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INVESTIGAÇÃO CLINICA APLICADA À MTC

Pretende-se com este pequeno texto dar uma ideia de diferentes

formas de aplicação de um modelo de investigação clinica em MTC.
Na grande maioria dos sintomas existem 3 factores a levar em linha
de conta:

1 – intensidade com que se manifesta a queixa;

2 – duração da mesma queixa;
2 – frequência do seu aparecimento.

Estes 3 parâmetros devem ser avaliados de forma diferentes e os

dados devem ser tratados de forma a conseguir fazer comparações
facilmente. Evidentemente, que este modelo, aqui apresentado, não
serve, por exemplo, para analisar os padrões de sono (esse modelo
será apresentado noutro texto).

De forma a conseguir analisar estes 3 parâmetros foi construído um

diário do paciente, onde consta:

1 – uma tabela para medir intensidade da queixa:

Intensidade
0 0-10
1 10-20
2 20-30
3 X 30-40 35
4 40-50
5 50-60
6 60-70
7 70-80
8 80-90
9 90-
100
10
Nesta tabela encontra-se uma medição quantitativa numa escala de 0
a 10. É mais fácil pensar numa escala de 0 a 10 do que de 0 a 100.
Após o paciente seleccionar o valor na 1ª tabela, pode especificá-lo
na 2ª tabela, tal como está demonstrado. Também é dada uma cópia
previamente preenchida de forma ao paciente ter mais facilidade no
preenchimento do seu diário..

Como é mais fácil construir os gráficos necessários numa escala de

10 podemos retirar uma potência ao valor definido. Neste caso 35
passaria para 3,5. Isto permite usar todos os valores numa mesma
tabela.

Inexiste
nte
Baixa
Moderad X
a
Severa
Intoleráv
el

Além da avaliação quantitativa também é deixado espaço para uma

medição qualitativa da mesma.

2 – Outra tabela para medir a duração;

Duração
Segundos
Minutos X
Horas
Dias
Meses

Neste caso não temos valores numéricos para avaliar a queixa. O que
se pode fazer é trocar os valores dados por valores numéricos. Assim
podemos ficar com a seguinte equivalência:
1 – segundos;
2 – minutos;
3 – horas;
4 – dias.

Dessa forma na apresentação dos resultados é possível associar estes

valores com todos os outros. Por outro lado pode haver pacientes que
em vez de seleccionarem só as horas podem, inclusivamente indicá-
las. Isso pode permitir uma análise mais pormenorizada mas fica mais
difícil associar com outros dados, uma vez, que a maioria dos
pacientes não faz isso.

3 – Uma última tabela para avaliar a frequência;

Frequência diária
1 2 X 4 5
6 7 8 9 1
0
1 1 1 1 1
1 2 3 4 5
1 1 1 1 2
6 7 8 9 0

Esta tabela é especifíca para avaliar a frequência diária. Mas o

modelo total permite:
1 – fazer a avaliação da frequência diária calculando a média de
aparecimento dos eventos com os dias em que eles aparecem;
2 – fazer a avaliação da frequência semanal levando em dia de conta
os dias de aparecimento com os dias totais de uma semana;
3 – fazer a avaliação da frequência levando em linha de conta o
aparecimento de todos os eventos pelos dias da semana.

Estas 3 variações, que também se poderão aplicar aos outros

parâmetros, permitem uma avaliação mais correcta da frequência.
Além destes valores, também existe um espaço extra, possibilitando
ao doente colocar informação relevante relativamente ao seu dia a
dia de forma a poder analisar-se relações entre o desenvolvimento
sintomático e os hábitos do paciente.

De seguida é apresentado o modelo de investigação seguido:

Nome do paciente: Homem Aranha

Especificação da queixa: dor na teia de aranha
Dia do mês: Dia do mês: / Dia do mês: /
24 / 8 /77 / /
Dia da semana:2ª Dia da semana: Dia da semana: 4ª
feira 3ª feira feira
Intensidade Intensidade Intensidade
0 0-10 0 0-10 0 0-10
1 10-20 1 10-20 1 10-20
2 20-30 2 X 20-30 2 2 X 20-30 26
3 X 30-40 35 3 30-40
2
4 40-50 4 40-50
3 30-40
5 50-60 5 50-60
4 40-50
6 60-70 6 60-70
5 50-60
7 70-80 7 70-80
6 60-70
8 80-90 8 80-90
7 70-80
9 90- 9 90-
8 80-90
100 9 90- 100
10 10
100
1
Inexiste Inexiste
0
nte nte
Baixa Baixa X
Inexiste
Moderad X Moderad
nte
a a
Baixa X
Severa Severa
Moderad
Intoleráv Intoleráv
a
el el
Severa
Intoleráv
Duração Duração
el
Segundos Segundos
 Minutos X Duração Minutos X
Horas Horas
Segundos
Dias Dias
Minutos X
Meses Meses
Horas
Anos Anos
Dias
Meses
Frequência diária Anos Frequência diária
1 2 X 4 5 1 2 X 4 5
6 7 8 9 1 Frequência 6 7 8 9 10
11 12 13 14 15
0 diária
16 17 18 19 20
1 1 1 1 1
1 X 3 4 5 Dia do mês: /
1 2 3 4 5 6 7 8 9 1
/
1 1 1 1 2
0
Dia da semana: 4ª
6 7 8 9 0 1 1 1 1 1
Dia do mês: feira
1 2 3 4 5
24 / 8 /77 1 1 1 1 2
Dia da semana:2ª 6 7 8 9 0 Irritei-me bastante no
Dia do mês: /
feira trabalho.
/
Dia da semana:
Consulta de
3ª feira
acupunctura
Esqueci-me de
Iniciei a toma da
tomar o
pílula.
medicamento para
o 6º sentido.

A última parte do modelo é apresentado no verso da folha. Na medida

que o terapeuta estuda os dados antes da consulta deve interrogar o
doente sobre o seu dia a dia de forma a obter alguma informação que
o paciente tenha esquecido.

Os dados obtidos desta forma permitem uma análise subjectiva, mas

mais próxima da realidade, do que sem o usar. O terapeuta pode
fazer comparação entre os resultados e os seus tratamentos ou entre
factores extra consulta.
No entanto, o terapeuta deve ter em atenção, que este modelo não
providencia informação objectiva detalhada, nem serve como meio de
informação para obtenção de factos científicos. Para tal, estudos
científicos de outra natureza serão necessários.

Este tipo de estudo serve como uma primeira abordagem à

investigação científica aplicada à clínica com o objectivo de se
estudarem as evoluções dos doentes, comparar doentes com
diferentes tratamentos ou com diferentes condições (sexo, peso,
hábitos de vida) e procurar relações entre estes diferentes factores. A
suspeita dessas relações pode ser crucial na formação de estudos
mais pormenorizados.

Este modelo também tem uma vertente de ensino muito importante

na medida:
1 – obriga o aluno a ter mais cuidado na avaliação de diagnóstico do
paciente de forma a obter o maior número de dados possível;
2 – permite ao aluno um modelo de investigação focando atenção
tanto na obtenção de dados clínicos como na análise dos mesmos.
Para tal este sistema deveria derivar de uma associação da prática
clínica com aulas de estatísticas e tratamento de dados.