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QUINTA-FEIRA, 11 DE MARÇO DE 2010

O ESTADO DE S. PAULO
NOTAS
NOTAS E
E INFORMAÇÕES A3
INFORMAÇÕES A3

Fundado em 1875 Conselho de Administração Opinião Informação Administração e Negócios


Julio Mesquita (1891-1927) Presidente Diretor de Opinião: Ruy Mesquita Diretor de Conteúdo: Ricardo Gandour Diretor Presidente: Silvio Genesini
Julio de Mesquita Filho (1927-1969) Aurélio de Almeida Prado Cidade Editor Responsável: Antonio Carlos Pereira Editor-Chefe Responsável: Roberto Gazzi Diretor de Mercado Leitor: João Carlos Rosas
Francisco Mesquita (1927-1969)
Luiz Carlos Mesquita (1952-1970)
Diretor de Operações: Rubens Prata Jr.
Membros Diretor Financeiro: Ricardo do Valle Dellape
José Vieira de Carvalho Mesquita (1959-1988) Fernão Lara Mesquita
Julio de Mesquita Neto (1969-1996) Diretora Jurídica: Mariana Uemura Sampaio
Luiz Vieira de Carvalho Mesquita (1959-1997) Francisco Mesquita Neto
Américo de Campos (1875-1884) Júlio César Mesquita
Nestor Rangel Pestana (1927-1933) Patricia Maria Mesquita
Plínio Barreto (1927-1958) Roberto C. Mesquita

NOTAS & INFORMAÇÕES

A ditadura justificada

O
presidente Lula, que tanto ad- lando sobre as razões que a levaram a esse de o regime de supremacia branca mantinha deteve, como tampouco quero que Cuba
mira o cubano Fidel Castro, extremo. Um dos 75 condenados da infame os seus opositores, liderou uma greve de fo- questione as razões pelas quais há pessoas
devia saber que certa vez ele leva de 2003, o pedreiro de 42 anos tinha sido me pelo direito dos presos de serem visitados presas no Brasil” – nenhuma delas, como
disse: “Os tiranos tremem na adotado pela Anistia Internacional como “pri- por seus filhos menores. Depois de seis dias, bem sabe, por motivos políticos. Ou seja, leis
presença de homens capazes sioneiro de consciência”. À maneira de Bo- a reivindicação foi atendida. Ainda que se ten- repressivas não devem ser contestadas, nem
de morrer por seus ideais.” Es- bby Sands, deixou de se alimentar para pres- tasse fazer de conta que as atuais objeções de quando baixadas por governos ditatoriais ou
sas palavras datam de maio de 1981, quando o sionar o governo a melhorar as condições dos Lula a tal modalidade de protesto não têm autoritários.
ativista irlandês Bobby Sands morreu depois mais de 200 presos políticos cubanos. De seu relação com os casos cubanos, ele próprio to- Na filosofia lulista do direito, a Lei de Segu-
de 66 dias de greve de fome em protesto con- lado, o jornalista e psicólogo Fa- mou a iniciativa de desmanchar es- rança Nacional brasileira que condenou a mi-
tra as condições carcerárias a que eram sub- riñas, de 48 anos, que vive em San- sa interpretação ingênua. litante Dilma Rousseff a 6 anos de prisão (das
metidos os seus companheiros e pelo direito ta Clara, a 280 quilômetros de Ha- Na citada entrevista, reiterou quais cumpriu três) ou a legislação do apar-
de ser considerado prisioneiro político. Hoje, vana, iniciou a sua greve pela causa que “a greve de fome não pode ser theid que aprisionou Nelson Mandela por 27
quando a tirania castrista se vê confrontada de Tamayo e para pedir a liberta- utilizada como pretexto de direitos anos, por exemplo, não são menos legítimas
pela morte do preso político Orlando Zapata ção dos 26 daqueles detentos em humanos (sic) para libertar as pes- do que as provisões das democracias. Se vio-
Tamayo, depois de 85 dias de jejum, e pela pior estado de saúde. soas”. E, com palavras das quais ja- lam os direitos humanos, não há nada que lí-
greve similar, que já dura 16 dias, do dissiden- Como se sabe, Lula recorreu à mais se libertará, sugeriu: “Imagi- deres de outros países possam fazer, salvo
te Guillermo Fariñas, Lula descortina o lado ferramenta política da fome quan- ne se todos os bandidos presos em afirmar que gostariam que isso não ocorres-
mais tenebroso de sua personalidade políti- do, líder sindical, foi preso pela dita- São Paulo entrarem em greve de se. Eis por que o Brasil de Lula se distingue
ca, ao condenar os “homens capazes de mor- dura militar. Teoricamente, por- fome e pedirem liberdade.” Para no Conselho de Direitos Humanos das Na-
rer por seus ideais” – e, pior ainda, ao sair em tanto, estaria à vontade para considerar o ato ele, “temos de respeitar a determinação da ções Unidas pela leniência com as denúncias
defesa dos seus algozes. uma “insanidade”, como disse anteontem nu- Justiça e do governo cubanos de deter as pes- das práticas brutais de governos como os de
A morte de Tamayo, em 23 de fevereiro ma entrevista à agência noticiosa americana soas em função da legislação de Cuba” – que Cuba e do Irã, enquanto reluta em reconhe-
passado, coincidiu com a presença do brasi- Associated Press. Mas, salvo engano, nunca autoriza a prisão de pessoas tidas como sus- cer o novo governo hondurenho escolhido em
leiro em Cuba. Já então, instado pelos jorna- antes ele se pôs a verberar o autossacrifício – peitas de vir a cometer o que o regime consi- eleições livres. Outros países também ado-
listas que o acompanhavam a se manifestar praticado, entre tantos outros, por Nelson dera crimes. Disse mais Lula: “Gostaria que tam esse duplo padrão, mas os seus dirigen-
sobre a tragédia, lamentou “que uma pessoa Mandela. Inspirado pelo exemplo de Sands, o não ocorressem (as detenções), mas não pos- tes ao menos se guardam de escarnecer das
se deixe morrer por uma greve de fome”, ca- líder sul-africano, então confinado na ilha on- so questionar as razões pelas quais Cuba os vítimas das ditaduras.

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