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Vol. 2 N 2 (2014)
A multido
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Josefina Ludmer
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A teoria poltica de Virno se baseia em uma categoria prpoltica: o direito resistncia, que autoriza o uso da violncia cada vez
que uma prerrogativa positiva alterada pelo poder central. Esse direito
redefine o papel da violncia na ao poltica. A desobedincia civil
(por exemplo no pagar impostos, no acatar certas leis) para Virno a
condio sine qua non da ao poltica; esta desobedincia diferente da
que a tradio liberal concebeu porque questiona a faculdade de mando
do Estado.
O sujeito da poltica seria a multido (conceito central de Virno,
que Negri e Hardt usam em Imprio). A multido se ope ao povo,
relacionado com o Estado (e, eu agregaria, sujeito da nao). Para os
apologistas do poder soberano no sculo XVII, diz Virno, multido
um conceito negativo, a entrada do estado de natureza na sociedade
civil. Os cidados, quando se rebelam contra o Estado, so a multido
contra o povo, diz Hobbes. Mas esse destino negativo chega hoje a seu
fim porque a multido no um fenmeno natural, mas o resultado
histrico de transformaes. Virno: os muitos irrompem em cena
quando produzida a crise da sociedade do trabalho e j no servem as
dicotomias pblico/privado e coletivo/individual.
A multido que resiste obedincia uma multiplicidade sem
unidade poltica, nunca alcana o status de pessoa jurdica, incapaz de
fazer promessas, pactos, de adquirir ou transferir direitos. E se expressa
como conjunto de minorias atuantes, nenhuma das quais aspira ser
transformada em maioria. A multido desenvolve um poder que se
nega a ser transformado em governo. O que faz a multido, diz Virno,
obstruir os mecanismos da representao poltica.
A debilidade estrutural da democracia representativa hoje
a tendncia fundamental restrio da democracia. Se opor a essa
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