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3. TEMPO DE PENITÊNCIA
– O jejum e outras manifestações de penitência na pregação de Jesus e na vida da Igreja.
– A fonte das mortificações pequenas que o Senhor nos pede está na tarefa quotidiana.
Exemplos. As mortificações passivas. Importância do espírito de penitência na mortificação da
imaginação, da inteligência e da memória.
João Baptista, conhecedor dos frutos do jejum, ensinou aos seus discípulos
a importância e a necessidade desta prática de penitência. Coincidia neste
ponto com os fariseus piedosos e amantes da Lei, que, como vimos, se
surpreendem de ver que Jesus não incute nos Apóstolos esse mesmo espírito.
Mas o Senhor explica: Podem os amigos do esposo afligir-se enquanto o
esposo está com eles?9 O esposo, segundo os Profetas, é o próprio Deus, que
manifesta o seu amor aos homens10.
Cristo declara aqui uma vez mais a sua divindade, e chama aos seus
discípulos amigos do esposo, seus amigos. Estão com Ele e não necessitam
de jejuar. Mas quando o esposo for arrebatado, então jejuarão. Quando Jesus
não estiver visivelmente presente, será necessária a mortificação para se poder
vê-lo com os olhos da alma.
II. FAZEI PENITÊNCIA, diz Jesus no começo da sua vida pública. Temos
necessidade dela para a nossa vida de cristãos e para desagravar o Senhor
por tantos pecados pessoais e alheios. Sem um verdadeiro espírito de
penitência e de conversão, seria impossível chegarmos à intimidade com Cristo
e acabaríamos por ser dominados pelo pecado. Não devemos fugir da
penitência por medo, por achá-la inútil ou por falta de espírito de fé. “Tens
medo de penitência?... Da penitência, que te ajudará a obter a Vida eterna? No
entanto, não vês como os homens, para conservarem esta pobre vida de
agora, se submetem às mil torturas de uma cruenta operação cirúrgica?” 14
Fugir da penitência seria também fugir da santidade e talvez, pelas suas
consequências, da própria salvação.
III. A FONTE DAS MORTIFICAÇÕES que o Senhor nos pede está quase
sempre nas tarefas quotidianas. Muitas vezes, essas oportunidades nascem
com o próprio dia – levantar-nos à hora prevista, vencendo a preguiça nesse
primeiro momento – e estendem-se ao longo das horas de trabalho e
relacionamento. Mas, para aproveitá-las, é necessário antes de mais nada
seguir este conselho: “Se de verdade desejas ser alma penitente – penitente e
alegre –, deves defender, acima de tudo, os teus tempos diários de oração – de
oração íntima, generosa, prolongada –, e hás de procurar que esses tempos
não sejam quando calhar, mas a hora certa, sempre que te seja possível. Não
cedas nestes detalhes. – Sê escravo deste culto quotidiano a Deus, e eu te
asseguro que te sentirás constantemente alegre”17.
(1) Mt 9, 14-15;Evangelho da Missa da sexta-feira depois das Cinzas; (2) Paulo VI,
Const.Paenitemini, 17-II-1966; (3) cfr. Lev 16, 29-31; (4) cfr. Jui 20, 26; Est 4, 16; (5) 1 Rs 21,
27; (6) Jdt 4, 9-13; (7) Act 13, 2; (8) Ex 34, 28; Dan 9, 3; (9) Mt 9, 15; (10) cfr. Is 54, 5; (11)
Paulo VI, ib.; (12) cfr. Act 13, 2 e segs.; (13) cfr. 2 Cor 6, 5; 11, 27; (14) São Josemaría Escrivá,
Caminho, 7ª ed., Quadrante, São Paulo, 1989, n. 224; (15) ib., n. 556; (16) São Josemaría
Escrivá, Via-Sacra, 2ª ed., Quadrante, 1986, IIIª est.; (17) São Josemaría Escrivá, Sulco,
Quadrante, São Paulo, 1987, n. 944; (18) cfr. São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 13; (19) cfr.
ib., n. 815; (20) cfr. ib., n. 938