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Fabiana Vicentim
fazer casacos de pele por pura vaidade, outra questo muito profcua, mas que
no desenvolverei aqui. A falcia que tudo que ela faz e diz parece estar
errado por ser a vil, associando a parte pelo todo. Pois quando ela diz que
uma mulher que abandona o trabalho para se casar e ter filhos ruim, ns
vemos como "coisa de vil, de gente ruim". Que se ela no gosta, o correto
gostar de ter filhos e casar, nunca colocar a carreira na frente da famlia. Alis,
um embate ilusrio. No h que se colocar nada na frente de ningum. Uma
mulher ter carreira e se casar no est colocando o trabalho na frente da
famlia, mas no dilogo do filme parece que est, distorcendo esta ideia. Ou
ainda, o que me pareceu bastante acentuado, que a Cruella representa a vil
solteirona e mal amada, e talvez por consequncia disso seja vil, seja amarga,
pois pessoas que no se casam e no tm filhos so assim. O que me deixou
preocupada pensar que esses valores so repassados implcita ou
explicitamente. Fora outros clichs e esteretipos como a Anita ser uma mulher
to meiga e doce que chega a ser irritante, at a voz dela baixa, idealizando
a mulher perfeita por ser submissa. E o Roger, por ser homem, pode ser
brincalho e divertido, cair no lago, ficar todo sujo, etc... Quando eu era criana
no percebia isso, e comprei essas ideias por muito tempo. Hoje, com um
pouco mais de maturidade e instruo, percebi que, alm de serem valores
machistas, so questes pessoais que tentam nos moldar e muitas vezes
maltratam, pois casar no mrito, s uma escolha, ter filhos tambm, ou
ainda a mulher ter de escolher entre carreira e famlia como se a funo da
mulher fosse apenas ter filhos, com um destino predeterminado sem seu
consentimento. Cada um deveria saber o que melhor para si, mas quando
vivemos em uma sociedade em que se ditam regras, nos impomos agir
daquele jeito, mesmo quando no o nosso desejo, e se no conseguimos,
nos frustramos. Eu fiquei impressionada, para mim foi to bvio e destacado
tudo isso que fiquei pensando nas coisas que me escapam e eu aceito sem
refletir. O filme s um exemplo, talvez no seja para tanto mesmo, mas
quantos outros filmes, livros, novelas, culturas em geral nos dizem como viver e
nesse ingnuo sem perceber ns acatamos?