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Acessibilidade em espaços culturais: Mediação e comunicação sensorial
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Acessibilidade em espaços culturais: Mediação e comunicação sensorial

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Em Acessibilidade em espaços culturais: mediação e comunicação sensorial, Viviane Panelli Sarraf nos apresenta a importância da comunicação sensorial para o desenvolvimento dos indivíduos e das sociedades, acentuando o papel das instituições culturais nesse contexto, e, na sequência, desvela a relevância desses conceitos e práticas para a ampliação das potencialidades de acessibilidade para pessoas com diferenças. Faz um interessante relato de experiências internacionais e pontua, em uma perspectiva histórica, as realizações no Brasil indicando o protagonismo de exemplos pioneiros que infl uenciaram diversos projetos ainda em curso. É uma obra que nos ensina muito, que prestigia aqueles que foram pioneiros nesses temas, que demonstra a relevância da interdisciplinaridade para os estudos dos problemas atuais e, certamente, inova ao valorizar a comunicação dos sentidos para o exercício à cidadania.
LanguagePortuguês
Release dateJan 10, 2022
ISBN9788528305654
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    Acessibilidade em espaços culturais - Viviane Panelli Sarraf

    Capa do livro

    PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

    Reitora: Anna Maria Marques Cintra

    EDITORA DA PUC-SP

    Direção: Miguel Wady Chaia

    Conselho Editorial

    Anna Maria Marques Cintra (Presidente)

    José Rodolpho Perazzolo

    Ladislau Dowbor

    Karen Ambra

    Lucia Maria Machado Bógus

    Mary Jane Paris Spink

    Matthias Grenzer

    Miguel Wady Chaia

    Norval Baitello Junior

    Oswaldo Henrique Duek Marques

    Acessibilidade em espaços culturais: mediação e comunicação sensorial

    Viviane Panelli Sarraf

          

    São Paulo

    © Viviane Panelli Sarraf. Foi feito o depósito legal.

    Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Reitora Nadir Gouvêa Kfouri / PUC-SP

    Sarraf, Viviane Panelli

        Acessibilidade em espacos culturais : [recurso eletrônico] mediação e comunicação sensorial / Viviane Panelli Sarraf. - São Paulo : EDUC : FAPESP, 2016.

        1. Recurso on-line: ePub

        Bibliografia.

    Disponível no formato impresso: Sarraf, Viviane Panelli. Acessibilidade em espaços culturais :  mediação e comunicação sensorial. São Paulo : EDUC : FAPESP, 2015. ISBN 978-85-283-0513-5

    Disponível para ler em: todas as mídias eletrônicas.

    Acesso restrito: http://pucsp.br/educ

        ISBN 978-85-283-0565-4

       1. Comunicação. 2. Integração social. 3. Espaços públicos - Acessibilidade. 4. Museus e pessoas portadoras de deficiência visual. 5. Sentidos e sensações. I. Título.

    CDD 302.22

    069.17

    362.4072

    EDUC – Editora da PUC-SP

    Direção

    Miguel Wady Chaia

    Produção Editorial

    Sonia Montone

    Preparação

    Evandro Lisboa Freire

    Bebel Nepomuceno

    Revisão

    Siméia Mello

    Bebel Nepomuceno

    Editoração Eletrônica

    Gabriel Moraes

    Waldir Alves

    Capa

    Anna Israel

    Secretário

    Ronaldo Decicino

    Produção do ebook

    Waldir Alves

    Rua Monte Alegre, 984 – sala S16

    CEP 05014-901 – São Paulo – SP

    Tel./Fax: (11) 3670-8085 e 3670-8558

    E-mail: educ@pucsp.br – Site: www.pucsp.br/educ

    Dedico este livro aos museus e espaços culturais brasileiros, cada vez melhores e mais comprometidos com a inclusão cultural de públicos diversos.

    Dedico-o, também, às pessoas com suas diferenças, que transformam os espaços culturais em ambientes mais inclusivos e interessantes para todos.

    E, ainda, aos profissionais e pesquisadores das áreas de cultura, patrimônio, acessibilidade e comunicação que colaboraram com a pesquisa por meio de entrevistas e durante visitas aos espaços onde trabalham.

    Agradeço, especialmente, à minha família, José, meu marido, Pedro e Maria, meus filhos, e a minha mãe Rachel.

    Ao meu orientador de doutorado Norval Baitello Junior, que acreditou no potencial de minha pesquisa e não poupou esforços em encontrar sempre novas referências, trazer desafios e me conduzir na aquisição de autonomia e diplomacia.

    Às professoras doutoras Maria Cristina Oliveira Bruno e Jerusa Pires Ferreira, que avaliaram e ajudaram a delinear o desenvolvimento de minha pesquisa durante o processo de qualificação do doutorado, conferindo maior ênfase a área de museologia e apresentando referenciais teóricos e casos empíricos instigantes para ampliar o escopo do trabalho.

    A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – Fapesp, pela bolsa de estudos, que possibilitou que eu cursasse o doutorado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, custeou minha pesquisa de campo em viagens de estudo pelo Brasil, Estados Unidos e Europa e apoiou a publicação deste livro.

    Agradeço carinhosamente às mulheres que me inspiraram na vida pessoal e profissional: Olga Dabague Panelli, minha avozinha bibliotecária, Dorina de Gouvêa Nowill (in memoriam 1919-2010), líder mundial na área de Inclusão Social e Direitos das Pessoas com Deficiência, e Marieta Epel Boimel, companheira de trabalho e grande amiga.

    A todos os colegas dos museus e espaços culturais visitados, que me receberam, acolheram, compartilharam experiências e materiais fundamentais para a pesquisa, e aos visitantes de museus entrevistados, que aceitaram relatar suas vivências e opiniões para comprovar a relevância da comunicação sensorial em suas experiências culturais.

    Gostaria ainda de mencionar o apoio do Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo durante todo o desenvolvimento da pesquisa de doutorado; o Programa de Pós-Graduação Interunidades em Museologia da Universidade de São Paulo, que me acolheu como pesquisadora de pós-doutorado em Museologia.

    Prefácio


    Maria Cristina Oliveira Bruno

    Os museus e os espaços culturais acolhem, divulgam e preservam os vestígios dos territórios e das sociedades, as marcas das experiências humanas das ciências e das artes e, também, do cotidiano das comunidades em suas múltiplas ações de subsistência, celebração e representação. São instituições que nos acompanham há séculos, colaborando com a educação dos sentidos e com a compreensão sobre as mudanças e transformações das paisagens culturais. Os museus têm a sua atuação ampliada com a interlocução com centros culturais e outros modelos institucionais que aproximam as sociedades dos bens culturais.

    Na contemporaneidade, com singular contribuição da museologia e reciprocidades interdisciplinares, os processos culturais têm evidenciado a complexidade intrínseca às suas proposições temático-patrimoniais, às engrenagens metodológicas inerentes à cadeia operatória de procedimentos de salvaguarda e comunicação e, em especial, aos desafios da interlocução com os diversos segmentos sociais e suas diferenças.

    Nesse contexto, a produção acadêmica referente aos temas que repercutem problemas socioculturais tem buscado encadeamentos interdisciplinares e aproximações com os problemas socioeconômicos para a construção de sua esfera investigativa, com vistas à identificação do papel das instituições culturais em relação às diferenças e às singularidades dos indivíduos e das sociedades, no que se refere ao direito do uso qualificado do patrimônio e à convivência com os indicadores da memória.

    Esses trabalhos, que em um certo sentido estão circunscritos aos cenários universitários, têm a potencialidade de, ao valorizarem esses temas nesse âmbito, propiciam certa diáspora de inquietações conceituais e de metodologias de pesquisa que projetam luz sobre os museus e centros culturais e, estes, por sua vez, alimentam-se dos resultados desses trabalhos. Essas rotas, com múltiplos caminhos e alguns atalhos, têm permitido às instituições ampliarem e atualizarem os seus repertórios patrimoniais, diversificarem as suas programações culturais, abrirem os seus processos de trabalho aos distintos segmentos das sociedades, mas, sobretudo, têm impulsionado os seus especialistas a buscarem novas formas de acolhimento das marcas da diversidade e da convivência com a diferença.

    Este livro, que é resultado dos estudos de doutoramento de Viviane Sarraf, evidencia com excelência as perspectivas interdisciplinares e a procura de novos caminhos metodológicos para a problematização de questões centrais para o aprimoramento da função pública dos museus e centros culturais contemporâneos. Por um lado, é um trabalho acadêmico que valoriza os múltiplos usos dos sentidos inerentes à fruição de bens culturais e, por outro, destaca que a mediação preocupada também com a acessibilidade é significativa para todos os públicos.

    A partir de uma pesquisa minuciosa, a autora nos apresenta a importância da comunicação sensorial para o desenvolvimento dos indivíduos e das sociedades, acentuando o papel das instituições culturais nesse contexto e, na sequência, desvela a relevância desses conceitos e práticas para a ampliação das potencialidades de acessibilidade para pessoas com diferenças. Faz um interessante relato de experiências internacionais e pontua, em uma perspectiva histórica, as realizações no Brasil, indicando o protagonismo de exemplos pioneiros que influenciaram diversos projetos ainda em curso.

    A análise de estudos de casos atuais em distintas regiões brasileiras é outro aspecto central desta obra, pois permite ao leitor aprofundar a análise sobre as realizações, os impasses e os desafios inerentes às políticas públicas na área da cultura em nosso país.

    É uma obra que nos ensina muito, que prestigia aqueles que foram pioneiros nesses temas, que demonstra a relevância da interdisciplinaridade para os estudos dos problemas atuais e, certamente, inova ao valorizar a comunicação dos sentidos para o exercício à cidadania.

    2

    Maria Cristina Oliveira Bruno

    Museóloga, professora titular em Museologia e diretora do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo.

    Sumário


    Prefácio

    Introdução

    A COMUNICAÇÃO SENSORIAL NOS ESPAÇOS CULTURAIS

    A comunicação sensorial e o desenvolvimento do ser humano

    A primazia da comunicação visual em espaços culturais

    A comunicação nos espaços culturais: mudanças para atração de novos públicos

    ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO E MEDIAÇÃO SENSORIAIS PARA TODOS OS PÚBLICOS

    Públicos não usuais dos espaços culturais

    Acessibilidade e desenho universal

    Benefícios para todos os públicos

    ACESSIBILIDADE EM ESPAÇOS CULTURAIS

    Estratégias de formação de novos públicos em espaços culturais europeus e norte-americanos

    Comunicação sensorial e acessibilidade em espaços culturais brasileiros

    A COMUNICAÇÃO SENSORIAL NOS ESPAÇOS CULTURAIS BRASILEIROS

    O desenvolvimento da acessibilidade e comunicação sensorial na região Sudeste

    Comunicação sensorial e acessibilidade nas regiões Sul e Nordeste: criatividade e protagonismo

    Comunicação sensorial e inclusão cultural nas regiões Norte e Centro-Oeste: influência das populações e hábitos culturais

    Conclusão. A PROPRIOCEPÇÃO NA COMUNICAÇÃO EM ESPAÇOS CULTURAIS BRASILEIROS

    Referências bibliográficas

    2

    Introdução


    O museu vive essencialmente do seu público, ou seria mero depósito, se admitíssemos o contrário. Assim, é imprescindível que o público se sinta bem e à vontade na casa dos objetos: acesso fácil e cômodo (há que se pensar em crianças, em idosos e em deficientes físicos), áreas de repouso intervalando a caminhada pela exposição e, sobretudo, uma atmosfera agradável (suportes que não forcem exercícios de extensão e flexão do corpo e luz que não ofusque nem force a exageradas e frequentes acomodações do olho). (Guarnieri, 1982 apud Bruno, 2010b, p. 279)

    Este livro é resultado da pesquisa de doutorado intitulada A comunicação dos sentidos nos espaços culturais brasileiros: estratégias de mediações e acessibilidade para pessoas com suas diferenças, realizada no Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), entre 2009 e 2013, sob orientação do professor doutor Norval Baitello Junior, com bolsa de pesquisa concedida pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

    Meu percurso acadêmico até concluir a tese de doutorado foi bastante diversificado e interdisciplinar. A pesquisa em comunicação e semiótica proporcionou a ampliação de meus referenciais teóricos e empíricos, somados àqueles provenientes das áreas de museologia e ação cultural, nas quais desenvolvi minhas pesquisas anteriores nos níveis de especialização e mestrado.

    Neste estudo, tive a oportunidade de aprofundar a investigação teórica e empírica sobre a comunicação e a mediação sensorial em espaços culturais visando a atender diferentes públicos. Os resultados da pesquisa aqui apresentados ultrapassam as relações políticas de direito e cidadania, provando que a acessibilidade e a comunicação sensorial proporcionam benefícios para todos os indivíduos que escolhem os museus e espaços culturais como suas opções de cultura e lazer.

    Atuo profissionalmente nas áreas de museologia e ação cultural há 17 anos e, desde o início da minha trajetória, priorizei o desenvolvimento de projetos e programas de acessibilidade cultural para pessoas com deficiência e novos públicos, promovendo o protagonismo do público-alvo nos processos de elaboração de ações em seu benefício e de seus pares. Nesses projetos de cunho participativo, pude compreender a importância e a necessidade do uso de recursos de comunicação sensorial para tornar os museus e os outros espaços culturais mais inclusivos e acessíveis a todos os visitantes.

    Um desses trabalhos de grande importância em minha trajetória ocorreu na Fundação Dorina Nowill para Cegos, instituição pioneira na luta pela cidadania das pessoas com deficiência visual no Brasil. Trabalhei na organização entre 2002 e 2013 (o início do meu envolvimento com o acervo histórico da instituição e com Dorina Nowill deu-se em 1999), onde tive a oportunidade de criar, coordenar e atuar como curadora do Centro de Memória Dorina Nowill, museu pioneiro na preservação da memória das pessoas com deficiência visual no Brasil, além de desenvolver projetos e programas de ação cultural para inclusão de pessoas com deficiência e novos públicos junto a representantes do público-alvo, colaboradores de diversas áreas das instituições e a própria Dorina Nowill, grande líder, professora e pensadora da área de inclusão social.

    O texto, que tem origem em minha tese de doutorado, apresenta os resultados de investigação teórica e empírica sobre os diversos benefícios do uso das estratégias de comunicação e mediação sensorial nos espaços culturais. A escolha de investigar prioritariamente os museus e espaços culturais brasileiros resultou em novas descobertas que abriram possibilidades de análise e conclusões e levaram a um cenário extremamente positivo e esperançoso: o sonho da mudança cultural a caminho de uma comunicação humana e livre de barreiras nos espaços culturais, que se proponha a ser acessível e inclusiva para todos os indivíduos, independentemente de suas características físicas, sensoriais, cognitivas, psíquicas, psicológicas e sociais.

    Nos espaços culturais brasileiros investigados, visitados e analisados em todas as regiões do país, de diferentes temáticas e localidades (metrópoles, cidades turísticas, campo, floresta, litoral), pude verificar que a comunicação e a mediação sensoriais são consideradas desafios a ser vencidos, transformados em práticas cotidianas e sistematizados em suas ações culturais e educativas, de modo a tornar o patrimônio cultural acessível aos diversos públicos, sem barreiras linguísticas, culturais e comunicativas.

    Os resultados teóricos e práticos apresentados combinam a leitura de teorias sobre comunicação sensorial, desenvolvimento sensorial do indivíduo, museologia, ação e mediação cultural e análise de casos reais em espaços culturais brasileiros e internacionais, que comprovam que as mudanças culturais em benefício da democratização do patrimônio cultural, por meio das estratégias de comunicação e mediação acessíveis, são uma realidade incipiente e profícua de desenvolvimento, que invade o universo profissional dos espaços de cultura pelos caminhos da educação, da extroversão do patrimônio imaterial, da formação de público e da acessibilidade, sendo desafios contemporâneos dos espaços culturais que trabalham pela união do passado, presente e futuro em um mesmo ambiente de diálogo e inclusão com diferentes perspectivas de pertencimento.

    O texto deste livro se divide em quatro capítulos; cada um deles discute um dos temas que compôs a pesquisa.

    O primeiro capítulo, A comunicação sensorial nos espaços culturais, trata da importância da comunicação sensorial no desenvolvimento humano, social e cultural dos indivíduos. A primeira parte dele, A comunicação sensorial e o desenvolvimento do ser humano, fundamenta a importância da comunicação sensorial para a manutenção da condição humana e equilíbrio cognitivo, ao analisar a teoria da mídia, os conceitos de ecologia da comunicação e as constatações da etologia e antropologia no contexto dos espaços culturais. Na segunda parte desse capítulo, intitulada A primazia da comunicação visual em espaços culturais, busca-se bases históricas e sociais que demonstrem a ligação dos espaços culturais com o esgotamento do sentido da visão e a afirmação do deleite erudito. E na terceira e última parte, A comunicação nos espaços culturais: mudanças para atração de novos públicos, são apresentados criticamente os processos de mudança que desencadearam a necessidade de repensar a atuação dos espaços culturais em relação aos indivíduos, buscando ações de acessibilidade por meio das estratégias de comunicação sensorial.

    O segundo capítulo, Estratégias de comunicação e mediação sensoriais para todos os públicos, apresenta os conceitos e as teorias que embasam socialmente os indivíduos beneficiários dos resultados desta pesquisa, isto é, as pessoas com suas diferenças. A primeira parte dele, Públicos não usuais dos espaços culturais, analisa o conceito de inclusão cultural, que se baseia prioritariamente no Movimento Internacional de Inclusão Social. A segunda parte, Acessibilidade e desenho universal, apresenta os conceitos e propõe análises sobre a acessibilidade e o desenho universal, que impulsionaram os direitos humanos e culturais das pessoas com deficiência e outras pessoas que apresentam diferenças físicas, sensoriais e intelectuais. A terceira parte, Benefícios para todos os públicos, apresenta os benefícios da acessibilidade e da comunicação sensorial para todos os públicos, com base em depoimentos de representantes de diversos públicos dos espaços culturais.

    O terceiro capítulo, Acessibilidade em espaços culturais, apresenta análises realizadas em espaços culturais que aplicam os ideais da comunicação sensorial no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa. Na primeira parte do capítulo, intitulada Estratégias de formação de novos públicos em espaços culturais europeus e norte--americanos, são apresentadas e analisadas as iniciativas de comunicação sensorial e acessibilidade em espaços internacionais consideradas como as melhores práticas pelos profissionais e pesquisadores brasileiros. Na segunda parte desse capítulo, Comunicação sensorial e acessibilidade em espaços culturais brasileiros, proponho uma análise histórica e um mapeamento das iniciativas brasileiras de promoção da acessibilidade em espaços culturais, uma vez que ainda são incipientes as propostas de ação cultural baseadas na comunicação sensorial, com breve relação de suas ofertas. Foi conferida maior atenção aos exemplos pioneiros, uma vez que eles influenciaram diretamente todos os programas e projetos vigentes, desde o final da década de 1990, momento em que essas ações ganharam maior visibilidade por parte dos gestores culturais.

    O quarto capítulo, A comunicação sensorial nos espaços culturais brasileiros, é destinado às análises de espaços culturais e exposições que ocuparam temporariamente sua programação e que realizaram ou realizam ações de acesso ao patrimônio cultural por meio dos diferentes sentidos de percepção e comunicação dos indivíduos, independentemente de objetivos específicos de atração ou atenção de públicos não usuais. A investigação intensiva, que envolveu pesquisa bibliográfica, empírica e visitas técnicas em diferentes municípios do território brasileiro em busca de exemplos que contemplassem as cinco regiões do país, proporcionou diferentes percepções sobre as práticas de comunicação do patrimônio cultural por meio de espaços diversificados que o abrigam.

    A primeira parte desse capítulo, O desenvolvimento da acessibilidade e comunicação sensorial na região Sudeste, analisou as exposições O Museu é o Mundo, do artista Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro, e Jardins no MAM, em São Paulo. Na segunda parte, Comunicação sensorial e acessibilidade nas regiões Sul e Nordeste: criatividade e protagonismo, apresentamos um caso de cada região: no Nordeste, a exposição Na Ponta dos Dedos, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza, e no Sul, a exposição ComTato, no Museu de Arte de Joinville. Na terceira e última parte do capítulo, Comunicação sensorial e inclusão cultural nas regiões Norte e Centro-Oeste: influência das populações e hábitos culturais, são apresentados três casos da região Norte: a) Usina Chaminé – exposição Os Sentidos da Amazônia, em Manaus; b) Museu do Seringal Vila Paraíso, no Igarapé São João – zona rural de Manaus; e c) Museu do Marajó, em Cachoeira do Arari, na Ilha do Marajó; além disso, há um caso na região Centro-Oeste, o Bulixo, no Sesc Arsenal, em Cuiabá. As análises dos casos nas cinco regiões do país demonstraram que a comunicação sensorial nos espaços culturais brasileiros proporcionam benefícios para as pessoas com suas diferenças.

    Nossa conclusão, intitulada A propriocepção na comunicação em espaços culturais brasileiros, apresenta reflexões acerca de todo o processo de pesquisa, dos resultados, das constatações e dos comentários sobre os dados teóricos, primários e empíricos coletados durante a pesquisa de doutorado, bem como os

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