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Kevin Lynch é um dos grandes autores do Urbanismo, responsável por uma das obras mais
famosas e mais influentes: A Imagem da Cidade. Nela, ele destaca a maneira como
percebemos a cidade e as suas partes constituintes, baseado em um extenso estudo em três
cidades norte-americanas, no qual pessoas eram questionadas sobre sua percepção da cidade,
como estruturavam a imagem que tinham dela e como se localizavam.
Lynch identificou, como principal conclusão, que os elementos que as pessoas utilizam para
estruturar sua imagem da cidade podem ser agrupados em cinco grande tipos: caminhos,
limites, bairros, pontos nodais e marcos.
Concluiu também que essa percepção é feita aos poucos, já que é impossível apreender toda a
cidade de uma só vez. Portanto, o tempo é um elemento essencial. Além disso, verificou que
nada é experimentado individualmente, e sim em relação a seu entorno. Elementos semelhantes,
porém localizados em contextos diferentes, adquirem significados também diferentes.
Cada cidadão tem determinadas associações com partes da cidade, e a imagem que ele faz delas
está impregnada de memórias e significados. Portanto, nem tudo pode ser generalizado, apesar
da aparente “universalidade” dos 5 elementos identificados por Lynch.
Conceitos principais
Facilidade com que cada uma das partes [da cidade] pode ser reconhecida e
organizada em um padrão coerente” (LYNCH, 1960, p.2).
É importante ter claro que a legibilidade a que Lynch se refere é aquela proveniente dos aspectos
visuais da cidade, ou seja, não leva em consideração esquemas não-visuais tais como numeração
de ruas ou outros sistemas que podem contribuir para a legibilidade mas não são ligados à
imagem da cidade especificamente.
Estruturar e identificar o ambiente é uma habilidade vital para todos os animais que se movem
e, por outro lado, a sensação de desorientação é angustiante para quem vivencia a cidade. Um
ambiente legível oferece segurança e possibilita uma experiência urbana mais intensa, uma vez
que a cidade explore seu potencial visual e expresse toda a sua complexidade.
Segundo Lynch, a percepção ambiental pode ser analisada segundo três componentes: estrutura,
identidade e significado. A identificação de um objeto implica na sua distinção em relação a
outras coisas, seu reconhecimento como uma entidade separada, ou seja, sua identidade. Além
disso, a imagem da cidade deve incluir o padrão espacial ou a relação do objeto com o
observador e com os outros objetos, oq ue Lynch chamou de estrutura.
Com relação ao significado, Lynch é mais cauteloso, não se aprofundando muito no conceito
nem no seu estudo. A ênfase é, portanto, na identidade e na estrutura. Apesar disso, o autor
argumenta que o objeto deve ter algum significado para o observador, seja prático ou emocional,
e que isso está intimamente ligado à sua identidade e seu papel dentro de uma estrutura mais
ampla.
Qualidade de um objeto físico que lhe dá uma alta probabilidade de evocar uma
O conceito de imageabilidade, portanto, está ligado ao conceito de legibilidade, uma vez que
imagens “fortes” aumentam a probabilidade de construir uma visão clara e estruturada da
cidade.
Caminhos (paths)
exemplo);
● Apresentam continuidade;
● São visíveis de outras partes da cidade, ou possibilitam amplos visuais para outras
partes da cidade;
As esquinas são pontos importantes na estrutura da cidade, já que representam uma decisão,
uma escolha. Nesses pontos a atenção do observador tende a ser redobrada, e por isso elementos
posicionados junto a essas intersecções tendem a ser mais facilmente notados e utilizados como
referenciais.
Limites (edges)
Podem ser considerados barreiras (rios, estradas, viadutos, etc.) ou como elementos de ligação
(praças lineares, ruas de predestres, etc.). Podem ter qualidades direcionais, assim como os
caminhos. Ao longo de um rio, por exemplo, sempre tem-se a noção de que direção se está
percorrendo, uma vez que o lado do rio fornece essa orientação.
Outra característica dos limites é que eles podem ter um efeito de segregação nas cidades.
Limites numerosos e que atuam mais como barreiras do que como elementos de ligação acabam
separando execssivamente as partes da cidade, e prejudicando uma visão do todo.
Bairros (districts)
ruas estreitas e inclinadas; casas antigas, de tijolos, em fita e de escala intimista; portas brancas;
ruas e calçadas de paralelepípedo e tijolo; bom estado de conservação; e pedestres de classes
sociais altas.
Figura 4 – Boston – Beacon Hill. Fotos: David Paul Ohmer; Stephan Segraves; Paul Keheler.
São pontos estratégicos na cidade, onde o observador pode entrar, e que são
importantes focos para onde se vai e de onde se vem. Variam em função da
escala em que se está analisando a imagem da cidade: podem ser esquinas,
praças, bairros, ou mesmo uma cidade inteira, caso a análise seja feita em
nível regional.
Pontos de confluência do sistema de transporte são nós em potencial, tais como estações de
metrô e terminais de ônibus.
Outro tipo de nós que apareceram frequentemente nas entrevistas são as “concentrações
temáticas”, tais como os centros puramente comerciais. Tais locais atuam como nós porque
atraem muitas pessoas e são utilizadas como referenciais. A Pershing Square, em Los Angeles,
também é um exemplo de nó, percebido como um local com características distintas, tais como a
vegetação e as atividades que lá se realizam.
Lynch também concluiu que a forma espacial não é essencial para um nó, mas pode dotá-lo de
maior relevância.
Marcos
São elementos pontuais nos quais o observador não entra. Podem ser de
Parecem ser mais usados pelas pessoas mais acostumadas à cidade, especialmente aqueles
marcos menos proeminentes, menores, mais comuns. À medida que as pessoas se tornam mais
conhecedoras da cidade, estas passam a se basear em elementos diferenciados, ao invés de se
guiar pelas semelhanças, utilizando-se de pequenos elementos referenciais.
Figura 7 – Ópera de Sydney. Foto: Tim Sheerman-Chase; Catedral de S. Maria del Fiore – Florença. Fonte:
Benevolo (1999)
Referências bibliográficas
LYNCH, Kevin. The image of the city. Cambridge: The M.I.T. Press, 1960.
Tags: artigos clássicos, bê-á-bá, caminho, imagem da cidade, Kevin Lynch, publicações,
urbanismo
18 Comentários
1.
miguel
2.
Beatriz
Bastante explicativo =) !
3.
Clara
Sensacional ajuda.
4.
Renato Saboya
Obrigado a todos!
Rafael Carneiro
Como é bacana estar pesquisando um assunto e reconhecer o nome do autor. Esse texto é a mostra de
que assuntos complexos podem ser elucidados com linguagem simples e de fácil compreensão. O
professor está de Parabéns pela criação da pagina assim como pela confecção dos textos, que nos
ajudam a solucionar os problemas das nossas cidades, e em escala menor dos nossos projetos da
faculdade. Fico bastante orgulhoso em ver que nossos professores aqui da Univali estão criando novos
canais de discussão deste tema em que o Brasil peca tanto.
6.
Maisa Carvalho
se todos os estudos em que procuramos ouvesse tanta clareza nas palavras e no dialogo com imagens
como esse apresenta, a vida para nós estudantes de arquitetura e urbanismo seria mais clara e
transparente para um conhecimento mais edificante, parabéns.
7.
Brenner Ribeiro
Esse texto é muito explicativo e bem elaborado ,transformou um assunto complexo em conceitos
simples e objetivos, me ajudou muito no estudo do urbanismo.Valeuuuuuu cara parabéns!!!!!
8.
Renato Saboya
9.
Andressa
10.
Camila
Excelente texto, era exatamente o que eu precisava, uma abordagem que pudesse ser aplicada a
outras cidades!
Muito bom! Parabéns!
11.
Luiza
12.
cyra
Muito bom seu texto, adoro o metodo trabalhado por Lynch, sempre o utilizo como refencial teórico ao
13.
Deise
Professor Renato agora que to saindo da faculdade lamento em não poder ter tido a oportunidade de ter
aulas com vc (de planejamento urbano) o site tem contribuido muito no TFG.
Parabens!
Deise
14.
Carmen
Meus parabéns!!! Achei tudo que eu precisava neste texto para a realização de meu trabalho, pois ele é
bem explicativo!!!
Muito Obrigada
Abraços
15.
Renato Saboya
Priscila
17.
Ana Carolina
Vejam o filme que fiz sobre Kevin Lynch, onde acabei desconstruindo a sua teoria provando que a
cidade é misturada: http://www.youtube.com/watch?v=KvnEIApLyNA
Obrigada
1.
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