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Perspectivas 2010: a política monetária em 2010

Carlos Thadeu de Freitas Gomes *, Jornal do Brasil

BRASÍLIA - O ano de 2009 foi marcado na economia mundial por uma série de políticas econômicas
contracíclicas que interromperam o processo de queda do PIB global. No Brasil não foi diferente. Após
diversos incentivos fiscais e monetários, a economia brasileira se recupera fortemente e os setores de
comércio e serviços já retomam o nível pré-crise, bem como a taxa de desocupação do mercado de
trabalho.

Mesmo nos piores momentos da crise, a massa de rendimentos do trabalhador seguiu apresentando
ganhos reais. Agora, com o nível de desemprego compatível com o de antes da crise, espera-se uma
continuidade nas melhorias nos níveis de emprego e renda. Deste modo, o ciclo econômico deverá
continuar sendo liderado pela dinâmica da demanda interna, mantendo a taxa de inadimplência sob
controle e proporcionar liquidez abundante para oferta de crédito e melhores condições para o
crescimento da demanda.

Assim como os incentivos creditícios dos bancos públicos foram importantes para manter os atuais níveis
de consumo, os incentivos fiscais também exerceram papel fundamental. A recuperação rápida do
comércio varejista pode ser, em grande parte, atribuída a essas políticas. No entanto, os resultados da
Pesquisa Mensal do Varejo, do IBGE, mostram que os setores de bens não-duráveis têm apresentado
resultados superiores aos setores ligados ao crédito e aos incentivos fiscais, refletindo o aumento
consistente da renda.

Apesar da recuperação em curso ser substancial, pois no detalhamento apresenta uma demanda interna
em forte expansão, não representa pressões inflacionárias a curto e médio prazo. Os últimos resultados
das Contas Nacionais mostraram um resultado para o Produto Interno Bruto do terceiro trimestre mais
fraco do que se previa e dificilmente o PIB fechará 2009 com variação positiva. Ainda há uma grande
capacidade ociosa na economia, sobretudo no setor industrial, que vai demorar em ser preenchida,
mesmo mantendo-se o ritmo de crescimento do terceiro trimestre, em torno de 5% anualizado.

Além disso, a inflação no Brasil está sob controle, convergindo este ano para o centro da meta. Mesmo os
núcleos de inflação ao consumidor mais resistentes, como é o caso do grupo de serviços, que também
apresentam queda. Para 2010 diversos fatores colaboram para um cenário inflacionário benigno. Os
preços do atacado apresentaram deflação em grande parte desse ano e, portanto, carregaram uma
menor inércia para o próximo ano. O cenário externo também contribui para uma inflação mais baixa,
com a tendência do real se manter valorizado, já que a economia brasileira cresce bem acima da média
mundial, e a economia mundial fraca levando a preços de commodities reduzidos em relação aos níveis
pré-crise. Inequivocamente, aqueles que apostaram em uma alta preventiva da Selic já no fim desse ano,
ou na primeira reunião do Copom de 2010 erraram a mão.

O nível de atividade econômica no próximo ano será importante, mas não determinante da política
monetária no Brasil. Outros fatores exercerão maiores implicações, como é o caso da fragilidade fiscal
que se coloca no momento na expansão fiscal. A política fiscal que está sendo implementada no
momento não acarretará grandes custos em termos de endividamento público no curto prazo num
cenário de crescimento do PIB e juros reais baixos. Contudo, a expectativa de que há necessidade de um
ajuste fiscal no futuro próximo, inviabilizado em ano de eleição, põe o peso da política fiscal sobre a
política monetária. A expectativa de um maior déficit em transações correntes, exacerbado pela
expansão fiscal, também é administrável no curto e médio prazo, devido ao forte fluxo de investimentos
externos recebido pelo país, mas também gera riscos para o futuro.

Dúvidas sobre os efeitos do prolongamento da política fiscal além do necessário para os próximos anos
devem ser antecipadas, e o aumento da percepção de risco acarreta em maior dispersão das
expectativas para inflação a partir de 2011. Outra peça-chave para a condução da política monetária em
2010 é a evolução a economia internacional. Alguns países já estão retirando os estímulos anticíclicos
implementados durante a crise e começam a elevar suas taxas de juros. A reversão das políticas
monetárias expansionistas, sobretudo nos Estados Unidos, pode afetar a liquidez abundante de hoje.

As incertezas a respeito da estratégia do Banco Central na fixação da taxa Selic deverão manter os
prêmios das taxas de juros futuras elevados, desacelerando o crédito e a atividade ao longo do ano. As
dúvidas em relação à política monetária só serão dissipadas ao longo do próximo ano, quando estiver
menos indefinido o ambiente inflacionário a partir de 2011.

* Economista chefe da CNC e ex-diretor do Banco Central

18:05 - 02/01/2010

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