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Blogue do Luís

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O maior inimigo do Cristianismo é a ocultação do essencial

Frei Bento Domingues, o.p.

A procura do essencial

O maior inimigo do cristianismo


é a ocultação do essencial

Público, Lisboa, 07. 03. 2010


1. O maior inimigo do cristianismo é a ocultação do essencial. Todos os
textos do Novo Testamento – cada um com o seu estilo – são narrativas de
rupturas, de processos de transformação, de actuações escandalosas, para
tocar no que há de mais decisivo na prática de Jesus, que saltou as
barreiras das convenções sociais, culturais e religiosas em que nasceu.
Hoje, alguns historiadores parecem apostados em mostrar que não há
rupturas. Fazem um esforço espantoso de investigação para reduzir Jesus
e a sua mensagem a uma das correntes do mundo judaico. Se, antes, certa
apologética e certas elaborações cristológicas faziam de Jesus uma figura
celeste caída do céu no seio da Virgem Maria, sem história nem geografia
terrestres, hoje, procura-se explicar tudo pela sua condição judaica e
pelas ideias correntes no judaísmo plural do seu tempo. Para eliminar
falsas rupturas, acabam por não explicar como é que Jesus se tornou, por
um lado, uma figura tão polémica no interior do judaísmo e, por outro,
uma figura universal, interpretada por S. Paulo como não cabendo nos
limites do judaísmo. É certo que Jesus não deixou nada escrito acerca das
suas experiências, das suas perplexidades e das suas opções. Se
eliminarmos, porém, a originalidade inconfundível da sua personalidade
e da sua mensagem, dentro e fora do judaísmo, de quem falam os textos
do Novo Testamento, tanto os canónicos como os apócrifos? Haverá, 2
dentro dessas narrativas, alguma outra personalidade que o possa
substituir e a quem possam ser atribuídas as acções e as palavras de
Jesus?

Comecemos pelo princípio. Jesus levou muitos anos a encontrar o seu


caminho. Quando julgou que o tinha encontrado guiado por João
Baptista – o seu baptismo, de tão incómodo para o seu prestígio, deve ser
um facto histórico – tem uma experiência que o afasta deste mestre para
seguir o seu próprio caminho. Essa experiência vem narrada em todos os
Evangelhos, embora segundo a perspectiva de cada um. O céu abriu-se e
a sua voz era diferente da pregação avinagrada de João Baptista: és um
filho muito amado. A partir daí, sentiu a necessidade de fazer um longo
retiro para tudo rever. Foi tentado, nesse retiro, pelas figuras do
messianismo do seu tempo e, no fundo, pelas maiores e constantes
tentações humanas.

2. Um messias verdadeiro tinha de se apresentar com uma solução clara


para os problemas económicos, políticos e religiosos do seu tempo e do
seu povo. Jesus, no retiro, foi atormentado por essas expectativas, que ele
interpretou como tentações diabólicas, isto é, tentações que o desviavam,
radicalmente, daquilo que pretendia fazer e daquilo que lhe parecia mais
importante.

Conta o Evangelho de Marcos que até os discípulos que escolheu não


compreendiam o seu caminho. Entre o capítulo quatro e o capítulo dez,
isto é repetido oito vezes. Jesus vê-se obrigado a dizer a Pedro, figura
destacada do grupo: arreda-te de mim Satanás, porque não pensas as
coisas de Deus, mas dos homens (Mc 8, 33).

Donde vinha este desentendimento? Os discípulos não queriam


abandonar a teocracia implicada na noção de Reino de Deus. Julgavam
que tinham sido chamados por Jesus para participarem no reino do
poder da dominação divina, segundo os modelos dominantes do
messianismo. Esta obsessão era tão grande e tão persistente, colocando os
discípulos numa vergonhosa luta interna pelo poder, que Jesus sentiu a
necessidade de os reunir a todos para lhes mostrar que estavam
completamente enganados. Na sua proposta não havia “tacho” para
ninguém. Quem quisesse ser o primeiro que se colocasse ao serviço de
todos: o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar
a sua vida em resgate por todos (Mc 10, 45).

Mateus (23, 8-11) não atenua o combate ao carreirismo na comunidade


cristã: Quanto a vós, não vos deixeis tratar por “mestre”, pois um só é o
vosso Mestre e vós sois todos irmãos. E, na terra, a ninguém chameis 3
“Pai”, porque um só é o vosso “Pai”: aquele que está no Céu. Nem
permitais que vos tratem por “doutores”, porque um só é o vosso
“Doutor”: Cristo. O maior de entre vós será o vosso servo.

3. Chegados a este ponto, fica claro que nenhuma teocracia se pode


reclamar de Jesus nem ele propôs qualquer modelo económico, político,
cultural ou religioso. Não por indiferença, mas porque pertence aos seres
humanos, dos diferentes povos e culturas, elaborá-los. Fica, porém, um
critério e um fermento: só vale, do ponto de vista humano, aquilo que se
fizer para serviço de todos, não para dominação de uns pelos outros,
sabendo que cada um se considera demasiado grande para ser, apenas,
um bom irmão.

Tocámos no essencial. Jesus, a partir de uma experiência divina, vinha


revelar que todos os seres humanos estão inscritos no coração de Deus e
que a tarefa de cada um é inscrever os outros, mesmo os inimigos, no seu
próprio coração. Neste reino não há excluídos. Quando fez esta revelação,
narrada por S. Lucas, o próprio Jesus se comoveu e exultou de alegria
sob a acção do Espírito Santo (Lc 10, 17-22). Era a primeira vez na
história humana que se ouviam estas palavras.

A Quaresma, como retiro, destina-se a rever tudo e a ficar com o


essencial. Que Deus nos perdoe a todos.
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HUMANISMO RELIGIOSO

Secção Desporto inclusiva: Vamos Falar Sobre: "é só fazer um xixizinho e já


voltamos ;) ......... (Actos 17.22-31, versão hodierna)..........C.U.SOON"

11/03/2.010 AD

O lugar da liberdade
De forma talvez um pouco temerária, reúno hoje dois assuntos
aparentemente desconexos: a suspensão, pelo Conar (Conselho de
Autorregulamentação Publicitária), da propaganda da cerveja Devassa,
estrelada por Paris Hilton, e a condenação, pela Justiça mineira, do casal 4
que resolveu tirar seus filhos da escola a fim de ensiná-los em casa. À
primeira vista, seria fácil qualificar ambos os eventos como atentatórios
às liberdades. Num certo sentido, até o são. E, já me antecipando, aviso
que não compactuo com nenhuma das duas decisões, mas por razões
inteiramente diversas, senão contraditórias.

Comecemos pelo caso dos Nunes. Há quatro anos eles retiraram seus dois
filhos adolescentes, hoje com 15 e 16 anos, do colégio que frequentavam
com o objetivo de educá-los em casa. Diante disso, na semana passada um
juiz os condenou em primeira instância a pena simbólica de multa por
abandono intelectual. Louvo a sapiência e sensibilidade do magistrado
que não os mandou para a cadeia, como a redação do artigo 246 do
Código Penal teria permitido, mas a decisão é sob qualquer ângulo
ridícula. É verdade que o artigo 55 do Estatuto da Criança e do
Adolescente, o popular ECA, determina a obrigatoriedade de os pais
matricularem seus filhos na rede regular de ensino, mas não estabelece
nenhuma pena para quem deixa de fazê-lo. Já o Código Penal, que traz
sanções, define o crime como "deixar, sem justa causa, de prover à
instrução primária de filho em idade escolar". Ora, os Nunes, embora o
tenham feito de forma doméstica, não se furtaram a ensinar os rebentos,
como o demonstrou teste aplicado nos garotos pela Secretaria da
Educação de Minas Gerais, no qual eles foram aprovados. (Diga-se, "en
passant", que boa parte dos alunos matriculados nas escolas oficiais não
obtém o mesmo sucesso). Ou seja, pela letra da lei, não se configura o
crime de abandono intelectual, donde a multa, ainda que simbólica, é
injustificável --"in dubio pro reo".

Não estou, com essa defesa dos Nunes, afirmando que aprove o
"homeschooling" (ensino em casa). A meu ver, a função da escola não é
apenas transmitir conteúdos aos alunos, mas também ensiná-los a
conviver civilizadamente uns com os outros, respeitando diferenças e
aprendendo com elas. Eu diria até que, no Brasil, onde a maioria dos
estabelecimentos falha miseravelmente na tarefa de ampliar o
conhecimento, o elemento de convivência ganha importância relativa. E
isso é muito difícil de fazer em casa.

De toda maneira, não vejo nenhum motivo constitucional ou moral para


impedir pais que queiram optar pelo "homeschooling" de fazê-lo. Afinal,
nossas leis já lhes facultam infligir aos herdeiros coisas muito piores,
como tratá-los com homeopatia e levá-los à igreja antes de terem idade
para decidir se querem ou não frequentar cultos.

Quanto a Paris Hilton, também a decisão do Conar me parece grotesca.


Para começar, já assisti a dezenas de comerciais de cerveja com
linguagem e conteúdo muito semelhantes ao vetado que passaram 5
incólumes pelo órgão. Fica difícil não achar que tenha influído no
resultado da deliberação o fato de o pedido para a exclusão ter partido da
Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres --ou seja, do governo.
E, conhecendo o governo que temos, fica difícil não considerar que tenha
pesado na história o fato de o comercial ser protagonizado por Paris
Hilton, segundo alguns timoneiros, o ícone mesmo do "estrume cultural"
ianque.

Seja como for, ao contrário do que ocorreu em Minas, não acho que
operem aqui violações a liberdades constitucionais. Antes de mais nada
trata-se de uma decisão de órgão "interna corporis" dos publicitários. Se
os proprietários da empresa que encomendou e pagou pela peça quiserem
ignorar o Conar poderiam em teoria fazê-lo e continuar exibindo o
reclame. No mais, minha sensação é a de que o buraco é bem mais
embaixo. Não é a exploração da imagem da mulher como objeto sexual --
"framing" de três de cada quatro mensagens publicitárias-- que me
incomoda, mas sim o fato de cervejarias poderem anunciar sem nenhum
tipo de restrição o seu produto, que é basicamente uma droga psicoativa
com acentuada capacidade para provocar dependência.

Chegamos aqui ao busílis desta coluna. Antes que me acusem de utilizar


pesos diferentes para a mesma medida, permito-me uma digressão.

A pergunta pertinente aqui é: em que nível deve materializar-se a


liberdade? Ela deve aplicar-se a pessoas, grupos sociais vulneráveis,
empresas, instituições, classes sociais ou combinações desses elementos? A
questão é evidentemente controversa. De minha parte, afirmo sem hesitar
muito que a única resposta que faz algum sentido é o indivíduo. E a razão
para isso é muito simples. A liberdade como a maioria de nós a entende
não é um fim em si mesmo. Ela é antes de tudo um meio em grande
medida necessário para que possamos buscar aquilo que se convencionou
chamar de felicidade, este sim um conceito que pode reclamar para si o
estatuto de finalidade ou meta da existência. Não, não estou tentando
universalizar minha visão de mundo materialista e ateia. Não estou aqui
fazendo muito mais do que repetir o bom e velho Aristóteles ("Ética a
Nicômaco", pár. 21), autor que inspirou três de cada quatro doutores da
Igreja.

E não é necessário muito esforço mental para constatar que apenas


pessoas, por terem a capacidade biológica de experimentar prazer, dor e
antecipar as sensações a eles associadas, podem ser titulares de liberdades
e, por conseguinte, dos mecanismos legais que visam a assegurá-las. É
claro que eu posso evocar noções como "liberdade de expressão
comercial". Deve-se, contudo, ter em mente que elas surgem apenas por
analogia, como concretizações da metáfora que equipara instituições a 6
pessoas. A própria terminologia legal reforça a identificação, quando
prevê a existência de "pessoas jurídicas". E, vale mencioná-lo, uma série
de trabalhos recentes em psicologia cognitiva vem apontando um papel
cada vez mais central da metáfora como matéria-prima do pensamento.

Está aí um bom motivo para nos acautelarmos contra analogias que


pareçam muito irresistíveis. Para um conceito como "liberdade
empresarial" parar em pé, seria necessário que a ele correspondesse um
outro de "felicidade empresarial", o que não me parece fazer muito
sentido. Até posso vislumbrar radiantes acionistas da Telebrás e um
ainda mais letífico CEO, mas a felicidade, se é que existe de fato, só pode
ocorrer no nível do indivíduo, jamais da instituição.

Na verdade, quando lançamos bandeiras como "liberdade sindical" e


"universidade livre", estamos apenas nos valendo de um truque
psicológico barato mas extremamente eficaz para recrutar para nossa
causa militantes entusiasmados, que, frequentemente sem se dar conta,
equiparam em suas redes neurais a palavra de ordem com a manutenção
de sua própria liberdade.

Não estou com essas considerações afirmando que o governo ou qualquer


outro agente estejam legitimados a baixar a seu bel-prazer normas que
interfiram no funcionamento de empresas, sindicatos e universidades.
Existem milhares de razões para que não o façam. Por vezes, elas têm a
ver com a preservação dos fundamentos do Estado de Direito, mas não
necessariamente. O liberticídio ocorreria, por exemplo, na hipótese de
uma norma que impusesse censura a órgãos de imprensa ou impedisse
universidades de divulgar os resultados de suas pesquisas. A violação não
estaria no cerceamento às ações da organização propriamente dita, mas
no fato de a medida implicar que cidadãos se veriam privados de seu
direito à informação e à livre circulação de ideias.

Só o que estou tentando dizer é que a analogia entre "pessoa física" e


"pessoa jurídica" não pode ser levada a ferro e fogo. Da mesma forma
que uma empresa não pode ser torturada, uma lei que restrinja a
publicidade de remédios ou bebidas alcoólicas por companhias não pode
ser vista como uma ameaça à liberdade de expressão individual.

Assim, voltando a nossos casos, a decisão da Justiça mineira viola a


liberdade que, a meu ver, os pais devem ter de educar seus filhos da
forma que lhes parecer mais adequada, ainda que muitos de nós
tenhamos motivos para considerar tola. Já o veto do Conar à peça
publicitária da cerveja Devassa, embora igualmente tola, não chega a
ferir as garantias que o Estado liberal moderno precisa oferecer a seus 7
cidadãos.

A liberdade de expressão é uma garantia a indivíduos. Basicamente, um


autor deve ter o direito de dizer o que bem entenda. Pode fazer seus
personagens se prostituírem, se drogarem e participarem de orgias
pedófilas que terminem em assassinatos. Daí não decorre que empresas
possam promover anúncios conclamando todos a fazer o mesmo com o
intuito de vender bebidas, camisinhas, remédios controlados e revólveres.
A lógica que fundamenta a diferença é simples: a liberdade do autor se
justifica como um meio para que ele e os que pensam como ele possam
realizar-se como indivíduos, algo que não está ao alcance de empresas
fazer.

Autoria:

Hélio Schwartsman, 44, é articulista da Folha. Bacharel em filosofia, publicou


"Aquilae Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão" em 2001.
Escreve para a "Folha Online" do Brasil às quintas.

EXTRA TEOLÓGICO
ATENÇÃO!!!

KAKÁ ESTÁ RODEADO DE MÁS COMPANHIAS [FALO DO SEU DIRECTOR


DE COMUNICAÇÃO]:

cadenaser.com/24-horas
8
Conceito da “Bible Lounge Expandida e Ecuménica”. 9

A sala de visitas é um lugar onde recebemos as pessoas que gostamos e


admiramos. É deste espaço que tiramos as mais diferentes conversas. Com
tantas pessoas talentosas à minha volta, eu não poderia perder a oportunidade
de apresentá-las. “Aleatoriamente” [i.e., segundo o Espírito], e dou início a uma
sessão de perguntas, tratando de assuntos pessoais, da actualidade teológica,
desportiva, científica e musical. No mais, espero que todos se divirtam. Muita
coisa interessante e engraçada ainda passará por aqui.

Cliquem na televisão e entrem na magia.

Graça e Paz e Amor a todos os que D-us amou e chamou a ser Consagrados
ou Santos.

scribd.com/doc/Actos
-Especial

rittv.com.br/webcast
10

El actor Corey Haim /AP

O actor Corey Haim morre /AP


EFE |
WASHINGTON
Actualizado Miércoles , 10-03-10 a las 20 :
20 no ABC.ES
El actor estadounidense Corey Haim, que encontró la
fama durante su adolescencia en la década de 1980,
falleció esta madrugada aparentemente por una
sobredosis de drogas, confirmó la policía de Los
Ángeles (California).
La policía dijo al canal de televisión KTLA que los
indicios apuntan a que Haim, de 38 años, sufrió una
sobredosis accidental de drogas alrededor de las
12:30 GMT.
Las autoridades médicas confirmaron su deceso en el
11
Centro Médico de St. Joseph, en Burbank
(California), según la revista "People".
Haim afrontó una lucha cuesta arriba con la
drogadicción durante muchos años

Haim logró la fama en la década de 1980 como


protagonista en varias películas hechas para
jóvenes, entre éstas "Jóvenes ocultos" (1987),
"Lucas" (1986) y "Papá Cadillac" (1988). Pero se
destacó más por sus trabajos conjuntos con Corey
Feldman, y la pareja se dio a conocer como "Los dos
Coreys", un popular "reality show" de la cadena por
cable A&E entre 2007 y 2008.

Problemas con las drogas


Haim afrontó una lucha cuesta arriba con la
drogadicción durante muchos años, lo que le causó
desavenencias con su amigo y compañero.De hecho, el
actor llegó a aparecer en el set bajo la influencia
de drogas durante una reciente grabación de la
secuela de "Jóvenes ocultos", según la revista.
12

Jornal "20 minutos" - Vigo (em PDF)

Edición: Jueves 11.03.10 | portadas anteriores | ediciones completas


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 Portada
 Edición completa 13
14

Citar
é só fazer um xixizinho e já voltamos ;) .........
(Actos 17.22-31)..........C.U.SOON

protestantedigital.com
15

ADEUS CR9
16

20minutos.es/edicion_impresa

EXTRA
No jornal "Público" de um domingo (no "caderno P2"), foi publicada uma entrevista ao
Padre e Teólogo jesuíta Juan Masiá Clavel, que há mais de ano e meio foi obrigado a
deixar uma cátedra em Espanha depois de pressões do Arcebispo de Madrid. A
entrevista é do jornalista António Marujo.

Manifesta opiniões sobre temas como o aborto, o divórcio ou a bioética que, dentro da
Igreja, estão muito longe das teses oficiais. Apesar disso, o padre Juan Masiá diz que
não se cala. Em Lisboa, explicou ao "P2" as suas razões:

Apesar das suas opiniões dissonantes da doutrina oficial católica, Juan Masiá, 66 anos,
diz que o que propõe é o caminho de futuro e que apenas pretende "salvar o Papa" dos
que querem impor a sua moral como um dogma. Após 35 anos no Japão a ensinar
teologia moral, o teólogo e padre jesuíta espanhol foi pressionado, há ano e meio - pelo
cardeal de Madrid, Rouco Varela, disse-se na altura - a deixar a cátedra que tinha em
Espanha, por causa das teses defendidas no livro Tertúlias de Bioética (ed. Trotta).
Voltou a Kobe (Japão), onde ensina na Universidade Católica e trabalha em organismos
da Igreja. Esteve em Portugal esta semana num colóquio sobre o cristianismo no Japão e
na conferência Debates de Bioética: novos desafios políticos e religiosos. Em Portugal
tem publicado A Sabedoria do Oriente.
Sente-se expulso?
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Não. Os superiores da Companhia [de Jesus] e da universidade tiveram necessidade de
proteger a instituição e demasiado medo dos cardeais e bispos. Pude voltar ao meu
trabalho no Japão e falar com mais liberdade, não estou condenado nem proibido…

Tem dito que é mais natural ser padre no Japão que em Espanha. Porquê?

No meu país, se um teólogo fosse chamado a uma comissão nacional de bioética,


algumas pessoas considerariam isso um privilégio, outras diriam que a Igreja não se
devia meter. No Japão, o facto de ser teólogo ou padre não dá nenhum privilégio, mas
também não é objecto de preconceito. Estou com naturalidade num mundo plural.

Teve essa experiência?

Sim, estive num comité de bioética da Faculdade de Medicina da universidade civil de


Tóquio, em representação do mundo das religiões, porque o budista convidado não pôde
e o protestante também não. Isto é tomar com naturalidade o pluralismo, a laicidade
bem entendida.

É essa a experiência que falta à Igreja na Europa?

Em Espanha, percebi isso. O caso em que a hierarquia eclesiástica se opôs à lei de


reprodução assistida ou à legislação biomédica não era possível discuti-lo por razões
políticas ou religiosas. Se digo que sim a uma lei porque o meu partido diz que sim ou
se digo que não porque a Igreja diz que não, isso é ideologia. Não se deve impor a
ideologia de um partido ou igreja, mas debater as questões civicamente, antes que se
politizem no parlamento.

As questões de bioética não estão muito partidarizadas?

Sim, e também muito "religiosizadas", quer dizer, tanto pela política como pela religião
se faz ideologia, não se permite pensar.

O que o separa dos bispos que pressionaram a sua saída?

Se me tivessem dito, eu teria agradecido. Não disseram nada. Isto ocorre muito dentro
da Igreja. Se tivessem sido leais numa carta, pedindo para explicar ou corrigir seis ou
sete pontos de um livro… Mas nunca disseram nada. Suspeito que [a razão] não foi o
preservativo, citado pelos jornalistas, mas o tema da dissensão na Igreja, que não agrada
nada ao cardeal Rouco Varela [arcebispo de Madrid], nem a muitos bispos espanhóis.
Não lhes agrada ouvir que a Igreja no Japão tem outro modo de dizer e fazer. E têm
muito medo dos meios de comunicação. Dizem que escreva a minha opinião num livro,
com muitas notas, mas na imprensa, na Internet, numa entrevista…

Essa atitude de pressionar alguém…

É muito típica e o Vaticano utiliza-a muito, também.

Não é contrária ao evangelho?


Totalmente.
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E porque é tão utilizada?

Isso também me pergunto. Desgraçadamente, usou-se muito ao longo da história. É uma


questão de poder.

Dá a impressão que, por vezes, alguns argumentos que a Igreja propõe perdem força
porque predomina o dedo apontado a dizer não.

É um semáforo vermelho, que é uma lástima, perde-se credibilidade. É o que dizia o


Papa João XXIII acerca dos profetas da desgraça: parece que se sentem obrigados a
queixar-se do mal que há no mundo. Como se o papel da Igreja fosse o de ser polícia da
moralidade, em vez de dar esperança.

A religião tem que aparecer como algo que trava a ciência?

Não, pelo contrário. Tanto a ciência como a mística, que parecem opostas, coincidem
em deixar-se mudar pela realidade. O autêntico cientista não presume ter a totalidade da
verdade, está disposto a mudar. E o autêntico teólogo tem que ser humilde e admitir que
a realidade vai mudando. Religião e ciência têm que ter uma atitude de busca e de
caminho e não de dizer que têm as respostas todas.

Isso significa que a ciência pode fazer tudo o que a técnica permite?
Não, a pergunta do cientista é: "Devemos fazer tudo o que podemos?" O mesmo do
ponto de vista religioso ou ético. Temos que a responder debatendo.

A partir dos diferentes pontos de vista?

Admitindo todos os pontos de vista. Primeiro, temos que ter os dados da ciência. Se a
ciência se torna um dogma ou quer impor uma visão da vida, converte-se em ideologia.
A religião ou a ética, quando querem impor as suas respostas, também estão a fazer
ideologia. O problema não é religião ou ciência, mas a ciência e a religião convertidas
em ideologia. Isso é fundamentalismo. O autêntico cientista e o autêntico religioso são
abertos a uma ética de perguntas: descobrimos algo novo, como usá-lo para bem da
humanidade e da vida?

O que propõe no subtítulo do seu livro - Manejar a vida, cuidar das pessoas - é para
situar os limites da ética?

Primeiro, há que cuidar das pessoas, os limites vêm depois. Podemos manejar a vida
mais que antes, mas isso deve ser feito para favorecer a vida, as pessoas, a ecologia, o
planeta. Antes das normas, temos os valores da vida, da pessoa, do futuro da
humanidade e do planeta. Porque damos importância a esses valores, aparece a ética e
fazemos perguntas. Por vezes haverá que colocar limites, outras há que fomentar novas
descobertas.

No centro deve estar a pessoa?


A pessoa, incluindo as gerações futuras e o planeta. Não podemos destruir o que nos
19
rodeia. Temos que cuidar o planeta. Isto foi enfatizado pela bioética desde o início.

A regulação da natalidade deve ser natural ou artificial?


Essa definição natural/artificial é um equívoco que deveria estar superado há mais de 40
anos. O natural é, muitas vezes, muito pouco natural. E o artificial não é mau por isso.
Ambos estão bem, se forem usados responsavelmente.

Mas a doutrina da Igreja insiste na distinção.

Há que ter cuidado em dizer "a Igreja". Sobre os métodos naturais ou artificiais há um
dissentimento na Igreja que, por desgraça, está por resolver. É uma questão secundária,
não é matéria de fé, de obediência ao Papa, nem de pecado. Em bioética não há dogmas.
Esta é uma questão de eclesiologia mal aprendida: muita gente tem uma visão da Igreja
como se fosse dogma tudo o que diz o Papa.

A selecção de embriões pode ser uma utopia biologista? Há um risco de criar


discriminação?

Há esse risco. Conheço um caso de um casal muito a favor da vida, a quem


recomendaram abortar e que não o fez. Tiveram um filho com deficiência. Quiseram o
segundo e o médico disse que poderiam ter o mesmo problema. Mas disse-lhes que
havia possibilidade de fazer fertilização in vitro e eles optaram por isso. Vendo esse
caso, não diria que esta família está contra a vida.

No Japão, as associações de deficientes perguntaram se, ao tornar rotina a selecção de


embriões, isso não seria dizer que pessoas como eles não são necessárias nesta
sociedade, que seria melhor que não tivessem nascido. Isto faz pensar e devemos ver
como é que muda a nossa maneira de ver. Mas dizer que de nenhuma maneira se pode
fazer é exagerado.

Os transplantes podem dar a ilusão do homem perfeito?

Há esse perigo. Mas, por existir o perigo, não tem que se dizer não a todas essas
situações. Nos transplantes, mesmo que aumentasse o número de doadores e de pessoas
que não queriam receber, não haveria número suficiente de órgãos. Criámos uma
expectativa que antes não havia. Não haverá nunca órgãos suficientes, veremos o que
sucede com os artificiais ou as células estaminais. Há um problema na nossa cultura, de
como vemos o corpo. Isso deve fazer-nos pensar. Mas, por essa razão, dizer que não aos
transplantes, é exagerado.

O aborto deve ser despenalizado ou liberalizado?

É discutível. Uma pessoa contra a liberalização ou a despenalização não tem o direito de


dizer que quem é a favor é assassino. É como na eutanásia: como crente, não digo que a
minha fé me obriga a não optar por isso, mas que me sinto chamado a deixar o final da
minha vida nas mãos do Deus em quem creio. Mas não iria a uma manifestação contra a
despenalização da eutanásia. Opor-me, em nome da Igreja ou da fé, à despenalização do
aborto ou da eutanásia não vejo [possível]. Se há um debate cívico, posso dar as minhas
razões, chamar a atenção para os riscos ou…
Não se pode cair na tentação da facilidade?
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Sim, mas a tentação é de ambos os extremos. Quando se diz "não haverá perigo de…?",
não se faz nada? Se há perigo, evite-se o perigo.

O divórcio é o fim de um compromisso ou a possibilidade de recomeçar?

É muito interessante a maneira como os bispos japoneses falaram do problema.


Primeiro, dedicam várias páginas ao ideal. Depois referem: dito isto, a realidade é que
esse ideal foi rompido, por circunstâncias que são culpa de ambos ou de nenhum. E
dizem três coisas: que os casais sejam acolhidos como Cristo os acolheria; que sejam
acolhidos calorosamente; e que se caminhe com eles nos passos que dão para refazer a
vida.

Não chegam a dizer que quem volta a casar pode comungar.

Em japonês, pode ser-se muito claro sem ser explícito. Se o dissessem, provavelmente
criariam problemas em Roma. De facto, ao dizerem aquela frase, disseram-no. E é isso
que se está a praticar.

Pode-se dissentir na Igreja?

Alguém me dizia: "E a tua fidelidade ao Papa?" A fidelidade ao Papa não é lealdade
feudal, obriga-me a uma fidelidade criativa, a defender o Papa de tudo o que o rodeia e
que impede que se façam todas estas mudanças que já deveriam ter sido feitas há muito
tempo. Por fidelidade criativa, sentimo-nos obrigados a dissentir na Igreja - não da
Igreja.

Como jesuíta, tem o voto de obediência ao Papa, tal como o seu colega, padre Jon
Sobrino. Ambos foram "castigados"…

Avisados. Recebemos o aviso, com todo o respeito, mas estamos convencidos…


Sente-se a desobedecer ao Papa?

Não, não, não. Sinto-me obrigado a continuar dizendo, com muito respeito e humildade,
sem querer impor a minha opinião, mas… a salvar o Papa.

Às vezes não seria mais prudente não criticar algumas coisas?

Seria mais prudente, mas a questão da prudência leva-nos ao perigo contrário. Daqui a
dez ou 20 anos, iriam dizer-nos: porque estavam calados, porque não falaram?

Seria imoral?

Calar é imoral. Se falar é imprudente, calar é manter uma situação. É uma


responsabilidade muito grande. Fazem falta mais bispos que não aspirem ao poder e
falem com toda a liberdade.

O que defende não é minoritário entre os católicos?


Em alguns lugares, sim, noutros não. É verdade que houve retrocesso em relação ao
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Vaticano II, mas por isso é preciso continuar afirmando-o.

Esse é o caminho do futuro?

Creio que sim, mesmo se gerações de neoconservadores e de alguns padres jovens vão
por outra linha, atrás deles virá outra geração que aproveitará as sementes já lançadas.
Há que continuar com optimismo e esperança. Sem crispação e com espírito evangélico,
é preciso falar admitindo o pluralismo.

Já compreendeu o pontificado de Bento XVI?

Não. Dão-me mais medo pessoas ao redor dele. Confio que Ratzinger não é fanático.
Tivemos vinte e tantos anos de documentos numa linha distinta, de repressão de
teólogos, controlo de seminários, fomento de determinado tipo de vocações…

Apesar de tudo, continua optimista e sorrindo.

Se não fosse assim, não estaríamos aqui. A ideia de Jesus é essa. O [antigo] padre [geral
dos jesuítas] Pedro Arrupe dizia isso: o cristianismo, mais que religião do amor, é
religião de esperança.

A publicação de uma Bíblia politicamente correcta foi notícia no jornal espanhol "El
País":

La Biblia políticamente correcta


Teólogos alemanes publican una versión de las Sagradas Escrituras que evita el
antisemitismo y la discriminación de la mujer
Jornalista SANDRA ELLEGIERS
Las Sagradas Escrituras parecen haber quedado atrás en un mundo que aboga por la
igualdad y rechaza malas costumbres. Por ello, un grupo de 42 teólogas y 10 teólogos
alemanes, muchos protestantes, han dedicado cinco años a redactar una nueva
traducción políticamente correcta. Publicada en la última Feria del Libro de Frankfurt,
la Bibel in gerechter Sprache (Biblia en lenguaje justo, de la editorial Gütersloher
Verlag), la versión despierta la sospecha de que la palabra de Dios, transmitida a los
hombres (¿y a las mujeres?) a través de terceros, los traductores, fue manipulada con un
cierto sesgo machista, propio de las sociedades en que estos vivían, para ganar
popularidad y conversiones.
La nueva versión, en tiempos en que las iglesias alemanas se vacían, pretende acabar
con la discriminación de las mujeres, los judíos y otros grupos sociales. Sus editores
quieren que su Biblia sea "políticamente correcta". El grupo recolectó 400.000 euros de
diferentes parroquias para esta revolucionaria edición de las Sagradas Escrituras.
Muchos se preguntan si el libro, cuya primera tirada de 20.000 ejemplares se agotó en
dos semanas, es más una nueva interpretación de la Biblia que una nueva traducción,
como la definen sus editores.
Como en hebreo la palabra Dios es neutral, en esta versión regresa aquel nombre,
Adonai, sin género, para emplear un lenguaje políticamente correcto. Alterna esta
denominación, además, con "el Eterno" y "la Eterna", "Él" y "Ella", "el Santo" o "la
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Santa", "el Viviente" o "la Viviente" o, simplemente, "Tú". Los fariseos aparecen
acompañados de fariseas y los apóstoles, de apostolinas. Se elimina el papel secundario
de las mujeres, su discriminación sexual, manifestada en expresiones como "hija de" o
"madre de".
El programa en alemán de la radio del Vaticano ha dado cuenta de reacciones positivas
y negativas sobre esta versión de la Biblia, que incluye, además de teorías feministas,
ideas de la Teología de la Liberación. El presidente de la Iglesia Evangélica en Hesse y
Nassau, Peter Steinacker, miembro del comité consultivo del proyecto, anunció la
utilización del texto políticamente correcto para el trabajo en su parroquia y la
preparación de sus sermones. La versión que hizo Lutero con su reforma, sin embargo,
continuará siendo la referencia de Steinacker para la liturgia, porque forma parte "de
una memoria colectiva". El otro extremo lo representa un investigador del viejo
testamento, Bernd Janowski, quien afirma que esta nueva Biblia es "un documento de
un protestantismo que se ahoga en sí mismo". "Es vergonzoso que directivos
eclesiásticos hayan financiado el proyecto", critica Janowski.
Mientras en la anterior versión de los Evangelios, Jesús predica que no se debe matar y
luego dice: "Pero yo os digo…", en la nueva versión de los teólogos (¡y teólogas!)
alemanes se cambia por: "Yo hoy os lo comento/ interpreto así" (Ich lege euch das
heute so aus), cómo si Jesús hubiera querido decir simplemente: ‘También se puede ver
así", se escandaliza un crítico de la iniciativa en el semanario Die Zeit. La búsqueda de
la igualdad revisa incluso la cita del apóstol Juan: "En el principio existía la Palabra y la
Palabra estaba con Dios y la palabra era Dios". En la nueva versión se transforma en
estos términos: "En el principio existía la sabiduría y la sabiduría estaba con Dios, y la
sabiduría era Dios".

"El hilo conductor de la Biblia es la justicia", la igualdad, declara la teóloga evangélica


Claudia Janssen al semanario Der Spiegel; pero con el tiempo se acentuaron "las
tendencias discriminatorias", contradictorias con aquella idea de igualdad. Lo cual ha
justificado, en su opinión, esta tardía iniciativa de modernización. A partir, de ahora, se
puede rezar: "Padre y Madre nuestro/a que estás en los cielos".

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10/03/2010

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