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http://dn.sapo.pt/2008/04/08/sociedade/professora_agredida_um_em_frente_alu.html
Alice, nome fictício, é professora há pouco mais de um ano na Escola Básica do 1.º ciclo Arquitecto Ribeiro Teles, no problemático bairro da Boavista, em
Lisboa, e, sexta-feira, foi agredida pelos pais de um dos seus alunos, um jovem de 11 anos que frequenta o 3.º ano. "Ela saiu a correr da sala de aula
para o corredor, já depois de ter sido agredida pelo pai do aluno, de etnia cigana, e surgiu nem sei de onde a mãe desse aluno, que a agrediu,
empurrando-a, e insultou", contou ao DN uma funcionária da escola que presenciou o episódio, e que pediu o anonimato, "por receio". "Ela estava
assustada." O DN tentou falar com a professora agredida, mas fonte próxima da docente disse que a mesma não quer dar explicações "porque o
Ministério da Educação não os [professores] autoriza a falar".
Ainda no corredor da escola do bairro da Boavista, entre insultos, ameaças e empurrões, a professora Alice "gritava para chamarem a polícia". O barulho
alertou a coordenadora do conselho de docentes e o coordenador do estabelecimento de ensino, que acorreram ao local. Agentes da PSP, do programa
Escol a Segura,
chegaram "pouco depois" à escola e Alice, "ainda muito nervosa", apresentou "queixa-crime contra o pai" do aluno de 11 anos, um jovem "muito
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problemático, que já estava sinalizado" na escola e na PSP da Boavista. "Esta não foi a primeira vez que esta professora teve problemas com este aluno",
contou a mesma funcionária ao DN.
Porque o incidente de sexta-feira começou precisamente com o aluno, que, nessa manhã, segundo apurou o DN, terá "mandado a professora à merda"
depois de uma discussão sobre a actividade na sala de aula. Pela hora do almoço, o irmão desse jovem, também aluno na mesma escola, procurou a
professora. Terá acusado a docente de "ter batido no irmão" e "chamou-a de vaca". Nervosa, Alice regressou para a sua sala e continuou a leccionar. Mas
pouco mais de uma hora depois, professora e alunos são surpreendidos pela entrada abrupta do pai do aluno na sala de aula - depois de ter "passado por
uma auxiliar" junto à entrada do estabelecimento - que se dirigiu à professora, exigindo explicações pelo sucedido. "Atirou-lhe livros para cima e deu-lhe
um estalo", conta a mesma funcionária.
Queixa-crime à PSP
Feita a queixa à Escola Segura , Alice esteve no hospital Santa Maria, para exames médicos. Ontem, a PSP confirmou ao DN a "existência da ocorrência"
mas rejeitou "fornecer pormenores sobre a mesma", adiantando apenas que "estão a decorrer os trâmites legais" respeitantes ao processo. Também a
escola, que é um estabelecimento de "intervenção prioritária", pelo vários problemas que enfrenta, confirmou a existência de "uma queixa" da professora
contra o pai do aluno de 11 anos. "É frequente casos destes nesta escola, que tem alunos com diferentes problemas comportamentais", disse uma
funcionária.
Declarações assumidos numa altura em que a violência e indisciplina escolares ganharam contornos mediáticos na sequência dos sucessivos casos que
têm saltado para as páginas dos jornais depois do incidente ocorrido entre uma professora e uma aluna da escola secundária do Porto Carolina Micaelis,
Incidente que acabaria por levar à transferência da aluna para outra escola e também do aluno que gravou o incidente e colocou o vídeo no site do
YouTube. Desde então, a indisciplina e a violência escolar têm sido tema de colóquios e debates e das várias intervenções do próprio Procurador-geral da
República, que deu mesmo indicações às escolas para que passassem a denunciar todas as agressões.
Mas voltando ao caso de Alice. O mais recente. A professora, revelou ao DN um familiar, "não foi hoje [ontem] às aulas e pondera mesmo pedir baixa".
"Ela professora há cerca de 10 anos e nunca lhe tinha acontecido nada deste género até ir para esta escola". A mesma fonte reconhece que [a docente]
está com algum receio de voltar à escola, até porque perdeu a autoridade junto dos alunos, uma vez que levou o estalo em frente a eles".
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