0 Bewertungen0% fanden dieses Dokument nützlich (0 Abstimmungen)
42 Ansichten2 Seiten
Partiremos de uma hipótese: a urbanização completa da sociedade. Hipótese que posteriormente será sustentada por argumentos, apoiada em fatos. Esta hipótese implica uma definição. Denominaremos "sociedade urbana" a sociedade que resulta da urbanização completa, hoje virtual, amanhã real. Essa definição acaba com a ambiguidade no emprego dos termos. Com efeito, frequentemente se designa por essas palavras, "sociedade urbana", qualquer cidade ou cite-} a cite grega, a cidade oriental ou medieval, a cidade comercial ou industrial, a pequena cidade ou a megalópolis. Numa extrema confusão, esquece-se ou se coloca entre parênteses as relações sociais (as relações de produção) das quais cada tipo urbano é solidário. Compara-se entre si "sociedades urbanas" que nada têm de comparáveis. Isso favorece as ideologias subjacentes: o organicismo (cada "sociedade urbana", em si mesma, seria um "todo" orgânico), o continuísmo (haveria continuidade histórica ou permanência da "sociedade urbana"), o evolucionismo (os períodos, as transformações das relações sociais, esfumando-se ou desaparecendo).
Partiremos de uma hipótese: a urbanização completa da sociedade. Hipótese que posteriormente será sustentada por argumentos, apoiada em fatos. Esta hipótese implica uma definição. Denominaremos "sociedade urbana" a sociedade que resulta da urbanização completa, hoje virtual, amanhã real. Essa definição acaba com a ambiguidade no emprego dos termos. Com efeito, frequentemente se designa por essas palavras, "sociedade urbana", qualquer cidade ou cite-} a cite grega, a cidade oriental ou medieval, a cidade comercial ou industrial, a pequena cidade ou a megalópolis. Numa extrema confusão, esquece-se ou se coloca entre parênteses as relações sociais (as relações de produção) das quais cada tipo urbano é solidário. Compara-se entre si "sociedades urbanas" que nada têm de comparáveis. Isso favorece as ideologias subjacentes: o organicismo (cada "sociedade urbana", em si mesma, seria um "todo" orgânico), o continuísmo (haveria continuidade histórica ou permanência da "sociedade urbana"), o evolucionismo (os períodos, as transformações das relações sociais, esfumando-se ou desaparecendo).
Partiremos de uma hipótese: a urbanização completa da sociedade. Hipótese que posteriormente será sustentada por argumentos, apoiada em fatos. Esta hipótese implica uma definição. Denominaremos "sociedade urbana" a sociedade que resulta da urbanização completa, hoje virtual, amanhã real. Essa definição acaba com a ambiguidade no emprego dos termos. Com efeito, frequentemente se designa por essas palavras, "sociedade urbana", qualquer cidade ou cite-} a cite grega, a cidade oriental ou medieval, a cidade comercial ou industrial, a pequena cidade ou a megalópolis. Numa extrema confusão, esquece-se ou se coloca entre parênteses as relações sociais (as relações de produção) das quais cada tipo urbano é solidário. Compara-se entre si "sociedades urbanas" que nada têm de comparáveis. Isso favorece as ideologias subjacentes: o organicismo (cada "sociedade urbana", em si mesma, seria um "todo" orgânico), o continuísmo (haveria continuidade histórica ou permanência da "sociedade urbana"), o evolucionismo (os períodos, as transformações das relações sociais, esfumando-se ou desaparecendo).
RESENHA LEFBVRE, Henri. A revoluo urbana. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999. 178 p. Traduo de Srgio Martins e reviso tcnica de Margarida Maria de Andrade.
Este livro est destinado a todos que compreendem que
a problemtica do mundo ganhou um contorno urbano, independentemente da atuao em diferentes campos epistemolgicos do conhecimento. E, essencialmente, porque se trata de um exerccio de mtodo. O mtodo que sustenta sua argumentao o regressivo - progressivo. Regressivo, indo do virtual ao atual, do atual ao passado; progressivo, movendo-se do superado e do finito ao movimento que prenuncia esse fim, que anuncia e faz nascer alguma coisa de novo. Este livro, ampliando uma virtualidade contida na histria do pensamento, vai alm da deduo e induo formais, trabalha a potncia da transduo, definida como reflexo sobre o objeto possvel. A compreenso possvel do livro prope o movimento do real constituindo-se a partir da industrializao urbanizao para, em seguida, pensar a urbanizao como mudana qualitativa do processo como um todo, implicando que o modo de vida e o cotidiano sejam conduzidos ao primeiro plano. O ponto de partida um pensamento sobre a cidade, na perspectiva de suas metamorfoses em direo formao da sociedade urbana. Nesse movimento, ele indica as aporias como: o campo cego. So as circunstncias crticas desse processo, o que quer dizer que o movimento da cidade em direo sociedade urbana uma probabilidade, est no campo do possvel. A obra desdobra analiticamente os caminhos da compreenso do fenmeno urbano: no plano da prtica, aquele dos sujeitos sociais e das instituies sugere que se trate dos nveis e dimenses. J considerando as representaes sociais do urbano, remete aos mitos do urbano e ideologias. No se consegue interpretar os contedos em movimento seno examinando a dialtica da forma e do contedo. O urbano no se conceitua neste livro apenas atravs de contedos, mas define-se como forma, a forma urbana (mentalmente, a simultaneidade; socialmente, o encontro, a reunio). Ao remeter o urbano forma urbana,
supera a iluso urbanstica, revelando que sempre os
princpios urbansticos foram regidos por princpios quantitativos. A esttica urbanstica, como disciplina, resume-se a um discurso que corrobora para apagar os traos desse fundamento. Henri Lefbvre seguramente j est entre as influncias do pensamento geogrfico do fim do sculo XX. Residualmente, pode ter sido lido bem antes. Ainda nos anos 60, Pierre George, gegrafo francs, numa composio com o Institut de Sociologie Urbaine, dirigido poca por Lefebvre, sugere estudos sobre a questo urbana, envolvendo o espao vivido e seu lugar na compreenso da urbanizao. Lefbvre jamais admitiria permanecer circunscrito a uma cincia. Dizia-se filsofo, melhor ainda metafilsofo: pensador da realidade social como totalidade, incluindo o virtual; sem definir o pensamento independente da prtica; nem tornar a realidade pensada um sistema definido e acabado. No preteria qualquer contribuio cientifica, seja das cincias naturais ou sociais. No se tratava de uma filosofia que pairasse acima das cincias e de suas descobertas, nem acima da prxis, a mais cotidiana. Tambm no separava, a ponto de excluir, o sentir do pensar, o pensamento da arte. Sequer podia cindir a vida da arte. Ento, o universo o de um modo de existncia filosfico, que no constitua uma redoma em relao vida, nem arte, que no se instalava no absoluto, num fundamento absoluto. Seno a filosofia seria imediatamente a alienao filosfica. Entre as categorias que moveram seu pensamento, a alienao foi sendo definida como crucial. Trouxe de Marx, entre os legados, esta enorme contribuio, negada pelo pensamento marxista dogmtico, contra o qual se chocou, noo que deveria ser cuidadosamente reelaborada e que tem uma histria na obra de Hegel. Atravs da alienao, mais ainda das alienaes, de seu reconhecimento e de sua crtica, funda-se uma ira e uma luta contra o(s) absoluto(s), como impossibilidade do viver. Dessa forma, chega necessidade de
101
Revista do Departamento de Geografia, 14 (2001) 101-102
uma sociologia, que pense a mediao do social, entre o
econmico e o poltico, rompendo com as interpretaes, ao mesmo tempo, ontolgicas e esvaziadas dos intermedirios, ou seja das mediaes, para ele fundamentais na reflexo: a subjetividade, o social, a alienao, o cotidiano, o vivido, a percepo, etc. Isto no significa que se diria socilogo e no filsofo; que tenha escolhido uma entre as cincias estabelecidas; antes define seu modo de ser filosfico. A revoluo urbana trata da potncia de um pensamento sobre o urbano, de natureza metafilosfico. No define o urbano como um tema entre outras tematizaes. Para ele, o movimento da histria humana e de suas possibilidades inclui o urbano. O significado que este autor tem para os gegrafos, sem pretenso de encerr-lo na geografia, sua acuidade no tratamento do que se refere ao espacial, corrigindo a compreenso do espao no plano dos contedos naturais, sociais, econmicos... em direo a um entendimento que envolva a dialtica da forma e do contedo. Dois gegrafos insistiram nessa empreitada de colocar disposio do leitor brasileiro esta obra sobre o urbano. Com cuidado, pois so leitores atentos da obra do autor, produziram esta verso em portugus. Durante todo o livro, observa-se a ateno e o compromisso de pesquisadores da obra de Lefbvre, que aqui se apresentam como apurados tradutores. Conhecem os autores que o influenciam, conhecem o percurso das noes que aqui utiliza, no h risco de qualquer vulgarizao. E, atravs deles, a geografia esclarece que a obra lefebvriana faz parte de um pensamento sobre o espao no mundo atual.
Amlia Luisa Damiani
Odette Carvalho de Lima Seabra Departamento de Geografia USP, C. P. 2530, 01060-970 So Paulo (SP), Brasil.