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O seu castigo foi o enormssimo cansao. Portanto, este seu cansao fruto de um sensacionismo
desmedido.
3. Processos estilsticos mais relevantes
A repetio da palavra cansao, palavra que, alis, est presente no incio e no fim do poema, mostra que o
cansao o tema fundamental deste poema.
A repetio de ssimo (v. 29), correspondendo repetio de supremssimo, serve para hiperbolizar a
intensidade do cansao.
As construes anafricas (v. 9 e 10; 14, 15 e 16; 18, 19 e 20; 23, 24, 25 e 26) realam construes paralelsticas
por vezes de natureza antittica.
A gradao das formas verbais ame, deseje e queira (vv. 14, 15 e 16) e as correspondentes amo, desejo e
quero (vv. 18, 19 e 20) permite distinguir no s os trs iderios uns dos outros, mas tambm os trs, em
conjunto, do sujeito potico.
O determinante indefinido um (v.28) est associado a todas as palavras dos ltimos 3 versos do poema,
conferindo ao cansao uma indeterminao, que alis foi assumida j na 1. estrofe.
A expressividade dos advrbios de modo eternamente (v. 10), infinitamente (v.18), impossivelmente (v.19),
sempre com um intuito hiperbolizante.
Expressividade dos vv. 23 e 24, que alm de conterem a anfora, so ainda enriquecidos com o quiasmo:
vida vivida ou sonhada
Os trs idealistas, aos quais o sujeito potico ope o seu ideal de vida, so pessoas, que, quer
ambicionem coisas no limite do infinito ou do impossvel, quer se reduzam a uma vida sem ambies
(vivendo apenas como podem), vivem naturalmente segundo os seus sonhos ou desejos, mantendo uma
certa tranquilidade vivencial.
Pelo contrrio, o sujeito potico, embora ame o finito, deseje o possvel e queira tudo o que
contingente (incerto, duvidoso), ama, deseja e quer sem medida: s se satisfaz com sensaes
desmedidas, brutais. Da o seu imenso cansao, a sua infelicidade. Enquanto os outros podem mesmo
aspirar ao infinito e ao impossvel, mas sua maneira finita e contingente, sem perderem a tranquilidade,
o sujeito lrico, aspirando apenas ao contingente, aspira a ele sem medida (infinitamente e
impossivelmente).
Poder-se- concluir que este poema se baseia num propositado equvoco filosfico:
O sujeito potico, que materialista e aceita apenas o que finito e possvel, deseja-o
infinitamente, como se desejasse o sobrenatural, o eterno, o imenso.
Apesar das sensaes serem, por sua prpria natureza, limitadas, contingentes, o sujeito lrico
quer captar nelas o infinito, mas nunca o poder conseguir,
da o seu interminvel cansao.