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A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO
BRASILEIRA NO INÍCIO DO SÉCULO
XXI: A nálise e Perspectivas
BELO HORIZONTE
OUTUBRO DE 1998
SECRETÁRIO GERAL
Eng.º Gilberto Morand Paixão
SECRETÁRIO EXECUTIVO
Econ. Daniel Ítalo R. Furletti
EQUIPE TÉCNICA
Coordenação: Econ. Daniel Ítalo R. Furletti e Eng.º Maurício Roscoe
SUMÁRIO
interdependência entre ambos tal que o setor construtor esteve sempre na subordinação
mesmo tempo, fator de aceleração do crescimento econômico, dado seu enorme efeito
atividades de construção, ressaltando como esta última tem acompanhado de perto todos
55,00
40,00
25,00
10,00
entre 1981 e 1992 (FIG.1). Esse longo período recessivo só foi rapidamente interrompido
em 1985 e 1986, como reflexo da euforia econômica proporcionada pelo Plano Cruzado 1 .
impulso maior nos anos mais recentes em função da estabilidade econômica trazida pelo
Plano Real2 . No acumulado entre 1993 e 1997 a construção cresceu 21,39%. A variação
em 1996.
1
O Plano Cruzado foi um programa econômico de estabilização proposto no Governo Sarney em Fevereiro de 1986.
2
O Plano Real foi igualmente um plano de estabilização econômica implantado a partir de Julho de 1994.
1970-1980 10,28%
1981-1992 -1,65%
1993-1997 5,02%
fiscal e financeira dos governos, o fluxo de destinação de recursos para os gastos das
trajetória de desempenho da construção brasileira nos últimos 20 anos tem sido volátil e
distante da média histórica de seu crescimento na década de 70. Apesar do novo ciclo de
sua capacidade produtiva e de seu nível histórico de emprego, uma vez que as obras e
ainda um bom desempenho até o auge da crise financeira do Estado na segunda metade
subsetores mais recentemente, dado o corte dos investimentos públicos nos últimos anos
anos, proveniente do mercado rural e com baixos salários (na faixa de um a três salários
mínimos).
prevalecentes no mercado. O setor público também atua, porém em menor grau, como
1980, para 26,77%, em 1994. Igualmente, em 1982, tem-se que o número de habitações
com licenças de “Habite-se” no total das capitais do país foi de quase 132 mil unidades.
Em 1987, este número caiu para cerca de 60 mil. A área total de edificações (em m2)
reduziu-se pela metade nos anos considerados. A justificativa básica reside no declínio da
no final dos anos 70 e início dos anos 80, o SFH proporcionava recursos para a produção
e aquisição de aproximadamente 400 mil novas moradias por ano, a partir de 1983, com
uma queda abrupta no número de unidades financiadas. Entre 1983 e 1997 o número
médio de moradias financiadas ao ano pelo SFH foi de 138 mil (TAB.2). Some-se a isto a
mais recentes apontam para uma ligeira expansão da produção imobiliária, em função de
estabilizar a taxa de inflação em níveis baixos e aumentar a renda disponível dos agentes
crédito imobiliário.
em que ampliarão as fontes de recursos para a construção imobiliária nos próximos anos.
imobiliário direto ao mutuário, feito pelos agentes financeiros e não mais pelos
SFH, é uma das alternativas mais viáveis para o financiamento habitacional no país, pois
representa uma maior eficiência às operações de crédito imobiliário e uma ampliação dos
algo em torno de R$1,0 bilhão (entre capital nacional e estrangeiro). Só com a venda dos
externos poderão ser captados entre US$200 milhões e US$300 milhões. A estimativa é
100 mil novas unidades. Para os próximos 3 ou 4 anos, a perspectiva é de o SFI alavancar
cerca de R$5 bilhões, podendo o número de imóveis financiados subir para cerca de 600
comercialização de imóveis para todas as classes sociais. Com este novo sistema,
em habitação social que podem chegar a R$3,2 bilhões/ano já no terceiro ano de vigência
unidades anuais e teria um impacto positivo no déficit de habitações (que em 1996 foi de
favoráveis, o projeto estima investimentos de R$1,6 bilhão/ano, com o déficit sendo zerado
em 2.030.
econômicas.
A demanda pública se constitui num importante mercado para este subsetor, dado que o
Estado tem sido o grande responsável pela montagem da infra-estrutura básica no país.
públicos iniciado na segunda metade da atual década, o mercado privado também passou
Metas para o financiamento dos grandes projetos que incentivaram e criaram demanda
saneamento, etc.
dado que o ciclo de execução e financiamento nesses segmentos são mais longos.
A partir de 1993, nota-se uma deterioração no desempenho deste segmento, que tem
sofrido bastante com a crise fiscal dos vários níveis de governo, com o alto grau de
inadimplência e com a pequena margem de lucro das empresas. Mas, apesar da redução
que exigem obras de conservação, expansão e melhorias; iii) os grandes projetos de infra-
estrutura básica financiados com recursos externos e/ou privados; iv) os projetos de infra-
Econômico e Social - BNDES e/ou do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS.
pela sustentação econômica das empresas brasileiras que atuam na área de construção
pesada.
própria natureza das atividades, que de certa forma impõe maior capacitação tecnológica
e ganhos de escala.
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Plano de Metas do Governo Fernando Henrique Cardoso para o triênio 1997/99, totalizando 42 projetos em vários
setores considerados prioritários. No total da infra-estrutura de energia, transporte e saneamento básico, o orçamento para
o período é de R$48,76 bilhões.
de mão de obra, graças às chamadas obras civis associadas às atividades típicas desses
Número de Número de
Gênero e Empregados Estabelecimentos
Subgênero 1988 1991 1988 1991
Edificações 850.063 723.981 57.477 115.939
Construção Pesada 155.661 128.100 6.930 10.811
Montagem Industrial 12.921 27.810 895 1.660
Empreiteiros e Locadores de Mão de Obra 247.765 179.800 50.763 76.445
Total 1.266.410 1.059.691 116.065 204.855
Vale lembrar que, embora o número total de empresas ligadas à indústria de construção
construção pesada, onde o uso do capital é mais intensivo, apontando para um processo
obra.
setor industrial, pode-se aferir que a performance econômica deste segmento na virada do
turismo e saneamento.
sempre foi uma condição importante para o exercício da atividade, dado o volume das
salutar entre as empresas de grande porte com as pequenas e médias empresas. Mas, a
programas de parcerias são cada vez mais uma realidade e uma necessidade, diante do
mercado.
recente realizado pelo SENAI (1995), uma sondagem junto às empresas de construção
em nível nacional indicou que a adoção de inovações tecnológicas é hoje uma realidade
para cerca de 83% do total das empresas pesquisadas. As três áreas que mais
busca constante das inovações tecnológicas, redução dos custos, mudanças nas
dentre outras).
No que tange ao relacionamento com o mercado externo, pode-se dizer que não há uma
alcancem menos que 2,0% de sua demanda total. A pequena importação de materiais
barganha das empresas construtoras junto ao mercado fornecedor, nos segmentos onde
posiciona como um país exportador nesta atividade, mas cabe salientar que as empresas
internacional.
engenharia e inaugura uma nova era para esse mercado. A abertura econômica abriu
Brasil, que chegam ao país com um enorme suporte tecnológico e financeiro e com uma
cultura empresarial mais dinâmica - pontos que são de crucial importância para o setor de
no Brasil. Tem-se, inclusive, casos de empresas de construção que já operam nos países
por si funciona como uma atração dos interesses externos e cria novas oportunidades de
parceria.
Através deste conceito mais moderno, pode-se avaliar melhor os efeitos multiplicadores
4
Como exemplo, pode-se citar a Construtora Andrade Gutierrez S.A, que há anos ocupa uma das primeiras
posições no ranking das maiores empresas do Brasil no setor de constução e cuja participação no mercado
internacional desempenha importante papel no seu faturamento anual. Em 1996, a receita auferida pela
Andrade Gutierrez com obras no exterior (em projetos em 16 países) somou US$259 milhões, ou seja, cerca de
35% de sua receita total.
indiretos), além de seus efeitos benéficos sobre a balança comercial e sobre o nível de
inflação.
A participação do macro setor no total do Produto Interno Bruto da economia gira em torno
bilhões (GRAF.2). No que se refere ao valor gerado pela indústria como um todo, a
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
A força de impulsão dessa indústria também pode ser demonstrada pela sua participação
globais do país.
5
A taxa de câmbio (média aritmética) da moeda brasileira em relação ao dólar americano foi de 1,0051, em 1996
e 1,0780, em 1997.
na ligação com os segmentos que estão para trás de sua cadeia produtiva e R$5,05
economia: para cada 100 postos de trabalho gerados diretamente no setor, outros 62 são
criados indiretamente na economia. Estima-se que para cada R$1,0 bilhão a mais na
demanda final da construção, sejam gerados 177 mil novos postos de trabalho na
economia, sendo 34 mil diretos e 143 mil indiretos. Em 1996, o total do pessoal ocupado
na indústria da construção foi de 5,68 milhões, sendo 3,51 milhões diretamente e 2,17
milhões indiretamente.
Segundo PASTORE (1998), “ ... estimativas do Banco Mundial indicam que para cada 1%
0,5%.” (PASTORE,1998; p. 7 e 8)
coeficiente de importação, que alcança menos que 2% de sua demanda total, de modo
geração de emprego e renda, além de que os insumos dessa indústria “... são
Apesar dos números acima apontados serem, por si só, eloqüentes para ressaltar a
não foi devidamente reconhecida pelas autoridades competentes. O setor ainda padece
pelo baixo nível de sua demanda efetiva. Os governos (em seus três níveis) têm sido
redução dos gastos públicos. O reflexo tem sido um ritmo de crescimento das atividades
preciso que o nível da demanda agregada seja compatível e suficiente. Demanda e oferta
inflacionários. (FIG. 2)
OFERTA X DEMANDA
Enquanto perdurar esse desequilíbrio entre demanda e oferta, o resultado será a perda de
inflação.
defesa de uma cooperação internacional que assegure o pleno exercício do livre comércio
em conjunto.
Há uma nítida tendência ao entendimento entre as partes, visando “... identificar nichos de
o MERCOSUL (Mercado Comum do Cone Sul), o NAFTA (North American Free Trade
empresa/mercado.
sustentado da nação.
alternativos para a taxa de juros internos (juros baixos, básicos e altos). O setor de
no cenário de juros baixos, e apenas 15%, no cenário de juros altos. (TREVISAN, 1998;
p.8)
interna e inibição dos investimentos produtivos, com conseqüente queda do nível de renda
este setor é, na verdade, buscar a solução para os grandes problemas da nação como o
ações por parte do governo, pode estimular o mercado interno, resultando em maiores
população.
A construção é a indústria da qualidade de vida, uma vez que produz bens como soluções
produtividade da sociedade.
hora de apostar nessa indústria que, além de ajudar no crescimento do mercado interno
país.
colaborativo está a senha para o pleno aproveitamento da nova razão econômica em vigor
Neste contexto, as Câmaras da Indústria de Construção têm o papel de lutar a favor dessa
maiores da sociedade, procurando mostrar que a ética tem muito a ver com o dinamismo