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CRÔNICAS DA VIDA...

Sebastião Carvalho
mahabhutani@yahoo.com.br

SEBASTIÃO CARVALHO é sociólogo, professor, acadêmico do Cenáculo Fluminense de


História e Letras, - Niterói RJ, e antigo membro da Associação Brasileira de Imprensa

Pintura de R.Vincent, inspirada em Van Gogh

Primeira edição on line:

Rio de Janeiro – RJ
Março de 2010
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À guisa de Introdução...
As crônicas que compõem este livreto foram escritas para serem divulgadas
por um jornal de Minas Gerais, no ano de 2007. Seu autor inspirou-se em um
poema, aqui transcrito e traduzido de H.W. Longfellow, que passa a idéia do
lançamento ao mundo, de idéias e exemplos que possam servir para melhorar a
qualidade da vida humana. Esse o objetivo e a inspiração! Que este trabalho seja
útil, no alcance de seus objetivos!

A flecha e a canção
The Arrow and the Song
Henry Wadsworth Longfellow (1807-1882)

Versão para a Língua Portuguesa:


Sebastião A.B. de Carvalho
(Do Cenáculo Fluminense de História e Letras)

Lancei uma flecha direta para o ar,


Ela caiu na terra, em algum lugar;
Mas tão veloz partiu, que nenhuma visão
Poderia segui-la em sua direção.

Entoei uma canção, sublime, para o ar,


Ela caiu na terra, em algum lugar;
Mas quem teria aguda, poderosa visão,
Que pudesse seguir o vôo da canção?

Muito mais tarde, fincada num carvalho,


Achei, íntegra, a flecha, molhada de orvalho
E a canção, do início ao fim,
Achei-a, renovada, num coração afim…

The Arrow and the Song


Henry Wadsworth Longfellow

I shot an arrow into the air,


It fell to earth, I knew not where;
For, so swiftly it flew, the sight
Could not follow it in its flight.
I breathed a song into the air,
It fell to earth, I knew not where;
For who has sight so keen and strong,
That it can follow the flight of a song?
Long, long afterward, in an oak
I found the arrow, still unbroke;
And the song, from beginning to end,
I found again in the heart of a friend..

Texto original: The Poetical Works of Henry Wadsworth Longfellow

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ÍNDICE

Página Título

04 O Jovem Poeta e o Velho Barqueiro

07 Felicidade!

09 O Menino que Queria Ser Deus

11 A Superação Humana

13 O Conde Misterioso

15 A Luz do Merecimento

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O Jovem Poeta e o Velho Barqueiro


O rapaz queria conhecer o mundo, cantar a vida e todas as
belezas...
Deixou o aconchego do lar paterno e pôs-se a caminhar,
estrada afora...
Entrava num bosque, quando se deparou com uma
mocinha, que carregava uma cesta, cheia de frutas e quitutes,
que ela deveria levar para trabalhadores rurais, num vale não
muito distante.
Conheceram-se, trocaram idéias e impressões. Ela
perguntou aonde ele ia, ao que o rapaz informou que pretendia
conhecer o mundo, sentir sua beleza e cantar a alegria de estar
vivo e feliz.
E foram trocando idéias e amabilidades. Ela dando-lhe de
comer; ele, cantando belas canções que a enlevavam!
Arrebatados pela emoção, beijaram-se ternamente. Ela
ofereceu-lhe a oportunidade de ir morar com sua família, num
local em que poderia praticar sossegadamente a sua arte...
O rapaz agradeceu, comovido, mas, sentindo que estava
sendo atraído para ficar, apressou-se em assumir a postura de
andarilho, despediu-se com um longo beijo e partiu...
Havia caminhado o bastante para o dia, quando, ao dobrar
uma curva do caminho, viu um moinho de vento e, perto dele, no
rio, um barco. Dentro do barco, um homem parecia estar
esperando o rapaz, pois assim que este entrou, movimentou a
embarcação para a frente...
Com o rapaz sentado no meio, o homem postou-se atrás,
ao leme, e ao ser perguntado para onde se dirigia, respondeu,
com voz abafada: “Rio abaixo e para o mar, ou para as grandes
cidades, podes escolher. Tudo me pertence!”
Então és o Rei – indagou o rapaz.
Talvez – disse ele – E tu, és um poeta? Parece-me.
Canta-me uma canção de viagem!
Com esforço, pois estava com medo do homem grisalho, o
rapaz conseguiu cantar sobre o rio, que carrega o barco e reflete
o sol, rumorejando forte nas margens dos rochedos...
O barqueiro permanecia impassível. Apenas balançava a
cabeça como se estivesse sonhando. De repente, começou a
cantar. E eram cantigas sobre o rio, a viagem do rio pelos vales.

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Eram canções mais belas e poderosas do que as do poeta –


porém tudo soava diferente!
Em suas canções, o rio era um destruidor, escuro e
selvagem, descendo vertiginosamente a montanha... Furioso,
ele abominava o domínio dos moinhos, e coberto pelas pontes,
detestava cada navio que tinha que carregar. Rindo, em suas
ondas e plantas aquáticas balançava os corpos esbranquiçados
dos afogados!...
Diante do canto sensível e inteligente, porém triste, do
barqueiro, o poeta julgou que suas cantigas eram tolices e
brincadeiras de criança. O mundo não era bom e luminoso, mas
escuro e triste, mau e sombrio. E quando os bosques
murmuravam , não era de alegria, e sim de martírio!...
Continuavam. O barco deslizava mansamente, as sombras
se alongavam, o canto do poeta se tornava menos claro e sua
voz mais baixa, enquanto o velho respondia com uma canção
que tornava o mundo ainda mais enigmático e penoso. E o
poeta, mais tímido e triste. Foi então que ele se arrependeu de
não ter ficado na terra, perto das belezas da natureza e da
amada criatura que conhecera! Cantou as mais belas canções
de amor que conhecia, sempre inspirado pela lembrança da
doce menina que deixara...
Veio o crepúsculo. O rapaz calou-se, mas o barqueiro, ao
leme, entrou a cantar também cantigas de amor e da alegria do
amor, e da beleza das jovens de olhos castanhos e azuis e
lábios vermelhos, úmidos e doces. Mas ele cantava também
sobre o rio escuro, e em sua canção também o amor se torna
sombrio e terrível, com segredos e mistérios, nos quais os
homens se debatem, digladiam e morrem por causa de desejos
e paixões...
Finalmente, o rapaz ficou tão cansado e aflito que sentiu
como se tivesse viajado desde muito tempo e passado por
grande miséria e desgraça. Recebia, do barqueiro, uma torrente,
silenciosa e fria, de tristeza e receio, que lhe penetrava o
coração.
Desconsolado com a vida, pediu então ao barqueiro que
cantasse a morte. E desse canto veio-lhe a certeza de que vida e
morte estavam entrelaçadas numa perpétua luta de amor!
Assim, um clarão valorizava toda miséria, enquanto uma sombra
perturbava toda alegria e beleza – tudo envolvendo em

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escuridão. Mas, para além da escuridão, a alegria ardia mais


íntima e bela, e o amor queimava mais profundamente...
Quis então voltar para o recesso do lar paterno, ou para a
companhia terna da amada, mas o barqueiro cortou-lhe a
esperança. Dizendo: “Para trás não há caminho! A gente precisa
ir sempre para a frente, quando quer penetrar o mundo!”. Já
tiveste, com a menina, o melhor do amor, e quanto mais longe
estiveres dela, melhor e mais lindo isto te parecerá... Ainda
assim, és livre para tomar o rumo que quiseres. Cedo-te o meu
lugar ao leme!...
Embora triste, viu o rapaz que o velho tinha razão. Com
muita saudade da menina e dos pais, levantou-se e dirigiu-se ao
lugar do leme. O barqueiro veio ao seu encontro e, ao passar por
ele, fitou-o firmemente e deu-lhe a sua lanterna.
Sentando-se ao leme, com a lanterna, o rapaz viu que
estava sozinho no barco. Percebeu, com pesar, que o barqueiro
desaparecera, mas não estava com medo. Todas as belas
coisas da vida, a menina que amou, o pai e as terras da família,
com sua beleza natural, -- pareciam ter sido apenas um sonho, e
que ele era velho e aflito, e que desde sempre viajara nesse rio
noturno.
Compreendeu então que não deveria chamar pelo
barqueiro, e a percepção da verdade o atingiu em cheio. Mesmo
assim, para certificar-se, debruçou-se sobre a água e ergueu a
lanterna. Do escuro espelho d’água, um rosto duro e sério fitou-o
com olhos cinzentos, e ele então percebeu que aquele velho era
ele mesmo!
Sabendo que nenhum caminho volta atrás, o poeta
continuou navegando na água escura, dentro da noite!...
OBSERVAÇÃO: Inspirado no conto Sonho de uma flauta – in CONTOS de Hermann Hesse –
Ed. Civilização Brasileira – Rio de Janeiro - 1970.

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Felicidade!...
Paulo, Pedro e João eram três amigos que moravam numa
cidade de médio porte, no interior do Brasil.
Reuniam-se freqüentemente naquela praça, para prosearem,
trocando idéias sobre fatos do cotidiano, especulando sobre o futuro...
E até filosofando...
Insatisfação diante das condições de vida na cidade era a tônica
da conversa. Lamentavam pelas modestas condições em que viviam,
reconhecendo suas deficiências pessoais, mas acentuando, sempre,
as limitações do lugar onde moravam.
Paulo trabalhava para uma firma de representação comercial.
Ganhava comissões que variavam de acordo com as vendas. Tais
oscilações nos ganhos angustiavam-no, e ele não via como resolver o
problema.
Pedro, tendo trabalhado para várias empresas, foi despedido de
um armazém, que faliu.
João trabalhava em modesto cargo, numa agência bancária.
Naquele feriado de Sete de Setembro – Independência ou Morte!
– eles tomaram as decisões!
Paulo, recebendo indenização do emprego, resolveu tentar a
vida nos Estados Unidos da América do Norte.
Pedro, tendo conhecido uma jovem mulher de família rica, que
por ele se apaixonou, foi morar com eles, no nordeste do país.
João, diferentemente, recusou oferta de um tio para trabalhar em
São Paulo. Dispôs-se a pesquisar para saber, de suas potencialidades
naturais, quais poderia ele desenvolver, aprimorar, tendo em vista
aplicá-las em sua cidade.
Os que buscaram em outras plagas a realização de seus
sonhos, não foram bem sucedidos.
Paulo, por falta de qualificação, teve de contentar-se com
atividades subalternas. A saudade da família só aumentava! E acabou
sendo expulso do país pela Imigração.
Pedro, que no princípio, tinha do bom e do melhor, fartura,
conforto, viagens... acabou sofrendo o desgaste da relação, passando
a ser humilhado pela família rica de sua mulher!...
João, por sua vez, tendo permanecido na velha terrinha, formou-
se em advocacia, exerceu a profissão e, submetendo-se a concurso
para o Ministério Público, ingressou numa carreira fascinante e
proveitosa.

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Desposou uma linda, culta e bem conceituada professora, que


lhe deu um casal de filhos.
O estudo de filosofia, na faculdade, despertou-o para as mais
sérias indagações sobre a vida neste e nos outros planos de
existência. Pesquisou as religiões, e passou a praticar meditação
transcendental, assim como a ler as melhores obras das culturas
oriental e ocidental, enriquecendo seu cabedal de conhecimentos
.................................................................................................................
Como sempre acontece, a Vida proporcionou mais uma grande
lição a todos: o mais simples e despretensioso dos três amigos foi o
único na verdade bem sucedido, porque, tendo-se voltado para si
próprio, para o auto-aperfeiçoamento, alcançou aquilo que todos
almejam: a FELICIDADE!

OBSERVAÇÃO: Os personagens desta composição são fictícios. Qualquer semelhança com seres
reais terá sido mera coincidência.

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O Menino que Queria Ser Deus


Era um menino normal, comum mesmo!
Brincava, jogava bola e cumpria com os deveres de casa e da
escola. Querido e admirado por todos.
Mas tinha uma singularidade: Perdia-se em longos passeios
pelos arredores da cidade, observando e admirando a natureza por
horas a fio, ou se isolava em seu quarto, acomodado entre livros e
pergaminhos, lendo e meditando... lendo e meditando...
Quedava-se, silencioso, diante de uma flor, um inseto, uma
pedra, extasiando-se com a beleza e o aroma da flor, a graciosidade
do inseto e a geometria perfeita dos cristais.
Sentia que algo muito grande, infinito, interligava os elementos
naturais em harmoniosa cadeia, como se cada um tivesse que cumprir
seu destino, sua finalidade, impulsionado por forças e leis inexoráveis
e perfeitas!
Via em tudo isso a perenidade da natureza, que se transformava,
mas não se extinguia, e colocava nesse contexto a existência humana,
que se renovava constantemente, através de múltiplas vidas...
Ele não aceitava as explicações que a ciência e algumas escolas
filosóficas sustentavam, sobre a vida e a morte! Inclinava-se a crer na
imortalidade do Ser, mas não tinha uma explicação plausível para
afirmá-la... Afinal, era apenas um menino! Sentia, contudo, que ele,
sua individualidade, não se destruiria! Era eterna!
Ainda na infância e por toda a adolescência, o nosso
personagem sofreu o escárnio dos que lhe conheceram as idéias.
Tinham-no como um menino meio louco, que queria ser Deus ou um
super-homem que ficaria p’ra semente!...
Os anos passaram...
Aquele menino tornou-se um homem inteligente, próspero e
respeitado em sua cidade. Constituiu família. Teve filhos... Mas nunca
parou de indagar sobre os grandes mistérios da existência...
Passou por muitas experiências, algumas boas, agradáveis;
outras, grandes provações... Mas nunca perdeu a fé e a confiança em
Deus e em si próprio.
Trabalhou, estudou, procurou a verdade em diferentes lugares,
pessoas e instituições.
Conheceu a vaidade, a dissimulação, a ganância, o frenético
apego à matéria, o medo, existentes até onde se prega exatamente o
oposto!

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Sofreu perseguições de invejosos e fanáticos, quando tentava


contribuir para a evolução espiritual da sociedade.
Finalmente, já numa idade um tanto avançada, começou a ter
surpreendentes intuições, a encontrar-se com pessoas especiais, que
lhe forneceram preciosas chaves para adentrar um conhecimento
superior.
Sentiu o refrigério proporcionado por essas pessoas evoluídas,
que se dedicam a esparzir o bem por este mundo tão necessitado... E
compreendeu que, em última análise, tudo está dentro dos parâmetros
do Plano Divino!
Um dia, achando-se em meditação, veio-lhe, com plena clareza,
a definição do Caminho Perfeito, que deveria trilhar, sabendo que a
Existência comporta inúmeras vidas, abarcando uma órbita infinita,
além do tempo e do espaço!
Imediatamente, abandonou os últimos resquícios de apego ao
mundo material e, resoluto, penetrou no santuário do Eu Superior, do
Ser Imortal que todos somos e assumimos quando despertamos do
letárgico sono da Ilusão!

Pintura de R.Vincent, inspirada em Van Gogh

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A Superação Humana
Amigos de longa data, Antonio e Jerônimo conversavam, quase
diariamente, naquela praça, sobre os mais variados assuntos, -- das
simples ocorrências cotidianas, às especulações filosóficas.
Hoje, entraram a trocar idéias sobre o destino do homem, e
como a religião trata do assunto. Buscam uma conclusão que os
ajude, de modo prático e eficiente, nesta existência, que é tão sofrida
e penosa para muitos!
Antonio, cristão declarado, defende a tese de que tudo está
sintetizado pelo Mestre Jesus, que é Deus, e que, segundo as
escrituras sagradas, é “O Caminho, a Verdade e a Vida”.
Pautar a conduta no respeito aos mandamentos proclamados
pelo cristianismo, e nos ensinamentos do Mestre, é a única via para a
felicidade duradoura e plena.
Jerônimo, cientista da área tecnológica, retruca, apontando
algumas “incongruências” existentes na Bíblia, e põe em dúvida a
validade de dogmas como a história de Adão e Eva e a virgindade de
Maria, a mãe de Jesus. Coloca também que o cristianismo, que é
muito mais recente do que o budismo e o hinduísmo, não pode ser
considerado como a única religião verdadeira.
Estabelece-se uma respeitosa, porém acirrada discussão.
Antonio procura defender a postura da igreja, que coloca os
dogmas como questão de fé, não de conhecimento, devido à
incapacidade de o ser humano penetrar e entender as verdades que
eles encerram.
Jerônimo argumenta que o homem, evoluído intelectualmente a
ponto de realizar verdadeiras maravilhas nos diversos campos do
conhecimento, pode e deve desvendar todos os mistérios, dos quais a
religião deveria dar as chaves, e não ocultá-las, deixando margem a
que se pense que a intenção de seus líderes seja dominar a massa
ignorante!
A discussão estava nesse pé, quando deles se aproximou um
homem de meia-idade, que pediu licença para se apresentar e
participar da conversa. Era um estudante de filosofia, com
especialização em religião, e praticante de meditação transcendental.
Seu nome: Teófilo.
Surpresos e curiosos, os dois amigos admitiram Teófilo na
conversa, e foram logo pedindo que se manifestasse sobre alguns dos
pontos polemizados.

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Deixado à vontade, o filósofo disse:


“A religião está certa, tanto em ocultar o conteúdo dos dogmas,
como em colocar o Cristo como o Caminho, a Verdade e a Vida”.
Não lhe compete explicitar o conteúdo de verdades que não
podem ser absorvidas intelectualmente, porém somente através do
exercício da sensibilidade, da intuição, da fé!...
Quanto ao papel do Cristo na caminhada evolutiva da
humanidade, não resta a menor dúvida de que Ele é o que a religião
proclama.
Há, contudo, alguns reparos a fazer!
Afirmar que o Jesus é “O Caminho, a Verdade e a Vida”,
tentando colocar o cristianismo em posição não só superior às outras
religiões, mas até seu eliminador, denota ignorância do que venha a
ser, na verdade, este Grande Ser, que é verdadeiro Homem e
verdadeiro Deus!
A chave para compreensão desta questão está em saber a
diferença entre Jesus e Cristo!
Jesus é o ser humano que freqüentou templos em diversos
locais, inclusive no Egito e na Índia, sendo membro da Fraternidade
Essênia.
Cristo é o Crestos Solar, a própria Divindade, que comanda os
destinos da Humanidade, através de Seus Filhos.
Quando Jesus, no ápice de sua altíssima Iniciação, disse: “Eu e
o Pai somos Um!”, mostrou que havia atingido o máximo de evolução
a que um ser humano pode chegar, unificando-se com o SER.
Todavia, também Krishna é Cristo, e Buddha chegou ao máximo,
na bem-aventurança do Nirvana!...
Pode-se concluir, portanto, que o Deus Inefável atua
diferentemente, em forma, nas diversas latitudes, mas seme-
lhantemente nos princípios e objetivos dos seus Altos Desígnios!...
Leva em conta as características culturais dos povos! E isto é justo e
perfeito!
Quanto aos dogmas, verdades de fé, -- prosseguiu Teófilo – não
compete ao intelecto desvenda-los, mas ao discernimento iluminado
daquele que se dedica à Meditação, único Caminho capaz de trazer à
nossa consciência aquela Realidade Verdadeira, que existe permeada
pelos véus da ilusão material!
Antonio e Jerônimo ouviram, maravilhados, as palavras de
Teófilo, e manifestaram a vontade de tê-lo freqüentemente como
interlocutor, bendizendo o momento de tão auspicioso encontro...

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O Conde Misterioso

Demian estava intrigado com o ar de mistério que envolvia a


figura do lendário Conde que assombrou a nobreza francesa do século
XVIII.
Tinha ouvido algumas referências em palestra sobre Esoterismo
e Magia, dando conta das façanhas de um personagem conhecido
como Conde de Saint Germain, e resolveu investigar.
Acionou a Internet, procurou em livrarias e bibliotecas...
Achou uma profusão de matérias sobre esse estranho e
assombroso homem, tido por uns como um Adepto ou Iniciado de alta
envergadura, e por outros como um farsante explorador da
credulidade alheia!
Incapaz de chegar a uma conclusão, Demian entrou em contato
com um professor, indicado por um amigo comum, o qual, sendo
membro de sociedades secretas, talvez pudesse esclarecer as
dúvidas que o inquietavam...
-- É com prazer que tentarei ajudá-lo a compreender pelo menos
um pouco do que seja a trajetória de um Adepto na face da Terra –
disse o professor Carlos, iniciando seus esclarecimentos.
-- Amado e odiado, amigo do rei Luiz XV e de várias importantes
cortesãs, o Conde tinha fama de ser capaz de transmutar metais
inferiores em ouro, produzir diamantes de alto quilate, curar
enfermidades com o uso de uma farmacopéia própria, e outras
proezas!...
-- Mas existe comprovação confiável de todas essas coisas? –
indagou Demian, com ansiedade.
-- Sim e não, respondeu Carlos, explicando: A comprovação de
fatos dessa natureza é muito difícil, pois são fenômenos que escapam
à análise comum, com os métodos usados pelos não-iniciados.
Mesmo assim – continuou – existem documentos oficiais, produzidos
naquela época, na França, e mencionados em livros encontráveis em

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livrarias e bibliotecas, os quais para muitos constituem senão provas,


pelo menos fortes indícios da veracidade de vários fatos relacionados
ao Conde.
-- Você poderia dar conta de alguns fatos importantes da vida
desse interessante personagem?
-- Com certeza! – respondeu Carlos, com vivacidade.
-- Membros da corte juraram, em diferentes ocasiões, que o
tinham visto há mais de 30 anos, com a mesma aparência mostrada
na atualidade. Parecia que ele havia parado de envelhecer,
conservando as feições de um homem de 40 anos, quando deveria ter
mais de sessenta!...
-- Há também relatos de que, nas festas, ele distraia as pessoas,
dando conta de fatos ocorridos na antiguidade, com se tivesse sido
testemunha ocular!
-- Ainda, prosseguiu Carlos, não tocava em comida nem em
bebida, dizendo que sua alimentação era especial, baseada em certos
elementos naturais, cuja composição conservava em segredo...
-- Na história do Conde é difícil separar os fatos
comprovadamente reais, da lenda ou do paranormal! Certo é que ele
foi perseguido e preso, trancafiado numa masmorra, pela Inquisição.
Durante esse martírio, escreveu uma obra-prima da Iniciação
Esotérica, intitulada A SANTÍSSIMA TRINOSOFIA*, cujos
manuscritos, após muitas peripécias, foram encaminhados à Biblioteca
de Troies, na França, onde se acham preservados e à disposição dos
estudiosos.
-- Que boa informação, meu prezado professor! -- Exclamou
Demian, acrescentando: Vou, sem demora, entrar em contato com
essa instituição, para conhecer o trabalho de um homem tão
importante e dedicado à evolução espiritual da Humanidade! Afinal,
não é todo dia que se acha, nesta caminhada às vezes tão penosa e
árida, um raro e precioso tesouro, de verdadeiros ensinamentos,
capazes de nos ajudar a atingir a distante meta da transcendência!

*A Santíssima Trinosofia – Conde de Saint Germain – Editora Mercuryo, São Paulo, 2003

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A Luz do Merecimento

Em tempos longínquos, um casal de discípulos do Mestre foi enviado


a uma cidade, famosa por haver atraído, no decorrer dos anos, um
grande número de religiosos e esotéricos, devido à qualidade
excepcional do seu território.
Situada em terreno alto, um planalto de formação geológica singular,
com montanhas, rios, cachoeiras, abrigando uma flora exuberante e
uma diversificada fauna, a cidade de Utopia parecia ser o terreno fértil
para o desabrochar de uma espiritualidade superior, que, ali
desenvolvida, se irradiaria por todo o planeta!
O casal de discípulos tinha esse ideal nas mentes e nos corações, e
estava disposto a trabalhar, com perseverança e amor fraterno, pelo
sucesso de sua missão.
Estabelecendo-se na cidade, foi contatando as pessoas e instituições,
procurando inserir-se na vida comunitária e observando o
comportamento de cada um, a fim de discernir como poderia atuar,
tendo em vista seus nobres objetivos.
Começaram aí as dificuldades!
Pessoas dedicadas a atividades esotéricas, diante das dificuldades
financeiras de uma localidade pobre em oportunidades de trabalho,
tinham se fechado em si mesmas, preocupadas mais em ganhar a
subsistência e progredir, do que cuidar de seu aperfeiçoamento
espiritual. Indivíduos intelectualmente versados em matérias
esotéricas e mágicas, organizaram-se, progrediram materialmente,
mas tornaram-se egoístas, interesseiros, arrogantes, portando-se
como se fossem “donos da verdade”.
E assim foi Utopia transformando-se numa cidade negativa, presa de
aproveitadores e ladrões!...
O casal de discípulos sentiu, observou e se entristeceu. Mas sua
ligação com o Mestre logo deu a solução: Foram dispensados do
trabalho naquele local e enviados para outro, bem distante...
Recebidos fraternalmente numa modesta comunidade rural, onde
camponeses humildes e trabalhadores cultivavam os campos e
apascentavam seus rebanhos, os discípulos iniciaram o trabalho
superior, tendo em vista o plantio da semente que deveria frutificar,
possibilitando o estabelecimento de uma Nova Era!

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Sim, o estabelecimento de uma Nova Era, que deveria suceder à


finalização de um longo ciclo evolutivo da Humanidade neste planeta
Terra.
No início, aquelas pessoas simples não entenderam o significado e a
razão das atividades dos novos habitantes. Mas, dotados de corações
puros e sentimentos nobres, eles acolheram e aceitaram aquele casal,
que se mostrava amigável e solicito em ajudá-los em tarefas e
assuntos que para eles eram difíceis.
Logo se estabeleceu um simples e natural sistema de trocas, em que
todos se beneficiavam.
Assim foram passando os anos...
A comunidade se desenvolveu de maneira harmoniosa. Seus
habitantes foram muito ajudados pelos discípulos. Estes, além de lhes
transmitir muita informação sobre desenvolvimento auto-sustentável,
ainda e principalmente ministraram subsídios preciosos do que
denominavam Nova Doutrina, uma síntese de ensinamentos de alto
nível espiritual, baseados nas doutrinas budista, hinduísta e cristã.
Agora, quando se prenunciam grandes e graves mudanças globais no
planeta, aquela simples comunidade aparece como um exemplo de
superação das mazelas acumuladas em séculos de insensatez,
exploração desenfreada e materialismo egoísta.
Ela é um exemplo para os construtores da Nova Civilização!

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