panfletos, que assinalam o período cul- tarde, estudou Ciências Politicas, foi
tos que marcaram o percurso nacional até à tural e politico que se vivia. A dimensão ética e
Governador de Luanda, Ministro da
actualidade. As suas origens remontam a me- a causa nacionalista sobrepõe-se aos impera-
ados do século XIX, período assinalado pe- tivos estético-literários da época. São inúme- Saúde, Embaixador na Alemanha
la tradição intervencionista e panfletária de ros os escritores e poetas, que são presos, por e deputado à Assembleia Nacional,
uma imprensa, improvisada por nativos. É em se envolverem na luta pela liberdade. Agosti- cargo que ainda ocupa. Uanhenga Xitu
1910 que autores como Silvério Ferreira, Pai- nho Neto, António Cardoso e Luandino Vieira
descobriu o talento da escrita durante
xão Franco ou Assis Júnior proclamam “as rei- são alguns desses exemplos.
a prisão, onde criou os emblemáticos
vindicações das massas populares da época” e
se assumem como “intérpretes duma consci- Independência valoriza raízes personagens da literatura nacional,
ência cultural em vias de renovação”, lançando O nascimento da República Popular de Angola como Kahitu e Mestre Tamoda. Publicou
“as bases de uma nova personalidade ango- assinala um novo momento literário, em que “Meu Discurso”; “Mestre Tamoda”; ”Os
lana”. Coube a estes homens de letras dar os a poesia celebra a certeza da liberdade e bus-
Sobreviventes da Máquina Colonial
primeiros passos no mundo literário e cumpri- ca a recuperação da nacionalidade, assistindo-
rem uma das principais funções da poesia: a se ao aparecimento de um projecto poético de Depõem”; “O Ministro”, entre outros
critica social. resgate da língua literária, aproveitando as
suas virtudes intrínsecas e universais. A par- contemporâneos regressam às origens e evo-
Primeiro “versador” tir da década de 80, regista-se o afastamen- cam o tempo distante, anterior à opressão e
O poema “Negra!”, de Cordeiro da Matta, re- to do discurso emblemático do exaltar da luta às decepções.
tirado do seu livro Delírios (1889), foi publi- de libertação e com o surgimento das Briga-
cado na revista Ensaios Literários, em 1902 e das Jovens de Literatura, nomeadamente nos Os poetas de hoje
marcou a poesia angolana, uma vez que este principais centros urbanos, desenvolvem-se Cármen Secco, professora, referiu recente-
assumiu-se como o primeiro negro a cantar a novos estilos poéticos, liberdades linguísticas mente num encontro sobre o tema que “a
mulher africana (como “a deusa formosura”), e aborda-se essencialmente a temática dos transgressão, errância, desafio, eroticidade,
numa obra marcada pela intenção nacionalis- estados de alma, que reflectem a desilusão metalinguagem e desconstrução são alguns
ta. Entretanto, grandes nomes ligados à po- em relação à ausência de soluções para resol- dos vectores da produção poética angolana
esia nacional, como António Jacinto, Viriato ver os problemas mais urgentes. Estes poetas das últimas décadas. A nova poiesis é tecida
Encarnação
da Luta
Não creio em mim
Não existo
Não quero eu não quero ser
Quero destruí-me
Atirar de pontes elevadas
E deixar-me despedaçar
Sobre as pedras duras das calçadas
Pulverizar o meu ser Veia revolucionária gal), fundou o movimento associativo, que
Nascido a 17 de Setembro de 1922, em Íco- se dedicava a divulgar internacionalmente
Desaparecer
lo e Bengo, Agostinho Neto formou-se em a situação das colónias. A sua dedicação às
Não deixar sequer traço de passagem Medicina, na Universidade de Lisboa (Por- causas nacionais valeu-lhe o Prémio Lenin
Pelo mundo tugal). No entanto, o jovem médico cedo se da Paz, atribuído em 1975.
Quero que o não-eu interessou pela política, assumindo-se co-
mo opositor do domínio colonial português, Qualidades de artista
Se aposse de mim
tendo sido detido várias vezes na capital A vida académica, política e literária an-
Mais do que um simples suicídio portuguesa e em Cabo Verde. Antes de se daram sempre de mãos dadas na vida do
Quero que esta minha morte formar, foi obrigado a fugir para Marrocos, médico, que nunca esqueceu a sua vocação
Seja uma verdadeira novidade histórica período em que se aliou ao movimento de poética e procurou conciliar as duas áreas.
libertação, sendo eleito, em 1962, presiden- Enquanto estudante, colaborou em várias
Um desaparecimento total
te do Movimento Popular para a Libertação revistas, jornais e publicações culturais.
Até mesmo no tempo de Angola (MPLA). Nessa qualidade, pro- Findo o curso, exerceu medicina em Luan-
E se processe a História clamou a 11 de Novembro de 1975, a inde- da, onde abriu um consultório. Contudo,
E o mundo continue pendência do país e tornou-se no primeiro não abandonou a sua paixão pela literatura,
presidente de Angola, mandato que viria tendo inclusive publicado diversos livros. Os
Como se eu nunca tivesse existido
a terminar com o seu falecimento, a 10 de mais conhecidos são a sua primeira obra,
Como se nenhuma obra tivesse produzido Setembro de 1979, em Moscovo (Rússia). intitulada “Naúsea” (1952), seguindo-se li-
Como se nada tivesse influenciado na vida Agostinho Neto fez parte da geração de es- vros como “Quatro Poemas de Agostinho
Se em vez de valor negativo tudantes africanos, que viriam a desempe- Neto” (1957), “Com os Olhos Secos” (1963) e
nhar um papel decisivo na independência “Sagrada Esperança” (1974). O seu talento
Eu fosse zero
dos respectivos países, que no início do sé- foi reconhecido através dos galardões Pré-
In “Negação” culo XX estava sob o domínio português e mio Lótus (1970) e o Prémio Nacional de Li-
cuja ânsia pela libertação popular fez eclo- teratura (1975). Actualmente, a Fundação
dir a Guerra do Ultramar. Preso pela PIDE e Dr. Agostinho Neto tem como finalidade
Político, médico e poeta, António Agos-
deportado para o Tarrafal, o médico viu a servir o interesse público, divulgando a vida
tinho Neto foi o primeiro presidente da
sua residência ser fixada em Portugal, aca- e obra da figura, através de actividades no
República de Angola e uma das prin-
bando por conseguir fugir para o exílio, on- âmbito da educação, tecnologia e cultura,
cipais personalidades nacionais, reco-
de deu início ao movimento do MPLA. Até apostando na inovação científica e tecno-
nhecida por todos enquanto herói e
assumir a presidência do seu país, após o lógica e no fomento do desenvolvimento
lutador incansável pela independência
fim da guerra e proclamação da indepen- humano de Angola. Para assinalar o aniver-
do seu país. No ano em que se comemo-
dência, Agostinho Neto esteve sempre li- sário da sua morte, a instituição pretende
ram 30 anos passados da sua morte,
gado a esta batalha, envolvendo-se em reeditar alguns dos seus livros. Por outro la-
são inúmeras as entidades que orga-
várias causas académicas e políticas, mes- do, estão em curso os projectos de inclusão
nizam eventos para assinalar a vida e
mo quando se encontrava em Lisboa, onde, da sua vida e obra no plano curricular das
obra desta figura multifacetada.
em colaboração com outros jovens angola- escolas, bem como a candidatura do seu le-
nos e africanos (que estudavam em Portu- gado a Património da Humanidade.
música
Feira pode chegar à zona
periurbana
Jomo Fortunato, coordenador da feira da mú-
sica e literatura, espera alargar o certame, que
decorreu em Luanda, às áreas periurbanas, de
modo a permitir o acesso das comunidades aos
produtos culturais. Este é o principal desafio
que se impõe à organização, que este ano con-
tou com uma média diária de mil visitantes.
“A editora Arte Viva vai repensar a forma de
reeditar esta feira na perspectiva de que pos-
sa acontecer nas zonas onde o livro não che-
ga”, anunciou. O coordenador admitiu que na
edição de 2009 surgiram múltiplas ideias, das
quais destacou a criação de um Plano Nacional
de Leitura, que compreenda a colaboração de
todos os sectores associados aos livros, de for-
ma a intervir no combate ao insucesso escolar
direitos de autor
e à falta de hábitos de leitura. O certame inclui
a actuação de bandas de bairro menos conhe- Jurista defende acesso a bens culturais
cidas e que encontraram uma oportunidade Aguinaldo Cristóvão, director do gabinete jurídico do Ministério da Cultura, acredita que é funda-
para exporem os seus trabalhos, através da mental desenvolver políticas concretas, que incentivem o maior acesso dos cidadãos aos produtos
realização de palestras e da exibição de filmes culturais. Para o responsável, este é o método a seguir para reduzir o número de violações dos di-
reitos de autor. O Estado tem a responsabilidade de criar mecanismos que assegurem que todos
os cidadãos tenham oportunidade de aceder um determinado número de obras culturais e científi-
literatura
cas. Aguinaldo Cristóvão defende que, ao definir estas regras, toda a população terá oportunidade
Obra de Agostinho de desenvolver a sua intelectualidade, independentemente das suas possibilidades financeiras. O
Neto reeditada jurista considera que “o criador tem o direito de gozar dos produtos resultantes da reprodução, da
O Ministério da Cultura reeditou em Se- execução ou da representação das suas próprias criações”. A cópia ilícita das obras contribui para
tembro quatro das principais obras pro- desincentivar o processo criativo dos artistas, causando perdas económicas para todos os envolvi-
duzidas pelo poeta Agostinho Neto. A dos, que vivem desta actividade, conduzindo à baixa produção artística
iniciativa surgiu no âmbito das comemo-
rações da morte do ilustre representan- artes
te para dar a conhecer às novas gerações
o portfolio do poeta, médico e político. O
Alunos elogiam
público pode encontrar nas lojas as obras seminários
“Renúncia Impossível” e “Sobre a Liber- Os estudantes da Direcção Nacional de Formação
tação Nacional” e as compilações dos dis- Artística (DINFA) consideram que os seminários
cursos do primeiro presidente de Angola, sobre artes cénicas são muito importantes para o
“Náusea” e “Ainda o meu sonho”. O mi- desenvolvimento das artes no país, cujo mercado
nistério assume a sua estratégia de di- ainda é bastante fraco. Os futuros especialistas
vulgar, preservar e valorizar os escritos consideram que estes eventos facilitam a aprendi-
do autor e dar continuidade a uma inicia- zagem de novas matérias, bem como a aquisição
tiva que arrancou a 15 de Setembro, com de experiências, relacionadas com a dança, teatro
a realização do Colóquio Internacional so- e música. Os seminários contribuem para a concep-
bre Agostinho Neto ção de novas ideias, pelo que os alunos apelam para
que se organizem mais eventos do género
cultura
Visitas ao Museu de História Natural crescem
A média de 60 visitantes por dia levou Cadete Neto, guia do Museu Nacional de História Natural,
a considerar que os números correspondem às expectativas, revelando que a maioria do público é
composta por jovens. “As figuras que de certa forma chamam mais atenção dos visitantes, prin-
cipalmente se for pela primeira vez, são a Palanca Negra Gigante e o Mandatím, conhecido como
peixe mulher”, explicou, confirmando que o espaço recebe muitos estudantes, visitas de institui-
ções e de turistas, que procuram conhecer melhor a cultura nacional através do acervo do museu.
O organismo, instalado em Luanda, foi inaugurado em 1938
De ‘pontas’
voltadas para
o sucesso
Pioneira da dança contemporânea africana, Ana Clara Guerra Marques
é uma das referências do panorama artístico angolano. Bailarina e
coreógrafa, possui uma vasta obra ao nível do estudo da arte nacional,
da crítica social, do ensino e da dança profissional.
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