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O documento discute a crise do racionalismo na arquitetura após a Segunda Guerra Mundial. A obra de Le Corbusier em Ronchamp é citada como exemplo de uma arquitetura mais poética e menos racional. Dois textos analisam essas mudanças e apontam para uma crise na arquitetura moderna.
O documento discute a crise do racionalismo na arquitetura após a Segunda Guerra Mundial. A obra de Le Corbusier em Ronchamp é citada como exemplo de uma arquitetura mais poética e menos racional. Dois textos analisam essas mudanças e apontam para uma crise na arquitetura moderna.
O documento discute a crise do racionalismo na arquitetura após a Segunda Guerra Mundial. A obra de Le Corbusier em Ronchamp é citada como exemplo de uma arquitetura mais poética e menos racional. Dois textos analisam essas mudanças e apontam para uma crise na arquitetura moderna.
RESENHA 01. STIRLING, James, Ronchamp, a capela de Le Corbusier e a crise do racionalismo. 1956. ROGERS, Ernesto N. A arquitetura moderna desde a gerao dos mestres. Porto: CIAM, 1960 ALESSANDRA VITTI BRUSANTIN
O perodo ps II Guerra Mundial traz para a arquitetura a crise que perpassa
outras artes, bem como toda a intelectualidade da poca: um sentimento de decepo com as antigas ideologias, princpios e utopias. At mesmo os chamados grandes mestres da arquitetura moderna, ainda em atuao, acabam por expressar mudanas em sua obra, deixando de lado um pouco da forte expresso racionalista e purista. Segundo Stirling, a arquitetura desse perodo tem diferentes expresses na Europa e na Amrica. Nesta, a explorao de materiais e o desenvolvimento tecnicista ainda constitui o vocabulrio arquitetural. Na Europa, o movimento parece inverso: com certa perda de direo da pintura moderna, bem como o menosprezo ideia de progresso pessoal, os arquitetos passam a voltar-se mais para a arte popular e arquitetura tradicional, regional, para ampliar seu repertrio. O texto importante para concebermos como tais mudanas aparecem na obra de Le Corbusier, em especfico, a Capela de Ronchamp. O autor compara a capela a formaes artificiais de elementos naturais Stonehenge, dlmenes. E no poderiam ser essas as primeiras expresses arquitetnicas (ou poticas) na humanidade? Passando ponto a ponto pelos aspectos construtivos, implantao e acabamento do edifcio, onde cada elemento quase que por acaso desempenha uma funo, porm sem expressar a dureza do racionalismo, o texto mostra a capela de Ronchamp como uma obra que pura expresso de poesia, uma grande mudana na noo racionalista que antes exclua o carter singular da arquitetura em troca de propor um espao sem hierarquia. Em 1956, Stirling aponta algo que ser intensamente debatido no texto posterior de Rogers, de 1960: uma mudana de concepo na arquitetura moderna. Comparando com o Maneirismo renascentista, faz a crtica: Certamente, as formas que foram desenvolvidas a partir da fundamentao e ideologias iniciais do movimento modernista esto a sofrer do efeito Maneirista e a ser alteradas para uma imperfeio consciente. Rogers faz crtica semelhante no texto do CIAM de 1960, reforando a noo de uma arquitetura moderna em crise. Com certo grau de pessimismo e de esperana ao mesmo tempo, Rogers clama por uma nova postura na arquitetura: uma continuidade luta iniciada pelos grandes arquitetos modernos, pelos quais tem grande admirao: Frank Lloyd Wright, Walter Gropius, Mies van der Rohe e Le Corbusier.
IAU 727 ARQUITETURA E URBANISMO CONTEMPORNEOS I
Apesar de primeira vista evidenciarmos suas diferenas, esses quatro nomes
tem grande coisa em comum: colocam em sua arte todas as suas aspiraes sociais, morais e polticas. Para o autor, sua principal contribuio a fuso de problemas estticos e ticos em seus trabalhos. (...) nunca distinguem os problemas de firma dos de contedo. Citando o que os mestres modernos na verdade devem sua luz a outras estrelas Van de Velde, Sullivan e Perret - Rogers parece querer instigar que eles tambm tiveram suas inspiraes, absorveram-na e se renovaram. E pede o mesmo aos novos arquitetos dos anos 1960: tendo os quatro mestres modernos como guia, que tracem seu prprio caminho. O autor faz a diferenciao desses quatro nomes, cada um com sua caracterstica mais evidente, moderna, e em comparao a outros grandes mestres das artes, expressando certa nostalgia pelos clssicos, colocando estes mestres modernos em um mesmo pedestal. Para ele, Gropius o realismo; a simpatia pelo ensino, pelo progresso, como melhoramento da humanidade; Alberti. Van der Rohe o pensamento construtivo, a pureza e a elegncia; Brunelleschi. Wright e Corbusier so os idealistas, seus projetos e palavras pensam para uma humanidade perfeita. Wright a expresso da liberdade individual. Corbusier Michelangello. Ainda tendo em vista a obra dos grandes mestres modernos como referncia, Rogers parece clamar por uma nova expresso de seu tempo, que fuja da mera reproduo de formalismos isso uma ameaa arquitetura moderna e resgate a potica, o contedo da arquitetura, como faz Le Corbusier, excepcionalmente, na capela de Ronchamp objeto de anlise do texto de Stirling. Segundo o autor, arquitetura a representao do tempo no espao. Deste ponto de vista, esclarece-se a dificuldade de uma expresso em uma poca de contradies, que o momento ps II Guerra Mundial. O autor termina ainda trazendo para sua gerao a responsabilidade pela manuteno da arquitetura moderna: Teremos administrado bem a herana dos nossos mestres e enriquecido o significado da sua mensagem, se tivermos dado nossa cultura arquitetnica uma estrutura duma sempre crescente atualidade, se tivermos explorado mais cabalmente numa mo o sentido da tradio, e na outra o significado do futuro, se tivermos purificado em particular, as perspectivas do presente para maior vantagem dos nossos contemporneos. O tratamento to valorizado herana moderna um tanto estranho, uma vez que o modernismo em seu cerne um movimento de vanguarda, de negao das tradies. O autor acaba por cair mais em um sentimento nostlgico, mesmo tendo em vista essa perspectiva de futuro. Porm, em uma poca que mal se conhece o presente, torna-se difcil falar em futuro.