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ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA
GILBERTO MARCELINO MIRANDA
Advogado OAB-CE 3205 - CE
Rua Floriano Peixoto, 735, Sala 206 – Edifício ACI -
Telefones: 085.3231.0380 – 8777.3861- 88238249
FORTALEZA-CEARÁ
conhecida, à Rua Coronel Antonio Ludogero, n.o. 12, bairro Jaçanaú, cidade de
Maracanaú, Ceará, por seu advogado "in fine" assinado, GILBERTO MARCELINO
MIRANDA, Advogado OAB-CE 3205 - CE, com escritório profissional na Rua
Floriano Peixoto, 735, Sala 206 – Edifício ACI - Telefones: 085.3231.0380 –
8777.3861- 88238249, FORTALEZA-CEARÁ, onde recebe avisos e intimações em
geral, vem respeitosamente perante V. Exa, com fundamento no artigo 310,
PARÁGRAFO ÚNICO do Estatuto Processual Penal, requerer a sua LIBERDADE
PROVISÓRIA o que faz na forma do dispositivo citado e nas razões fáticas e jurídicas a
seguir aduzidas:
- O requerente foi preso em data de 13 de dezembro do ano de dois mil e nove, embora
não tenha praticado o crime que lhe é imputado, foi considerado em estado-jurídico de
" flagrante", consoante se depreende do incluso auto de prisão em flagrante, às
fls.ANEXAS 1/56, lavrado naquela data pela autoridade policial, e atualmente encontra-
se recolhido a um dos cubículos da cela da DELEGACIA METROPOLITANA DE
MARACANAÚ;
crime e, de outro, protegem o direito do acusado de não ser preso, senão quando
considerado culpado por sentença condenatória transitada em julgado. É nesse contexto
que surge o instituto da liberdade provisória, previsto no art. 5º, LXVI, da Constituição
da República.
De fato, ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
provisória, com ou sem fiança. Trata-se de um direito constitucional que não pode ser
negado se estiverem presentes os motivos que a autorizam.
A liberdade provisória é uma contra cautela que substitui a custódia provisória, com ou
sem fiança.
Diz se contra cautela, pois a cautela é a prisão. Assim, a liberdade provisória é uma
contraposição, cujo antecedente lógico é a prisão cautelar. Por esse instituto o acusado
não é recolhido à prisão é posto em liberdade quando preso, vinculado ou não a certas
obrigações que o prendem ao processo e ao juízo, com o fim de assegurar a sua
presença ao processo sem o sacrifício da prisão cautelar. Diz-se que essa liberdade é
provisória, pois, a qualquer tempo, ocorrendo certas hipóteses previstas em lei, pode ser
revogada, sendo o acusado recolhido à prisão.
JURISPRUDÊNCIA.
A Carta da República de 1988 estampa no inciso LVII de seu artigo 5º que “ninguém
será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
Este dispositivo consagra o axioma de que a prisão-pena (na verdade, não só a prisão
mas qualquer pena), que é aquela egressa da condenação pela prática de alguma
infração penal, somente poderá ser imposta após o trânsito em julgado da sentença
condenatória. Até aí o indivíduo é presumido (presunção relativa) inocente e por isso a
ele não pode ser imposta execução de pena.
No específico âmbito do Direito Processual Penal, o maior referencial que se tem para
aferir a questão da necessidade da aplicação de alguma medida cautelar constritiva da
liberdade é o art. 312 do Código de Processo Penal (CPP). Apreciando-se este
dispositivo se conclui que o fumus boni iuris está presente quando houver materialidade
comprovada e indícios suficientes de autoria. Superada afirmativamente esta etapa, o
mesmo artigo destaca que somente se necessário para garantia da ordem pública ou
econômica, para aplicação da lei penal ou por conveniência da instrução criminal é que
se pode entender configurado o periculum in mora. Ou, mais especificamente: somente
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se a liberdade de alguém trouxer perigo a uma dessas situações é que se verá presente
aquilo que se chama de periculum libertatis.
É precisamente isto que dispõe o parágrafo único do art. 310 do CPP, ao estatuir que
quando o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, a inocorrência de qualquer das
hipóteses que autorizam a prisão preventiva, concederá ao réu liberdade provisória,
mediante termo de comparecimento a todos os atos do processo, sob pena de revogação.
Por este dispositivo, se, em caso de prisão em flagrante, não se evidenciarem os
elementos que autorizam a prisão preventiva, será concedida liberdade provisória.
Lavra-se o auto de prisão em flagrante, colhendo-se o que for necessário à prova da
materialidade e autoria da infração e, feito isto, a prisão só será mantida pela autoridade
judicial se necessária, o que será decidido conforme os critérios estabelecidos pelo art.
312 do CPP. O normal, pois, é que aquele que for preso em flagrante seja posto em
liberdade (que é sempre a regra), salvo se presentes os elementos que autorizariam a
prisão processual preventiva (que é sempre a exceção).
Manter a prisão em flagrante pelo simples fato de o crime ser inafiançável agride
também os arts. 5º, LXI e 93, IX, da Carta Magna, que condicionam as decisões que
retirem a liberdade dos indivíduos à escrita fundamentação. Veja-se que com relação à
prisão a Constituição não se satisfez com a regra geral de que as decisões judiciais têm
que ser motivadas e ascendeu à categoria de direito individual a necessidade de
fundamentação das decisões constritivas da liberdade. Daí deriva que a decisão que
mantém prisão em flagrante não pode simplesmente adotar como fundamentação, como
entende o STJ, o fato de não ter o preso comprovado à desnecessidade da prisão ou a
presunção da necessidade da prisão porque isso seria, por vias transversas, não
fundamentar, na medida em que a necessidade concreta da prisão não estaria
demonstrada. Neste sentido, ANTÔNIO MAGALHÃES GOMES FILHO, ob. cit., p. 81
e também, do mesmo autor, “A Motivação das Decisões Penais”, , São Paulo, Revista
dos Tribunais, 2001, p. 226 e ss.
Assim, a defesa se postura na análise dos artigos que levou a autoridade policial a
decidir pelo indiciamento do acusado.
Assim, vê-se que inexiste razão a que se perdure sua prisão, e assim sendo, cessando a
necessidade, que cesse a medida.
Diz o CPPB:
“Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades
policiais e seus agentes deverão prender quem quer que
seja encontrado em flagrante delito”.
I- Próprio ou Real:
Art. 302, incisos I e II do CPP.
É o flagrante propriamente dito.
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
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Salienta-se que o presente A.P.F. (auto de Prisão em flagrante) deverá perder sua força
coercitiva, mas servindo apenas como peça de informação para possibilitar o
ajuizamento da ação penal, onde o INDICIADO terá a oportunidade de promover sua
defesa.
MM. Juiz, a defesa do Sr. FREDERICO DE OLIVEIRA XAVIER não pode ser
considerada confusa. A PRISÃO FOI ILEGAL, e em tese estar dentro da legalidade no
momento. No curso da instrução criminal o indiciado terá a oportunidade de provar sua
inocência. NO MOMENTO o que se objetiva é a sua liberdade provisória.
O corpo de delito é, em essência, o próprio fato criminal, sobre cuja análise é realizada a
perícia criminal a fim de determinar fatores como autoria, temporalidade, extensão de
danos, etc., através do exame de corpo de delito.
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Era imperiosa a feitura do Exame de Lesão Corporal Prévio no Sr. CARLOS RAFAEL
DA SILVA PAIVA.
Esse exame é feito quando envolve um episódio de violência e classifica em que ponto a
integridade física foi afetada. A vítima relata o ocorrido e o legista procura sinais que
comprovem ou não o que foi dito. No caso em questão a evidência médica legal da
existência das agressões promovidas segundo o IPL, pelo Sr. FREDERICO DE
OLIVEIRA XAVIER daria em tese uma fundamentação para a acusação no flagrante.
Mais isso não existe. NÃO TEM PROVAS NOS AUTOS. Sim declarações dos
adversários do acusado.
Nos autos existe o pedido de exame cautelar promovido no indiciado (Feito por
precaução para a verificação de lesões recentes no preso. Neste caso o legista examina
se a integridade física do indivíduo foi mantida durante seu transporte a caminho da
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MM. Juiz, não se pode falar em LESOES CORPORAIS sem provas MÉDICAS
LEGAIS.
- LEVES – são as lesões corporais que não determinam as conseqüências previstas nos
§§ 1°, 2° e 3°, do art. 129 do CP; são representadas freqüentemente por danos
superficiais comprometendo a pele, a hipoderme, os vasos arteriais e venosos capilares
ou pouco calibrosos - ex.: o desnudamento da pele ou escoriação, o hematoma, a
equimose, ferida contusa, luxação, edema, torcicolo traumático; choque nervoso,
convulsões ou outras alterações patológicas congêneres obtidas à custa de reiteradas
ameaças.
- GRAVES – são os danos corporais resultantes das conseqüências previstas pelo § 1°:
- incapacidade para as ocupações habituais por + de 30 dias – é quando o ofendido não
pode retornar a todas as suas comuns atividades corporais antes de transcorridos 30
dias, contados da data da lesão; a incapacidade não precisa ser absoluta, basta que a
lesão caracterize perigo ou imprudência no exercício das ocupações habituais por mais
de 30 dias.
- Exame complementar – é um segundo exame pericial que se faz logo que decorra o
prazo de 30 dias, contado da data do crime e não da respectiva lavratura do corpo de
delito, para avaliar o tempo de duração da incapacidade; quando procedido antes do
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trintídio é suposto imprestável, pois aberra do texto legal; se realizado muito tempo
depois de expirado o prazo de 30 dias ele será imprestável, impondo-se, por isso, a
desclassificação para o dano corporal mais leve (exceção: quando os peritos puderem
verificar permanência da incapacidade da vítima para as suas ocupações habituais - ex.:
detecção radiológica de calo de fratura assestado em osso longo, posto que essa
modalidade de lesão traumática sempre demande mais de 30 dias para consolidar);
existem outras formas de exame complementar que não a que se faz para verificar a
permanência da inabilitação por mais de 30 dias, como a investigação levada a efeito a
qualquer tempo, para corrigir ou complementar laudo anterior, ou logo após um ano da
data da lesão, objetivando pesquisar permanência da mesma.
- Perigo de vida – é a probabilidade concreta e objetiva de morte (não pode nunca ser
suposto, nem presumido, mas real, clínica e obrigatoriamente diagnosticado); é a
situação clínica em que resultará a morte do ofendido se não for socorrido
adequadamente, em tempo hábil; ele se apresenta como um relâmpago, num átimo, ou
no curso evolutivo do dano, desde que seja antes do trintídio - ex.: hemorragia por seção
de vaso calibroso, prontamente coibida; traumatismo crânio-encefálico, feridas
penetrantes do abdome, lesão de lobo hepático, comoção medular, queimaduras em
áreas extensas corporais, colapso total de um pulmão etc.
TRAUMATISMO.
Traumatismo Arterial de Membros Inferiores.
Não se pode afirmar por falta de provas materiais nos autos do INQUÉRITO
POLICIAL que a morte do Sr. CARLOS RAFAEL DA SILVA PAIVA tenha sido por
hemorragia FEMURAL.
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Destes depoimentos podemos presumir, até posterior junção do laudo cadavérico, que a
morte foi provocada por HEMORRAGIA. Lesões a estruturas vasculares dos membros
inferiores possuem um alto risco de vida e de perda de membro, em função do grande
fluxo de sangue para as extremidades inferiores, e a relativa escassez de vasos colaterais
ativos na vítima de trauma. A natureza superficial da vascularização nesta região
usualmente torna estas lesões dramáticas e evidentes. Freqüentemente, estão associadas
ao choque. A extremidade distal apresenta-se fria, sem pulso e pálida. Sob estas
circunstâncias o diagnóstico e indicação para cirurgia são prontamente óbvios.
Considerações diagnósticas iniciais dependem da avaliação da vítima de trauma quanto
a outras lesões que tragam risco de vida potencial, que atinjam vias aéreas, cabeça, peito
e abdome, do controle de eventuais hemorragias e da execução de manobras de
ressuscitação antes do reparo definitivo. Freqüentemente, em lesões de artéria femoral
comum, uma completa recuperação não será conseguida até que o controle da
hemorragia seja obtido no pré-operatório. CONSTA QUE HOUVE DEMORA NO
SOCORRO. PORÉM NÃO SE TEM NOTÍCIAS TÉCNICAS DE AGRESSÃO POR
PARTE DO INDICIADO.
Nestes Termos.
Pede e Espera Deferimento.
Maracanaú, 19 de dezembro de 2009.
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GILBERTO MARCELINO MIRANDA
Advogado OAB-CE 3205 – CE,
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Conselheiro César Venâncio
Assistente