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Resumo
Este artigo pretende apresentar as funes ocultas da pena
privativa de liberdade atinente aos aspectos da pena enquanto retribuio e da
utilizao do tempo como forma de castigo. O objetivo mostrar que, muito
antes
da
incorporao
da
priso-instituio
ao
Direito
punitivo,
morte por
dente)
levaria
ao
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configurando a fbrica como crcere do trabalhador (SANTOS, 2005, p. 2223). Por estes motivos, crcere e fbrica esto em relao de dependncia
recproca, uma vez que, o crcere atua como fbrica de operrios, e, por outro
lado, a fbrica o ambiente que aprisiona o trabalhador.
esta a correlao entre priso e fbrica que, somada com as
funes de retribuio e de supresso de tempo do condenado, permite
explicar a utilizao macia, nos dias atuais, da pena privativa de liberdade.
A forma-priso constituiu-se no espao de realizao da privao de
liberdade enquanto pena, que transforma o tempo de liberdade em tempo de
pena, de castigo, com durao correspondente gravidade do delito
cometido. Decorre da a convenincia da priso, ou seja, sua transformao
em pena permitiu estabelecer resposta quase universal de punio em face da
grande variedade de crimes. Para tanto, retira-se tempo do preso como forma
de retribuir um mal ao mal praticado. Segue-se a isso que tanto a fbrica
como o crcere submetem o indivduo s combinaes de confinamentodisciplina-valorizao do tempo-retribuio que se constituem em ponto de
interseco, ou seja, em valores comuns priso e ao modelo fabril. Eis,
ento, a compatibilidade entre a priso-pena e os rumos traados pela
sociedade burguesa, chegando-se ao ponto de crcere e pena serem quase
considerados, hodiernamente, expresses sinnimas.
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Referncias
FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurdicas. Traduo Roberto
Machado. 3. ed. Rio de Janeiro: NAU Editora, 2005.
______. Vigiar e punir: nascimento da priso. Traduo Raquel Ramalhete.
26. ed. Petrpolis: Vozes, 2002.
GOIFMAN, Kiko. Sobre o tempo na priso. Discursos sediciosos. Crime,
direito e sociedade. Rio de Janeiro, ano 3, nmeros 5 e 6, 2 semestre de
1998.
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