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Contexto
A Amazônia Legal com 5,2 milhões de km2 apresenta, atualmente, uma área
cumulativa desflorestada correspondente a 691.123 km2, o equivalente a
aproximadamente 17,2 % de toda floresta amazônica brasileira. Cerca de 80 % da área
desmatada tem sido utilizada com pastagens plantadas e acredita-se que metade
desta área esteja degradada e, em alguns casos, abandonada.
Vários fatores podem contribuir para a degradação de pastagem. Dentre os
principais, destacam-se: as práticas inadequadas, como superpastejo, manejo
ineficiente de plantas invasoras, uso abusivo do fogo, ausência de adubação, uso de
espécies forrageiras não adaptadas às condições ambientais e fatores bióticos como,
por exemplo, ataque de insetos-praga e doenças
Grande parte dos trabalhos de pesquisas em ecossistemas de pastagens
(degradadas ou não) menciona que após alguns anos de uso, ocorre melhora nas
propriedades químicas dos solos em relação ao solo sob floresta. Entretanto, ocorre a
degradação de propriedades físicas (aumento da densidade do solo, diminuição da
porosidade total e da taxa de infiltração de água, entre outros) e redução da
biodiversidade da fauna edáfica (cupins, minhocas, formigas etc.) em relação ao solo
sob floresta nativa.
O Acre com área territorial de aproximadamente 164.220 km2 apresenta cerca
de 11,7 % (19.200 km2) de sua área total desflorestada. Do total desmatado, em torno
de 81 % (13.352 km2, o equivalente a 1,3 milhões de hectares) são utilizados com
pastagens. E estima-se também que a metade esteja em algum estágio de degradação.
A espécie forrageira mais cultivada no estado é a Brachiaria brizantha cv. Marandu,
também conhecido como braquiarão ou brizanthão.
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Adaptado da Tese de Doutorado do autor deste artigo intitulada: Qualidade do solo em ecossistemas de
mata nativa e pastagens na região leste do Acre, Amazônia Ocidental, Viçosa, MG. 2008. 133p.
(Disponível para download em: http://www.tede.ufv.br/tedesimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1560)
Texto adaptado de: Araújo, Edson Alves. Qualidade do solo em ecossistemas de mata nativa e
pastagens na região leste do Acre, Amazônia Ocidental. Viçosa, MG, 2008. 253p.
A degradação de pastagem
Nos últimos anos a pecuária bovina no Acre vem tendo problemas decorrentes
da degradação das pastagens. Os principais tipos de degradação recorrentes no Estado
estão associados à infestação por invasoras (degradação agrícola), degradação de
propriedades do solo (físicas, químicas e biológicas), síndrome da morte do capim-
brizantão e ao uso constante do fogo na “renovação” das pastagens (Figura 1). Estes
problemas têm ocasionado muitos prejuízos aos pecuaristas, tanto com redução da
capacidade de suporte das pastagens e da produtividade animal, quanto com os
elevados custos envolvidos na recuperação e renovação das pastagens degradadas.
Observa-se, no entanto que não existe consenso com relação a esses termos,
incorrendo-se em erros no sentido de dizer que determinados ecossistemas de
pastagem estão degradados. Na realidade o emprego do termo pastagem degradada
pode ter vários significados e irá depender da abordagem. O termo degradação em
ecossistemas amazônicos tem sido utilizado nos contextos agrícola e ambiental.
A degradação agrícola refere-se à perda de produtividade econômica em
termos agrícola, pecuário ou florestal. A degradação ambiental envolve danos ou
perdas de populações de espécies animais ou vegetais, ou perda de funções críticas do
ecossistema como, por exemplo, modificações na quantidade de carbono armazenado,
quantidade de água transpirada e ciclagem de nutrientes.
Texto adaptado de: Araújo, Edson Alves. Qualidade do solo em ecossistemas de mata nativa e
pastagens na região leste do Acre, Amazônia Ocidental. Viçosa, MG, 2008. 253p.
Pastagem invadida por capim navalhão (Paspalum virgatum) no Processo avançado de degradação física e biológica em Pastagem
município de Tarauacá, AC. Ocorre em grande parte da região no município de Tarauacá, AC. Observa-se nitidamente a presença
leste do Acre. Planta daninha de difícil controle. de solo exposto (pelados) e processos erosivos na paisagem.
Pastagem ao longo da Transacreana (AC-090) ao mesmo tempo Área de pastagem invadida por taboca na região do município de
invadida por plantas daninhas e com sinais evidentes de síndrome Rio Branco, AC e submetida ao processo da queima.
de morte de pastagem.
Figura 1. Ilustração de alguns tipos de degradação de ecossistemas de pastagem cultivada que ocorrem
no Acre
Síndrome da morte do Solum raso, rachadura do solo, cores Densidade do solo, porosidade,
capim-braquiarão esbranquiçadas e acinzentadas do solo, condutividade hidráulica,
áreas de baixada, amarelecimento e seca potencial redox, proporção de silte
do capim, presença de invasoras maior que argila
adaptadas a solos encharcados,
selamento e encrostamento do solo
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Características quantitativas ou qualitativas do solo, planta ou ambiente acerca de um processo ou atividade e que
permitem caracterizar, avaliar e acompanhar as alterações ocorridas num dado ecossistema.
Texto adaptado de: Araújo, Edson Alves. Qualidade do solo em ecossistemas de mata nativa e
pastagens na região leste do Acre, Amazônia Ocidental. Viçosa, MG, 2008. 253p.
Pasto de B. humidicola
(verde mais intenso)
Figura 3. Alguns indicadores de campo que podem ajudar na identificação de áreas propensas a
degradação de ecossistemas de pastagem no Acre
Para avaliação da degradação agrícola das pastagens tem siso proposto como
indicador o percentual existente entre a proporção de gramínea forrageira em relação
à presença de plantas invasoras. Nesses casos, geralmente os níveis de degradação da
pastagem podem se enquadrados em quatro classes de condições ou níveis de
degradação (Quadro 3).
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Ecossistemas de pastagens da Amazônia Ocidental – Acre
Verifica-se que não existe consenso em relação aos intervalos referentes aos
níveis de degradação, nem em relação ao percentual de invasoras (Quadro 3). No
entanto, observa-se que o nível de degradação de ecossistemas de pastagens é
diretamente proporcional ao percentual de invasoras.
Evidentemente, estes critérios merecem alguns ajustes de campo em função do
tipo de gramínea forrageira e do ecossistema em estudo. No Acre, por exemplo,
algumas pastagens são implantadas simultaneamente ao semeio de leguminosas, tais
como a puerária (Pueraria phaseoloides) e o amendoim forrageiro (Arachis pintoi).
Texto adaptado de: Araújo, Edson Alves. Qualidade do solo em ecossistemas de mata nativa e
pastagens na região leste do Acre, Amazônia Ocidental. Viçosa, MG, 2008. 253p.
Quadro 4. Índice de degradação físico (IDSf), químico (IDSq) e total (IDSt) para duas
sucessões mata-pastagem, na região Leste do Acre
Mata Nativa
0,0 0,0 0,0
Considerações Finais