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PRÁTICAS NO APOIO AO

LUTO:
MINDFULNESS

Sónia Gregório

IV Colóquio da APELO
30 de Outubro de 2009
A Meditação

• Há milhares de anos
que se realizamClique para editar os estilo
Segundo nível
práticas de Terceiro nível

Quarto nível
meditação no Quinto nível

Oriente, só muito
recentemente
adoptadas pelos
ocidentais.

• A meditação
O que é que o Mindfulness
tem a ver com a Meditação?
 A meditação que pode ser, simultaneamente, um
processo e um estado baseia-se na auto-regulação
intencional da atenção.
(Baer,2003)

 Conceptualiza-se em dois tipos distintos, amplamente


investigados:
- a Meditação de Concentração - de efeito
apaziguador e calmante na mente, que treina a
capacidade atencional da nossa mente.
- a Meditação Mindfulness ou de Consciência –
tendencialmente activa, proporciona um maior
conhecimento da natureza da nossa experiência
consciente e de experiências que habitualmente os
indivíduos não reconhecem.
(Brown & Ryan, 2004; Ivanovski & Malhi, 2007)
A Meditação Mindfulness
 A mente perde-se frequentemente em pensamentos,
imagens ou emoções. Nesta forma de meditação não é
fundamental usar o poder da atenção para suprimir ou
evitar esses eventos mentais.
(Brown & Ryan, 2004)
 Pelo contrário, impõe-se a constante observação de
alterações nos estímulos internos e externos.
(Baer,2003)
 A menor necessidade de um objecto para focar a
atenção, serve para potenciar o conhecimento
consciente (awareness) das permanentes alterações
nos eventos da mente.
(Brown & Ryan, 2004)
 Requer a expansão da atenção, sem julgar ou reagir,
de modo a permitir que o indivíduo se torne mais
consciente da própria experiência sensorial,
mental e emocional.
(Ivanovski & Malhi, 2007)
Quais as Raízes Históricas
do Mindfulness?
Clique para editar os estilos
Segundo nível
● Terceiro nível
● Quarto nível
● Quinto nível

 O Mindfulness baseia-se na filosofia Budista.


 No entanto, não é uma religião e, para a prática
de Mindfulness, não é necessário partilhar das
crenças religiosas budistas.
O Mindfulness e o Budismo
Clique para editar os estilos  O Mindfulness é usualmente
Segundo nível designado como “o
● Terceiro nível coração” da Meditação
● Quarto nível
● Quinto nível Budista e consiste no
núcleo dos ensinamentos do
Buddha: uma visão
compreensiva da natureza
humana.
(Kabat-Zinn, 2003)

 Ocupa um papel central


num sistema que foi
desenvolvido como um
“caminho” para a cessação
do sofrimento pessoal.
(Bishop et al., 2004)
Mas afinal o que é o
Mindfulness?

“O Mindfulness é uma actividade que pode


ser descrita usando palavras, mas não pode
ser inteiramente capturado pelas
palavras, dado que é um processo subtil que
invoca experiências não verbais”.
(Ivanovski & Malhi, p.77,2007)
O que nos diz a Definição?
 Enquanto nome, não há uma tradução exacta para
português que traduza a verdadeira essência do
Mindfulness.

 Decompondo o termo original que vem do termo Sati


que, por sua vez, significa mindful e awareness:
- Mind  mente: totalidade dos processos e actividades
mentais.
- Ful  sufixo que indica “completamente preenchida”.
- Ness  sufixo que denota qualidade e estado.

 Enquanto adjectivo, “estar mindful” significa então


“estar atento” ou “estar consciente”.
(Dictionary.com)
Como é definido
pelos seus Investigadores?
• É a consciência do conhecimento que emerge
ao prestar atenção com propósito, no
momento presente, momento a momento,
sem realizar qualquer juízo valorativo sobre a
experiência.
(Kabat-Zinn, 2003)

 Qualquer fenómeno (percepções, cognições,


emoções ou sensações) que surgir na
consciência, durante a prática de Mindfulness, é
observado cuidadosamente, sem se efectuar
qualquer julgamento.
(Marlatt & Kristeller, in Baer, 2003).
• Os pensamentos, as percepções, as emoções
e as sensações devem ser observados como
eventos da mente, sem que o individuo se
identifique com eles ou lhes reaja com o padrão
automático e habitual de resposta que, geralmente,
se lhes associa.

 Ao proporcionar a criação de um “espaço” entre a


percepção de um fenómeno e a resposta ao
mesmo, “o Mindfulness permite que se responda
às situações mais reflectidamente (em
oposição a reflexivamente)” .
(Bishop et al., p. 232, 2004)

 As pessoas passam a maior parte do tempo a resistir,


afastar ou evitar determinadas experiências, não
percebendo as alternativas de resposta que
existem.
Como podemos então
defini-lo?
A maioria de nós passa a maior parte do tempo focados no
passado ou no futuro, prestando pouca atenção ao que
acontece no presente e sem consciência de grande parte da
experiência e da vivência do momento presente.

Assim, o Mindfulness é a prática de prestar atenção ao


que acontece no presente, despender mais tempo
connosco e com o que nos rodeia.

Mais do que a alterar, trata-se de aceitar a nossa


experiência, assumindo a sua vertente positiva ou negativa.
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Hei! Espera lá um minuto!


Isto é relva!
Nós temos andado a comer relva!!!
O Mindfulness enquanto Traço
• Enquanto vertente disposicional/ traço de
personalidade, o Mindfulness está relacionado com a
extensão em que os indivíduos se mostram mindful no
quotidiano.
(Kabat-Zinn, 2003)

• É uma capacidade natural do organismo humano


que implica diferentes consequências ao nível da auto-
regulação e do bem-estar psicológico, em função de
diferenças inatas entre os indivíduos .
(Brown & Ryan, 2003; 2004)

• O conceito de “prática de Mindfulness” traduz então um


modo de ser, que pode ser melhor desenvolvido por
determinados métodos e técnicas.
(Kabat-Zinn, 2003)
O Mindfulness enquanto
Competência
• É um processo que não se desenvolve nem se mantém
ao longo do tempo, sem que exista uma prática
intencional e sem que esta orientação interna seja
cultivada.
(Borkovec, 2002)
• O Mindfulness desenvolve-se e aprofunda-se ao
longo do tempo, mas requer um compromisso
contínuo relativamente à sua prática, em cada um, de
todos os momentos.

• O compromisso pode assumir diversas formas, desde um


conjunto de práticas formais, cumpridas regularmente,
a práticas informais, nas actividades do quotidiano.
(Kabat-Zinn, 2003)
Como se Desenvolve?
 Muitos de nós têm uma tendência para a ruminação, a
preocupação, a divagação, o evitamento, entre outros…
Então, a plena consciência do momento presente
(mindfulness) é algo que precisamos de cultivar
intencionalmente.

 No que se refere à constituição de um «hábito de


mindfulness", programar uma hora, quer para práticas
formais ou informais (como quando a andar a pé ou a
lavar os pratos) é uma ferramenta valiosa para viver
mindfully.

 O Mindfulness pode ser reforçado através da prática,


através da meditação: prestar atenção através de
todos os nossos sentidos, para viver as coisas como elas
realmente são.
Como se Pratica Mindfulness?
Mindfulness do corpo: estar atento ao que acontece com o nosso
corpo e às sensações corporais no momento presente. É estar
presente no corpo e na respiração de um modo formal (ex. body scan)
ou informal (ex. a caminhar).
Mindfulness dos sentimentos: não das emoções, é estar presente
relativamente a sentimentos físicos ou mentais agradáveis,
desagradáveis ou neutros (quando estamos mindlessness).
Mindfulness da mente: estar mindful com a qualidade do estado da
mente, das emoções e dos pensamentos que temos.
Mindfulness dos fenómenos ou eventos mentais: do conteúdo
dos nossos pensamentos, estar mindful de como a nossa mente liga
um pensamento a outro, e depois a outro, e depois a outro...Estar
mindfulness deste processo.
(Thubten Chodron,1994)
Como se Pratica o Mindfulness?

 Prestando atenção ao momento presente.


 Desenvolvendo uma postura de curiosidade e uma
atitude de observação e descrição da experiência
interna: pensamentos, emoções, sensações.
 Permitir que os eventos mentais apareçam e
desapareçam livremente da nossa mente.
 Notar quando a mente vagueia, identificar “por onde
andou”, o que nos perdemos a pensar.
 Retornar a atenção ao momento presente, tantas
vezes quantas as necessárias.
Mindfulness versus
Mindlessness
 Se estar mindfulness é estar
Clique para editar os e
completamente presente, se Segundo não nível
estamos mindfulness, estamosTerceiro nível

mindlessness: estamos a viver a vidaQuarto nível


Quinto nível

em “piloto automático”, a responder


às nossas experiências de modo
condicionado, inconsciente, através de
hábitos e rotinas.

 De certa forma, é como “passar pela


vida a dormir” ou “viver
parcialmente acordado”: olhar sem
realmente ver, ouvir sem escutar
verdadeiramente, comer sem saborear,
perder o cheiro da terra molhada
Mindfulness: o que Não é
 Não é uma tarefa cognitiva orientada para
objectivos.
(Baer, 2003)
 Não implica quaisquer expectativas de
resultados.
(Stanley et al., 2006)
 Não se reduz aos eventos da mente que
pretende observar.
(Brown & Ryan, 2004)
 Não se desenvolve nem se mantém ao
longo do tempo sem que exista uma prática
intencional.
 Não se limita a um conjunto de técnicas
inovadoras, nem a exercícios cognitivo-
O Mindfulness
e as Terapias de 3ª
Geração
Na última década surgiram novos modelos de tratamento que
colocam a ênfase na função das cognições, emoções e sensações
problemáticas, ao invés do conteúdo, forma ou frequência das
mesmas.
(Hayes & Strosahl, 2004)

Instalou-se a terceira vaga da terapia comportamental, que


transporta consigo a tradição da terapia comportamental mas
abandona o compromisso absoluto com as mudanças de primeira
ordem, ao adoptar assumpções mais contextualistas e estratégias de
mudança mais experienciais e indirectas e alargar o alvo da mudança.
(Hayes, 2004)
As Terapias e o Mindfulness

As abordagens baseadas no Mindfulness aplicam-se


actualmente a um vasto conjunto de populações, desde
aquelas que se reportam a perturbações mentais ou
problemas médicos, a pessoas que procuram a redução do
stress e a promoção do bem-estar.
(Baer & Krietemeyer, 2006)

Actualmente, existem programas de intervenção


baseados no Mindfulness a serem implementados em
hospitais, clínicas, escolas, locais de trabalho, prisões, centros
comunitários, entre outros sítios, no mundo inteiro
(Kabat-Zinn, 2003).
A Aplicação Clínica do
Mindfulness
Muitas pessoas começam a praticar Mindfulness por causa de
stress, ansiedade, por algum tipo de dor ou por causa da
insatisfação com algum aspecto de suas vidas, procurando que
os mesmos possam ser “corrigidos”.
Mas o Mindfulness serve para qualquer pessoa que queira
desenvolver esta competência de consciência do momento
presente e, consequentemente, melhorar a sua saúde e bem-
estar.
Assim, não é apenas útil às pessoas com problemas de saúde
específicos, podendo igualmente ser praticado por qualquer
pessoa que queira melhorar a sua qualidade de vida e
aumentar a sua habilidade de viver a vida em pleno.
Os Dados da Investigação
 As intervenções de Mindfulness podem
conduzir à redução de uma variedade de
condições problemáticas, nomeadamente:

- dor crónica e outras doenças ou sintomas


médicos (ex. Fibromialgia, Psoríase,
Perturbação do sono);

- sintomas psicológicos gerais (stress,


ansiedade) e perturbações mentais do Eixo I
do DSM-IV (Perturbação de Pânico, Perturbação
de Ansiedade Generalizada, Perturbações
Alimentares, Perturbação Depressiva Major);
Os Dados da
Investigação:
um Exemplo
Richard Davidson, Director do
Laboratório Affective Clique para editar os estilos
Neuroscience, da Segundo nível
Universidade de Harvard, ● Terceiro nível
descobriu no âmbito de uma ● Quarto nível

das suas investigações que a ● Quinto nível

prática regular de
Mindfulness, durante somente
oito semanas, aumenta
significativamente o
funcionamento do nosso
sistema imunitário, bem como
a actividade do nosso
hemisfério esquerdo,
associado a maiores níveis de
felicidade.
“Nenhum de nós Clique para editar os estilos
chegará a morrer Segundo nível
● Terceiro nível
sem perder ● Quarto nível
● Quinto nível

algo ou alguém
com quem mantinha
uma ligação
importante”

Sameet Kumar
O Sofrimento

A felicidade para qualquer animal é linear: abrigo,


comida, bebida, calor …
Já os seres humanos têm todas as coisas que os
animais não verbais necessitariam para ser felizes e,
mesmo assim, não o são.
Nem quando conseguem reunir externamente uma
série de condições favoráveis se consegue impedir
que um ser humano não sofra terrivelmente.
A espécie humana é sofredora mas os modelos
psicológicos e psicopatológicos raramente têm em
conta este facto…
(Hayes & Strosahl, 2004)
A Morte
Os nossos corpos aparecem e desaparecem. Nesta passagem,
desaparecem com eles os detalhes da vida de cada individuo…
Mas a vida continua sempre: achamos que estamos no comando da
nossa vida, mas são os nossos genes que a comandam...
Morremos um pouco cada dia, como crescemos um pouco cada dia,
a cada inspiração e expiração. Estamos a morrer desde o início das
nossas vidas…
Se estivermos mindful podemos continuar a crescer, dando
significado ao que já somos e sabendo que nada há a procurar no
futuro, nada melhora porque tudo está no aqui e agora.
Sabendo isto, podemos escolher viver numa rotina automatizada
de medos e ambições ou olhar para a verdadeira natureza das
coisas e de nós mesmos e assim estar mindfulness com os
momentos da vida.
(Kabat-Zinn, 2005)
O Mindfulness, a Morte e o Luto
Uma das formas mais comuns de infelicidade é a que resulta da perda e
do processo de luto.
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a tristeza pode não
desaparecer com a passagem do tempo e os efeitos de uma perda
significativa podem ser devastadores.
De acordo com Kumar (2005):
- A tristeza que advém da perda deve ser aceite dado que é um sinal de
que se perdeu um objecto de amor.
- Ao aceitar a tristeza podemos tornar-nos mais mindful na nossa vida.
- Estar mindful da nossa tristeza é já estar a cuidar de nós mesmos ao
reconhecermos que estamos em luto.
- O Mindfulness assume-se assim como uma estratégia de coping para
aprender a viver com a tristeza da perda.
O Mindfulness é a arte de estar presente.
momento a momento, aceitando-o…
Pois o presente existe e é o que temos.

O Mindfulness não é difícil nem complexo… Lembrarmo-


nos de estar mindfulness no nosso quotidiano é o grande
desafio!
Bibliografia
Baer, R. (2003). Mindfulness training as a clinical intervention: a
conceptual and empirical review. Clinical Psychology: Science
and Practice. 10(2): 125-143.
Bishop, S., Lau, M., Shapiro, S., Carlson, L., Anderson, N.,
Carmody, J., Segal, Z., Abbey, S., Speca, M., Velting, D. &
Devins, G. (2004). Mindfulness: a proposed operational
definition. Clinical Psychology: Science and Practice. 11(3): 230-
241.
Brown, K. & Ryan, R. (2004). Perils and promise in defining and
measuring mindfulness: observations from experience. Clinical
Psychology: Science and Practice. 11(3): 242-248.
Hayes, S. & Strosahl, K. (2004). A Practical Guide to Acceptance and
Commitment Therapy. New York: Springer Science.
Ivanovski, B. & Malhi, G. (2007). The psychological and
neurophysiological concomitants of mindfulness forms of
meditation. Acta Neuropsychiatrica, 19, 76-91.
Kabat-Zinn, J. (2003). Mindfulness-based Interventions in
context: past, present, and future. Clinical Psychology: Science
and Practice. 10(2): 144-156.
Kabat-Zinn, J. (2005). Coming to our senses. Healing ourselves
and the world through mindfulness. London: Piatkus Books Ltd.

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