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I. O documento discute as cinco linhas de ação da política de atendimento estabelecidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente: 1) políticas sociais básicas, 2) assistência social supletiva, 3) serviços de prevenção e atendimento a vítimas de violência, 4) identificação e localização de pessoas desaparecidas, e 5) proteção jurídica por entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente.
Originalbeschreibung:
ECA, Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado
I. O documento discute as cinco linhas de ação da política de atendimento estabelecidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente: 1) políticas sociais básicas, 2) assistência social supletiva, 3) serviços de prevenção e atendimento a vítimas de violência, 4) identificação e localização de pessoas desaparecidas, e 5) proteção jurídica por entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente.
I. O documento discute as cinco linhas de ação da política de atendimento estabelecidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente: 1) políticas sociais básicas, 2) assistência social supletiva, 3) serviços de prevenção e atendimento a vítimas de violência, 4) identificação e localização de pessoas desaparecidas, e 5) proteção jurídica por entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente.
ARTIGO 87/LIVRO 2 TEMA: POLTICA DE ATENDIMENTO Comentrio de Edson Sda Advogado e Educador /So Paulo O Estatuto institui, juridicamente, o que ele denomina de "linhas de ao da poltica de atendimento". Tais linhas de ao so mbitos operativos juridicamente reconhecidos como espaos do agir humano necessrios a consecuo dos fins sociais a que o Estatuto se destina. Aqui se estabelece a primeira grande diferena com o Direito anterior. Naquele, a legitimidade do agir para alcanar fins sociais era definida por um "Direito do Menor" de natureza estatal e intervencionista sobre a sociedade civil. A "regra de ouro" desse Direito era que toda ao visava, fundamentalmente, aos "interesses do menor". O critrio para definio desses interesses era estabelecido caso a caso pela "autoridade judiciria". Essa definio era incontrastvel, por sua natureza subjetiva, e dispensada de qualquer fundamentao jurdica (v. arts. 5 e 8 da Lei 6.697, revogada pelo Estatuto). A nova "regra" foge do subjetivismo, e o que exigvel para a criana e o adolescente contm-se no Livro I do Estatuto. Neste Direito, a legitimidade de agir em busca dos seus fins sociais abre-se num leque do tamanho da sociedade. Ou seja, o exerccio dos direitos e dos deveres da criana e do adolescente garantido por um conjunto de aes da sociedade e do Estado, divididas em cinco grandes linhas: I . Polticas sociais bsicas Na linha de frente esto as polticas sociais bsicas. Elas so exigveis com fundamento no art. 227 da CF, no pargrafo nico do art. 4e nos arts. 5 e 6 do Estatuto. So garantidas atravs dos mecanismos previstos nos arts. 88 e 208 do Estatuto. Ou seja, o no oferecimento ou a oferta irregular dos servios pblicos (mbito de ao das polticas pblicas, que so dever do Estado e direito de todos) ofendem o "atendimento dos direitos" previstos nessa lei. So, portanto, esse no oferecimento ou essa oferta irregular, motivos suficientes para o desencadear da ao dos mecanismos previstos no mbito administrativo (art. 88) ou das aes judiciais pblicas previstas no cap. VI1 do Livro II(arts. 108 e ss.). Comparando-se com o Direito anterior: no "Direito do Menor", a ausncia ou insuficincia de uma ao necessria de qualquer das polticas pblicas
transformava a criana e o adolescente em "menor em situao irregular" (v. arts.
1 e 2 da abolida Lei 6.697). Asoluo adotada era enviar o "tutelado pela lei de menores" a autoridade tutelar, o juiz de menores. No Direito da Criana e do Adolescente, a mesma ausncia ou insuficincia coloca a poltica pblica correspondente em "situao irregular", cabendo uma ao administrativa para corrigir a ausncia ou insuficincia detectada e, se for o caso: uma ao judicial pblica para fazer valer o direito violado. No mbito administrativo, verificada a situao irregular, assegurado a todo cidado, independentemente do pagamento de taxas, nos termos do inc. XXXIV do art. 5da CF: a) o direito de petio aos Poderes Pblicos em defesa do direito violado ou contra a ilegalidade ou o abuso do poder caracterizador da referida situao irregular da entidade, rgo ou autoridade pblica; b) a obteno de certides em reparties pblicas, para defesa desses direitos e esclarecimento de situaes de interesse da criana ou adolescente prejudicado. No mbito judicirio, cabe representao ao Ministrio Pblico ou a este, de plano, cabe efetivar a propositura das aes de responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados nos termos dos arts. 208 e ss. do Estatuto. Diferentemente do Direito anterior, em que o juiz se atinha ao caso individual do destinatrio final da norma, no Direito da Criana e do Adolescente o rnagistrado vai as razes da ameaa ou violao dos direitos desse destinatrio: ele julga a no oferta u a oferta irregular dos servios pblicos garantidores dos direitos a que se refere o Estatuto. A sano aplicada ao rgo ou entidade em situao irregular, sem prejuzo da apurao da responsabilidade civil e administrativa do agente a que se atribua a ao ou omisso (art. 216). 2. Polticas e programas de assistncia social, em cal-&ter supletivo, para aqueles que deles necessitem Dentre as polticas pblicas (educao, sade, esporte, cultura, lazer, profissionalizao, saneamento, urbanizao) sobressai-se a de assistncia social. Esta ultima constitucionalmente devida a quem dela necessitar (CF, art. 203), independentemente de contribuio seguridade social, e tem por objetivos: a proteo a famlia, a maternidade, a infncia, adolescncia e a velhice; o amparo as crianas e adolescentes carentes; a promoo da integrao ao mercado de trabalho; a habilitao e reabilitao das pessoas portadoras de deficincia e a promoo de sua integrao vida comunitria; a garantia de um salrio mnimo de benefcio mensal pessoa portadora de deficincia e ao idoso que comprovem no possuir meios de prover A prpria manuteno ou de t-la provida por sua famlia, conforme dispuser a lei.
A assistncia social adquire. com esse mandamento constitucional, o status de
poltica pblica universal. Trata-se do entendimento jurdico (e, portanto, exigvel. seja ao nvel administrativo, seja ao nvel judicial) de que todo cidado que, por qualquer motivo, fortuito ou no, vier a necessitar da proteo do Estado tem o direito de ter sua disposio mecanismo para fazer valer esse direito. Notar bem que no se trata, a, de assistncia exclusiva para despossudos, miserveis, carentes. No. A norma constitucional, ao elencar os cinco objetivos da assistncia social, estabelece o princpio (constitucional) de que o mbito da ao pblica nessa poltica tem a abrangncia constante do inc. I, acima transcrito. Ao estabelecer, no inc. II, que o amparo s crianas carentes tambm integra esse mbito, deixa clara a exigibilidade do atendimento ao direito a assistncia social no sentido mais amplo. com essa dimenso jurdica que se deve interpretar o art. 87 em seu inc. 11, trazendo-se sempre a colao o contido no art. 6"o Livro I, Parte Especial, do Estatuto. A expresso "em carter supletivo", nesse contexto, h que ser interpretada no sentido de que os mecanismos a serem criados no Municpio para assistncia social devem ser acionados sempre e quando as demais polticas pblicas forem insuficientes para garantir o atendimento dos direitos da criana e do adolescente. Nesse caso, supletivamente (e no exclusiva, bsica ou primariamente), mecanismos de assistncia social devem ser publicamente ofertados. 3. Servios especiais de preveno e atendimento mdico e psicossocial as vtimas de negligncia, maus-tratos, explorao, abuso, crueldade e opresso Com a Lei 8.069 fica estatudo que, mesmo que haja pleno atendimento a populao infanto-juvenil, atravs das polticas pblicas, a includa a abrangente poltica pblica da assistncia social aos que dela necessitem, ainda assim, se nelas houver falhas, estas devem ser sanadas pela via administrativa ou pela via judicial. E os responsveis devidamente sancionados. Para que se cumpra essa exigncia e haja exigibilidade por parte da cidadania para esse cumprimento, o Estatuto no se satisfaz com a mera declarao de direitos nessa rea. Estatui-se, atravs dessa lei, que crianas e adolescentes devem contar, em sua comunidade, com servios pblicos de preveno as vtimas de todo tipo de negligncia, maus-tratos, explorao, abuso, crueldade e opresso. Como veremos nos comentrios aos artigos seguintes, tais servios so exigveis pela cidadania a Municipalidade e por esta ao Estado e a Unio, quando sua instalao dependa de recursos a serem, por aquelas instncias da Federao, transferidos ao Municpio.
4. Servio de identificao e localizao de pais, responsvel, crianas
eadolescentes desaparecidos Na vigncia do Direito anterior, grande foi o nmero constatado de crianas e adolescentes ou seus pais desaparecidos, em todo o territrio nacional, com conseqncias particularmente danosas As pessoas e organizao social, sem que sistemas de correo de tais tipos de desvios s normas de proteo houvessem sido criados ao longo dos anos. Por essa razo, fica estatudo que servios de identificao e localizao devem ser criados. Estabelece-se, assim, juridicamente, a exigibilidade da presena de tais servios A disposio das comunidades. A no oferta ou oferta irregular desses servios implicam a possibilidade de medidas administrativas ou judiciais, como j comentado a respeito do artigo anterior. 5. Proteo jurdico-social por entidades de defesa dos direitos da criana e do adolescente No basta lei fixar norma abstrata, mormente tratando-se de destinatrios dessa norma amplamente desprotegidos, como ocorre com a maior parte da populao infanto-juvenil brasileira. Para que, na ordem prtica da vida, se tenham mecanismos concretos de fazer valer o Direito Positivo, este tambm estatui, com a fora da exigibilidade que caracterstica do Estatuto, que as comunidades podem exigir, pela via administrativa, ou pela via judicial, que a presena de entidades de defesa dos direitos se viabilize, quando obstculos indevidos se interpuserem sua criao. Este texto faz parte do livro Estatuto da Criana e do Adolescente Comentado, coordenado por Munir Cury