Acadêmica de Nutrição da FSP-USP, estagiária curricular em marketing da NUTROCIÊNCIA ASSESSORIA EM NUTROLOGIA
A semente linhaça é oval e achatada, ligeiramente maior que a semente
de gergelim e com uma coloração marrom que pode variar do avermelhado ao amarelado. É uma semente oleaginosa, proveniente da planta do linho (Linum usitatissimim L.), inicialmente destinada à indústria para fabricação de óleo a ser usado em pinturas e como purgativo para ovelhas e cavalos. Muito utilizada hoje em dia na alimentação humana, ela está presente em pães, bolos, biscoitos, tortas, vitaminas e molhos, sendo cada vez mais criadas novas receitas que se beneficiem de suas propriedades. As suas características nutricionais permitem a atribuição de alimento funcional à linhaça, ou seja, além das funções nutricionais, o seu consumo pode produzir efeitos benéficos à saúde. Essas características colocam a linhaça como um potencial diminuidor dos riscos de doenças cardiovasculares e de alguns cânceres. A linhaça contém de 30 a 40% de gordura, de 20 a 25% de proteína e de 20 a 28% de fibra em sua composição. São as principais fontes vegetais dos ácidos graxos conhecidos como ômega 3, constituindo cerca de 50% do total de gordura encontrado na semente. A proteína presente na linhaça é semelhante à da soja, caracterizando-a como uma proteína completa. Já as fibras alimentares encontradas apresentam uma boa proporção entre a fibra solúvel e a insolúvel, auxiliando, portanto, tanto na diminuição do colesterol como no bom funcionamento do intestino. A linhaça é também rica em lignana, com 75 a 800 vezes mais do que qualquer outro alimento. As lignanas são compostos fenólicos que se assemelham ao estrogênio, podendo, portanto, melhorar os sintomas da menopausa, uma vez que as mulheres nessa fase da vida possuem níveis reduzidos deste hormônio. Podem também inibir o crescimento de tumores que respondem a alterações hormonais. Estudos relacionaram o efeito anticancerígeno em animais suplementados com linhaça, atribuindo também esses resultados às fibras e à composição lipídica. Os tipos de cânceres estudados que apresentaram benefícios foram os de mama e de cólon, entretanto, um estudo observou diminuição de proliferação celular em câncer de próstata através de uma ação hormonal. A redução dos riscos de doenças cardiovasculares ocorre devido a grande quantidade de ácidos graxos poliinsaturados ômega 3. Nas últimas décadas tem sido comprovada a importância do ômega 3 na prevenção e tratamento de diversas doenças devido a sua ação antiinflamatória. Esses ácidos graxos também diminuem os níveis de triglicérides e de colesterol e reduzem a pressão arterial. A utilização da linhaça como fonte de ômega 3 ocorre até mesmo indiretamente. Galinhas alimentadas com rações acrescidas de 7% a 35% de linhaça forneceram ovos com níveis aumentados de ômega 3 em suas gemas. Fica clara a qualidade nutricional dessa semente, devendo ser incorporada a receitas do dia-a-dia para aumentar a freqüência de seu consumo e a difusão de suas propriedades.
Referências
Bombo AJ. Obtenção e caracterização nutricional de snacks de milho (Zea
mays L.) e linhaça (Linum usitatissimun L.). São Paulo, 2006, 97p. [Dissertação Mestrado, Faculdade de Saúde Pública, USP]
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