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1. A LINGUAGEM EM QUESTO
Um professor de filosofia da Sorbonne afirmava h pouco
tempo que a importncia actual da filosofia da linguagem
sobreestimada: a linguagem funciona muito bem e no justifica o
volume de estudos que lhe so dedicados. Mas todo o percurso
que acabamos de fazer converge para ela. E se verdade que um
filsofo pode ficar satisfeito com o avano das pesquisas neste
domnio, ns, os cientistas, e talvez os leitores do meu livro,
temos necessidade de saber em que ponto nos achamos. De resto,
os tcnicos de informtica no esto nada convencidos de que
tudo tenha sido dito, de tal modo so difceis os problemas que
eles encontram. Examinmos a maneira como a fsica opera,
fabricando modelos abstractos da realidade, para s reter deles os
elementos que se pensa serem importantes, inventando seres que,
segundo ela, permitem explicar os fenmenos observados. Eles
so designados por palavras: que representam eles? Conceitos?
Objectos materiais? As lnguas naturais so muitas vezes
ambguas, podendo a mesma frase ser interpretada de maneiras
diferentes. Ser possvel que as afirmaes da fsica apresentem
uma tal ambiguidade? Se no, qual ento a natureza da
linguagem da fsica, para que se distinga assim das lnguas
naturais?
Vimos que a matemtica partiu da observao do real,
enumerando os carneiros e medindo as superfcies. Depois, os
nmeros e as figuras afastaram-se destas observaes concretas
para se tornarem em seres abstractos que nenhuma realizao
concreta explica verdadeiramente. Ao mesmo tempo, a lgica
encarregada de fornecer as regras dos raciocnios vlidos
reconhecia-se como formal: ela no se ocupa daquilo que as
proposies em causa querem dizer, mas apenas da maneira como