0 Bewertungen0% fanden dieses Dokument nützlich (0 Abstimmungen)
7 Ansichten6 Seiten
No final dos anos 1990 concluí um livro que tomou quase dez anos de minha vida. Basicamente, o livro cuida do “Brasil de carne e osso” – tal qual o nosso país se desenrola em seu cotidiano, onde a vida, afinal, flui.
Não há como fazer isso sem tomar em conta a questão étnico-racial, sem a qual os diagnósticos restarão inadequados e incapazes de nos decifrar efetivamente.
Confesso que foi um período de imersão em subtemas que permeiam o cotidiano da terra-brasilis. A metodologia utilizada foi a de selecionar ao longo de praticamente uma década notícias recortadas de jornais e revistas brasileiros – os mais conhecidos. Esse material “rendeu” mais de meia Kombi de recortes sobre os mais diferentes assuntos – todos relevantes para o Brasil real. Foi “paulera” classificar todo aquele volume de textos que me permitiria ousar pensar uma teoria para o Brasil: “A trilha do círculo vicioso”, a qual não deve e nem necessita ser abordada aqui agora.
No final dos anos 1990 concluí um livro que tomou quase dez anos de minha vida. Basicamente, o livro cuida do “Brasil de carne e osso” – tal qual o nosso país se desenrola em seu cotidiano, onde a vida, afinal, flui.
Não há como fazer isso sem tomar em conta a questão étnico-racial, sem a qual os diagnósticos restarão inadequados e incapazes de nos decifrar efetivamente.
Confesso que foi um período de imersão em subtemas que permeiam o cotidiano da terra-brasilis. A metodologia utilizada foi a de selecionar ao longo de praticamente uma década notícias recortadas de jornais e revistas brasileiros – os mais conhecidos. Esse material “rendeu” mais de meia Kombi de recortes sobre os mais diferentes assuntos – todos relevantes para o Brasil real. Foi “paulera” classificar todo aquele volume de textos que me permitiria ousar pensar uma teoria para o Brasil: “A trilha do círculo vicioso”, a qual não deve e nem necessita ser abordada aqui agora.
No final dos anos 1990 concluí um livro que tomou quase dez anos de minha vida. Basicamente, o livro cuida do “Brasil de carne e osso” – tal qual o nosso país se desenrola em seu cotidiano, onde a vida, afinal, flui.
Não há como fazer isso sem tomar em conta a questão étnico-racial, sem a qual os diagnósticos restarão inadequados e incapazes de nos decifrar efetivamente.
Confesso que foi um período de imersão em subtemas que permeiam o cotidiano da terra-brasilis. A metodologia utilizada foi a de selecionar ao longo de praticamente uma década notícias recortadas de jornais e revistas brasileiros – os mais conhecidos. Esse material “rendeu” mais de meia Kombi de recortes sobre os mais diferentes assuntos – todos relevantes para o Brasil real. Foi “paulera” classificar todo aquele volume de textos que me permitiria ousar pensar uma teoria para o Brasil: “A trilha do círculo vicioso”, a qual não deve e nem necessita ser abordada aqui agora.
minha vida. Basicamente, o livro cuida do Brasil de carne e osso
tal qual o nosso pas se desenrola em seu cotidiano, onde a vida, afinal, flui. No h como fazer isso sem tomar em conta a questo tnicoracial, sem a qual os diagnsticos restaro inadequados e incapazes de nos decifrar efetivamente. Confesso que foi um perodo de imerso em subtemas que permeiam o cotidiano da terra-brasilis. A metodologia utilizada foi
a de selecionar ao longo de praticamente uma dcada notcias
recortadas de jornais e revistas brasileiros os mais conhecidos. Esse material rendeu mais de meia Kombi de recortes sobre os mais diferentes assuntos todos relevantes para o Brasil real. Foi paulera classificar todo aquele volume de textos que me permitiria ousar pensar uma teoria para o Brasil: A trilha do crculo vicioso, a qual no deve e nem necessita ser abordada aqui agora. Uma das inferncias feitas foi sobre o chamado crime do colarinho branco. Nunca pude entender bem essa expresso. A princpio, eu cria que se referisse a um tipo de crime praticado por pessoas bem-nascidas e que usavam gravatas sobre camisas impolutamente brancas. Essa perspectiva tambm denotava tratar-se de crimes masculinos. Bom, at a tudo bem. Todavia, ao analisar a forma recorrente com que o fenmeno vinha tona, pude depreender outras coisas. Observei que tais crimes continham quatro caractersticas significativas: (1) sempre havia muito dinheiro envolvido no era coisa de p-de-chinelo, portanto; (2) quem sempre pagava a conta por esses desvios era o setor pblico, ou seja, a sociedade; (3) os criminosos eram membros da elite econmica, social e poltica e (4) no se punia ningum por tais falcatruas. Pescoo branco Contudo, outro aspecto ficou escancarado para mim: a fauna dos praticantes daqueles crimes era de fato composta por homens. Mais: eram tambm todos brancos. Ou seja, pude perceber que
no s o colarinho era branco, mas os titulares dos pescoos
tambm necessrio dizer que terminei o livro citado no ano 2000. Explicando melhor: das caractersticas citadas, a ltima a que revela a olmpica impunidade de sempre , comea a deixar aos poucos de ser uma realidade. Dos diversos casos ocorridos na dcada dos anos 1990, no mesmo livro selecionei o que foi apelidado pela mdia de caso Marka e FonteCindam. Tratava-se de dois bancos que tinham dvidas em dlares e que receberam auxlio do Banco Central sob a alegao de que sem a ajuda estatal ocorreria grave risco de crise sistmica, o que alcanaria todo o sistema bancrio (o caos, uma espcie de febre financeira que desorganizaria a vida econmica do pas). O fato que em janeiro de 1999 o BC vendera dlares abaixo da cotao. Resultado: o Tesouro Nacional contabilizou uma perda de 1,6 bilho de reais! Das 14 pessoas acusadas na poca pelo Ministrio Pblico podia-se depreender, pelas fotos publicadas nos jornais, que todas eram brancas pelos padres nacionais. Passados quase dois anos, ningum fora condenado e alguns tinham sido at promovidos! Hoje, 15 anos depois, os jornais estampam os rostos das pessoas envolvidas no escndalo da Petrobrs e, de novo, veem-se as mesmas figuras de sempre, mas trazendo uma novidade surpreendente: homens brancos e ricos so presos num pas cuja justia sempre foi severa com o povaru de pele mais escura e escandalosamente
leniente
com
os
bem-nascidos.
Esto
envolvidos nesse episdio executivos de grandes empresas e
polticos. Brasilzo necessrio reconhecer que um pas do porte do Brasil 7 economia do mundo; mais de 200 milhes de habitantes e com a rea continental de 8.547.403,5 km2 no se alavanca para um desenvolvimento
sustentvel
sem
lideranas
que
tenham
verdadeira vocao para a responsabilidade social. Dentre esses
agentes esto os empresrios. Sim, empresrios no donos de empresas. Para alguns incautos renitentes advirto: o Brasil um pas capitalista. Quando se constata a unio de empresrios e polticos com o especfico fim de sonegar e/ou desviar recursos que pertencem sociedade que se pode aquilatar como nosso pas pobre. Somos miseravelmente carentes de uma elite da qual todo pas depende para crescer com sustentabilidade. Sem polticos e empresrios eficazes torna-se impossvel levar o Brasilzo a um patamar inclusivo pas lesado por infindas incrias, mas detentor de um potencial nico que pode ser capaz de nos regenerar das tragdias mais agudas, como foram os trs sculos e meio de escravismo. Essa ausncia de uma elite plugada no pas de carne e osso tem a ver com as idiossincrasias histricas do Brasil profundo imbatvel em desigualdades que se perpetuam ao longo de meio milnio.
Faltam-nos elites! Para quem ainda no sabia, ficou claro que
somos muito mais pobres do que se imaginava! Na base da pirmide temos uma pobreza construda com zelo ibrico e no topo dela temos pobreza moral. Estes dois lados no Brasil tm cor. Ensanduichada por esses dois vetores tm-se classes mdias aturdidas e rfs de lideranas que possam nortear caminhos adequados. Nota-se hoje que nesse recheio j h alguma diversidade tnico-racial. Sustentabilidade Moral Como pesquisador tenho sido parceiro do Instituto Ethos organizao da sociedade civil com foco na responsabilidade social corporativa, cujos fundadores so abnegados defensores do Desenvolvimento Sustentvel, que tem como princpio o triple bottom line. Trata-se do trip que asseguraria o verdadeiro desenvolvimento com base na sustentabilidade econmica, social e ambiental. Venho propondo a algum tempo um quarto tipo de suporte: o da sustentabilidade moral. No tem havido muita serventia em importarmos conceitos, vlidos para a Holanda, Dinamarca ou Canad, que so pases com histrico e cultura bem diferentes dos do Brasil ltimo pas a abolir o escravismo. Tais ideias ao sul do equador so pervertidas em benefcio do statu
quo, o
que
na
terra-brasilis
significa
rejeitar
possibilidade de uma cultura inclusiva. Torna-se, portanto,
necessrio adaptar aqueles conceitos importados, mas que no batem com a forma de o Brasil de carne e osso funcionar. Participei como colaborador em pesquisas desenvolvidas pelo prprio Instituto Ethos em que se observa, por exemplo, o baixo
aproveitamento do talento feminino e a nfima participao de
negras e negros no mercado de trabalho formado pelas maiores organizaes privadas do pas. Dos nveis intermedirios para cima, esses segmentos vo escasseando dramaticamente. Considerando que o grupo negro (pretos + pardos) detm cerca de 52% da populao, tem-se o retrato crtico de um pas que acredita ser possvel desperdiar talentos impunemente. No possvel! Quem vem se especializando nas obviedades nacionais sabe que no . A priso de grandes empresrios coisa pela qual ningum deve rejubilar-se. A priso perptua que necessita ocorrer a que enclausura o tipo de cultura de desenvolvimento que se expandiu por aqui. Nesse modelo pervertido vale rapinar e excluir, no importando muito a massa que vai continuar fora e vai perder sempre, destituda ainda de algo sagrado que se rapinou tambm: a esperana de prosperar pelo trabalho honesto. Ante um patrimonialismo anacrnico requer-se igualdade de oportunidades, alicerce nico da sustentabilidade moral sem o que nosso Pas continuar a mirar para um futuro incerto e duvidoso. http://www.brasildecarneeosso.com