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O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Ver:

- CUNHA, Paulo Ferreira da Cunha – Direito Constitucional


Anotado, Lisboa, Quid Juris, 2008, p. 429-443

- Constituição da República Portuguesa, Parte III, Título II –


Presidente da República, artigos 120º a 140º

1. Sentido e Definição
1.1. O Órgão Presidente da República
- Necessidade de separar a pessoa (titular do
cargo) da função (Presidente da República);
- Órgão singular, que constitui a componente
“monárquica” da governação (órgão unipessoal e
não presta contas a ninguém);
- Acção limitada pela Constituição e pela Lei, e
logo por outros poderes;
- Alto representante da República Portuguesa,
garante da independência nacional – garantia
“simbólica” – e figura simbólica de unidade e de
congregação dos Portugueses (ver art. 120º da
CRP);
- Mais alto magistrado da República não
executivo;
- Em tempos de crise, não é sobre o Presidente
da República que recaem as queixas e
reclamações dos portugueses, é sobre o Governo;
- Entidade supra-partidária, marcada pela
moderação, imparcialidade e independência, o
que não implica que não tenha filiação partidária;
- Presidente de “todos os portugueses”, não
apenas da facção que nele votou;
- Projecto político do Presidente da República –
Constituição;
- Juro por minha honra desempenhar fielmente as
funções em que fico investido e defender,
cumprir e fazer cumprir a Constituição da
República Portuguesa (Art. 127.º, 3);
1.2. O Órgão Presidente da República
- Art. 122º (elegibilidade): cidadão português de
origem (ius sanguinis e ius soli), maior de 35
anos;
- Eleito por sufrágio universal, directo e secreto
dos eleitores com cidadania portuguesa
recenseados no território nacional (de origem ou
naturalizados) e dos cidadãos portugueses a
residir no estrangeiro que mantenham laços de
efectiva ligação à comunidade nacional (art.
121º);
- Princípio da renovação do cargo – um mandato
de 5 anos (art. 128º, 1), com possibilidade de
eleição para um segundo mandato;
- Impossibilidade de reeleição para um terceiro
mandato consecutivo, nem durante o quinquénio
imediatamente subsequente ao termo do
segundo mandato consecutivo (art. 123.º, 1). E se
o PR renunciar ao cargo, não poderá candidatar-
se nas eleições imediatas nem nas que se
realizem no quinquénio imediatamente
subsequente à renúncia (art. 123.º, 2);
- Candidaturas apresentadas por um mínimo de
7500 e máximo de 15000 assinaturas de
cidadãos eleitores até 30 dias antes da data
marcada para a eleição, no Tribunal
Constitucional (art. 124º);
- É eleito PR o candidato que obtiver mais de
metade dos votos validamente expressos (50% +
1), não se considerando os votos em branco.
Caso não haja maioria absoluta, é disputada uma
segunda volta com os dois candidatos mais
votados e que não tenham desistido (art. 126º) –
recordar eleições presidenciais de 1986 (com
Diogo Freitas do Amaral e Mário Soares);
- O PR pode renunciar ao mandato em mensagem
dirigida à AR. A renúncia torna-se efectiva com o
conhecimento da mensagem pela AR, sem
prejuízo de publicação ulterior no Diário da
República (art. 131º).

1. Competência
2.1. Competências próprias do PR (art. 134º da
CRP)
a) Comandante Supremo das Forças Armadas –
primeiro lugar da hierarquia das Forças
Armadas (comando simbólico). É o PR que
declara a guerra, em caso de agressão efectiva
ou iminente, e faz a paz (art. 135º);
b) Promulga (art. 136º - promulgação e veto (em
caso de veto, exige-se mensagem
fundamentada) 137º - falta de promulgação do
PR e 140º - referenda ministerial do Governo) e
manda publicar (no Diário da República) leis,
decretos-leis e decretos regulamentares,
assina resoluções da Assembleia que aprovem
acordos internacionais;
O veto político é absoluto (obrigação de
abandonar o diploma ou introduzir alterações
no sentido proposto pelo PR), no caso de
diplomas do Governo, mas relativo, no caso
de diplomas da AR (a AR pode ultrapassar o
veto político e obrigar o PR, num prazo de oito
dias, a promulgar o diploma, sem alterações,
se conseguir reaprová-lo com maioria absoluta
ou, no caso de diplomas mais importantes –
leis orgânicas, outras leis eleitorais, diplomas
relativos a relações externas –, 2/3 dos
deputados) – art. 136º, 2 e 3;
c) Submete a referendo questões de relevante
interesse nacional, requerendo ao Tribunal
Constitucional a fiscalização preventiva da sua
constitucionalidade e legalidade (p.e.
casamento homossexual);
d) Declara (decreta) o estado de sítio ou o estado
de emergência (estados de excepção), ouvido
o Governo e após autorização decisiva da AR
(ou da Comissão Permanente – art. 179º,
confirmada logo que possível pela AR);
e) Pronuncia-se sobre emergências graves para
a vida da República (ex: Estatuto Político-
Administrativo da RA Açores) – solicita-se
contenção ao quarto poder: Com. Social;
f) Indultar e comutar penas, ouvido o Governo
(por época do Natal, sobre indivíduos com
penas leves, que revelem arrependimento e
bom comportamento);
g) Requerer ao Trib. Const. a fiscalização
preventiva da constitucionalidade de leis,
decretos-leis e convenções internacionais. Se o
Trib. Const. vier a concluir no sentido da
confirmação da inconstitucionalidade, o
Presidente está impedido de promulgar o
diploma e tê-lo-á de devolver à AR (órgão que
o aprovou, para nova discussão e votação);
h) Requerer ao Tribunal Constitucional a
declaração de inconstitucionalidade de normas
jurídicas (fiscalização sucessiva abstracta),
bem como a verificação de
inconstitucionalidade por omissão (ou seja, do
não cumprimento da Constituição por medida
legislativa necessária para tornar exequível
certa norma constitucional – inércia)
i) Conferir condecorações e exercer funções de
grão-mestre das ordens honoríficas (10 de
Junho; Ordem do Infante D. Henrique, Ordem
da Liberdade …);

2.1. Competências do PR quanto a outros órgãos


(art. 133º da CRP)
a) Presidir ao Conselho de Estado (art. 141º e
142º) – órgão consultivo do PR, constituído por
Presidente da AR, 1.º ministro, Pres. Trib.
Const., Provedor de Justiça, presidentes dos
Gov. Reg., antigos PR desde 1976, cinco
cidadãos designados pelo PR, cinco cidadãos
eleitos pela AR, de acordo com o princípio da
representação proporcional;
b) Marcar o dia das eleições do PR, dos
Deputados à Ar, dos Deputados ao PE e dos
deputados das Ass. Leg. das R.A.;
c) Convocar extraordinariamente a AR;
d) Dirigir mensagens à AR e às Assembleias
Legislativas da A.R.;
e) Dissolver a AR, ouvidos os partidos nela
representados e o Conselho de Estado (em
caso de debilidade política das forças da
maioria dominante – perda da auctoritas da
maioria, solução para uma crise ou um
impasse governativo e parlamentar)
a. A AR não pode ser dissolvida nos seis
meses ulteriores à eleição do PR ou
durante a vigência dos estados de
excepção (art. 172º).
f) Nomear o primeiro-ministro, ouvidos os
partidos representados na AR (com deputados
recém-eleitos) e atendendo aos resultados
eleitorais (art. 187º) – não implica nomeação
do cabeça-de-lista do partido mais votado
(recordar caso Durão Barroso, com sufrágio
indirecto legislativo);
g) Demitir o Governo (apenas se necessário para
assegurar o regular funcionamento das
instituições democráticas, falta de potestas do
Governo, debilidade governativa – art. 195º, 2,
ou seja não o pode fazer simplesmente por
falta de confiança política) e exonerar o
Primeiro-Ministro (art. 186º, 4), no mesmo dia
em que ocorre a nomeação do novo primeiro-
ministro;
h) Nomear e exonerar os membros do Governo,
sob proposta do Primeiro-Ministro;
i) Presidir ao Conselho de Ministros, quando o PM
o solicitar;
j) Dissolver as Assembleias Legislativas das RA
ouvido o Conselho de Estado;
l) Nomear e exonerar, sob proposta do Governo,
os Representantes da República nas RA;
m)Nomear e exonerar, sob proposta do Governo,
o presidente do Tribunal de Contas e do PGR;
n) Nomear cinco membros do Conselho de Estado
e dois vogais do Conselho Superior de
Magistratura;
o) Presidir ao Conselho Superior de Defesa
Nacional;
p) Nomear e exonerar, sob proposta do Governo,
o Chefe do Estado-Maior-General das Forças
Armadas, o Vice-Chefe do Estado-Maior-
General das Forças Armadas, quando exista, e
os Chefes de Estado-Maior dos três ramos das
Forças Armadas, ouvido, nestes dois últimos
casos, o Chefe do Estado-Maior-General das
Forças Armadas.
2.1. Competências do PR nas relações
internacionais (art. 135º da CRP)
a) Nomear os embaixadores e os enviados
extraordinários sob proposta do Governo, e
acreditar os representantes diplomáticos
estrangeiros;
b) Ratificar os tratados internacionais, depois de
aprovados na AR;
c) Declarar a guerra em caso de agressão
efectiva ou iminente e fazer a paz (nas
condições anteriormente descritas).

1. Relação entre Presidente da República e


Parlamento

Sugestão de Leitura:

- O Presidente da República e o Parlamento: o


Procedimento Legislativo

(Edição conjunta da Presidência da República e da


Assembleia da República e impressão da Imprensa
Nacional – Casa da Moeda, S.A., de 2004)

3.1. Estudo de Caso (Lei orgânica n.º5/2001, de 14


de Novembro – ver art. 166º, 2 e, posteriormente, art.
164º, d))

- Maioria e oposição com 115 deputados;

- Lei da Programação Militar (2001), aprovada com o


voto favorável dos Deputados do Partido Socialista e
do Partido Popular (116 deputados – maioria absoluta
constitucionalmente exigida – art. 165º, 5, conforme
descrito no Diário da AR) em sessão de Plenário da AR,
realizado em Setembro de 2001;

- Surgem dúvidas na imprensa acerca da presença, na


altura da votação, do número de deputados
constitucionalmente exigido. De qualquer modo,
nenhum grupo parlamentar suscitou a fiscalização
preventiva da constitucionalidade da Lei junto do Trib.
Const (art. 278, n.º4);

- Decorrido o prazo de oito dias para requerer a


apreciação preventiva da constitucionalidade (art. 278,
n.º3), surgiu na comunicação social a revelação de um
vídeo parlamentar através de cujas imagens se
comprovaria a inexistência de uma maioria absoluta
de Deputados votantes a favor do diploma. Colocava-
se ao PR a opção entre promulgar ou vetar a lei;

- Apuramento dos votos, por concordância de todos os


grupos parlamentares, através do qual era suficiente a
declaração de aprovação ou não aprovação
pronunciada pela Mesa, a quem competia
posteriormente anunciar a distribuição partidária dos
votos. Só era realizada a contagem dos votos, após
solicitação de um deputado. Se não houvesse
contagem ou votos divergentes dentro de um grupo
parlamentar, não se fazia quaisquer referências ao n.º
de votos obtidos nem ao n.º de Deputados que
participaram na votação;

- O PR, numa ordem constitucional democrática com


separação de poderes, não deve, sob pena de colocar
em causa o bom relacionamento institucional (o
mesmo sucede com o Governo), pôr em causa, com
base em notícias da Com. Social, as informações
oficiais que lhe são transmitidas pelo Presidente da AR
nem o Diário da AR que, nos termos regimentais,
depois de aprovado, «constitui expressão autêntica do
ocorrido na reunião a que respeitar»;

- O tipo de poderes de que dispõe o PR pouco tem que


ver, assim, com a clássica tripartição de poderes
(executivo, legislativo, judicial). Aproxima-se muito
mais de um poder moderador.

- PR solicita aos mais reputados e eminentes


constitucionalistas portugueses – Dr. Diogo Freitas do
Amaral, Prof. Dr. Joaquim José Gomes Canotilho, Dr.
Miguel Galvão Teles e Dr. José Carlos Vieira de
Andrade, pareceres sobre esta questão. Estes
pareceres devem constituir objecto de reflexão para o
futuro, na tentativa de aperfeiçoamento do nosso
sistema político.

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