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É praticamente consenso que o Plano Real, que neste ano de 2009 completa
quinze anos, através do controle da taxa de câmbio e da inflação, foi o principal ponto de
partida da estabilidade econômica brasileira. Isto permitiu planejamento, crédito a longo
prazo e fez com que as empresas pudessem levar mais a frente seus projetos de aumento de
produtividade e inovação tecnológica, por exemplo. (BELLUZZO e ALMEIDA, 2002;
FRANCO, 2008).
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Artigo apresentado como requisito parcial de avaliação da disciplina Estado, Políticas Públicas e Gestão
Educacional.
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Aluno da 22ª turma do Mestrado em Educação da Faculdade de Educação / Universidade Federal de Goiás
(FE/UFG).
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Grifo no original.
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raciocínio parte muito mais de preconceitos que de evidências empíricas. Torres, Bichir e
Carpim (2006) entendem que as transferências de renda, dentre outras medidas
governamentais, auxiliaram a melhora do padrão de consumo do brasileiro.
Os Benefícios
O PBF tem critérios de inclusão de três naturezas, mais complexos que o BPC:
Como vemos, a condição de pobreza como critério é comum nos dois casos,
tanto quando a contrapartida exigida para o recebimento do benefício é a freqüência
escolar, quanto quando é moléstia incapacitante. Importante observar que a condição de
pobreza é efeito da concentração de renda numa realidade de cultura concentradora de
renda. Uma das críticas aos programas de transferência de renda está relacionada a esta
cultura. Zylberberg (2008) argumenta:
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Carvalho (2001) mostra que a aposentadoria rural daqueles que não contribuíram junto ao INSS ou outro
serviço de previdência, ao incrementar a renda dos idosos, teve desdobramento positivo sobre o aumento do
número de matrículas das crianças do domicílio em que vivem, particularmente de meninas de 12 a 14 anos.
Para estas, a taxa de não-matrícula caiu em 20%. Com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílio (Pnad), Reis e Camargo (2007) estimaram que um importante efeito relacionado a aposentadorias e
pensões não condicionadas a contrapartidas é aumentar a probabilidade de freqüência à escola dos jovens.
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Estes mesmos autores (Medeiros et al.) também entendem que a maioria dos
pobres é muito trabalhadora. Assim, apresentam dados do Centro de Desenvolvimento e
Planejamento Regional (Cedeplar) para argumentar contra a idéia de que o recebimento das
transferências sirva como desestímulo ao trabalho.
estrutura distributiva da renda, tem sido minimizada, embora não tenhamos segurança sobre
o quanto estas políticas podem ser determinantes à favor dos pobres.
No bojo da discussão dos autores aqui colocados, vejo que nenhum se coloca
de forma veemente e/ou determinante contra os programas de transferência de renda
propostos pelo governo brasileiro. Aliás, intervenções estatais na economia dos Estados
nacionais, mais recentemente têm sido utilizadas com a justificativa de serem necessárias
para o “salvamento” de economias de mercado diante da mais recente crise do capitalismo.
A partir de uma ou outra justificativa com fundamentações diversas, pessoas físicas ou
grandes empresas vivendo e participando do ciclo produção-consumo capitalista, precisam
ser acudidas pelo Estado, pelo próprio bem deste mesmo ciclo.
Entendo que Zylberberg (2008) peca em não considerar dados empíricos que
evidenciariam uma queda no interesse pela vida produtiva por parte dos beneficiários dos
programas de transferência de renda em questão, o que é feito por Medeiros, Britto e Soares
(2007), porém, evidenciando o contrário, conforme dito anteriormente.
Considerações Finais
social por ser quem se é (deficiente ou não) e desenvolver o trabalho sobre o qual se tem
interesse e seja possível5. O discurso e a forma de harmonização das forças produtivas para
este esquema é, com certeza, de utilização do trabalho como via para atendimento destas
demandas, pela apropriação dos bens produzidos na sociedade sem concentração de bens
ou dinheiro que difira as pessoas sobremaneira pelo que têm.
BIBLIOGRAFIA
BELLUZZO, Luiz G M e ALMEIDA, Julio G. Depois da queda: a economia brasileira da
crise da dívida aos impasses do Real. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Programa Bolsa
Família – O que é. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/>. Acesso
em 06 set. 2009.
FRANCO, Gustavo H.B. Inserção Externa e Desenvolvimento: O Consenso Envergonhado
Interesse Nacional. Revista eletrônica. Edição n. 1. São Paulo: Abril a Junho de 2008
<http://www.interessenacional.com/artigos-integra.asp?cd_artigo=12>
MARX, K. Manuscritos Econômico-Filosóficos. In: FROMM, E. Conceito Marxista do
Homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1964
MEDEIROS, Marcelo; BRITTO, Tatiana e SOARES, Fábio. Transferência de Renda no
Brasil. Novos Estudos. Edição n. 79. São Paulo: CEBRAP, Nov. 2007. Internet.
Disponível em: <http://www.novosestudos.uol.com.br/acervo/download.asp?
idMateria=112>. Acesso em 06 set. 2009.
TORRES, Haroldo da Gama; BICHIR, Renata Mirandola; CARPIM, Thais Pavez. Uma
Pobreza Diferente? – Mudanças no padrão de consumo da população de baixa renda.
Novos Estudos. Edição n. 74. São Paulo: CEBRAP, Mar. 2006. Internet. Disponível
em: <http://www.novosestudos.uol.com.br>. Acesso em 05 set. 2009.
ZYLBERBERG, Raphael Simas. Transferência de renda, estrutura produtiva e
desigualdade: uma análise inter-regional para o Brasil. 2008. 105p. Dissertação
(Mestrado em Economia) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade,
Universidade de São Paulo, São Paulo.
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“De cada um conforme sua capacidade, a cada um conforme sua necessidade”, diria V. I. Lênin.