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ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA E DEBATES

Fórum permanente de desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro,


realizado em 04/03/09

O SR. NELSON GONÇALVES – Boa-tarde a todos. Inicialmente


eu queria comunicar a todos os presentes que nós estamos aguardando o nosso
Presidente Picciani, que está em uma reunião em seu gabinete. Ele estará daqui a
pouco participando da nossa reunião.
Quero anunciar a presença do presidente da Associação Comercial
do Rio de Janeiro, Olavo Monteiro de Carvalho; da Fecomércio, Orlando Diniz;
Sebrae, Sérgio Malta; do prefeito de Barra Mansa, José Renato; do secretário
municipal de Barra Mansa, Luiz Antônio Perez; representando o Reitor da UERJ, o
Ricardo Beira Alves; do prefeito presidente da Associação dos Prefeitos do Estado do
Rio, prefeito Vicente Guedes; do prefeito de Volta Redonda, Neto; do vice-prefeito
de Volta Redonda, Nelsinho Gonçalves; do Prefeito de Rios das Flores, Luiz; do
prefeito de Quatis, José Laerte; do vice-prefeito de Rezende, Noel de Oliveira; do
prefeito de Itatiaia, Luiz Carlos Ipê; dos deputados Estaduais Noel de Carvalho,
Edson Albertassi, Luiz Paulo Corrêa, representando também o Deputado Ademir
Melo Inês Pandeló, Aparecida Gama, Pedro Fernandes. Rodrigo Neves, Paulo Melo,
Mário Marques; também o Prefeito de Porto Real; o Deputado João Pedro; do
presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Renato Soares; da construção civil de
Volta Redonda, Dejair; presidente do CDL de Volta Redonda, Gilson; da Associação
Comercial, Carlos Alberto; do nosso Bispo Dom João, Bispo de Volta Redonda,
Barra do Piraí E demais autoridades. Durante o evento nós vamos anunciando a
presença de todos.
Esse encontro hoje, aqui, no Fórum Permanente de
Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio de Janeiro é o resultado de um
trabalho iniciado em dezembro na Cúria de Volta Redonda, onde nós tivemos com
Dom João e várias lideranças de Volta Redonda dada a preocupação com a crise
instalada no nosso país, no nosso estado e naquela região sul do estado. E, de lá para
cá, vários encontros aconteceram, uma preocupação muito grande em relação às
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demissões que estavam acontecendo em várias empresas no sul do estado,


principalmente na Companhia Siderúrgica Nacional. E nós estivemos aqui, então,
com o Presidente Jorge Picciani, e naquele momento ele pediu que participasse desse
fórum, convidando várias autoridades, inclusive o nosso Secretário Júlio Bueno para
que pudéssemos discutir aqui várias alternativas no que diz respeito a incentivos aos
municípios, incentivo do estado na região, para poder achar uma saída em que diz
respeito à geração de empregos.
Nós temos vários projetos aprovados aqui na Assembleia
Legislativa, eu sou autor de alguns em que dá incentivo ao pólo metal-mecânico, na
parte da agricultura, de turismo. Enfim, nós queremos, junto com todas essas
lideranças, achar um caminho, através do apoio do estado. Algumas propostas foram
através desse fórum acontecendo na cidade de Volta Redonda. Algumas propostas
foram tiradas no que diz respeito ao incentivo de obras, a respeito das obras do PAC,
na questão da construção civil, obras como as que agora o governo federal e o
governo estadual vêm divulgando através da imprensa na questão da habitação. Isso
tudo seriam formas, meios de incentivar a geração de emprego no sul do Estado.
Portanto, gostaria de passar a palavra ao nosso Secretário Júlio
Bueno, aguardando a presença do nosso Presidente Jorge Picciani para abrir uma
discussão com os prefeitos presentes e demais lideranças para quem sabe, chegarmos
a alguma conclusão nesse sentido.
Também anunciar a presença do presidente do Sebrae do Rio de
Janeiro e o presidente da Federação da Agricultura Dr. Rodolfo Tavares.
O SR JÚLIO BUENO – Boa-tarde a todos. Quero agradecer o
convite e cumprimentar o Deputado Nelson Gonçalves, cumprimentando assim todos
os parlamentares presentes; cumprimento o nosso querido presidente da Associação
Comercial Olavo Monteiro de Carvalho assim cumprimentando todos os empresários
presentes; e cumprimentar o prefeito Vicente Guedes, presidente da Apremerj e assim
cumprimentando os prefeitos presentes.
Na verdade, a gente veio aqui para discutir um pouco, ouvir e
trocar informações sobre o que nós podemos fazer com certamente a mais grave crise
econômica com que a nossa geração se defronta. Nenhuma crise econômica teve a
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repercussão, a importância e a profundidade dessa crise que nós hoje estamos


vivendo.
É interessante observar que essa crise econômica ela é
extremamente profunda, importante, relevante como todos nós temos visto nos
noticiários da televisão, mas ela é menos importante no Brasil, quer dizer, na verdade
o nosso país por conta de um trabalho feito de longa data, importa dizer isso, e
trabalho continuado, ele tem circunstâncias e possibilidades muito melhores do que
certamente a maior parte do mundo. O Brasil hoje tem condições macroeconômicas,
estabilidade democrática, uma reserva cambial importante, uma balança de
pagamentos equilibrada, um mercado interno pujante, que faz com que essa crise no
Brasil tenha um contorno diferente, o que não significa que a gente não sofra.
Estamos sofrendo.
Agora, olhando o Brasil, vemos o Rio de Janeiro, e eu tive a
oportunidade de discutir com o Senador Mercadante exatamente dessa posição aqui
há uns dois meses atrás numa sessão aqui da Assembleia Legislativa a questão da
crise, e eu dizia que o Rio de Janeiro tem uma característica que ainda melhora esta
questão.
Quando a gente olha a crise a gente verifica que o Rio tem, como a
gente diz, uma economia mais inelástica do que o resto do país. O que significa isso?
O Rio de Janeiro cresce numa velocidade menor do que o resto do país quando o país
cresce, e também quando a gente tem uma recessão o Rio de Janeiro ele diminui
menos. Por que isso? Por alguns motivos interessantes.
O primeiro motivo é que a economia do Rio de Janeiro, isso é bom
e é ruim, ela tem um pequeno PIB na indústria de transformação, que é a indústria
automobilística, siderúrgica. A nossa economia ela está centrada na questão dos
serviços e principalmente junto com isso, da indústria extrativa, quer dizer, o petróleo
e o gás são muito importantes.
E o fato importante nessa questão é que o petróleo e o gás
continuam a pleno vapor. Isso significa, portanto, que se o petróleo e o gás vão a
pleno vapor, vão a pleno vapor também, por exemplo, a indústria naval. Um dado
interessante: nunca, nos últimos 30 anos, talvez, nós tivemos tantos empregos na
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indústria naval como temos nesse momento no Rio de Janeiro, são quase 28 mil
empregos. Em 2002 nós tivemos cinco mil empregos na indústria naval. Hoje temos
28 mil, com enorme perspectiva. A gente costuma dizer, inclusive, que a política do
governo, diferente do governo anterior, não é a briga pela demanda e muito mais a
briga pela oferta. O que a gente precisa fazer no Rio de Janeiro é ofertar mais
estaleiros. É muito mais do que a briga pela demanda, que foi a grande briga do
governo anterior e na verdade é um grande avanço, é importante que se diga, do
Governo Lula.
O Governo Lula quando decidiu fazer navios, plataformas no
Brasil, fez com que a indústria naval do Rio tivesse esse tipo de resposta que, em
resumo, são 28 mil empregos que tendem a crescer.
Os investimentos da Petrobras, nós acabamos de ter um almoço
com o Primeiro Ministro da Holanda e o Governador Sérgio Cabral, os investimentos
da Petrobras são absolutamente espetaculares. São 174 bilhões de dólares nos
próximos cinco anos, um grande pedaço disso sendo feito no Rio de Janeiro. Enfim, a
situação do Rio é uma situação, dentro da dificuldade, de muito otimismo e muita
expectativa.
Outra coisa também importante é que o Rio de Janeiro ainda tem
um grande número de funcionários públicos. O funcionalismo público, em particular
na cidade do Rio de Janeiro, representa quase 30% da renda, o que significa,
portanto, que quando diminui a economia, este segmento continua consumindo da
mesma maneira, o que dá essa inelasticidade à economia do Rio de Janeiro.
Tem um problema, um problema importante que é o sul
fluminense. A gente precisa enfrentar isso com toda clareza e sem nenhum problema
de enfrentar, porque o sul fluminense exatamente é a economia talvez mais dinâmica
do Rio de Janeiro, que é a economia da indústria de transformação. Um dado
interessante que eu acabei passando é o seguinte: São Paulo tem 22% da economia
dele centrada na indústria de transformação, Minas 18%, e o Rio de Janeiro 10%. O
PIB do Rio de Janeiro, portanto, só 10% dele vem da indústria de transformação. São
Paulo, 22%. E essa indústria é que mais sofre o efeito da crise, que é a indústria
automobilística, siderurgia e tudo em torno dela.
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Antes da crise, eu queria dizer aos senhores, que o sul fluminense


era a região que a gente via e enxergava com maior otimismo. Com o crescimento da
indústria automobilística e da siderurgia fazia com que a gente tivesse um cenário
novo, talvez não novo, mas com mais força para o sul fluminense. Por que isso?
Porque, é interessante - também um reconhecimento aos governos anteriores, está
aqui o nosso Deputado Luiz Paulo, que participou disso - o Rio de Janeiro teve uma
coragem extraordinária em trazer para o Rio a indústria automobilística. Trazer a
Peugeot e trazer a Volkswagen Caminhões, foi de uma coragem extraordinária. O
governo chegou a ser sócio da Pegeout. Está aqui o Maurício também, o Maurício
Chacur, que participou disso pessoalmente, como o Fernando também, presidente
hoje da CODIM. Então, eu rendo aqui minha homenagem a trazer a indústria
automobilística para o Rio de Janeiro. Agora, a indústria automobilística que veio
para o Rio não gerou, o que a gente fala, o que a gente chama de arranjo produtivo.
Quer dizer, a gente não conseguiu trazer os fornecedores. Por que isso? Porque a
indústria era muito pequena. E nós estamos chegando num tamanho crítico de trazer
os fornecedores. Nós estamos exatamente no momento de trazer os fornecedores.
Mais do que isso, a siderurgia no Rio de Janeiro, que cresceu fortemente nos últimos
anos, temos duas plantas novas sendo feitas no Rio, a CSA e a Votorantim, com uma
perspectiva de ter três, quatro plantas. A Votorantim, por exemplo, ia dobrar a
produção. A combinação que tinha com o governo era de, na hora que começasse a
fazer, terminar a planta, eles iam declarar dobrar a planta.
Esse cenário, que era um cenário absolutamente alvissareiro, virou
um cenário complicado por conta da crise econômica, que tem na verdade como
grande problema a questão da indústria automobilística e, como consequência, a
siderurgia. Então, aquela região que era a região alvissareira, se tornou um problema
para a economia do Rio de Janeiro. O problema, é importante dizer, é transitório. Se a
gente olhar para o farol alto, não tenho dúvida que nós temos um problema de
transição, mas que as condicionantes de infra-estrutura. Então vão levar essa região,
de novo, para que a gente tenha, de novo, uma possibilidade enorme.
Vale dizer também que se nós temos dor nesses dois anos e dois
meses na briga por atração de investimento, ela se dá na indústria automobilística.
Nós perdemos aqui no Rio de Janeiro dois investimentos, que acabaram não sendo
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confirmados, que foi a Toyota e a Hunday. E perdemos esses dois investimentos


porque nós não tínhamos fornecedores. Então, os senhores observem, a gente estava
exatamente no limiar de conseguir fornecedores em torno da indústria automobilística
do Rio e aí a gente podia atrair mais montadoras. Esse é o cenário.
Agora, não vou aqui tergiversar não. Eu vou no ponto. Eu vou
falar da Lei Rosinha. Não tem jeito. Nós fizemos uma reflexão na Secretaria sobre a
Lei Rosinha. Eu vou fazer um rápido diagnóstico sobre ela e vou fazer três sugestões
- vou ousar, antes de apanhar, faço as sugestões e apanho depois, está certo? - sobre o
que a gente acha que tinha que acontecer com a Lei Rosinha.
A Lei Rosinha, a lei dos 2% sobre o ICMS, ela tinha uma lógica,
também com uma clareza enorme, não sei se eu faria, eu, pessoalmente, mas eu
reconheço que ela tinha uma lógica. Então, pegamos 32 municípios do Rio de Janeiro
que tinham baixo IDH, que representavam 2% da arrecadação do ICMS, por
exemplo, essa área aqui vai virar uma área de atração de investimento importante no
Rio de Janeiro e tal porque tem baixo IDH, porque arrecada pouco, e nós vamos dar
para qualquer atividade 2% do ICMS de faturamento. Tem lógica? Tem. Fizemos
isso. Problema: além dos municípios com baixo IDH nós incluímos Campos, depois
incluímos Três Rios, incluímos Valença, Saquarema e Paraíba do Sul, que não tinham
essa lógica. Cantagalo, não. Cantagalo já era. Desculpem aqui, vou ser absolutamente
claro e técnico. Não vou tergiversar, vou no ponto.
Resultados da Lei Rosinha, depois de quanto tempo, Maurício,
dois anos ou três anos? Três anos em vigor. Tem um troço que é um show de bola
que nós precisamos estudar. Quando o governador me demitir agora no próximo
mandato, ele vai ganhar a eleição, se Deus quiser, ele me demitir, eu vou fazer uma
tese de doutorado, porque Três Rios é um show. Três Rios ganhou 2% de ICMS. É
um show. Tem empresas importantíssimas que foram para Três Rios e um número de
empresas enorme foi para Três Rios. O maior caso de sucesso da Lei Rosinha é Três
Rios. Eu costumo brincar com o prefeito anterior: oh, prefeito, o senhor tinha que me
dar um busto... É brincadeira. Porque quando a gente tinha dúvida, e aí estão as
minhas duas subsecretárias, a Dulce e a Renata aqui, quando a gente tem dúvida para
onde mandar, e tem que disputar com outro estado, manda para Três Rios. Mas é
mole. É 100% de acerto. Está todo mundo matriculado. Sentou lá, vai para Três Rios,
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matricula. Por quê? Porque é 2% de ICMS e tem uma infraestrutura absolutamente


extraordinária. Então, a quantidade de empresas que estão indo para Três Rios é uma
coisa impressionante, tanto que o problema agora é o contrário, como diz o Maurício
Chacur, o problema agora é administrar a quanto de empresas. Então, primeiro ponto.
Vou fazer um pequeníssimo diagnóstico, se o deputado me
permitir, e depois três ou quatro sugestões.
Segundo, há casos em que o incentivo dado gerou o que a gente
chama de assimetria competitiva, o exemplo clássico, há divergências e tal, mas, eu
vou usar esse caso, é o caso daquela empresa indiana que foi para Campos, tem 2%
de ICMS (o presidente Picciani está chegando), ela tem ainda a possibilidade de usar
o Fremf, que é um fundo também administrado pelo Investe Rio, que dá 2% de juros,
e tem ainda o fundo de Campos.
O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) - Desculpe.
O SR. JÚLIO BUENO – Bom, então, a gente tem essa empresa
em Campos, que é uma empresa da área farmacêutica e tem uma empresa, Itatiaia,
que tem 40 anos de Itatiaia. Na hora que essa empresa indiana foi para Campos, ela
gerou o quê? Uma assimetria da competição. As condições de financiamento e de
tributo são muito melhores em Campos do que essa em Itatiaia. Então, isso aconteceu
e pode ter acontecido ao longo de todo Estado do Rio de Janeiro. Essa é uma outra
questão importante que foi gerada pela Lei Rosinha, assimetria competitiva.
Terceiro, por conta da lei, alguns municípios se sentem ameaçados
de perder novos investimentos para municípios próximos. É também uma questão
importante e que a lei, de alguma maneira, ela estabelece salvaguardas, que diz
assim: uma empresa não pode sair do ponto A para o ponto B para se beneficiar da
Lei Rosinha. Exemplos de problemas que nós temos, Presidente: Paulo de Frontin, o
pólo de látex lá, das empresas de látex lá, morre-se de medo que a empresa que tem
lá, que gera 600 empregos migre para Valença, estou sendo aqui muito claro. Tem a
salvaguarda, a salvaguarda está colocada, no entanto, os artifícios possíveis de fazer
com que a migração ceder, é muito grande, é pegar as máquinas, botar nas costas e
abrir uma outra empresa, com outro nome, e a legislação assim o permite, vai ser
complicado dizer não. Então, eu queria dizer que este é um problema, um problema
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que nós temos. Os municípios se sentem inseguros em perder as empresas que ali
estão.
Outra coisa importante é o seguinte, um o lugar que deu certo, eu
queria chamar a atenção para um lugar que deu certo, talvez tenha sido o lugar que
mais tenha dado certo fora de Três Rios, que está fora do conceito, que é Sapucaia.
Sapucaia, efetivamente, conseguiu atrair e tomar algumas empresas, felizmente, de
Minas Gerais, ali houve uma virtude na atração de investimentos usando a legislação,
agora, o que acorre fundamentalmente, isso é que eu queria chamar a atenção, é que a
maioria dos municípios não se beneficiou da lei. Eu tenho o queridíssimo Prefeito,
amigo, irmão, o Riverton. O Riverton, toda a hora que me vê, ele fala: “Secretário,
Carapebus vai roubar as empresas de Macaé”, não vai roubar, não vai levar as
empresas de Macaé, por que isso? Porque o incentivo tributário é uma parcela da
questão, na verdade, a infraestrutura e muito mais outras questões, como a questão do
mercado, a logística, elas se somam à questão do incentivo tributário. Só o incentivo
tributário, é importante dizer isso, não resolve, e é por isso que Três Rios é tão bem
sucedido, eu estou dizendo, presidente, que Três Rios é o grande caso de sucesso, são
300 empresas.
Por fim, ainda no diagnóstico, já para passar para sugestões...
Bom, já falei de Macaé e Carapebus. Falei da infraestrutura, já falei que, na verdade,
poucos benefícios têm se dado às cidades que se beneficiaram
Queria sugerir, se eu puder, humildemente, aqui, com toda a
humildade. Se eu pudesse, faria três propostas de aperfeiçoamento. Proposta 1: não
tem jeito, essa história de incentivo tributário é discricionária, ela cabe ao Executivo
fazer. Aí está colocado, não tem jeito, é dado da realidade. Então, a sugestão que eu
queria dar é a seguinte, e aí vou ler: “deve caber ao Executivo deliberar pela fruição
da lei, levando em conta os interesses da sociedade, a concorrência justa, o
imediatismo da atividade e seu conteúdo tecnológico e de geração de empregos. Não
seria automático, embora a trilha para a atuação do Executivo estivesse estabelecida
pelo Legislativo.” O que eu estou dizendo é assim: vale 2%. Só que para fruir, para
ter fruição, o Executivo tinha que avaliar...

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O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Deputado, desculpe


interromper, isso é o que o Dr. Joaquim Levy tem feito e não tem dado certo.
O SR. JÚLIO BUENO - Pois é.
O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Eu acho que nós
devemos, vamos recepcionar, mas vamos aguardar, vamos com a cautela devida,
porque eu conversei longamente com o governador, havia conversado com o senhor,
e nós, o governador está disposto a enfrentar para resolver questões localizadas,
porque eu acho que é dessa forma que vamos ter que enfrentar. Toda vez que altera
lei criam-se outras dificuldades e pior ainda é não ter lei, deixar na mão da
tecnocracia estatal cuida. A lei, pelo menos, é fruto de um amplo debate com a
sociedade, com as entidades da sociedade civil, tem suas virtudes e seus defeitos, e
nós precisamos sair da premissa de informações soltas para casos reais. Onde a lei foi
vigorosa? Para Três Rios foi vigorosa porque tinham outros componentes. Por outro
lado, hoje, a questão tributária tem muito mais peso, em função da situação que vive
o mundo, do que teve. O diferencial hoje dá de 10% e aí não tem logística, não tem
nada. Então, os fatores mudaram, os quadros mudaram e nós devemos analisar com a
cautela devida e com muita praticidade. Quer dizer, o governador tem vontade de
atuar, presidente Olavo, presidente Rodolfo, ajudando a resolver determinadas
situações. Aqui eu verifiquei que você citou a questão de Itatiaia e Campos. São
situações específicas que têm que ser resolvidas. Ou se dá as mesmas condições a
todas as empresas daquele segmento ou se tira o incentivo. Se tiver que alterar a lei,
já que tem a lei, se altera a lei. Mas não é suficiente entregar, o Dr. Mauricio Chacur
vai poder falar, conhece perfeitamente bem como é que isso se deu, e sabe que na
ausência da lei também não tem, porque chega no gabinete civil, aí a pessoa pensa de
outra forma, e também fica o Estado muito vulnerável a uma vontade pessoal desse
ou daquele setor, mesmo considerando a boa intenção de todos; pelo menos a lei
estabelece parâmetros. Se ela tiver equívocos, erros, devemos corrigi-los e devemos
corrigir nesse ambiente, ambiente onde o setor produtivo, os sindicatos,
trabalhadores, os representantes do Poder Executivo, as entidades da sociedade civil,
os prefeitos, vereadores, e o seguinte: a situação é essa, a realidade é essa. E o Estado
também não remete a esta Casa, o que é seu dever, as informações de como é que se
deu essa geração de empregos. O Dr. Joaquim Levy veio aqui, naquela última
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reunião: - não, porque não melhorou o emprego em tal lugar. Mas tudo de boca. Aqui
não tem vendedor, aqui tem que tirar o pedido. Quer dizer, a lei é o pedido. Então, é
preciso que a gente tenha informações concretas e, em cima disso, possamos
trabalhar para que onde está havendo mais angústia, onde está havendo mais
sofrimento, Dr. Júlio, desculpa, estou tentando ajudar com o pedido de perdão de
quem chega atrasado, estou me habituando, Dr. Olavo, isso é um mau sinal, eu que
era tão pontual.
Mas, então, quero dizer isso, temos que ter a cautela e tentar hoje,
dentro das possibilidades, tirar um grupo de trabalho para situações específicas,
município a município. Existe esse medo. Quando você fala em Três Rios, mas aí, ao
inverso disso, não é a fuga. Mas quem está em Levy Gasparian, o prefeito diz: mas
porque Três Rios tem esse benefício e Levy e Areal não têm, São José do Rio Preto
não tem. É um exemplo, eu não sei nem o que tem ou que não tem. Então as situações
de distorções existem, esta é uma Casa política e quando isso foi votado o Deputado
André Corrêa, por exemplo, conseguiu incluir Valença. Por quê? Porque tem força
política, preside a Comissão de Desenvolvimento Econômico, tem articulação com os
outros partidos e outros deputados, é assim que funciona, a sociedade aperta pra cá,
pra lá. Já determinados municípios não têm essa mesma força política.
Então, é isso que nós precisamos aqui, encontrar uma forma de
verificar como é que nós corrigimos as distorções, como é que nós melhoramos essa
lei e como nós avançamos.
Desculpe, secretário.
O SR. JÚLIO BUENO - Deixa só eu complementar, eu tenho três
sugestões, presidente, a primeira portanto foi essa de que a fluição ela não se desse
automaticamente e fosse ao juízo e ao Poder Executivo mas com uma pequena mas
importante observação. Nós temos algumas coisas que foram votadas aqui pela
Assembleia e que têm sido tranquilamente operadas dentro do governo. Por exemplo,
o Fremf. A concessão do Fremf é uma concessão que depende do poder
discricionário e do Poder Executivo e tem sido votado de forma tranquila, todo
mundo que precisa do Fremf tem recebido. Por que isso? Porque a governança dentro

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do governo que foi estabelecida – é importante dizer – por esta Casa tem sido feita de
forma adequada.
Então, a minha proposta, reconhecendo e concordando com o que
o senhor falou, é que a gente estabeleça como é que se faça a governança para a
concessão. E como é que faz a governança? Aí sem querer puxar a brasa para a minha
sardinha, a coordenação tem que ser da Secretaria de Desenvolvimento Econômico
com os secretários. Isso não foi invenção minha, a Assembleia estabeleceu uma
comissão no âmbito do Poder Executivo que estabelece a forma de dar o Fremf. A
minha proposta é que esta comissão, que fica, na verdade, com a coordenação do
Secretário de Desenvolvimento Econômico que tem na verdade como diretriz e como
dever de ofício atrair empresas, assim o fazer. Então, só para a gente concordar,
convergir. Então essa é a primeira proposta que eu queria fazer, concordando com o
presidente dizendo que a governança não pode ser solta, ela tem que estar
estabelecida em lei e, portanto, pela Assembleia.
O segundo item que também é uma sugestão de reflexão é o
seguinte, eu acho que tem que ter, já tem entrado pelos municípios colocados mas
tem que ter mecanismo de saída. Então a minha sugestão é a seguinte: sabe por que,
Sr. Presidente Jorge Picciani? O caso de Três Rios é espetacular, Três Rios está
virando Campinas do Estado do Rio de Janeiro. Está virando a Campinas do Estado
do Rio de Janeiro porque a gente tem infraestrutura lá, tem um monte de coisas e tem
também incentivo tributário. Mas daqui a pouquinho Três Rios não precisa mais.
Então, tem que ter mecanismos de saída, os municípios entraram na lei, mas têm que
sair. Como é que sai? Eu tenho aqui uma proposta para fazer, pode não ser a melhor,
mas pelo menos o conceito tem que ficar. Por exemplo, se o valor adicionado do
município dobrar, não é mais 2%, vale o que vale para todo mundo. Então, estou
propondo que a gente estude um mecanismo de saída. Essa é a segunda sugestão.
A terceira sugestão também vai ao encontro do que o Deputado
Jorge Picciani falou. O Executivo deve propiciar benefícios idênticos às empresas
instaladas anteriormente a vigência da lei nos municípios que não gozam da lei e que
estão sofrendo concorrência assimétrica. Eu estou dizendo que tem que dar ao Poder
Legislativo e, portanto, a esta comissão, a esta governança, o poder de dar o poder de
concorrência. Talvez não o mesmo valor de alíquota. Se você for em Três Rios, um
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pouco mais. Mas tem que dar ao Poder Executivo o poder de propiciar à empresa que
está sendo atacada esse mecanismo.
É isso, Sr. Presidente, o que eu queria falar. Acho que a gente
concorda com isso...
O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Não há dúvida.
Obrigado secretário, Dr. Júlio.
Nós temos inscritos os deputados André Corrêa e Luiz Paulo. Está
aberta a inscrição.
Sr. Deputado André Corrêa.
O SR. ANDRÉ CORRÊA – É rápido. Primeiro, presidente, é pra
falar da oportunidade deste debate: nós fizemos aqui aquela discussão do fórum, onde
estiveram aqui os secretários Júlio Bueno e Joaquim Levi, e, naquele debate, ficou
claro para mim que a questão central não é o incentivo fiscal.
Os problemas de arrecadação que eventualmente o estado tem são
outros e são estruturantes.
O SR. JÚLIO BUENO – Concordamos.
O SR. ANDRÉ CORRÊA – Ou seja, a questão não é o incentivo
fiscal. Mesmo porque há um movimento – e eu até entendo – o Secretário de Fazenda
é contra o incentivo fiscal.
Eu até entendo essa posição, que é muito forte nesse setor do
governo, e, obviamente, trabalha no sentido de lançar informações que desestabilizem
políticas de incentivos fiscais que são corretas. Aí, secretário, vem o espírito da lei.
Nós debatemos muito isso aqui, o Deputado Jorge Picciani lembra disso, como foi
difícil a aprovação da Lei Rosinha aqui nesta Casa, mas quero lembrar aos senhores
que todos os municípios da Lei Rosinha representam menos de 3% do PIB do Estado
do Rio de Janeiro! Nós estamos falando daqueles pequeninhos, não estamos falando
de uma questão significativa. E esta Casa agiu com muito o cuidado – num trabalho
importante da Deputada Aparecida Gama. Por exemplo, Cantagalo, presidente.
Cantagalo tem uma grande empresa cimenteira e que nós excluímos. E mais,

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presidente, para mim é como uma vaca com carrapato e para matar o carrapato,
querem matar a vaca.
Tenho uma informação da Secretaria de Estado de Fazenda, sabem
quantas empresas, Presidente, depois de tanto tempo, estão se beneficiando da Lei
Rosinha? 50 e poucas empresas. Tenho essa relação aqui comigo e posso apresentar.
Muito poucas! Muito poucas empresas!
Sr. Secretário Júlio, o que nós temos que cobrar é que a Secretaria
de Estado de Fazenda faça seu papel e fiscalize. A lei é clara: impede qualquer
movimento de empresa dentro do estado. Não precisa ser município vizinho não. Se
tiver uma empresa aqui do Rio de Janeiro que queira ir para minha Valença, ela não
pode. A lei é clara; se alguém burla a lei, cabe à Secretaria fiscalizar. E é muito fácil
fiscalizar: são só 50 empresas. É muito fácil fiscalizar qualquer tipo de manobra de
sonegação fiscal. Não é possível uma empresa sair de nenhum município e ir para o
outro. A lei é clara! Estabelece limites de arrecadação, é diferente de ampliação. É
um trabalho mínimo, é só a Secretaria de Estado de Fazenda pegar as 50 e poucas
empresas, ver se porventura houve algum movimento dentro do estado e compor a
arrecadação.
Agora, eu concordo, prefeito, que tem alguns setores com os quais
temos que ter ainda maior atenção, por exemplo, o setor farmacêutico não possa ter o
benefício dessa lei. Porque, veja bem, as micro e pequenas empresas estão muito bem
atendidas. Acho que o País avançou muito com o Simples.
As grandes empresas têm o regime especial do Estado. Nós
estamos falando de médias empresas. Então, o foco aqui é o potencial de benefícios –
e esse foi o objetivo – foi apoiar as economias com menor índice de desenvolvimento
humano.
Talvez esse seja o outro critério: qual o índice de desenvolvimento
humano? Se quer fazer uma discussão ampla, vamos fazer através do IDH e vamos
calibrar uma diferenciação dessas alíquotas pelo IDH dos municípios.
Agora, o que não pode, secretário Júlio Bueno – e eu sou
testemunha de seu esforço, aliás, sou seu admirador e, mesmo não sendo da base do

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governo, tendo trabalho aqui muito na defesa dessas questões de desenvolvimento do


Estado e sou literalmente contra a primeira proposta que V.Exa. apresentou. Essa
questão de tirar o requerimento automático vai fazer com que o Secretário Joaquim
Levy faça um embargo de gaveta lá. É assim que funciona. Já faz.
Agora, o critério da saída, acho uma discussão superinteressante.
Cumpriu o objetivo? Pronto.
Outra coisa, Secretário Júlio Bueno, Srs. Deputados, o Prefeito de
Valença me lembrava aqui não é só o incentivo, não é só a questão logística, se o
município que foi beneficiado não se organizar, não se profissionalizar para buscar
investimento não vem. A prova disso é o Município de Três Rios. Você pega alguns
municípios do lado com a mesma logística de Três Rios estão na beira da BR-040 e
não têm, por quê? Três Rios criou uma companhia de desenvolvimento industrial; fez
toda uma política de atração. Então, há uma série de questões que acho que não
podemos, como, infelizmente, vejo uma estratégia de se criar conflitos políticos para
desetabilizar a lei Rosinha, que foi uma lei que acho importante para o Estado
enquanto a sua dimensão dela foi muito pequena. Os casos que foram explanados
aqui são perfeitamente resolvidos com essa equalização.
Esse debate é sempre importante, mas lembrando que esses
municípios não representam 3% do PIB do Estado.
O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Obrigado, Deputado
André Corrêa.
Aproveito para fazer uma observação. Tivemos uma reunião
solicitada pelo vice-líder do Governo, deputado Nelson Gonçalves, com o
representante do sindicato dos metalúrgicos, prefeitos da região do sul do estado, a
Mitra Diocesana e diversas entidades da sociedade civil daquela região e a angústia
se dava em função das demissões na CSN, pois não havia canal de negociação. Não é
fácil mesmo tê-lo. Aí surgiram outras demandas: o subprefeito de Piraí abordou a
questão da antiga Cintra, da AMBEV. Detectamos que havia pleitos paralisados na
Secretaria de Fazenda para dar melhor utilização do Porto de Angra e do Porto de
Arraial do Cabo. São portos que movimentam menos de 1 tonelada ou mil toneladas,
não posso aqui precisar, e que o malte, do setor cervejeiro, estava sendo importado
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pelo Espírito Santo. Levei o assunto ao Governador: “não, Picciani, não é só pelo
Espírito Santo por Santa Catarina e, também, por Paranaguá, no Paraná. Falei: então,
mais grave ainda. Não arrecadamos nada, encarece o custo da nossa indústria e
engarrafa ainda mais o trânsito. Aumenta imensamente a questão da logística. Essa
foi mais uma questão a ser tratada.
O Prefeito de Itatiaia explanou sobre a questão do risco de perda
de empregos até de fechamento da indústria. O Governador também conhecia o caso.
Falei com o Júlio Bueno, que também conhecia o caso. Com a lei, instalou-se uma
indústria muito mais recente, em Campos. Automaticamente, seu diferencial de preço
da ordem de 10%. Ora, uma situação dessa é impossível competir.
Então, além de discutir como um todo a lei, que esta Casa está
disposta a revisar, o que me disse o governador, Dr. Júlio, porque iríamos ter uma
reunião e acabamos não tendo porque o senhor tinha que ir a Brasília, “olha, faça esse
debate, convoque as entidades da sociedade civil, convoque o Júlio e veja que tipo de
solução é melhor. Estou disposto a ajudar no que for possível para avançar para que
venhamos a manter empregos, venhamos a gerar mais empregos, venhamos a
equilibrar isso.” Foi a minha conversa com o governador. Ele mesmo achava que o
caminho bom era esse tipo de reunião mais ampla para daqui sair.
Para não ficarmos só no aspecto da lei, porque sempre haverá
conflitos, mas também poder avançar. André, dentro disso é a proposta do Júlio.
Evidentemente, que tem que encontrar o ponto certo para o fortalecimento. O que
queremos é o desenvolvimento econômico. Está visto que nem sempre quando se
reduz a carga tributária está se diminuindo a arrecadação, muitas vezes está
aumentando o nível de geração de emprego e de renda, com isso, aumentando a
arrecadação de impostos. O nosso sentido aqui é o de fortalecer a posição da
Secretaria de Desenvolvimento Econômico e a economia estadual. Aí está em
consonância com a associação comercial. Então, queria dar este relato para que não
ficássemos restritos à questão da lei, se é boa ou ruim, se muda aqui ou ali.
Deputado Luiz Paulo.
O SR. LUIZ PAULO – Boa-tarde a todos, invertendo a ordem,
primeiro, cumprimento o Deputado Nelson Gonçalves, feliz autor da ideia de se fazer
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esse encontro num momento extremamente oportuno; cumprimento o presidente


Picciani, o secretário Júlio Bueno, todos os prefeitos, deputados, secretários,
vereadores, primeiro, um rápido comentário sobre a lei Rosinha.
Quando veio para esta Casa, o Deputado Picciani há de lembrar,
não tínhamos qualquer explicação sobre ela. Conseguimos algumas explicações,
Deputado André Corrêa, quase a fórceps, para poder entender o quesito 32
municípios, porque uns e não outros, inclusive essa questão do IDH não veio
claramente colocada. Foi uma lei que chegou, para variar, em regime de urgência
com o debate muito pequeno. O senhor acabou de levantar a preocupação do prefeito
de Macaé. Nós, naquela época, interrogamo-nos por que Campos e Macaé não? Qual
era o critério de Campos estar? Evidente que essa lei precisa de muitos ajustes.
Transcorreram-se três anos alguns poucos municípios – o senhor citou Três Rios e
Sapucaia - foram profundamente beneficiados, que bom, mas em contrapartida a
nossa antiga Campo Belo, Itatiaia hoje, está sendo prejudicada. Então, acho que
precisa ajustar, mas sem que o poder discricionário, unilateralmente, seja do Estado e
muito menos a Secretaria de Fazenda, que não tem calibre para gerir o
desenvolvimento econômico do Estado. Fazenda é para arrecadar. Quem tem que
cuidar do desenvolvimento do Estado é a Secretaria de Desenvolvimento Econômico.
É da natureza da máquina fazendária arrecadar. O sucesso do Secretário de Fazenda é
dizer que arrecadou mais do que o previsto, o resto, para ele, é secundário. Agora
mesmo em todos os jornais foi estampado o quê? O caixa do Estado limpo são R$ 2,2
bilhões. Aí você vai verificar a execução orçamentária quase todos os programas não
foram executados, mas sobrou dinheiro em caixa. Para o Secretário de Fazenda é um
sucesso para o desenvolvimento econômico, uma derrota. Essa é que acho que é a
questão central. Não é a Secretaria adequada para tratar disso, por via de
consequência, também não cabe a ela ter qualquer poder discricionário para dizer se
entra ou não entra. Acho que esta Casa Legislativa tem perfeitas condições de
entender qualquer ajuste na lei Rosinha inicial e colaborar com isso.
Segundo, estou conversando aqui um pouco em meu nome e em
nome do Deputado Ademir Melo. Ele, ontem à noite, indo para Barra Mansa, sofreu
um acidente de carro na Via Dutra e me telefonou hoje para que eu estivesse aqui. Ele

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está bem, está indo fazer um check up etc., mas o acidente foi muito feio. Por isso,
aqui estou me representando e representando a ele.
Acho que a primeira questão é relativa à carga tributária. Nesse
sentido, acho que o Estado está bastante inerte ainda. O Presidente Lula, há mais ou
menos um mês, fez uma reunião no nordeste e suscitou a todos os governadores de
estado que postergassem o recolhimento do ICMS para fazer caixa para as empresas
reinvestirem etc. Muitos estados fizeram, inclusive São Paulo, como noticiado nos
jornais – o Estado do Rio de Janeiro passou batido. Sobre a alíquota de 5% do Fundo
Estadual de Combate à Pobreza em cima de energia e telecomunicações, base para a
indústria de transformação do Médio Paraíba, podia postergar também o
recolhimento – há um Projeto de Lei, do qual sou autor juntamente com os Deputados
Comte Bittencourt e João Pedro, tramitando nesta Casa. Mas nada acontece, o Estado
está inerte.
Acho que essa questão de diminuir carga tributária, pelo menos
postergando o recolhimento na crise, é fundamental. Os prefeitos – e essa é uma das
propostas do Deputado Ademir – podem, junto com o Estado, também botar seus
ISSs para essas indústrias na média de 2%, sem haver competitividade. Acho que é
um outro tipo de caminho a se tomar, o Estado e os municípios terem uma ação
conjunta.
A terceira questão – aqui tem uma listagem de onze em que nove
versam sobre esse tema, que o Ademir Melo – diz respeito a investimento em
infraestrutura, porque uma das questões de você melhorar os investimentos ou mantê-
los é a logística, é a questão da infraestrutura. Então, teria que ter, para usar a palavra
da moda de que gosta o Deputado Rodrigo Neves, um PAC para o Médio Paraíba
para segurar o emprego ali. A Deputada Inês Pandeló fala cotidianamente daquele
pátio de Barra Mansa que não termina.
Essas são as três questões centrais: a carga tributária; a associação
do Estado com os municípios para juntar a questão do ICMS em cadeia com o ISS,
ou até algum outro tributo federal que possa caber nessa cadeia produtiva, como o
IPI, por exemplo; e a terceira questão é a infraestrutura, aí as demandas são imensas.

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O desdobramento de um encontro como este deveria ter, no meu entendimento, devia


ter esses três enfoques.
Queria passar ao secretário Júlio os pleitos do Deputado Ademir
Melo. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Deputado Nelson
quer um aparte.
O SR. NELSON GONÇALVES – Só no que o Deputado Luiz
Paulo apresentou, os prefeitos, em algumas reuniões que fizemos na Cúria com a
presença do Dom João e várias pessoas, essa questão do ISS, foi mencionada. Quer
falar um pouco, José Renato? Poderia colocar algo sobre o ISS.
E pra completar quanto à questão de infraestrutura da região, não
só o pátio de manobras de Barra Mansa, mas também há outro investimento
importante não só para Volta Redonda como também para toda a região, o Deputado
Luiz Paulo acompanha isso de perto desde que foi vice-governador - naquela época, a
primeira audiência que tive com ele como Deputado foi levar essa reivindicação e até
hoje não saiu - que é a rodovia do Contorno.
Então, são duas obras realmente importantes para a nossa região
que, vamos dizer assim, se concluídas, além de gerar emprego, seriam importantes no
que diz respeito ao desenvolvimento. Já está sendo feito um investimento do governo
estadual, como a questão da estrada Valença-Conservatória; a recuperação da RJ 155,
Barra Mansa-Angra dos Reis. Isso, sem dúvida, facilita muito o escoamento da
produção, incentiva o turismo, além de dar conforto e mais segurança a todos os
usuários.
Eu queria que o prefeito José Renato falasse em nome dos
prefeitos dessa questão do ISS, que foi uma questão colocada pelo Deputado Luiz
Paulo e que, nesse fórum, que nós chamamos lá, denominado pelo Dom João, pelo
padre Juarez como o Fórum de Demissão Zero, que já está acontecendo em Volta
Redonda, em toda a região, desde dezembro, quando começou a crise, vamos dizer
assim, se desencadeou na nossa região, mais precisamente. Só para completar isso,
Prefeito José Renato.

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O SR. JOSÉ RENATO – Boa-tarde a todos. Vou ser bem breve


aqui porque já estou quebrando as inscrições. Mas só, Deputada, como o Deputado
Nelson Gonçalves falou, nós temos feito, a convite da cúria, reuniões entre os
prefeitos da região, e deliberamos aqui, dentro da nossa pequena autonomia, algumas
coisas que nós podíamos fazer, de forma a amenizar os efeitos da crise na nossa
região. Dentre elas, uma delas seria a redução de 10 a 20% nas alíquotas de ISS, para
as empresas que pagassem rigorosamente em dia, exceto serviço bancário,
administração de rodovias e transporte coletivo. Também concedemos um desconto
de 20 a 30% para o pagamento de IPTU 2009 àqueles que pagassem em cota única.
Uma outra medida que tomamos foi a adequação do município
com edição de lei municipal, em conformidade com a Lei Complementar 123/2006,
na instituição do tratamento diferenciado, favorecido e simplificado, às
microempresas e empresas de pequeno porte com relação à participação das licitações
municipais e, da mesma forma, a adequação do município também com edição de lei
municipal, em conformidade com a Lei Complementar 128/2008, no que tange ao
microempreendedor individual, o MEI. Também proporcionamos a realização de uma
campanha institucional de incentivo ao consumo do comércio da região. Então, essa
questão do ISS já está definida pelos prefeitos e cada um já está encaminhando as
suas câmaras municipais, porque depende de aprovação de lei, e já está sendo
deliberado sobre esse assunto.
O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Obrigado, prefeito
José Renato.
Antes, Dr. Júlio quer dar uma palavra. Vou pedir para aguardar,
deixar mais uns três falarem. Se estiverem de acordo, vamos ouvir representantes das
entidades, representantes dos sindicatos, deputados, o bispo, prefeitos, vamos
entremeando, para que a gente ter uma visão geral, para ver como é que a gente
sintetiza, no final, da forma mais objetiva possível. Então, nós temos aqui diversos
inscritos. Eu vou chamar o nosso presidente da Federação de Agricultura, Dr.
Rodolfo Tavares.
O SR. RODOLFO TAVARES – Presidente Picciani, Deputado
Nelson Gonçalves, parabéns também pela sua iniciativa. Eu gostaria de falar,
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primeiro, Presidente, como presidente da Federação de Agricultura do Estado do Rio


de Janeiro e reconhecer que a Lei Rosinha pode causar algumas distorções, mas é
importante que se compare um eventual dano, um eventual prejuízo com os
benefícios que essa lei traz para o Estado do Rio de Janeiro. Eu creio que aperfeiçoá-
la é sempre importante, mas quem conhece o interior deste Estado sabe que esses
municípios, sem um mecanismo mínimo de incentivo, de fomento à atração de
empresas para o nosso Estado, especialmente nesse cenário de crise, teriam imensas
dificuldades em manterem o seu progresso, o seu desenvolvimento.
Eu gostaria, entretanto, Sr. Presidente, de chamar a atenção para
alguns pontos importantes que nós devemos a esta Casa, e louvo aqui os Srs.
Deputados que têm atendido a agricultura sempre de maneira correta e tempestiva. O
exemplo disso é a Lei 5.100, a lei do ICMS Verde, que começa a ter efetividade de
recursos a partir do exercício de 2009. É um grande instrumento, uma grande
ferramenta para que o Estado do Rio de Janeiro, especialmente o sul fluminense,
possa incentivar o turismo, o artesanato, as atividades agropecuárias e, especialmente,
garantir a preservação de coleções d’água e do meio ambiente para uma região
metropolitana e a capital. É bom que nós lembremos que, em 2015, não seremos mais
15.3 milhões fluminenses e cariocas, seremos perto de 17 milhões de fluminenses e
cariocas, dos quais, mais de 80% estarão exatamente na região metropolitana e na
capital. As coleções de água que vêm do interior, sendo preservadas, podem
viabilizar o impedimento de que essas bacias hidrográficas se transformem em
verdadeiras valas de esgoto sanitário. Quando esses rios chegam à região
metropolitana, recebem uma carga muito maior de rejeitos, dejetos, lixo e,
principalmente, esgoto.
Então, senhores prefeitos, eu pediria imensa atenção para a Lei
5.100. A Federação da Agricultura, junto com o Sebrae, com as outras entidades, e
temos aqui diversos conselheiros do Sebrae presentes, vai fazer todo possível para
que esse tema tenha efetividade de resultados no nosso Estado. Sei que ele é
fundamental.
Gostaria, também, Presidente, de chamar atenção para uma
distorção, e aproveito esta oportunidade para informar que, com certeza absoluta, o
PIB agropecuário do Estado do Rio de Janeiro está totalmente distorcido na sua
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DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA E DEBATES

aparência formal. Nós temos, no nosso Estado, 58.800 unidades de produção rural. Só
no sul fluminense chega perto de 7.500 unidades de produção rural, que geram
emprego, que geram riqueza, mas que sofreram o desconhecimento do estado, o
estado lato sensu, durante muitos anos. A atenção é ao petróleo, a atenção é à capital,
a atenção são para as obras viárias nos centros urbanos no Estado do Rio de Janeiro,
que são muito importantes, mas o interior precisa, efetivamente, que tenhamos uma
participação nas políticas públicas e no orçamento do governo do Estado de maneira
adequada. Volto a afirmar que o nosso PIB agropecuário está subavaliado em, pelo
menos, 300%. Não tenho dúvida disso e isso será provado em muito breve tempo,
com uma parceria que haveremos de construir com o Sebrae, a Secretaria de
Agricultura e uma universidade do Estado do Rio de Janeiro, que ainda não posso
declinar o nome, que fará o levantamento sistemático desse PIB agropecuário, para
que nós possamos ter um pouco mais de atenção do Estado e da própria sociedade,
mostrar o que efetivamente o Estado do Rio de Janeiro produz.
Quanto a esse assunto ainda, Presidente, eu me permito convidar
os Srs. Prefeitos que estão aqui presentes para um evento do Fazenda Legal, no dia 14
de março, sábado, o outro que vem, na Associação Rural Sul Fluminense, onde
estaremos tratando exatamente da agropecuária do Estado e temas como esse do meio
ambiente, com a presença já confirmada do Senador Dornelles e, tenho a esperança,
que o nosso governador haverá de encontrar um espaço na sua agenda para também
estar presente.
Quanto ao Sebrae,senhor Presidente, eu quero garantir, em nome
do nosso diretor superintendente, Sérgio Malta, e dos conselheiros que estão aqui
presentes, Olavo Monteiro de Carvalho, Antônio Melo Alvarenga, Chacur, se eu não
vi outros, por favor, me perdoem, Júlio Bueno, que está aqui, enfim, que o Sebrae irá
participar intensamente, através da capilaridade dos seus balcões e da capacidade
gerencial que reúne, para incentivar e focar cadeias produtivas no interior para que
efetivamente nós tenhamos resultados de geração de emprego e renda. Tenha certeza,
Presidente, que nós vamos estreitar cada vez mais a parceria com a nossa Associação
dos Prefeitos do Estado do Rio de Janeiro, com nosso prefeito Vicente Guedes e
todos os prefeitos, fazendo harmonicamente uma reunião de inteligência do poder
público municipal, da sociedade civil organizada e das instituições que o Estado do
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Rio dispõe. E me permito, como presidente do Sebrae, afirmar que o Sebrae é uma
das mais importantes, junto com as instituições que compõem o seu Conselho
Deliberativo.
Então, quero aqui registrar os agradecimentos aos senhores
deputados pela recente medida no caso da pecuária de leite que modificou a posição
tributária do leite, o UHT, e que também, a partir desse mês, começa a gerar imensos
interesses da Parmalat, já posso registrar que vai potencializar a sua produção no
noroeste fluminense, da nossa Cooperativa Agropecuária da Barra Mansa, que
receberá um grande incentivo para a comercialização da produção fluminense, e não
só ela como Macuco e outras cooperativas.
Então, senhores, muito obrigado. Obrigado, senhores deputados,
pela atenção que nós merecemos na agricultura, pela atenção ao nosso Sebrae, e
vamos entregar aos senhores, brevemente, esse levantamento sistemático do PIB
agropecuário do Estado do Rio de Janeiro. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Agradeço ao Dr.
Rodolfo Tavares.
Consultar o Bispo D. João se gostaria de fazer uso da palavra.
(Pausa) Por enquanto não.
O nosso prefeito Luiz Carlos Ipê, de Itatiaia.
O SR. LUIZ CARLOS IPÊ – Boa tarde, Deputado Jorge Picciani,
Deputada Inês Pandeló, e outros deputados, Nelson Gonçalves, prefeitos aqui
presentes.
Eu assumi o município, dia 1º de janeiro, estagnado. A gente que
está lá na ponta, Deputado André Correia, estamos sentindo o problema, e o nosso
município com 20% da mão-de-obra ativa desempregada. Tive uma alegria inicial,
através do secretário Júlio Bueno, da implantação da Michelin em Itatiaia. Mas a
manutenção das empresas em Itatiaia seria importante, porque nós passamos
praticamente 15 anos sem investimento privado lá. E ao visitar uma das empresas, e
uma informação do nosso secretário de Desenvolvimento Denílson, vimos que ela
estava passando por situação difícil. Eu não sou contra o incentivo, mas o problema é
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que nós começamos a ser prejudicados a partir da hora em que uma empresa, nos
últimos dois anos, ela deixa de ter 50% em termos de mão-de-obra. Foram 50% de
funcionários demitidos. Isso é preocupante numa cidade com tantos desempregados.
Por isso que, na reunião dos prefeitos, procurei uma aliança com o Neto, com o
Rechuam, procurei o Deputado Noel de Carvalho na fazenda dele, almocei com ele
lá, levando esse problema. Porque a partir da hora que eu assumi a direção do meu
município, eu tenho que me unir os outros para fortalecer meu município. Itatiaia está
numa situação estratégica, é um município no meio da via Dutra, numa situação
logística especial, mas a diferença do CDS é muito grande, gente! Esse empresário,
por exemplo, está lá há praticamente há 40 anos, e ele falou:”Olha, Luiz Carlos, eu
não quero igual, eu quero pelo menos próximo.” E ele está lá com previsão de dobrar
a empresa dele, mas numa condição em que ele possa concorrer.
Então, o que precisamos é de uma atenção especial do presidente
Jorge Picciani, do governador Sérgio Cabral, do secretário Júlio Bueno, que está nos
apoiando lá, porque hoje Itatiaia tem um prefeito, que até pelo nome do partido dele,
o Partido Progressista, e com o apoio do senador Dornelles, com a minha ideia é que
eu diminua, pelo menos em dois anos, a metade dos desempregados de lá. E essa é a
nossa missão. Então, preciso de uma atenção especial desta Casa, e através do
Presidente Jorge Picciani, através do Deputado Nelson Gonçalves, da Deputada Inês
Pandeló, que tem nos visitado lá e está vendo o nosso problema lá, eu vou estar lá.
Como a gente está na ponta, eu recebo lá, eu fico até as 10, 11 horas da noite no meu
gabinete recebendo as pessoas procurando um emprego, não me pedem nada. Então,
eu vou ser uma pessoa que sempre vou estar aqui, de alguma maneira, procurando
caminhos para desenvolver o meu município.
Era essa a colocação que eu queria falar. Eu não sou contra
incentivo, eu sou a favor. Porque nós não vamos inclusive desenvolver muito o
turismo, mas nós precisamos o apoio dos senhores.
O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Obrigado Prefeito
Luiz Carlos. Pode ter certeza que tem o apoio integral não do Presidente em si, mas
de todo parlamento, o governador acabou de telefonar, está interessado no resultado
desta reunião, por isso eu atendi ao telefone. O Dr. Júlio vai transmitir isso, nós
vamos tentar sintetizar isso num documento. Eu falarei também. Acredito que nós
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encontraremos um caminho. Acho que há situações que nós poderemos avançar


rapidamente, outras devem ser fruto de um debate mais permanente.
Eu vou ouvir agora o Deputada Inês Pandeló, depois o Dr. Olavo
Monteiro.
A SRA. INÊS PANDELÓ – Boa-tarde, Sr. Presidente, Secretário,
demais deputados, prefeitos, todos os presentes, com relação à lei que foi a primeira
colocação aqui. De início, realmente teve aquela dúvida, por que somente aqueles
municípios? Depois entendemos o objetivo da lei e nos seguramos, representantes
que somos lá do sul fluminense, moradores de Barra Mansa, me segurei. Depois
começou a entrar novos municípios na lei e aí eu peguei e falei: vou acrescentar Barra
Mansa também. E apresentei uma emenda acrescentando Barra Mansa. Só que
acabou essa emenda passando nas Comissões, mas não chegando a ir à votação. Mas
eu acho importante levantar essa discussão, e a gente avaliar bem isso. O Prefeito de
Itatiaia, Luiz Carlos, tinha já me colocado essa situação de Itatiaia. Já usei a Tribuna
para falar a respeito. É uma situação que está sobressaindo, mas eu penso que existem
outras.
No entanto, como o Presidente bem falou, o motivo desse encontro
aqui, e quero agradecer também, a gente tem conversado e participado lá do fórum
em Volta Redonda, eu e o Nelson Gonçalves, representando aqui a Assembleia
também. E as discussões que tem sido feitas lá são discussões relacionadas de como
minimizar o desemprego e os efeitos da crise na região sul fluminense. E como o
Secretário Júlio Bueno falou, nós também tínhamos uma expectativa enorme de
crescimento da região sul fluminense. Porque em todo o lugar que a gente ia a gente
ouvia, mesmo no governo anterior, nós ouvíamos a região sul fluminense é a região
de potencial de crescimento no Estado. E aí veio a crise e a gente está sentindo o
reflexo lá. Então, temos que olhar a região sul fluminense como um problema que eu
acho que vai passar, realmente, a crise não é para sempre, mas, neste momento,
necessita de políticas públicas e de atendimento emergencial para que possamos
minimizar os efeitos da crise naquela região.
Nós temos nos preocupados muito com a questão da CSN. Porque
a CSN vem demitindo, vem fechando o diálogo, e demissão na CSN tem um efeito de
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dominó, acaba atingindo outros setores e outras cidades. Então, uma das questões que
a gente vem solicitando é que os diversos atores do Estado possam ajudar, o sindicato
vai falar, possam ajudar a abrir esse diálogo com a CSN.
Uma outra questão colocada para minimizar os efeitos da crise na
região foi a execução de obras, obras de infraestrutura que geram empregos imediatos
e não é perdido, é a infraestrutura para que quando passar a crise possa ter mais infra-
estrutura para trazer investimentos, inclusive, de outros estados.
Aqui foram citados alguns empreendimentos que já são do
governo federal. O Presidente Lula tem dito: “ O Estado vai investir mais ainda nesse
momento de crise”. E as obras do PAC, lá o pátio de manobras o Luiz Paulo falou
que não termina – na verdade, não começa – mas agora está iniciando, está na fase de
assinatura do contrato. Temos lá a Avenida do Contorno, que tem problemas de
licença ambiental, que precisa ser resolvido. O Deputado Rodrigo Neves, da nossa
bancada, abriu uma negociação, uma conversa, com o Ministro Luiz Dulci, para que a
gente possa levar também essa situação. Então, eu penso que o Estado deveria abrir
algumas frentes de obras lá na região fluminense. Acho, por exemplo, a estrada que
liga Rio Claro à Mangaratiba é muito importante, ainda mais agora nesses dias em
que na Dutra caiu tudo quanto é barreira. Eu estava chegando do Fórum Social
Mundial e fiquei quatro horas no aeroporto porque o meu motorista não conseguia
descer a Dutra. Então, a Estrada de Mangaratiba é essencial.
Outra estrada que o Prefeito José Laerte fala muito é a ligação de
Minas com o Estado do Rio, ali por Falcão. Temos lutado, já há algum tempo, para o
asfaltamento da estrada que liga o bairro de Colônia a Rialto, em Barra Mansa, assim
como o de Vila Nova ao distrito de Amparo, que vão ligar aos distritos e, com
certeza, o meio rural também. E aí quero fazer minhas as palavras da Federação da
Agricultura, sobre o ICMS Verde, que é um potencial importante para a arrecadação
dos municípios também. E quero convidar, porque aqui a Casa instalou uma
comissão especial de acompanhamento da implementação do ICMS Verde – sou
presidente desta comissão – vai ter a primeira reunião com a presença da Secretária
de Ambiente. Será dia 1º de abril, mas é verdade. Depois queremos fazer outras
também nos municípios para levar informação e para estar à disposição dos prefeitos
também. Obrigada.
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O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Obrigado Inês.


Vamos ouvir agora o Dr. Olavo Monteiro de Carvalho, presidente da Associação
Comercial do Estado do Rio de Janeiro.
O SR. OLAVO MONTEIRO DE CARVALHO – Sr. Presidente
Picciani e demais autoridades presentes, minhas senhoras e meus senhores, Secretário
Júlio Bueno, primeiro quero agradecer a honra de participar deste importantíssimo
fórum, muito oportuno, e fico feliz de poder trazer aqui o testemunho da Associação
Comercial do Rio de Janeiro, que como todos sabem, é a casa do empresário há mais
de 200 anos.
Senhor Presidente, não sou especialista em Lei Rosinha, não tenho
dados, como brilhantemente expôs o Secretário Júlio Bueno. Vejo muito bem o
problema, mas acho que seria oportuno que eu, estamos aqui tratando da crise,
trouxesse o meu depoimento de uma reunião que tive com o Presidente Lula
recentemente. O Presidente Lula chamou um grupo limitado de empresários, dentre
eles os maiores empresários do Brasil, o Jorge Gerdal, o Emílio Odebrecht, enfim não
vou citar todos aqui, até por coordenação do Ministro Veloso. Tive a enorme
satisfação de ver que o Presidente Lula estava absolutamente consciente, atualizado,
sobre os maiores problemas da crise e que o governo estava caminhando na direção
certa, não com a necessária velocidade – devo dizer até que o Presidente estava na
frente do time dele, da equipe dele, é impressionante, ele tinha uma visão, estava
enxergando lá na frente. Mas, eu, como representante da Associação Comercial, tinha
trocado umas idéias quaisquer e acho que seria importante colocar naquele fórum a
posição do Brasil em relação ao mundo. Quer dizer, já naquele momento ali, há mais
de um mês, eu dizia: “Presidente Lula, eu tenho diversos contatos no exterior, recebo
input de muitos amigos, de companheiros e todos me dizem que o Brasil hoje está
numa situação privilegiada, todos considerando mudar os seus negócios, vir investir
no Brasil.
Então, nós estamos muito preocupados com a crise, sim; temos
que tomar medidas de curto prazo também e temos que olhar um pouquinho na
frente. Um mês depois, eu tenho hoje a grata satisfação de abrir o Jornal do Brasil e
ver que a indústria automobilística brasileira está reempregando. Esse mesmo jornal
informa que, nos Estados Unidos, as vendas caíram 50%, 30%. Quer dizer, nós temos
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que nos conscientizar que temos uma situação, hoje, privilegiada, no mundo. Então,
nós, empresários, antes de tudo, como sempre foi uma das preocupações minhas na
Associação Comercial, temos que olhar para o ambiente de negócios. Ambiente de
negócio que, para as empresas grandes e médias, sinto que existe uma
conscientização muito grande.
Mas, nessa reunião com o presidente Lula, eu disse da importância
dos dados que me impressionam muito, da geração de empregos da pequena e média
empresa. Fazendo parte do Sebrae, que eu tenho a honra de participar, estou muito a
par e acompanhando isso. Tivemos a lei do Simples, que foi muito importante, mas
ela precisa ainda de um aperfeiçoamento. É uma coisa que se precisa regulamentar, é
fundamental.
Apoiando essa pequena e média empresa, vamos conseguir uma
geração importante de negócios. Presidente, só para concluir, sem querer entrar numa
seara que eu não domino, não conheço, tenho conscientização da importância do
incentivo, mas também tenho medo dele.
Como o presidente mostrou muito bem, quando um companheiro
sofre uma concorrência, estabelecido ali a não sei quantos anos, de repente, é
surpreendido com o concorrente que entra e que tem aí dez por cento a menos de
imposto, vou lhe dizer, é uma situação difícil. Então, se eu posso deixar aqui só uma
sugestão, uma lembrança, quem sabe esse incentivo pode, secretário, ter um período
fixo, por um prazo delimitado? Entendeu? Não pode ser para o resto da vida. (pausa)
É vinte e cinco anos? Então, bota isso mais curto; manda eles trabalharem rápido: dez
anos.
E a outra coisa é ligar o incentivo a certos objetivos, porque tem
metas que têm que ser alcançadas. Quer dizer, não é só dar o incentivo, o cara vem lá
e fica lá gozando, se aproveitando durante 25 anos. Acho que poderiam ser criadas
algumas metas e objetivos. Quem não cumprir aquilo, perde.
Desculpe-me tomar tanto tempo. Muito obrigado. É um honra
muito grande estar aqui com vocês.

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O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Obrigado, Dr.


Olavo. A honra é nossa. A presença da Associação Comercial no fórum sempre tem
engrandecido esta Casa. Obrigado por sua presença.
Vamos ouvir o Dr. Campanário, advogado do Sindicato dos
Metalúrgicos do Sul Fluminense.
O SR. CAMPANÁRIO – Sr. Deputado Jorge Picciani; deputado
Nelson Gonçalves; deputada Inês Pandeló; Sr. Secretário de Governo e demais
autoridades, é com uma grande satisfação que os metalúrgicos do Sindicato dos
Metalúrgicos – está aqui o nosso presidente, Renato Soares Ramos – está
participando de um fórum de desenvolvimento estratégico do Estado do Rio de
Janeiro.
Os trabalhadores entendem que sem o desenvolvimento, sem que
tenha mais empresas, sem que as empresas cresçam, não há empregos. E isso é uma
forma nova de estar o sindicato, de estarem os metalúrgicos participando de um
fórum empresarial. Mas ele tem também a sua questão de ordem social.
E como o deputado Jorge Picciani lembrou e o deputado Nelson
Gonçalves, essa discussão de hoje surgiu de reuniões feitas com o Bispo de Volta
Redonda, da Diocese de Volta Redonda, com a igreja, com os prefeitos, com o
sindicato, que era a questão da discussão da demissão zero. Por quê? Porque foi no
momento do início da crise, em dezembro, quando começaram as demissões,
principalmente no estado do Rio de Janeiro, e falo pelo sul fluminense, e começou
pela CSN.
Na região nós temos - permita-me, deputado, sem me alongar
muito -, mas alguns esclarecimentos necessários. O sindicato dos metalúrgicos tem a
sua base territorial no sul do estado, fundamentalmente pegando dois setores da
indústria: o setor automobilístico e o setor da siderurgia. São dois setores
fundamentais do desenvolvimento daquela região. E até o ano passado nós estávamos
a pleno vapor, o crescimento, a Volks produzindo mais, a Peugeot produzindo mais,
enfim, estava num momento de grande expectativa. De repente, começa a crise. A
crise, sem entrar no mérito da crise, se ele é financeira ou é econômica, mas nós
entendíamos naquele momento que as empresas não precisavam de começar a demitir
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trabalhadores antes de saber qual é a profundidade e qual é a extensão dessa crise. E


essa crise, eu acho que até hoje ninguém sabe até onde ela vai, onde ele termina. Mas
nós sabemos o que realmente é necessário para garantir o desenvolvimento, garantir a
justiça social e garantir fundamentalmente o emprego. E aí, foi por isso que nesse
fórum nós tiramos propostas alternativas às demissões, porque nós entendemos que
sem emprego não há desenvolvimento, sem emprego não há geração de renda e não
distribuição da justiça social.
E a CSN, me permite, sem querer especificar a CSN iniciou um
processo de demissão sem querer negociar com o sindicato. Ao passo que as
empresas da indústria automobilística negociaram com o sindicato. A Volks
negociou, a Peugeot negociou alternativas ao emprego. Discutimos e celebramos
acordos no sentido de começar por suspensão do contrato de trabalho, férias
coletivas, num caminhar de propostas alternativas sem demitir. E a CSN não quis
negociar; a CSN demitiu impiedosamente, na véspera do Natal, 300 trabalhadores. E
continua demitindo e nós continuamos tentando abrir um canal de negociação e não
conseguimos até hoje! Porque a CSN, ontem, nós fomos numa negociação no
Ministério do Trabalho e ela, está aqui a nossa resposta de ontem, continua impondo
e foi necessário que o Ministério Público do Trabalho entrasse com uma ação civil
pública a pedido do sindicato para cessar as demissões. A audiência está marcada
para o dia 23. E a CSN diz: “Não paramos a demissão, continuamos a demitir”.
Por isso, nós entendemos que essa discussão do Fórum de
Desenvolvimento é importante e que Assembleia Legislativa traga para essas leis
cláusulas, garantias, porque elas serão beneficiadas, mas tem que ter a garantia do
emprego. Se não tiver aqui na legislação a garantia do emprego as empresas serão
beneficiadas e continuarão a bel prazer demitindo trabalhadores. E nós entendemos
que na legislação tem que ter essa garantia. Ela pode ter o incentivo, porque a CSN
tem incentivos a todo momento, tem incentivos do BNDES, tem incentivo para o
desenvolvimento da sua cimenteira, da fábrica de cimento, tem incentivos do governo
para tudo. Ao passo que, vejamos, a CSA, Companhia Siderúrgica do Atlântico, sem
ter produzido um quilo de aço já está distribuindo inclusive lucro para os
trabalhadores, a base de um salário. E ela lá está desenvolvendo, está a pleno vapor, e
a CSN continua demitindo. Sem necessidade de demitir porque tem caixa para isso.
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Por exemplo, ela agora investiu, está investindo, está anunciando


no mercado financeiro internacional que vai comprar uma siderúrgica na Bulgária.
Tem 900 milhões para investir na Bulgária, garantindo que não vai demitir cinco mil
funcionários lá. E aqui continua demitindo. O que nós queremos é isso, que tenha os
incentivos, me permita, Deputado, mas que tenham asseguradas as ressalvas da
garantia do emprego, para que as empresas tenham o incentivo governamental e
continuem não tendo compromisso social. Porque a empresa, com a nova legislação,
com o novo Código Civil, tem que ter responsabilidade social.
E para encerrar, a função social é alcançada quando a empresa
observa solidariedade - Constituição Federal, artigo 3º; promove a justiça social,
Constituição Federal, artigo 170; a livre iniciativa busca o pleno emprego,
Constituição Federal, artigo 170; redução das desigualdades, Constituição, artigo
170; valor social do trabalho, dignidade da pessoa humana e observa os valores
ambientais, que também é outra questão que tem que estar na legislação que é a
garantia da preservação do meio ambiente.
Por isso, essa é a posição do sindicato, elogiando, participando,
querendo o desenvolvimento, mas querendo a garantia do pleno emprego e a
negociação com alternativas ao desemprego. Porque sem emprego não há justiça
social e não há garantia do cumprimento da legislação constitucional.
Muito obrigado. (Palmas)
O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Obrigado, Dr.
Campanário.
Quero transmitir, pedir aos membros das comissões diversas na
área de desenvolvimento regional, na área de desenvolvimento econômico, há um
convite da direção da CSA para que os parlamentares, ou uma comissão de
parlamentares visitem a CSA e conheçam o que está sendo feito, o número de
empregos. Então, peço às comissões envolvidas que se organizassem para marcar, já
que houve um convite à Presidência desta Casa pela presidência da CSA.

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Vamos ouvir agora o nosso Deputado Nelson Gonçalves, mas


temos ainda diversos inscritos. Temos logo a seguir o Deputado Albertassi, o Dr.
Maurício Chacur.
O SR. NELSON GONÇALVES - Só para completar a fala do
nosso advogado, representando o Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda, é
preciso, presidente, dizer aqui, registrar, um pouco do passado, quando a Companhia
Siderúrgica Nacional foi privatizada. A nossa região experimentou, talvez em toda a
sua história não tenha havido uma situação igual, semelhante, em que houve
demissão em massa. Milhares de chefes de família ficaram desempregados, não só
funcionários da Companhia Siderúrgica Nacional, mas também nas empresas que
trabalhavam para a Companhia Siderúrgica Nacional, no comércio, e não só em Volta
Redonda, em toda a região, em todo o Estado do Rio de Janeiro.
E, hoje, nós estamos presenciando, como o Campanário disse aqui,
e muito bem, especificamente sobre a Companhia Siderúrgica Nacional, demissões
que já passaram de mil. Quantos funcionários já foram demitidos, presidente? (pausa)
1.142, em torno de 1.200 funcionários foram demitidos. E, com certeza esse efeito,
que a gente chama de efeito dominó, vai chegar ao comércio, em outras atividades.
Esse número será ampliado, com certeza, em número de desempregados. E o que a
gente sente na nossa região, e aí eu faço um apelo ao nosso presidente, já
conversamos sobre isso, ao nosso Secretário Júlio Bueno, é a dificuldade que tem,
enquanto outras empresas negociam com sindicato, acham alternativas, buscam
alternativas, a CSN não se manifesta nesse sentido de abrir um diálogo, vamos dizer
assim, para a gente pudesse impedir, diminuir e parar de uma vez com essas
demissões no momento de crise em que nós estamos vivendo.
Lembrar também que a Companhia Siderúrgica Nacional recebeu,
através de projetos aprovados na Assembleia, vários incentivos, se não me falha a
memória em 2003 e 2004, votados nessa Casa. E também recebe recursos,
financiamentos, segundo temos informações, do BNDES e outros órgãos do governo
federal.
Então, nós pediríamos essa interferência junto com a Companhia
Siderúrgica Nacional, para que pudesse negociar de uma forma positiva com o nosso
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Sindicato dos Metalúrgicos. É o que eu queria colocar nesse sentido específico da


Companhia Siderúrgica Nacional, nesse momento que nós estamos vivendo na nossa
região.
O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Obrigado, Deputado
Nelson.
Eu acho que o governador - Dr. Júlio, o senhor poderia transmitir -
poderia propor uma reunião com o Dr. Benjamin, da direção da CSN. Não é fácil a
negociação, todos que já participaram da negociação com a CSN sabem que é difícil.
Os instrumentos que essa Casa tem é de rever leis que já aprovou.
Não é o melhor método, é o método do extremo. Evidentemente, não me furtarei a
fazê-lo. Se for um sentimento majoritário deste fórum, não me furtarei a pautar e a
fazê-lo. Mas acho que nunca é o melhor caminho. Até porque essas leis de incentivo
tiveram razões de ser, foram votadas e amplamente discutidas. Mas eu acho, sim,
como falou o Dr. Olavo, sobre a questão de estabelecer responsabilidades e metas,
falou o Dr. Campanaro, falou o Nelson. Eu acho que também o empresário tem de
estar afeito.
Não é também uma situação simples. Nós sabemos que o mercado
externo ficou difícil para as siderúrgicas. Mas de qualquer maneira, sentar à mesa,
dialogar, verificar possibilidades que amenizem, é uma responsabilidade do bom
empresário.
Então, eu acho que o governador poderia entrar nisso. E tenho
certeza de que não se importará em fazê-lo. E vendo como essa questão anda, nós
poderemos avançar um passo.
Deputado Edson Albertassi.
O SR. EDSON ALBERTASSI - Presidente Picciani, deputado
Nelson Gonçalves, autor da proposta deste fórum, Júlio Bueno, prefeito Vicente
Guedes, presidente da Associação dos Prefeitos, na verdade eu vou ao encontro de
tudo que tem sido colocado aqui. Mas, só para fazer uma correção em relação à Lei
Rosinha para ficar claro até para que os deputados presentes - Noel de Carvalho, Inês

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Pandeló, Nelson Gonçalves, Edson Albertassi - fiquem também numa condição


favorável.
Naquele momento da discussão da Lei Rosinha, nós discutimos o
estado como um todo. Então, ficou combinado naquele momento que se criaria a lei
de incentivo para o polo ali da região da Baixada Fluminense, polo petroquímico,
talvez, não me lembro o nome.
Ficou decidida a Lei Rosinha para os 32 municípios, e ficou
decidido que nós teríamos ali através do Fundes investimentos alocados para diversas
empresas do sul do estado, incentivos alocados para as empresas. E desses
incentivos, nós tínhamos ali oito bilhões para a CSN, que, naquele momento faria o
alto forno 4, teria a expansão de algumas atividades, a central termoelétrica, enfim,
eram várias empresas que se utilizariam desses investimentos.
Então, é importante colocar isso para que todos entendam que
naquele momento os deputados do sul do estado também trabalharam pela região sul
fluminense. Não sei se o deputado Nelson Gonçalves concorda com isso, mas é
importante colocar.
Eu acho que o Campanaro tocou num ponto central, tocou na
ferida da região sul do estado. Este fórum é para discutir essa nossa região, que é a
CSN. Aí, quero colaborar com o presidente, porque o diálogo ele é o melhor
caminho. E às vezes falta bom senso não só do empresário, mas falta bom senso do
setor político, dos prefeitos, dos deputados, das câmaras de vereadores que às vezes
criam leis e se colocam as maiores dificuldades para atrapalhar a CSN e todos sabem
disso, todos que são da região sabem disso. Falta talvez bom senso do próprio
sindicato.
Então, eu acho que o melhor caminho é o equilíbrio, é a busca
dessa conversa, desse diálogo. Então, presidente, eu quero só colaborar com essa sua
colocação, dizendo que é importante a participação do Governador para que traga do
Dr. Benjamim para uma conversa para que tenhamos bom senso nesse momento.
Porque a crise, é aquilo que o Nelson colocou, já são 1.300 demitidos só da CSN, o
entorno certamente será afetado, e nós não podemos deixar isso escapar.

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Colaborando com a deputada Inês Pandeló com relação aos


investimentos, nós temos previsões de 180 milhões em investimentos só na região sul
do estado. Presidente, nós temos 180 milhões previstos, confirmados pelo
governador e pelo vice-governador Pezão só para a região sul do estado. E é
importante que V. Exa. na qualidade de presidente trabalhe para que isso aconteça
neste ano de fato. São investimentos na área de saneamento, na área de habitação, na
área de asfaltamentos de estradas, obras importantes que vão gerar empregos também
e renda para aquela região toda.
Eu quero fechar com uma frase simples. Está aqui o deputado
Noel de Carvalho, que trabalhou muito para que a CSN fosse incluída na Lei de
Incentivo Fiscal, que teve oito bilhões aprovados, uma frase que talvez resuma isso, e
é uma frase importante: “Na crise é que se conhece as pessoas; os fracos, reclamam;
os fortes, trabalham.”
Esta aqui é uma casa de trabalhadores. O presidente Picciani é um
trabalhador, o Renato, o sindicato, o bispo D. João Messi, deputados aqui presentes,
os prefeitos, todos são trabalhadores. Então, é hora de arregaçar a manga e buscar a
oportunidade que a crise pode gerar.
Parabéns a todos; parabéns, deputado Nelson Gonçalves.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) - Muito obrigado,
deputado Edson Albertassi.
Vamos ouvir agora o Dr. Maurício Chacur, presidente da Investe
Rio.
O SR. MAURÍCIO CHACUR – Boa-tarde, senhor presidente,
boa-tarde, secretário, deputados, Prefeitos. É um prazer estar aqui nesta Casa.
O primeiro assunto que eu acho que merece esclarecimento é
justamente a questão da CSN. Quando a Casa aprova um benefício para a CSN de
oito bilhões, no caso foi para aquela nova usina que está sendo construída há oito
anos e até hoje não saiu do papel, esse é o primeiro e importantíssimo passo. Mas tem
um passo posterior que é a assinatura de um contrato entre o Poder Executivo e, no
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caso a CSN, a empresa beneficiada, onde são colocadas obrigações das partes. E a
CSN, como bem disse o presidente, é de difícil negociação. Foi uma negociação
demorada, inclusive o Neto não está aqui, mas o prefeito Neto, então secretário de
fazenda, negociamos em conjunto, e nós chegamos ao final com quatro, cinco pontos
em aberto, três eram passíveis de serem ultrapassados; e teve um ponto que pegou, e,
por causa disso, nós não assinamos nenhum contrato, quer dizer que ela tem mas não
tem o benefício, ou seja, se não assinar o contrato ela não pode usufruir. E esse ponto
justamente foi a manutenção dos empregos, que a gente queria fixar esse número e
eles não quiseram fixar esse número. Esse foi o ponto principal pelo qual nós não
assinamos o contrato com a empresa e hoje ela não faz jus, ou seja, ela tem o direito
ao benefício, pelo enquadramento que teve na assembleia, mas ela não pode usufruir
se não assinar esse contrato. É só um esclarecimento e dizer que nós, o estado sim
tem uma preocupação.
Teve o item de índice de compras dentro do estado, teve o índice
do prazo que nós discutimos, tudo nós poderíamos ajustar. O que não abrimos mão e
eles não quiseram incluir no contrato, por isso não foi assinado, foi justamente a
questão dos empregos. Esse é o primeiro ponto.
Na questão da Lei Rosinha, acho que já foi bem discutido. Só
dizer que realmente ela precisa ser aperfeiçoada como tudo na vida. Nós passamos já
três anos, enfim, tem que ser realmente re-estudada, aperfeiçoada, mas isso me parece
já há um consenso na Casa.
E o objetivo principal que eu solicitei a fala é para dizer aos
senhores: a crise financeira, que foi o início de toda essa crise que estamos
vivenciando, se alastrou, atingiu outros setores de economia, inclusive a indústria de
transformação. Uma das consequências é a falta de crédito para as empresas,
principalmente as micro, pequenas e médias empresas.
Eu queria dar a notícia aos senhores de que a Investe Rio tem
condições de suprir as micro, pequenas e médias empresas de capital, inclusive
capital de giro. Hoje, por exemplo, não teria condições há pouco tempo, mas o Bndes
abriu uma linha de capital de giro, com condições bastante favoráveis, que nós
podemos repassar.
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Então, a intenção da minha fala, presidente, é dizer aos prefeitos,


aos deputados, que podem trazer empresas para a Investe Rio, que necessitem de
capital tanto para investimento como para giro, que nós da Investe Rio temos
condição de ajudar. É mais um instrumento do governo do estado para ajudar a
região.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Obrigado, Dr.
Chacur.
É bom lembrar que junto com essa lei de incentivo que nós
aprovamos aqui para a CSN, que era para aquela indústria de peletizantes, se não me
engano, veio também uma outra lei, que esta Casa não aprovou, que pretendia dar um
incentivo que foi dado à CSA para o terreno vizinho, de onde veio se instalar a CSA,
que pertence à CSN, e que também não teria sido feito, pois tinha a finalidade de dar
um cheque em branco ao Dr. Benjamim para negociar no exterior naquela época e
hoje não teria tido investimento da CSA.
Então, esta Casa não votou, não aceitou votar, já tinha
compreendido os movimentos do empresário, e isto levou 60 dias sem a governadora
falar com o presidente desta Casa. Apoiado pela maioria desta Casa, nós não votamos
essa lei. E a seguir, aí sim, apareceu o presidente da Vale, Dr. Rogério, veio aqui,
explicou, veio ao plenário; no mesmo dia, nesse mesmo fórum, o empresário Jorge
Gerdau, que também pleiteava o incentivo para duplicação da sua indústria na zona
oeste do Rio de Janeiro e falava da negociação com a ThyssenKrupp para a instalação
da CSA.
A governadora foi sensível, mandou uma nova mensagem, aí já
sem estar mais brigada com o presidente desta Casa; nós aprovamos e hoje está a
CSA.
Então, é essa a questão do incentivo que o nosso prefeito de
Itatiaia colocou, que o nosso presidente da Associação Comercial, Dr. Olavo,
colocou. Ele é necessário, mas tem que se ter a cautela porque muitas das vezes você
está tirando uma oportunidade de um desenvolvimento maior. Esta Casa tem lidado

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com isso, mesmo com as dificuldades, com as suas diferenças com o máximo de
responsabilidade.
É importante quando se resgata aqui o outro incentivo, e eu me
lembro bem que nós tivemos que alterar esta lei da CSN, deputada Inês, deputada
Cida, na época, deputado Nelson, deputado Albertassi e o deputado Noel, porque ele
exigia a redução dos juros de 6% para 3%. Nós tivemos que voltar novamente e nem
assim ele fez a tal da indústria. São oito anos. Nem assim.
Então é importante verificar. Por que digo que tem que o
governador entrar? Porque é uma negociação difícil. Então, só para ilustrar, já que
estamos aqui falando desses assuntos todos.
Vamos ouvir o prefeito Jorge Serfiotis, de Porto Real. Logo a
seguir, o deputado Rodrigo Neves e o padre Juarez.
O SR. JORGE SERFIOTIS – Boa-tarde, deputados, prefeitos,
secretários, vereadores, vice-prefeitos, todos os presentes. O sul fluminense tem dois
parâmetros: a grande indústria e a pequena e média indústria. Certo? A grande
indústria emprega, realmente, uma quantidade enorme de pessoas, mas tem muitos
serviços terceirizados. Quando você fala em grande indústria, a maioria dos serviços
é terceirizada. Às vezes tem uma demissão na indústria que não afeta o terceirizado
porque vai para a terceirizada dos funcionários.
Agora, o grande problema nosso hoje é a implantação de pequenas
e médias empresas na região. Isso é importantíssimo. A Lei Rosinha seria
interessante no sul fluminense no sentido de implantar pequenas e médias empresas
na nossa região. Essas, sim, vão gerar emprego. Essas vão ser os laboratórios para
preparar mão-de-obra para a grande indústria, que é um outro problema que nós
temos na região - a mão-de-obra qualificada – porque é cara para se preparar, Senai,
Pandiá Calógeras... É um custo altíssimo para preparar essa pessoa para a gente
indústria; e a pessoa para se preparar tem que estar trabalhando, senão não consegue
se preparar; e a pequena e média indústrias são os laboratórios.
Por exemplo, Porto Real, eu tinha uma área de 100 mil metros,
transformei em um pólo empresarial de empresas de 2.000 metros, 3.000 metros,

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5.000 metros, 10.000 metros. Está pronto. Peguei a infraestrutura toda, dividi pelas
14 empresas que se instalaram, que adquiriram a área, por 5,50 o m2, ou seja, com
esse dinheiro, nós fizemos a infraestrutura de água, esgoto, meio-fio, drenagem, etc.,
só não fizemos o asfalto.
Aí que gostaria de contar com a presença do Dr. Maurício Chacur,
Dr. Fernando, a Codin e a Investe Rio no sentido de incentivar essas pequenas e
médias empresas se instalarem o mais rápido possível.
Hoje, nós temos um problema sério nesse polo empresarial, por
incrível que pareça: Ampla. É outro problema gravíssimo na nossa região, primeiro
que a energia é caríssima, aí sim, deputado, presidente, poderia haver um ajuste com
a Ampla na redução dessa tarifa para a indústria, para a pequena e média indústrias,
porque é altíssimo o custo. Para vocês terem uma ideia, estou com o polo empresarial
pronto, as indústrias desesperadas para se instalar, gera-se ali 300, 400 empregos; e a
Ampla está me dificultando porque não tem como colocar ampliação de energia para
atender o polo empresarial! Isso é uma vergonha no Estado do Rio de Janeiro! E uma
Ampla que cobra uma luz caríssima, tanto da indústria como domiciliar. É muito
maior o custo da Ampla do que da própria Light.
Então, tem que haver um consenso nesta Casa, presidente - que aí,
sim, depende desta Casa esse monopólio acabar; você poder adquirir energia de onde
for mais fácil e mais rápido para a região.
O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Hoje, isso não é
possível e não depende desta Casa. Mas, o presidente Lula mandou uma medida
provisória ao Congresso Nacional, que trata do setor de energia, o que vai permitir
comprar de pequenas distribuidoras, de Furnas, de outras; isso vai permitir modificar
essa situação.
O segundo pior empresariado para negociar no estado é a Ampla.
Nós já abrimos CPI, eles são terríveis. O que nós poderíamos é votar re-estatizar, o
que seria uma coisa muito complexa, muito difícil e contra o sentido; mas, há, no
residente Lula, um movimento nesse sentido que você coloca.

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O SR. JORGE SERFIOTIS – Exatamente, porque eu já estou com


o polo empresarial pronto, são catorze empresas de pequeno e médio porte, empresas
não poluentes, para se instalarem na região, 400 empregos. E as dificuldades agora,
que as empresas estão em cima da Ampla.
Ontem, eu tive uma reunião com o pessoal da Ampla, vamos
consultar Niterói se é possível essa ampliação, isso é um absurdo!
Essa é a ajuda que nós precisamos, ou seja, da Investe Rio, da
própria Codin, de como conversar com Ampla e ajudar essas empresas a se
instalarem. E o polo industrial que nós estamos implantando, é o mesmo problema,
problema de energia, ampliação de energia. Basta dar um relâmpago lá no sul, a luz
já está acabando, a coisa é séria!
Outra coisa que eu quero chamar a atenção desta Casa, que eu vejo
com muita preocupação, inclusive os prefeitos, pois isso é um negócio sério, nós
estamos tendo no dia-a-dia, que é o desemprego feminino, esse é o mais sério.
Enquanto você tem 10 pessoas no masculino, são 100 no feminino. A gama de
mulheres desempregadas é muito séria; e a mulher entrou no mercado de trabalho.
Hoje, nós temos mulher fazendo construção civil, motorista de ônibus, motorista de
táxi. Então, estão no mesmo nível e hoje nós temos esse problema, que está crescendo
dia a dia. Se não tomarmos uma medida no sentido de atrair para o sul fluminense -
principalmente para o sul fluminense - indústrias que possam utilizar a mão-de-obra
feminina, nós vamos ter um problema muito sério daqui a cinco, 10 anos pela frente.
Então, a coisa não é brincadeira não. A crise, isso é conversa, o
Brasil está preparado; eu estive em Brasília agora, com vários ministros; o Brasil está
preparado para esta crise, o governo federal tem dinheiro - e muito dinheiro. Só no
PAC tem quase 300 bilhões para se aplicar neste Brasil a fora; e em outros setores
também, na economia do Brasil, ação social etc. Ministro Ananias, ministro da
educação, vários ministros lá em Brasília. E a gente vê que realmente existe dinheiro,
existe como buscar esse dinheiro. O governo do Estado do Rio, hoje, graças a Deus,
Sérgio Cabral está conseguindo essa parceria com o governo federal e está chegando
dinheiro no Estado do Rio de Janeiro.

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Então, é para isso que nós temos que estar preparados, é para o
desemprego feminino, é coisa muito séria mesmo, não estou aqui de demagogia não.
Hoje, no meu município, eu atendo 100 pessoas por dia, atendo todo mundo, entro 8
horas da manhã e saio 8 horas da noite, atendo todo mundo, eu atendo, empresário.
Não interessa, são 90% de mulheres desempregadas.
Obrigado, boa-tarde.
O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Deputado Rodrigo
Neves; logo a seguir, o Padre Juarez.
O SR. RODRIGO NEVES – Bem, presidente, primeiro, eu
gostaria de parabenizar o deputado Nelson Gonçalves pela proposição, pela
sensibilidade de S. Exa. de trazer para o fórum permanente o debate sobre a crise.
Nós já havíamos feito em dezembro, com o deputado André Corrêa, presidente da
Comissão de Economia, Indústria e Comércio, e eu na condição de presidente da
Comissão de Assuntos Municipais e de Desenvolvimento Regional, um debate sobre
a crise, debate este que fez menção a Júlio Bueno; e o secretário esteve aqui conosco,
junto com alguns economistas importantes, como Maria da Conceição Tavares,
Mauro Osório, economistas da Firjan e também o senador Aloizio Mercadante,
presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
E é muito importante, presidente, que V. Exa. assuma, como
sempre, com a sensibilidade política que tem, os temas relevantes para o estado,
porque já naquele momento, em dezembro, quando fizemos aquela audiência, a gente
já observava a necessidade do Estado do Rio ter um programa de enfrentamento da
crise.
Eu não vou entrar aqui no debate sobre a crise, até porque a
audiência já está muito extensa, mas é importante dizer que o Brasil está mais
preparado, não por obra do acaso, porque quando resistimos, por exemplo, à proposta
de implantação da Área de Livre Comércio das Américas, a Alca, éramos
questionados como “dinossáuricos”. E nós estamos vendo o que está acontecendo
com o México, que hoje depende basicamente da economia americana.

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O Brasil, há cinco anos, tinha 62% do seu comércio internacional


com os países desenvolvidos e 38% do seu comércio exterior com os países em
desenvolvimento. Depois de cinco anos do presidente Lula, saímos de 32% do
comércio exterior com os países em desenvolvimento para quase 50% do comércio
exterior com os países em desenvolvimento, sobretudo com os países da América do
Sul, com o fortalecimento do Mercosul. Nós, hoje, temos 25 milhões de brasileiros
que, graças a um conjunto de programas sociais, ascenderam da linha de miséria e de
pobreza para a chamada classe média - média baixa -, e que, hoje, estão no mercado
de consumo. E o mercado interno é um elemento fundamental, porque ele dá centro
de gravidade ao Brasil para enfrentar a crise econômica internacional, assim como a
recuperação do salário mínimo nos últimos cinco anos.
Da mesma forma - e aí encerro essa breve análise, presidente -, é
importante dizer que o Brasil manteve condições de intervir minimamente com a sua
política econômica e com os seus instrumentos político-econômicos diferentemente
de vários países, que privatizaram ao extremo, levaram até às últimas conseqüências
o neoliberalismo. Graças a boa parte da resistência que fizemos, hoje, temos uma
Caixa Econômica Federal, um Banco do Brasil, um Bndes e uma Petrobras com um
conjunto de investimentos estratégicos para enfrentar a crise, além das reservas
internacionais que o Brasil tem hoje: quase duzentos bilhões de dólares. O Brasil não
quebrou, diferente da crise russa, da crise asiática, muito menos complexa do que
essa crise hoje - e lá nós quebramos -, hoje o Brasil não quebrou.
Então, é importante fazer esse debate, porque não é obra do acaso
a possibilidade de termos hoje o Brasil muito mais sustentável, com uma economia
muito mais consistente, do ponto de vista do enfrentamento da crise. Mas, evidente,
como o Secretário Julio Bueno colocou, é a maior crise desde 1929, a crise que
vivemos é uma crise de trilhões de dólares, não é uma crise de bilhões de dólares,
como a crise russa e a crise asiática, e começou nas economias centrais.
O Brasil está sofrendo e vai sofrer. Por isso é importante esse
debate, presidente, é importante esse debate que V. Exa. localiza muito bem no dia de
hoje. E eu queria aqui registrar, presidente, que esta Casa, sob a presidência de V.
Exa., com a contribuição dos deputados que estão aqui, já teve iniciativas importantes
nesse programa de enfrentamento da crise. O governo estadual mandou para cá uma
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mensagem reduzindo os recursos destinados ao Fundo Estadual de Habitação. E esta


Casa, negociando com o governo, impediu a redução dos recursos do fundo de
habitação, para que possamos ter, através do Fundo Estadual de Habitação, uma
política de habitação popular neste estado; e a construção civil é um elemento central
do enfrentamento da crise para a geração de emprego.
Da mesma forma, o Chacur comentou agora, nós aprovamos, aqui,
no final do ano passado, uma legislação que permitiu, presidente - V. Exa. não fez
referência, mas eu queria -, resgatar uma requalificação das agências de fomento do
Estado do Rio de Janeiro porque as nossas agências ainda eram muito tímidas. Nós
temos um Bndes muito forte no plano nacional, temos um Bndes paulista porque
existe um banco de fomento no Estado de São Paulo e as nossas agências de fomento,
graças a essa legislação que aprovamos, queria resgatar aqui, no final do ano passado,
sobretudo a Investe Rio, hoje tem uma possibilidade muito mais ampla de atuação, de
intervenção e de indução do desenvolvimento do estado com a legislação que nós
aprovamos no final do ano passado.
Da mesma forma queria citar aqui o grupo de trabalho constituído
no Tribunal de Contas por iniciativa nossa junto com o deputado Luiz Paulo, junto ao
presidente do Tribunal de Contas, o presidente Nolasco, para agilizar a liberação dos
editais relacionados as obras do PAC. O PAC é um grande programa anticíclico. O
Obama está lançando agora um PAC, que são 800 bilhões de dólares na área de
energia, infraestrutura e educação. Nós, antes da crise, já tínhamos um PAC com
investimentos em infraestrutura, portos, aeroportos, educação e obras públicas. E
assim, através da intermediação desta Casa, o Tribunal de Contas fez de maneira
pioneira no Brasil constituir um grupo de trabalho para aprovar os editais
relacionados as obras do PAC tão importantes para os municípios e para o estado.
Agora, há outras questões, presidente, que nós precisamos
aprofundar e discutir. Eu tenho um debate que é um debate ideológico e conceitual
com o meu amigo e colega Luiz Paulo, que eu penso que, evidente, a questão
tributária de reduzir a carga tributária é importante. Mas, neste momento, o que nós
precisamos é de injeção na veia, é de estímulo ao consumo, é de investimento de obra
pública, mais do que debater a redução da carga tributária. Nós precisamos,
presidente, trabalhar junto ao vice-governador Pezão que implante o terceiro turno
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nas obras do PAC aqui no Estado do Rio para dar agilidade as obras, para cumprir o
cronograma de obras do PAC, algumas obras estão atrasadas como é o caso do arco
metropolitano. E a implantação do terceiro turno é fundamental para agilizar o
cronograma e gerar empregos nesse momento transitório de crise que o Brasil
evidentemente está passando.
Temos outras discussões que nós vamos precisar fazer com
relação ao enquadramento da redução do ICMS dos produtos da economia popular
para manter o consumo aquecido. Portanto são questões que eu acho que V. Exa. tem
tratado com muito carinho, com muita prioridade; e acho que esta Casa pode
contribuir junto ao governo do estado para construir uma agenda de enfrentamento da
crise por parte do Rio de Janeiro.
Por último, para concluir, nesse caso específico do sul fluminense,
eu não vou entrar no debate de duas questões que nós vamos ter que aprofundar em
outros fóruns. Primeiro, é o debate da Lei Rosinha. Evidentemente eu como
presidente da Comissão de Assuntos Municipais e de Desenvolvimento Regional
acho que a guerra fiscal não ajuda ninguém, presidente. Nós temos que ter uma
reforma tributária no Brasil que reduza a carga tributária, evidentemente, mas que
acabe definitivamente com a guerra fiscal porque ela não é boa para o empresário, ela
não é boa para as prefeituras, para os governos estaduais nem para a população.
Realmente, presidente, tem distorções, como que a Cidade de
Campos é contemplada nessa lei e uma cidade como Itatiaia está excluída dos
benefícios dessa lei? Nós precisamos discutir essa lei, presidente, do ponto de vista da
governança, do ponto de vista dos critérios, porque evidentemente, como o deputado
André Corrêa pontuou bem, existem municípios do noroeste fluminense, que foi a
primeira justificativa para essa lei que precisam de incentivos e estratégia de
desenvolvimento bem posicionadas por parte do estado. Agora, do jeito que a coisa
está caminhando, nós vamos desvirtuando o objetivo inicial. Evidente que nós vamos
fazer esse debate de maneira franca, o secretário Júlio Bueno pontuou essa questão
mas nós vamos fazer esse debate e o presidente Jorge Picciani como sempre com
sabedoria vai conduzir esse debate.

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E, segundo, é a lei do Fundo de Combate a Pobreza. O


companheiro falou do problema da Ampla; não quero aqui defender a Ampla, ao
contrário, tenho questionamentos e faço pronunciamentos nesse sentido. Mas, o fato é
que nós temos hoje uma lei no Rio de Janeiro que ampliou a taxação do setor de
energia. Nós temos o maior ICMS do setor de energia e isso tem desdobramentos,
não é? Esse é um debate. Nossa bancada do PT fez esse debate. Na época, eu não era
deputado.
Então, eu queria fazer essas considerações, presidente, e saudar as
iniciativas dos deputados Nelson Gonçalves, Inês Pandeló, Edson Albertassi, que são
deputados da região; e queria dizer a V. Exa. que o ministro Dulci me ligou hoje de
manhã. Inclusive, quando cheguei aqui, eu iria passar o telefone para o senhor. O
ministro Dulci queria conversar com o senhor e ele me informou que na última
reunião de coordenação política do governo, ele pontuou essa questão com o
presidente Lula.
Essa questão da CSN foi objeto de debate e de conversa dele com
o presidente Lula. Ele nos informou que está disposto a receber uma comissão da
Assembleia Legislativa com deputados federais também da região, porque os
deputados federais da região também estão nesse processo. Junto com o ministro
Lupi, que, inclusive – segundo o ministro Dulci me informou –, já esteve lá.
Então, já havia conversado com o deputado Nelson Gonçalves,
que muito em brigado por essa questão e o ministro Dulci está então disposto – que é
o secretário-geral da presidência da República – no sentido de somar esforços com o
governador para mediar um diálogo com a CSN. Porque a CSN, a Vale, construídas
pelo povo brasileiro, ganharam fabulosos lucros quando nós vivíamos nessa ciranda
financeira, com as commodities lá em cima!
Não é possível! Você tem banco de horas, você tem suspensão do
contrato de trabalho. Você tem um conjunto de medidas antes do processo de
demissão, presidente! É muita insensibilidade no nosso país, de possibilidade de
enfrentamento e de superação da crise.
V. Exa., que tem força para isso, como presidente da Casa, acho
que esse diálogo com a CSN, como está sendo feito em outros setores, no sentido de
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mediar. E eu queria sugerir a V. Exa. que compusesse com os deputados da região,


junto com Comissão de Economia e Desenvolvimento Regional, uma comissão
parlamentar e permanente da Casa, junto com os deputados, coordenada pelo
deputado Nelson Gonçalves e pelos deputados Inês Pandeló e Edson Albertassi, com
a nossa presença e a do deputado André Corrêa, para acompanhar esse processo até o
fim.
Uma comissão, portanto, suprapartidária e que possamos sair
daqui com essa determinação de buscar também o governo federal, porque também a
CSN recebe expressivos recursos, secretário Júlio Bueno, do Bndes, além do estado.
Evidente que você não pode obrigar, com a faca no pescoço, o
empresário. Não pode, evidentemente. Mas há que se ter sensibilidade. Acho que
com esse fórum hoje aqui, temos um marco para um novo patamar nesse processo do
sul fluminense.
O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Muito obrigado,
deputado Rodrigo Neves.
Acho que V. Exa. foi muito feliz e trouxe aí dois temas – para não
me alongar – mas dois temas que eu acho que nós podemos pinçar e tratar
especificamente.
O primeiro, da comissão – que já está formada. V. Exa. é o
Presidente da Comissão de Assuntos Municipais e de Desenvolvimento Regional. O
deputado André Corrêa é o presidente da Comissão de Economia, Indústria e
Comércio; o deputado Edson Albertassi é presidente da Comissão de Orçamento,
Finanças, Fiscalização Financeira e Controle; o deputado Nelson Gonçalves trouxe
esse tema a esta Casa; a deputada Inês e o deputado Noel de Carvalho; e todos
aqueles deputados. E convidar também os deputados federais da região.
Quero agradecer ao ministro Luiz Dulci. Quanto ao ministro Lupi,
nós temos acompanhado sua ação. Acho a participação do ministro Dulci importante;
é um negociador habituado – pela sua vivência sindical – a esse tipo de negociação e
por quem tenho grande apreço pessoal.

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Transmito a ele nossos agradecimentos. Está formada a comissão.


Temos que incluir mais os sindicatos e incluir mais representantes da sociedade civil
e das entidades que queiram ir a Brasília nessa agenda, se possível com o ministro
Dulci e com o ministro Lupi – além do esforço pessoal do Dr. Júlio Bueno, que
também deveria participar, eu acho que aí é um bom caminho, que se abre uma boa
perspectiva.
Aliás, tinha sido um dos pleitos do Campanaro na reunião passada:
que se abrisse esse canal.
V. Exa. foi feliz em trazer esse tema. Trouxe, também, um tema de
grande preocupação, que é a questão do arco metropolitano. V. Exa. preside a
Comissão Especial de Acompanhamento das Obras do PAC se não tivermos até o
final de março – as águas de março levando o verão a partir de abril poderemos
retomar as obras com força. Em outubro viremos, novamente, a ter um período de
chuvas em nosso Estado – 90% das desapropriações não forem feitas há diversas
demandas e dificuldades com o Iphan, se isso não for resolvido até o final de março
temo que não teremos o arco metropolitano até o final de 2010. Esse é um tema,
também, importante. O presidente da nossa Associação de Prefeitos, Vicente Guedes.
Isso envolve interesses estratégicos do estado. Foi uma luta da Firjan, da Associação
Comercial, das entidades de uma forma geral sensibilizar o presidente Lula, o
governador Sérgio Cabral nesse bom ambiente, mas é preciso estar atento e trabalhar
rápido. Tenho dito esse informe dessas dificuldades. Verificar que essas obras não
vão avançar se não houver uma grande pressão. Acho que também deveríamos
“pinçar” esse tema e tratá-lo exaustivamente até que possamos ajudar nessa solução.
Agora, padre Juarez.
O SR. JUAREZ - Senhor presidente, deputado Jorge Picciani,
deputado Nelson Gonçalves, Inês Pandeló, secretário Júlio Bueno, demais prefeitos,
vice-prefeitos, vereadores, senhoras e senhores, é uma alegria muito grande poder
participar desse fórum de debate. A nossa região sul fluminense foi despertada pelo
efeito da crise gerando demissões e desespero.

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Desde o início de dezembro mantivemos este fórum aceso. Não


tivemos férias em janeiro. Os prefeitos, empresários, sindicatos, sociedade civil
organizada temos buscado debater o assunto da crise.
No dia 30 de janeiro tivemos a graça de virmos até o deputado
Jorge Picciani para o primeiro debate junto com o Nelson Gonçalves, vereadores -
está aqui o Paiva. Temos buscado amenizar o efeito da crise na nossa região. A nossa
região sul fluminense já tem uns quinze anos sido como a fênix, renascida das cinzas,
principalmente uma região que sofreu muito com os processos de privatização da
CSN, extinção da FEM – que fichava diretamente cerca de um mil e trezentos
funcionários. Fui metalúrgico da FEM, hoje, graças a Deus, absorvido na indústria
naval uma mão de obra qualificada -, a privatização da light, da rede ferroviária – que
atingiu muito Barra do Piraí -, privatização da Telerj entre outras.
A nossa região sul fluminense do estado foi muito penalizada. Até
outubro do ano que passou era vista uma região promissora. É uma região
promissora, mas hoje aqui temos que olhar a história e não ficarmos à mercê
simplesmente de um setor de indústria – como já aconteceu a monocultura de cacau,
na Bahia; com a seringueira, no Norte do Brasil -. A nossa região, hoje, paga um
preço pelas indústrias que ela acolheu: a CSN e a indústria automobilística.
Gostei muito da fala do prefeito Jorge Serfiotis, de Porto Real.
Temos que diversificar o nosso parque industrial, porque, num momento de crise –
muito bem a palavra do deputado que anterior a mim usou a palavra –, se o Brasil
estivesse, hoje, na mão do mercado norte-americano estávamos quebrados. Mas, as
visitas do presidente Lula, abrindo o mercado – colocaram lá o apelido “Aerolula” –,
vemos o efeito disso. Abertura de mercado para não ficarmos num tempo de crise à
mercê de alguns poucos.
Tivemos um encontro com o ministro Lupi, que esteve na nossa
região, presidente, fiz essa colocação no dia do debate dizendo que aquelas obras que
estão paradas, às vezes, não fazem parte da pasta que o ministro responde no
momento, que é o ministro do trabalho e do emprego, mas outras obras que ficam aí
paradas há muito tempo na nossa região poderia gerar emprego e desenvolvimento
para aquela região.
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Agradeço muito ao empresariado de Volta Redonda – tem o


Carlinhos ali representante dos empresários entre outros -. Volta Redonda, hoje, é
uma cidade que tem trinta e três mil pessoas empregadas no comércio onde não há
demissão. Um entendimento entre os prefeitos e se buscava, também, o do
empresários. Temos amenizado muito a crise. Às vezes, as pessoas dizem assim:
“Mas o fórum sul fluminense não obteve os seus resultados almejados. Não
conseguiu barrar as demissões na CSN.” Mas quantas demissões não aconteceram
pelo entendimento dos micro, pequenos e médios empresários da nossa região? Fica
difícil com os grandes, porque às vezes são empresários garimpeiros. Estão ali para
garimpar alguma coisa. Não há tanto interesse na região. Se um dia “pintar” um
investimento melhor, não vai ter qualquer drama de consciência de deixar aquela
região à mercê do sofrimento dos outros, à mercê da falta do emprego. Então, temos
que investir mesmo na pequena empresa.
Agradecer a presença da Ana, representante do Sebrae na nossa
região. Um contrato que foi feito entre seis prefeituras com o Sebrae para qualificar a
mão de obra nesse tempo de crise vai ser passageira – não sabemos o tempo, mas se
qualificarmos essa mão de obra o Brasil, que sabemos nessas condições atuais –
poderemos ser muito beneficiados.
Deus abençoe a todos. Sou um amante nascido e criado na região
sul fluminense, mas também estamos aí para ajudar o Estado do Rio de Janeiro dar a
volta por cima neste momento de crise.
Muito obrigado, presidente
O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) - Obrigado, padre
Juarez, por sua participação. Pode ter certeza de que esse exemplo do fórum sul
fluminense deveria frutificar em todo Estado do Rio de Janeiro e em todo o Brasil. Se
não fosse esta iniciativa, hoje, não estaríamos neste debate aqui tão frutífero. Imagino
que possamos, a partir daqui, dar continuidade.
Passo a palavra ao nosso vice-prefeito de Piraí, a quem logo passo
a palavra, Luiz Antônio. Logo a seguir, o prefeito de Quatis; o Sr. Roberto Monzo,
secretário de desenvolvimento econômico de Barra do Piraí, representando o prefeito;

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o vice-prefeito de Angra; o nosso Noel de Carvalho; e para fechar o nosso secretário


Júlio Bueno.
Por favor.
O SR. LUIZ ANTÔNIO DA SILVA NEVES - Presidente, boa-
tarde, cumprimentando V. Exa. estendo a todos. Pelo adiantado da hora, queria
pontuar apenas três coisas, algumas já foram lembradas aqui, mas o que nos motivou
todos, prefeitos, empresários, sindicatos e a Igreja na nossa região, realmente, foi o
sentido da manutenção do emprego. Como bem disse o Dr. Júlio Bueno,
compreendíamos que a indústria de transformação é a que primeira iria sofrer com a
questão da crise, pelo que se estava avaliando. Precisávamos ter alguma
movimentação política e efetiva no sentido de resolver essa questão.
Fundamentalmente, o que estamos querendo é que possamos
permanecer na linha do desenvolvimento econômico apesar dos efeitos da crise. Aí
vou aqui muito rapidamente nomear algumas coisas que já foram faladas aqui, como
bem lembrou o prefeito Serfiotis. Estamos precisando, por exemplo, de incentivo
para os nossos pólos industriais de financiamento não só para as indústrias, mas
também para as prefeituras poderem alavancar os seus polos. Por exemplo, um
galpão com infraestrutura necessária.
Existem algumas questões pontuais – foi bem lembrada a
importação da indústria cervejeira, hoje, feita no sul e no Espírito Santo, que podem
ser feitas através dos portos do Rio de Janeiro, desde que haja incentivos necessários.
Portanto, a gente vem se mobilizando, mas também vem buscando esses recursos.
Como bem lembrado pelo prefeito de Barra Mansa, fizemos uma
pauta de compromissos com relação a IPTU e ISS. Visitamos e assumimos
compromisso com a Peugeot-Citröen e com a Volkswagen no sentido de adquirir
automóveis e caminhões para incentivar a produção, até porque elas assumiram e
cumpriram a responsabilidade social com a manutenção do emprego; tiveram um
comportamento diferente da CSN. O conjunto de prefeitos visitou aquelas indústrias
e está buscando orientar sua compra, padronizar a frota para que ela venha beneficiar
a indústria do Rio de Janeiro. Além disso, há as obras muito bem lembradas aqui,

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como o pátio de manobra, a rodovia do Contorno, o aeroporto do Vale do Aço – outra


grande obra de importância para a nossa região.
Por fim, acho que não viemos aqui, quanto à Lei Rosinha, para
discutir igualdade de incentivos fiscais. Entendemos que a lei foi feita em um
momento outro e para diminuir as desigualdades regionais. Mas queremos manter
nossa condição de competitividade; queremos uma isonomia de condição de
igualdade. Talvez haja a necessidade, neste momento, de rever alguns pontos da lei
para evitar, como bem lembrou o deputado Rodrigo Neves, uma guerra fiscal na
própria região. Um empresário da minha cidade, já instalado ali, vai fazer um
investimento novo? Não vai mais fazer em Piraí, mas em Valença porque este é um
município que recebeu incentivos. O empresário está errado? Não, está correto, só
que nós, que fizemos o dever de casa, preparamos a infraestrutura, preparamos a
legislação do município, começamos agora a ter uma competição que, talvez, esteja
no campo da desigualdade.
Acho que deveríamos elaborar uma proposta para que a Secretaria
de Desenvolvimento Econômico, junto com o Investe Rio e o Codin, pudesse
examinar o conjunto das condições necessárias, seja na área de energia elétrica, do
gás ou qualquer outra. São inúmeras e pequenas condições variadas para esses e
outros municípios, evidentemente, para a gente ter uma resposta. A gente tem que ter
uma intervenção mais imediata, presidente, senão os efeitos da crise podem passar
pela nossa inércia por falta de efetividade das nossas propostas. A sugestão, e é o que
estamos precisando, é que o Poder Executivo, que tem os instrumentos, possam
auxiliar o conjunto dos municípios da região sul fluminense a ver suas necessidades
pontuais.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) - Muito obrigado, Luiz
Antônio Neves.
Passo a palavra ao prefeito José Laerte.
O SR. JOSÉ LAERTE - Presidente, quero citar a deputada Inês
Pandeló, mas antes quero parabenizar V. Exa. por estar nos recebendo; parabenizar o

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bispo diocesano D. João Maria Messi, por ter, através da cúria, plantado essa semente
e ela ter chega a este fórum permanente. V. Exa. disse que esta iniciativa poderia se
estender para todo o Brasil, e quero creditar ao bispo essa conquista e ao povo de
Volta Redonda por tê-lo como bispo diocesano; e o deputado Noel de Carvalho.
Queria falar com sobre Fernando Barros, presidente da Codin, que
não está presente, mas a companhia, com certeza, está ouvindo bem isto aqui para
que o estado, através dela e através do Maurício Chacur, nos socorra.
Falar do Jorge Serfiotis, meu vizinho do outro lado do Rio
Paraíba, que é um privilegiado. Quando Deus planejou aquela região, de que o Noel
fala muito, que tem o pico de Itatiaia como referência e aquela baixada do Rio
Paraíba para receber os incentivos do governo do estado, instalar lá a Volkswagen e a
Peugeot, ela veio planejada antes pelo Mercovale, pelo planejamento estratégico de
uma empresa contratada por municípios, antes mesmo de Porto Velho e Quatis
surgirem; e aos sindicatos, na pessoa do Campanaro que veementemente defende a
classe trabalhadora. Dizer que a nossa região, com 850 mil habitantes, com 600 mil
eleitores; tem o Ademir de Melo, o Nelson Gonçalves, o Edson Albertassi, a Inês
Pandeló, o Noel de Carvalho, o deputado federal Deley e a Cida Diogo. Uma força
tamanha, e o André Correa, deputado de Valença, o senhor citou como a força
política que levou os incentivos políticos para lá. E nós ficamos sem eles.
E Quatis está sendo lembrado! E eu quero dizer: água mole em
pedra dura tanto bate até que fura, porque a Inês disse que eu estou cansado de falar
numa estrada. E agora eu queria, então, aproveitar a deixa da deputada, porque só ela
disse sobre Quatis. E Quatis não recebeu, nem pode reclamar, incentivo algum,
empresa nenhuma do estado se instalou lá, incentivo nenhum do estado se instalou lá
por causa de uma ponte sobre o Rio Paraíba que não se constrói e uma outra que cai.
Eu aproveito para ler um ofício – vou cometer a irreverência de ler
um ofício dirigido ao Luís Pezão, nosso vice-governador que, de vez em quando, é
governador – e ele está lá me esperando levar esse ofício. Senhor vice-governador –
isso fala da crise e fala da solução que pode acontecer, se o vice-governador, o
Maurício Chacur e a Assembleia Legislativa nos ajudarem nisso que eu vou dizer -,
em continuidade aos nossos entendimentos verbais, solicito gestões de V. Exa. com
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vista à viabilização de verbas necessárias à consolidação de interligações – eu não


estou falando só do Município de Quatis – rodoviárias – um presidente americano já
falava que abrir estrada era desenvolver – “entre Quatis e Volta Redonda – Nelson
Gonçalves –, 22 quilômetros de extensão; Quatis-Barra Mansa, 20 quilômetros de
extensão; Quatis-Resende, 18 quilômetros de extensão. Numa extensão de apenas 60
quilômetros, nós estaríamos promovendo a rota do desenvolvimento. Cumpre
destacar que o referido pleito se insere em projeto estratégico e estruturante em nosso
município, o qual estamos denominando “Rota do Desenvolvimento”, que, dentre
outros benefícios, podemos citar: integração do Município de Quatis à região das
Agulhas Negras ao Vale do Aço; integração do litoral do sul fluminense, do litoral
fluminense ao circuito das águas de Minas Gerais, sendo que o trecho rodoviário
relativo àquele Estado de Minas Gerais encontra-se em fase de execução através do
governo Aécio Neves; integração da Rodovia Presidente Dutra - Nova Dutra - ao
trecho da BR 267, que liga Juiz de Fora a Caxambu, e que faz, portanto, a ligação
com as instâncias hidrominerais, permitindo a ligação do polo automobilístico de Juiz
de Fora ao polo do complexo de Porto Real-Resende, também automobilístico.
Finalizando, destaco que a conclusão do asfaltamento da RJ 159,
no trecho compreendido – que, secularmente, ela não termina – no trecho
compreendido, no Distrito de Falcão, e a divisa do Estado do Rio de Janeiro com o
Estado de Minas Gerais, extensão de apenas 5.400 metros, complementa todo o
circuito rodoviário planejado em nosso projeto da “Rota do Desenvolvimento”,
através do qual almejamos impulsionar o desenvolvimento, gerar emprego no
município e na região, cujo potencial é hoje muito prejudicado porque o acesso não
existe. Uma ponte construída em 1916 está caindo - e o Jorge Serfiotis conseguiu
uma verba de 820 mil reais para restaurar essa ponte, mas ela passa carroça e pessoas
a pé –, a outra ponte existente, ela está num ângulo que um caminhão de três eixos
não pode fazer a curva para chegar em Quatis. Portanto, nós estamos ilhados. Tanto
ilhados estamos que até não é citado Quatis como município da região do sul
fluminense e da região do Estado do Rio de Janeiro, a ponto de o prefeito Neto
perguntar aos prefeitos, em uma dessas reuniões, se existia uma representação do
Bndes na região sul fluminense que, se não existe, ele iria lutar juntamente com os

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demais prefeitos para que tenha um escritório do Bndes em Quatis. Quem sabe com
isso Quatis é lembrado.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Obrigado, prefeito
José Laerte.
Dr. Roberto Monzo.
O SR. ROBERTO MONZO – Boa-tarde a todos. Senhor
presidente, a região do médio Paraíba vem trabalhando, a partir, como foi dito aqui,
da iniciativa do nosso bispo, na discussão do desenvolvimento, no enfrentamento da
crise, de maneira integrada, que é o que nós precisamos, de outra forma a gente não
combate esses efeitos.
O prefeito José Renato, que teve que se ausentar, entregou ao
deputado Nelson Gonçalves uma carta que a região sul fluminense traz para a Alerj e
para o governo do estado com as reivindicações a partir desses encontros.
Então, eu me permito falar mais detidamente em relação a Barra
do Piraí, porque Barra do Piraí já vem sendo prejudicada em relação a esses
incentivos desde o Plast-Rio, quando ele foi concedido para a Baixada Fluminense,
uma empresa de Barra do Piraí, que ia implantar um novo parque industrial acabou
tendo que optar pela Baixada e, depois de vendida essa empresa, ela passou a
transferir sua produção para a Baixada Fluminense. Isso tem ocorrido.
Depois, com a Lei Rosinha, que nós entendemos a importância
dela e a concepção dela para aquela região norte-noroeste, talvez se ela não tivesse
sido alterada, se esse benefício não tivesse sido estendido a outros municípios, nós
não estaríamos falando tanto da lei Rosinha aqui, hoje, porque ninguém reclamava
dessa lei para o norte-noroeste. A partir do momento que essa lei foi estendida a Três
Rios e Paraíba do Sul, Barra do Piraí começou a sentir os efeitos porque empresas
que estavam negociando, em fase final de negociação com Barra do Piraí, passaram,
então, a optar por Três Rios. E, agora, para piorar a situação, essa lei é estendida para
Valença, um município vizinho, que faz parte da microrregião de Barra do Piraí. Veja
bem, é necessário se analisar, quando se olha para uma região e fala-se do sul
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fluminense como uma região desenvolvida, industrial. Isso é, em parte, verdade,


porque, dentro dessa mesma região, nós temos municípios que não têm esse
desenvolvimento, que não têm essa pujança e que não têm as facilidades que os
outros municípios têm, e eles têm que ser olhados de outra forma.
A gente entende a necessidade da lei, talvez, para Valença, mas, se
Valença faz parte da microrregião de Barra do Piraí, que é composta por Barra do
Piraí, Valença e Rio das Flores, que foi considerada por uma análise do Ministério da
Integração Nacional como uma microrregião de economia estagnada, é impossível
admitir que um município dos três da microrregião, exatamente o do meio, receba o
incentivo e os outros municípios não tenham esse incentivo.
Então, presidente, é urgente, urgentíssima, essa revisão. E ela não
pode se arrastar, dentro da tradição das análises que devem ser feitas, porque nós
estamos sofrendo. Barra do Piraí, secretário Júlio Bueno, o senhor focou muito bem,
não é só o incentivo, é a competência do município, é a infraestrutura, é uma série de
circunstância que nós vimos conseguindo, tanto que nós atingimos o maior nível de
emprego dos últimos nove anos, sem a lei, só que com ela e com a crise, nós
amargamos, nos últimos três meses, mais de 600 demissões no município, coisa que
não observávamos há muitos anos, a partir desse nosso trabalho. E isso não é possível
de se reverter se essa lei não for estendida, porque nós vamos lutar em condição de
desigualdade com um município vizinho ao nosso. É impossível que eu consiga levar,
e eu vou citar um exemplo prático, um empresário de Barra do Piraí, Ronald de
Carvalho, que tem sua empresa em Barra do Piraí, amigo de V.Exa., teve que abrir
uma empresa, e precisava de um prazo curto, precisava tomar a decisão, abriu em
Valença. Por que abriu em Valença? Por que Valença é mais bonita para ele, por que
ele tem amigos lá? Não, os amigos dele estão em Barra do Piraí, a família dele está
em Barra do Piraí, as empresas dele estão em Barra do Piraí, mas os incentivos não
estão.
Então, hoje, como foi dito aqui, os incentivos são fundamentais na
atual circunstância e, para nossa região, para alguns municípios em especial, um
incentivo é fundamental, é crucial, senão nós vamos amargar aí um quadro terrível de
esvaziamento econômico, que nós vínhamos, com muito esforço, reverter, com o
trabalho dos últimos quatro anos do prefeito José Luiz.
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Então, eu apelo a esta Casa, apelo ao governo do estado, que


precisa, mas com a celeridade de um incêndio que tem que ser debelado, reverter esse
quadro e ajudar os municípios, especialmente os menores municípios que vêm
sofrendo e não têm outra ferramenta nesse momento para lutar contra essa situação.
Era isso e agradeço a oportunidade.
O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Dr. Roberto Monzo,
me desculpe pela demora da sua intervenção. Eu e o vice-governador Luiz Fernando
Pezão conhecemos essa situação localizada em Barra do Piraí. Já foi fruto de uma
conversa nossa com o governador, só que entrou esse ambiente de crise e nesse
ambiente foi mais difícil analisar especificamente. Mas, vamos ver se agora, com esse
conjunto de fatos e essa mobilização, conseguimos avançar.
Vamos ouvir o nosso vice-prefeito de Angra dos Reis,
companheiro Essiomar.
O SR. JOSÉ ESSIOMAR GOMES DA SILVA - Nosso presidente
Jorge Picciani, com quem cumprimento a Mesa, secretário de desenvolvimento
econômico, quero aqui parabenizar o deputado Nelson pelo incentivo.
Fiquei triste aqui pelo fato da Costa Verde não ter sido citada.
Hoje nós temos um problema muito sério que se chama a Estrada Rio-Santos, onde a
nossa região está perdendo muito com esta situação. Um exemplo claro que vou dar
aqui para os senhores deputados e secretários, as autoridades aqui presentes: passou o
Carnaval, para quem saiu do Rio de Janeiro quatro horas da manhã, na quinta-feira,
chegou em Angra cinco horas da tarde. Um absurdo! Um absurdo o que está
acontecendo, hoje eu saí de Angra seis horas da manhã para chegar aqui 10h30 da
manhã.
Então, eu vejo que precisamos urgentemente que os senhores se
mobilizem, procurem realmente o governo federal, e que a obra está totalmente
parada, não tem um homem hoje, na estrada, trabalhando. A empresa tirou as
máquinas, tirou os homens e, com isso, quem são os prejudicados?
Nós estamos falando de um momento de crise em nosso país e em
nosso Estado do Rio de Janeiro. Isso é um grande prejuízo para nosso estado, porque
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se tem alguém que quer investir naquela região, nosso presidente, jamais vai investir
– jamais vai investir – pela situação que estamos passando. O nosso prefeito Tuca
Jordão já esteve numa reunião, quinze dias atrás, com o senhor, teve também com o
secretário de transportes Júlio Lopes, esteve com o representante do Ministério dos
Transportes, mas não temos ainda nenhuma decisão.
É o pedido aqui, o nosso prefeito não pôde estar presente por
causa de um compromisso que já tinha agendado anteriormente em nosso município,
estou aqui então o representando, e é um pedido que estamos fazendo ao senhor,
como nosso presidente, aos nossos deputados, ao nosso secretário, para que realmente
tome uma providência, cobre de quem é devido pela situação que está acontecendo na
nossa região da Costa Verde, que é um grande prejuízo para todos, não é só para a
região da Costa Verde, é para todos. É para todos! Esse é um pedido que faço aqui
para os senhores.
Quero também aqui falar, e o nosso secretário Júlio Bueno
conhece já o assunto, é sobre o incentivo à cevada para nosso porto de Angra dos
Reis, que há mais de dois anos já está isso na Secretaria de Fazenda; o secretário tem
conhecimento do assunto, e onde temos hoje em torno de 1.200 famílias, que são
portuários, e que hoje passam por um momento difícil em nosso município,
justamente por causa da... É um dos produtos que iriam embarcar pelo nosso porto.
O nosso porto tem calado para atender essas necessidades, e até agora, não foi
também resolvido esse assunto.
Até esse terceiro item, presidente, eu queria aqui é fazer, e aí eu
entro no quorum dos outros representantes dos municípios que não foram
beneficiados pela Lei Rosinha, é que diminua o prazo da lei que é de 25 anos, mas
atendam os outros municípios que não foram atendidos até hoje. Porque, como o
Roberto Monzo fez a colocação aqui, o município dele está sendo prejudicado pelo
vizinho. Então, nós precisamos também desses incentivos, ou que diminuam o prazo,
então, da lei. Mas atendam todos os municípios do Estado do Rio de Janeiro, por que
para uns sim, e para outros não? Acho que ninguém é melhor do que o outro. Nós
defendemos os mesmos interesses que é o desenvolvimento do Estado do Rio de
Janeiro.

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E o último item que eu quero citar é sobre o trabalho realmente, o


trabalho que nos precisamos para as nossas donas de casa, para as mulheres do nosso
Estado do Rio de Janeiro.
Como o nosso prefeito de Itatiaia fez uma colocação, que ele
atende uma média de cem pessoas por dia, e 90% querem emprego, eu atendo uma
média, lá no meu gabinete, às terças e quinta-feira, uma média de 148 pessoas, 90%
são emprego e 70% são mulheres que estão lá pedindo uma oportunidade. Elas
precisam fazer qualquer coisa que é para trazer no final do mês o ganha pão, o
trocado que é para ajudar seu marido na sua renda familiar. É justamente essa
oportunidade que nós precisamos. O Município de Angra não fabrica nada, mas nós
precisamos fabricar alguma coisa. Nós só fabricamos ultimamente navio, mas está
difícil até, as plataformas estão difíceis. Então, tem os incentivos que o governo do
estado criou, o município também criou, mas está muito difícil. Funcionários fazendo
greve, a empresa demitindo, esse é o papel, também, que nós estamos convivendo no
Município de Angra dos Reis.
Então, peço aqui, finalizando a minha fala, faço o pedido para o
nosso presidente, para os deputados, para que não deixem a Costa Verde de fora
desse processo, desse movimento, aonde nós queremos participar, temos todo
interesse de estar envolvido nesse processo, e pedimos o apoio dos senhores.
No mais, muito obrigado. E pedir para que Deus dê força, coragem
e ilumine os caminhos dos senhores, para que nós possamos sair dessa crise o mais
rápido possível.
Muito obrigado, senhor presidente.
O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Obrigado, Essiomar,
transmita o nosso abraço ao nosso companheiro Tuca Jordão. Eu não posso deixar
antes de passar a palavra – mas, para encerrar, nós temos o nosso querido deputado
Noel de Carvalho; logo a seguir, para encerramento, o Dr. Júlio Bueno. Mas eu
queria cumprimentar a nossa prefeita de Conceição de Macabu, a prefeita Tedi, e
passar a palavra ao deputado Noel de Carvalho.

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O SR. NOEL DE CARVALHO – Para ser bem rápido, vou evitar


até os cumprimentos isolados e apenas cumprimentar o presidente Jorge Picciani e
dizer o seguinte, eu ouço esse tipo de conversa, pelo menos, há 50 anos. Eu tenho 66
anos, quando tinha 16 anos eu fui boy do secretário de fazenda do Estado do Rio de
Janeiro. E como era muito trabalhador, meio burro, não muito talentoso, mas muito
trabalhador, eu comecei a ir com ele às reuniões do Confaz, em Brasília, e percebia
como o Rio de Janeiro era vítima do Estado de São Paulo, assim de uma forma
inacreditável. Eu me lembro que o secretário de Sergipe levantava a mão e dizia:
senhor presidente, eu voto a favor. E aí um funcionário de 3º escalão, do secretário de
São Paulo, se levantava, ia no ouvido dele e cochichava menos que um minuto, ti-ti-
ti, e voltava; e o secretário de Sergipe levantava a mão e dizia: senhor presidente, eu
quero mudar o meu voto, eu voto contra.
Esse assunto, levantado pelo nosso bispo, e agora estimulado pelo
deputado Nelson, tendo como maestro o deputado Jorge Picciani, prestei bem atenção
no discurso do Júlio Bueno e nos de todos os oradores que me antecederam, e pude
perceber que, na realidade, não há divergências, todos estão com a mesma
preocupação e sugestões muito parecidas para se enfrentar essa crise. Vi a emoção e a
veemência do João Campanaro, que conheço há pouquíssimo tempo, desde que ele
estava na barriga da mãe dele eu já o conhecia, não é, João? Mas, o que percebo
então, Nelson, é que o Picciani poderia chamar para ele a responsabilidade de pegar a
batuta dessa orquestra e ser o maestro porque, na realidade, são muitos os
instrumentistas envolvidos nessa problemática. E, por exemplo, esse caso específico
de Itatiaia, Picciani, repare bem, é absolutamente justo que se dê uma indústria se
instale em Campos, na Região Noroeste, etc. e tal, uma região que está ficando para
trás no estado, mas, por outro lado, não pode pegar uma indústria que está instalada
em Itatiaia, os alemães inclusive moram lá, dentro do Parque Nacional, etc., e
prejudicar a tal ponto que eles precisem encerrar as suas atividades no Estado do Rio
de Janeiro, ou pelo menos naquela nossa região e ir para lá.
Outra questão, por exemplo, que acompanhei muito de perto, e o
Júlio Bueno recebeu inclusive o empresário muitas vezes, tem essa sensibilidade,
repetiu essa frase algumas vezes que uma lei que pretende incentivar o
desenvolvimento, a geração de emprego e renda, etc., não pode matar uma empresa
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que gera emprego e renda por conta de um detalhe, é preciso que se façam ajustes,
não é isso? Pois bem, por outro lado, a resistência do secretário de fazenda, cuja
tarefa é produzir o superávit etc. e tal, apresentar um dinheiro em caixa no final do
ano.
Então, é preciso que alguém, presidente Picciani, assuma essa
responsabilidade que, em primeiro lugar, dá muito trabalho e, em segundo lugar,
representa alguns desgastes, porque vai representar algum tipo de enfrentamento. Por
exemplo, assisti o esforço do Fernando Barros e do Chacur e do Júlio Bueno num
esforço hercúleo para trazer para o Estado do Rio de Janeiro, especialmente para essa
região, os fornecedores de auto-peças das montadoras, porque é um absurdo você
apenas montar, ali em Porto Real ou em Rezende, o caminhão Volkswagen, ou o
automóvel Peugeot e comprar todas as peças, gerando milhares de empregos e
milhões de ICMS para o Estado de São Paulo.
Por outro lado, o nosso querido Estado de São Paulo não merece a
nossa consideração, e sou testemunha disso há 50 anos. Assisti a uma discussão pelos
grandes jornais, que começou com o governador Garotinho e o governador Covas.
Depois, observei que essa discussão estava se travando entre o governador Garotinho
e o secretário Nakano, e, mais adiante, a discussão era entre o governador Garotinho
e o Clóvis Panzarini, superintendente de tributação. Aí, não agüentei aquele negócio,
peguei meu automóvel e, como moro entre Rio e São Paulo, em vez de vir para o Rio,
fui para São Paulo e forcei uma audiência com o Clóvis Panzarini. Ele foi muito
educado – o Júlio Bueno fez uma revolução no Espírito Santo, ele sabe tudo como faz
isso, Picciani pode orientar bem. Agora, precisa do prestígio do presidente da
Assembleia, da competência e da experiência política que o Picciani tem.
Lembro-me que o Clóvis Panzarini disse educadamente que ele só
tinha tirado, da questão da substituição tributária, pilha, lâmpada e não sei o quê. “Só
tirei isso para dar um susto no seu governador, porque se eu quiser eu quebro a
Economia do Rio de Janeiro.” O superintendente de tributação do Estado de São
Paulo disse isso para mim, ninguém me contou não. Aí eu disse assim: “O senhor
acha justo que o superintendente de tributação de um estado tenha o poder de quebrar
a economia de outro estado?” Ele respondeu para mim, sorrindo, educadamente, o
seguinte: “Justo não é não. Mas, se eu quiser quebrar, eu quebro.”
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E nós ficamos aqui, passivamente, vamos dizer assim, o Joaquim


Levy com uma preocupação específica; o Júlio Bueno em sua luta, determinado; o
Sérgio Cabral com a sua disposição de resolver os problemas, os prefeitos todos aqui,
os deputados todos querendo resolver esse problema.
Então, eu queria fazer uma única proposta: que o presidente da
Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, deputado Jorge Picciani,
assumisse a responsabilidade de ser o maestro dessa orquestra. Eu me proponho a ser
o zelador do ambiente onde a orquestra vai se reunir para dar o concerto. Eu me
proponho a varrer, espanar, etc. e tal, mas acho que o presidente deveria, hoje, aqui,
diante de nós todos, assumir essa responsabilidade: ser o maestro dessa orquestra que
vai resolver esse problema. Porque o que Deus tinha que fazer – repare só, Picciani:
em primeiro lugar, Deus fez um bispo da sua igreja provocar, acender essa chama. E
repare só o que Deus fez por essa região, é uma coisa impressionante.
A nossa região, Picciani, tem uma planície onde caberiam
quinhentas fábricas da Volkswagen. Essa planície é cortada pelo rio Paraíba do Sul;
ela é emoldurada pelo Maciço de Itatiaia; ela é atendida pelo gasoduto; ela é cortada
pela principal rodovia desse país, a Rodovia Presidente Dutra, e pela principal
ferrovia; essa região está entre os maiores mercados desse país: São Paulo, Rio de
Janeiro e Belo Horizonte. Eu costumo até dizer que essa região, presidente Picciani, é
uma região que tem os maiores subúrbios. Nenhuma região tem subúrbios tão
grandes e tão importantes como os s de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Portanto, tudo está no detalhe. Aliás, Deus está no detalhe.
Reparem, tem-se que se fazer um pequeno ajuste para não quebrar a empresa de
Itatiaia; tem-se que ser fazer um pequeno ajuste para não desestimular o
desenvolvimento da região noroeste; tem-se que se construir uma ponte, Picciani, que
ligue a planície de Quatis à planície de Porto Real e transforme numa área única, uma
única ponte sobre o Paraíba.
O governador Sérgio Cabral acabou de inaugurar uma em
Resende, chamada Acesso Oeste, que vai produzir maravilhas. Então, todos estão
dispostos aqui a entrar nessa luta, mas a gente precisa, cada um tocando o seu
instrumento, de um maestro. E eu sugiro que o maestro seja V. Exa.
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O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Obrigado pela


generosidade. Eu diria que, tendo V. Exa. como solista dessa orquestra, ficará muito
mais fácil. Mas o nosso maestro eu acho que é essa unidade. Evidentemente, nem o
presidente desta Casa ou qualquer dos outros sessenta e nove deputados fugirá às
responsabilidades. Dentro das nossas possibilidades, nos empenharemos nessas
diversas tarefas.
Acho que depois nós vamos pegar essa gravação, vamos degravar,
porque é preciso compreender, separar, dividir atribuições, fazer encaminhamentos,
fazer reuniões. Da mesma maneira que o Rodrigo, o Nelson e outros cuidarão dessa
questão com o ministro Dulci e com o ministro Lupi, junto com o Júlio Bueno, junto
com todas forças políticas e de representação da sociedade social daquela região,
temos diversos outros.
O governador está inteirado. Eu, a cada dia, vou aprendendo a
conhecer as pessoas. E é preciso, de fato, conhecer as pessoas. Normalmente, quando
não se conhece, você certamente julga mal. Seja para o bem ou para o mal, julga mal.
Eu tenho, cada dia mais, me tornado um aliado do Dr. Júlio
Bueno. E não por nenhum tipo de concessão, mas por identificar nele uma pessoa do
bem, que tem lutado pelo desenvolvimento do estado. Da mesma maneira, com todo
o seu currículo e pelo respeito que tenho pelo Dr. Joaquim Levy, tenho me tornado
crítico. Isso faço francamente e abertamente. Comecei timidamente fazendo as
reuniões com o governador. Já fiz em plenário.
Reconheço muitas qualidades. Acho que empresta grande
credibilidade à Secretaria de Fazenda do Rio, mas acho que o desempenho global está
aquém da sua própria capacidade. E acho que temos demandas que tem que enfrentar.
E nisto eu quero dizer o seguinte: eu estou ao lado do desenvolvimento, da justiça
social, da geração de emprego, da busca de oportunidades. (Palmas)
Nesse quesito, Noel, eu tendo a estar na linha que aponta e que eu
tenho visto de forma sempre muito generosa e gentil, em próprio debate nesta Casa
com a presença de ambos eu vi a elegância do Dr. Júlio Bueno. Depois, em particular,
tive a oportunidade de dar ao governador a minha opinião do que verifiquei numa
reunião que era pública também do fórum, e até mais ampla do que esta no plenário.
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E isso faço sem nenhum tipo de picuinha ou de mesquinharia. Aqueles que lidam
comigo sabem que eu procuro sempre lidar da forma mais franca e aberta possível.
Sou incapaz de não lidar de frente com as adversidades que se apresentam. Mas, no
intuito de colaborar, eu acho que o estado precisa avançar, ninguém é dono do estado.
Nós vivemos num país que nós temos dois temas que são
fundamentais, nós queremos a fraternidade entre os povos, o que nós queremos é um
regime democrático rigorosamente consolidado, o que nós queremos são, e suma, é o
direito das pessoas e das famílias poderem viver dignamente. E para isso é preciso
desenvolvimento, para isso é preciso distribuir a riqueza. Para isso é preciso gerar
oportunidade. Então, não há vilão nem no empresariado nem no trabalhador. O que
nós temos que buscar é enfrentar isso e o estado é para isso. O estado não é para ser
paternalista, mas o estado é para buscar o equilíbrio e permitir um desenvolvimento
justo na sociedade.
E esta Casa tem esse sentimento. Esta Casa, de uma forma geral,
não é compreendida porque é muito difícil conseguir passar de uma forma mais
ampla pelos meios de comunicação o que ocorre no Parlamento. Uma coisa eu tenho
certeza, o Parlamento do Rio, com as suas dificuldades, com o seu extrato da
sociedade, portanto, com defeitos, com virtudes, com generosidades ou não, é um
Parlamento que é de vanguarda no país. Aqui as coisas têm avançado. A oposição
que é muito forte, e muito qualificada, de partidos que não são da base do governo,
são de uma generosidade muito grande com o estado. Estado lato sensu. Votam aqui
as matérias do governo mesmo que isso venha favorecer do ponto de vista político o
partido do governador. Não sem antes discutir nem sem antes modificar, não sem
antes melhorar. Porque muitas das vezes é esse o sentimento.
Hoje, o governador sancionou uma lei e regulamentou, que esta
Casa tinha aprovado, que o Gabinete Civil, com um conjunto de procuradores
levaram ele a vetar, esta Casa derrubou o veto e ele num gesto de grandeza, de
humildade, sancionou o veto, depois de derrubado. Em vez de considerar uma ofensa
pessoal, um enfrentamento desta Casa, ele considerou que aquilo era bom para o
estado, que a lei aqui aprovada era para agilizar mecanismo de arrecadação a favor do
estado, portanto, da população. Ele recuou e modificou. E hoje comunicou a esta

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Casa, tendo a gentileza inclusive de mandar o texto de regulamentação, para ver se


estava de acordo. Acho que o regime democrático é isso.
Com essas possibilidades, Noel, que esta Casa me permite, tendo
companheiros como você, como Nelson e como todos os outros, eu não tenho
nenhum medo, nenhum temor de assumir junto esta responsabilidade, mas agradeço a
generosidade.
Dr. Júlio, por favor, o encerramento.
O SR. JÚLIO BUENO – Muito rápido, presidente. Em primeiro
lugar, eu também tinha que dizer que eu tenho tido uma grande honra e um grande
prazer de vir à Assembleia Legislativa. Eu, há muito pouco tempo, não conhecia a
Assembleia, só tinha entrado aqui uma vez, e tenho tido aqui um grande prazer nos
debates que tenho enfrentado, por ter aprendido muito. Então, eu queria lhe dizer isso
também. E dizer da minha grande honra, na verdade, por estar aqui.
Pegando um pouco também do deputado Noel, nossa liderança
aqui, eu acho que a gente tem uma agende para construir que é uma agenda de
consenso. E essa agenda, se eu puder dividir, tentar dividir didaticamente, ela tem
dois pedaços. Ela tem o pedaço que ela é defensiva, a gente poderia chamar assim:
“Agenda da Manutenção do Emprego”. E aí eu divido em dois pedaços a Agenda da
Manutenção do Emprego. O primeiro pedaço - e aí eu acho que a gente vai precisar
realmente de uma mobilização política -, na discussão, na interlocução com os
grandes e as grandes empresas do estado.
Queria lhe dizer, presidente, a deputada Inês sabe, eu tentei
conversar com a CSN, eu tentei conversar. O secretário Ronald, também de Trabalho,
também tentou. Nós convocamos o vice-presidente executivo da CSN na minha sala,
e nós não conseguimos.
Então, na verdade, essa interlocução, que é uma interlocução
difícil porque o momento é difícil, ela não é só do executivo, ela é do Estado do Rio
de Janeiro. Então, na agenda da manutenção do emprego, a interlocução com os
grandes atores, com as grandes empresas, me parece que é uma questão
suprapartidária e suprapoder, se eu pudesse dizer assim. É o primeiro ponto.

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Tem um segundo ponto, que é a questão anticíclica do


investimento, principalmente do investimento público.
Aí, também eu divido em dois pedaços; o investimento público
que hoje está colocado, que é na verdade o investimento público do governo federal,
que não é pequeno, são cinco bilhões de reais, nos próximos anos, nos próximos dois
anos, se a gente tiver capacidade de gastar. Mas, o investimento público do governo
do estado, que infelizmente é pequeno. Na verdade a capacidade fiscal do governo
ainda é pequena, é muito pequena para o meu gosto. Para o meu gosto como
secretário, e para o meu gosto como cidadão. A capacidade de investimento do
Estado do Rio de Janeiro é muito pequena ainda. A gente vai precisar fazer um longo
ajuste até que ela seja realmente um instrumento importante anticíclico, no sentido de
poder ajudar a enfrentar a crise. Mas, enfim, nós estamos na luta.Nesses cinco
bilhões, um bom pedaço dele é contrapartida do estado.
Então, esse é o primeiro pedaço de coisas; é a luta pela
manutenção do emprego; de novo dois itens, a interlocução com os grandes atores, e
o investimento público, que também tem que ser agilizado. Então, o arco
metropolitano, eu vi o nosso governador na sexta-feira cobrar do nosso secretário de
obras, que, por acaso, é o nosso queridíssimo vice-governador Pezão, que disse que a
obra começou a andar. Então, eu queria também transmitir isso aqui, é o sentimento
da velocidade, que o Pezão colocou. Então, esse é o primeiro pedaço. Eu diria que é a
luta defensiva. Tem a luta ofensiva, que é a luta da atração do investimento, que aí,
eu queria dizer assim. Nós temos instrumentos no Rio de Janeiro espetaculares de
atração de investimento, espetaculares; é o Fundes, é a Investe Rio, é a Codin, e a Lei
Rosinha, que é espetacular. Quero repetir aqui. A Lei Rosinha é espetacular.
Precisa de ajustes, precisa de ajustes; ajustes que diminuam a
assimetria, ajuste que dê a possibilidade de você não criar injustiça. E eu queria
chamar a atenção que nós aqui estamos propondo humildemente, para discutir nas
comissões e tal, três ações. A primeira delas, que sofreu uma crítica tanto do
presidente, quanto do Luiz Paulo, quanto do André; eu queria só chamar atenção
assim. Eu não propus que fosse dado ao poder executivo, impunemente, o direito de
discriminar. Estou dizendo assim: a minha proposta é dar ao executivo o poder de
discriminar com regras estabelecidas, e com a governança, dentro do governo, que
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está dando certo, governança essa semelhante àquela que esta Assembleia aqui
propôs no Fremf.
Então, é só isso, é só encontrar um ajuste. Eu acho que na questão
da dotação de investimento a gente tem todas as armas, e que precisamos fazer um
ajuste nessa lei que ajude o secretário de estado de desenvolvimento, queria dizer,
muito.
Três questões pontuais para encerrar: CSN eu já me referi; Ampla.
Ampla, é uma coisa importante vocês saberem: a Ampla não está sobre a supervisão
direta do governo do estado. A Ampla, sua supervisão é da Aneel e do governo
federal. Nós estamos em processo de mudança. A nossa Agenersa acabou de fazer,
por influência da secretaria, um convênio com a Aneel para que ela repasse para a
Agenersa as tarefas de fiscalização da Ampla, o que vai dar para o estado um poder
muito maior nessa área de energia elétrica.
De qualquer maneira, eu queria chamar a atenção e pedir para
vocês o seguinte: quem tiver problema com a Ampla, pode falar comigo. Porque a
gente tem operado bem a Ampla, eu e a Renata. Então, é isso, o prefeito não está
mais aqui, mas eu queria ficar à disposição para poder discutir, influenciar, que é o
que temos feito.
Uma última observação com relação a Quatis. O prefeito esqueceu
uma coisa: nós estamos levando a Wirex Cable para Quatis, que é uma empresa
importante. A Wirex Cable, até onde eu saiba, independe da ponte. Nós vamos fazer
a ponte. Eu acho que a ponte é importantíssima. Mas eu só queria chamar a atenção,
que nós temos feito um esforço para colocar coisa em Quatis. O Fernando até ganhou
um título de cidadão de Quatis pelo esforço que nós temos feito.
E para concluir definitivamente que a Investe Rio é uma
construção que foi feita não no nosso governo, mas que está ganhando músculo em
nosso governo, e que é espetacular. Hoje nós temos na verdade 100 milhões de
patrimônio que implica a possibilidade de emprestar um milhão de reais. Até o final
do ano se Deus ajudar, nós vamos ter 200 milhões para podermos emprestar, até dois
bilhões. E só para lhe dizer, na mudança da legislação aqui nós demos a
possibilidade de fazer empréstimo para construir galpão. E por inspiração, também é
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importante dizer, do nosso Pezão, que teve uma experiência muito grande e muito
boa com isso.
Então, é isso. Muito obrigado, eu me sinto muito honrado de estar
aqui Sr. Presidente. Muito obrigado. (Palmas)
O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Dr. Júlio, queria
agradecer. E ao fazê-lo, agradeço ao governador Sérgio Cabral, o qual, tenho certeza,
vai ajudar no que puder.
Queria passar a palavra ao deputado Nelson Gonçalves para, em
nome da Assembleia Legislativa, fazer os agradecimentos finais.
O SR. NELSON GONÇALVES - Senhor presidente, eu queria
agradecer em nome de toda a nossa região sul do estado. V. Exa., desde o primeiro
momento, quando nós estivemos reunidos em janeiro, imediatamente colocou à
disposição toda a Assembleia Legislativa. E chegamos hoje aqui a participar deste
Fórum de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio de Janeiro.
Dizer também da importância da realização do fórum em Volta
Redonda no final de dezembro, iniciado na cúria sob a liderança de D. João, dos
líderes sindicais, prefeitos, da Câmara de Volta Redonda. E aqui presente o vereador
Paiva, que fez a primeira audiência pública.
Agradecer a participação de todos, do nosso secretário Júlio
Bueno, empresários, da Associação Comercial, do CDL, sindicatos, os prefeitos, que
estão nessa luta desde dezembro. Eu acredito que hoje nós saímos daqui com um
avanço. E tenho certeza de que não vamos parar aqui, nós vamos discutir nas
comissões. O secretário já se colocou à disposição.
Temos uma questão direta e que preocupa muito a cidade da nossa
região, que é a questão da CSN. V. Exa. já colocou a possível participação do
governador. Acho que isso é importantíssimo, o governador participar conosco nessa
questão.
E dizer também, como a deputada Inês Pandeló falou, sobre
algumas coisas específicas. A Estrada de Mangaratiba já está no programa de
governo, talvez para esse ano, e precisamos também agilizar, deputado Rodrigo, a
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questão do PAC na nossa região também, um programa de habitação que agora o


governo federal, junto com o governo estadual, poderiam levar para lá e com isso
gerar empregos e absorver até essa mão de obra que está sendo demitida na nossa
região. E ao prefeito Laerte, que essa ponte não vire uma ponte de safena. (Risos)
Dizer também que estamos juntos nessa luta aí. Você sabe que há
muito tempo que estamos conversando e estamos colocando à disposição também.
Muito obrigado a todos. Obrigado, D. João, padre Juarez, os
prefeitos, a todos que participaram deste fórum.

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