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I E S U S

Identificando Fontes de Dados nos Sistemas de


Informações do SUS para a Vigilância
Epidemiológica das Infecções Hospitalares
Identifying Sources of Data in the Information Systems of
the Brazilian Unified Health System for the Epidemiological
Surveillance of Hospital Intections
Sandra Suzana Prade
Escola Nacional de Saúde Pública / Departamento de Administração e Planejamento em Saúde / FIOCRUZ

Miguel de Murat Vasconcellos


Escola Nacional de Saúde Pública / Departamento de Administração e Planejamento em Saúde / FIOCRUZ

Resumo
O trabalho analisa os Sistemas de Informações ativos do Sistema Único de Saúde (SUS) e suas
regulamentações, buscando fontes de dados secundários para o preenchimento de um Formulário
Mínimo de Vigilância Epidemiológica das Infecções Hospitalares (FMVEIH). Ele é composto a partir de
instrumento já utilizado em estudo brasileiro desta área, e atualizado de acordo com a legislação que
atualiza as diretrizes do Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH) no Brasil. O FMVEIH
é composto dos campos de identificação do paciente e de seus dados clínicos como: diagnósticos; datas
de internação, saída ou óbito; procedimentos invasivos de risco para infecções hospitalares (IH); tipos
de IH por topografia e microrganismos causadores; antibióticos usados, febre, infecção comunitária e
informações complementares que são úteis na análise e classificação das infecções e sua origem. Entre
os sistemas analisados, os melhores subsídios foram encontrados no Sistema de Gerenciamento Hospitalar
(HosPUB); no Sistema de Informações Hospitalares (SIH-SUS) e nas Portarias do Ministro da Saúde
que modificam ou complementam este último. Conclui-se que estes Sistemas são inaptos em fornecer os
dados necessários ao preeenchimento completo do Formulário Mínimo proposto, mas fornecem campos
que, incorporados a este Formulário, podem gerar compatibilizações e interfaces entre si. Isto se forem
adotados os padrões definidos pela Rede Interagencial de Informações para Saúde (RIPSA), Systematized
Nomenclatures of Medicine (SNOMED) ou outros. A constatação justifica a necessidade da criação de
um sistema de informações exclusivo para o PCIH, com característica modular, compatível com o futuro
prontuário eletrônico do paciente e os Sistemas SIH-SUS e HosPUB, respectivamente. A validação dos
indicadores e do sistema devem preceder sua concepção na forma eletrônica.
Palavras-Chave
Sistemas de Informação; Vigilância Epidemiológica; Infecção Hospitalar.
Summary
This study analyses the health information systems in use by the Brazilian Unified Health System (SUS)
and their regulations, searching for sources of secondary data tocomplete a Minimum Form for the
Epidemiological Surveillance of Hospital Infections (MFESHI). This form is composed of an instrument
already used in a Brazilian study, and updated according to the legislation responsible for the norms of
the Control Program of Hospital Infections (CPHI) in Brazil. The MFESHI is composed of fields designed
for the patient’s identification and clinical data, such as: diagnosis; hospitalization period; invasive
procedures at risk for hospital infection; types of hospital infections by location and microorganisms
involved; antibiotics prescribed; fever; community infection and complementary information useful for
the analysis and classification of infections and their origin. Among the analyzed information systems, the
best inputs were found in the Hospital Management System (HosPUB); the Hospitalization Information
System (SIH-SUS) and in the Regulations of the Ministry of Health which modify or complement the SIH-
SUS. It was concluded that these systems are not capable of providing the necessary data to complete the
information required for the proposed Minimum Form. Nevertheless they provide fields, which if
incorporated into this Form will be able to generate compatibility and interfaces among themselves -
provided that the patterns defined by the Inter Agency Network of Information for Health Care (RIPSA),
Systematized Nomenclatures of Medicine (SNOMED) or others standards are followed and adopted.
Such evidence justifies the need for the development of a specific information system for the CPHI, with
modular characteristics compatible with not only the patient’s future electronic register, but also the SIH-
SUS and HosPUB respectively. Validation of the indicators and the system should precede its development
in electronic form.
Key Words
Information Systems; Epidemiologic Surveillance; Hospital Infection.
Endereço para correspondência: Departamento de Administração e Planejamento em Saúde - Escola Nacio-
nal de Saúde Pública - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Rua Leopoldo Bulhões, 1480 - 7 o andar. Manguinhos/
RJ. CEP: 21.041-210. Tel: (21) 2643-5278.
e-mail: sandrasu@ensp.fiocruz.br
Informe Epidemiológico do SUS 2001; 10(3) : 121-128.
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Introdução Sistemas de Informações do Sistema


O Programa de Controle de Infecção Único de Saúde (SUS), que possam
Hospitalar (PCIH) é obrigatório no Brasil, satisfazer a coleta de dados para a
desde 1983. Sua existência em todos os vigilância epidemiológica das infecções
hospitais brasileiros visa manter sob hospitalares nos moldes propostos na
controle a iatrogenia conhecida como Portaria GM-MS 2.616/98.4 Justifica-se
infecção hospitalar, 1-4 atuando como tal investigação porque tanto esta Portaria
“assessor do dirigente hospitalar”. Tem como as que a precedem indicam a
a função de diagnosticar e vigiar a necessidade de “informações sistemáticas
freqüência e distribuição do fenômeno serem fornecidas aos órgãos de saúde”,
entre os hospitalizados e egressos; inter- pelos hospitais. Mas inexiste tal sistema
de informações ou vigilância para esta
vir, por diversos meios, na padronização
iatrogenia, em âmbito nacional.
da qualidade de condutas profissionais
invasivas nos pacientes e na orientação Os dados secundários são indica-
da escolha terapêutica; e, de maneira tivos ou “pistas” para localizar e definir
sistêmica, prevenir e controlar fontes e as infecções hospitalares. As fontes5 são:
formas de transmissão de microor- a) o prontuário do paciente, composto
ganismos entre clientes, trabalhadores e dos dados pessoais, história pre-
ambiente, de modo a manter em alto nível gressa, exame de internação e
a qualidade assistencial prestada.5 hipótese diagnóstica, prescrições,
Inexiste um No PCIH, dois blocos de dados evoluções, resultados de exames e
sistema de básicos de informações são necessários sumário de alta com diagnóstico;
informações para para obter a análise da qualidade b) os registros de intercorrências
a vigilância assistencial: aqueles que se referem aos cirúrgicas e anestésicas;
epidemiológica resultados assistenciais, detectados a c) a liberação de antimicrobianos e
das infecções partir da vigilância epidemiológica dos materiais para procedimentos inva-
hospitalares nos pacientes hospitalizados e egressos, e sivos na farmácia e almoxarifado;
moldes outro, que se refere às condições es-
d) os sinais vitais do paciente internado;
propostos na truturais e dos processos, disponibilidade
Portaria GM-MS dos recursos, do conhecimento e da e) a reinternação de egresso ou consulta
2.616/98. 44 habilidade técnica para uma assistência de follow up pós-hospitalar; e
proficiente e eficaz, pois, de acordo com f) as solicitações de exames labora-
Donabedian,6,7 a avaliação não pode se toriais e de imagens com hipótese e
restringir só a resultados. resultado de infecção entre outros.
As informações geradas pelo PCIH A qualidade dos dados coletados
devem localizar quais procedimentos e depende da habilitação e treinamento dos
processos assistenciais são de maior risco profissionais técnicos, cujo conhecimento
e quais os pacientes mais suscetíveis de e adesão aos critérios e conceitos devem
adquirir infecção hospitalar e revelar o ser validados, para garantir informações
grau de conhecimentos e habilidades dos confiáveis. Com a geração de infor-
operacionalizadores da assistência em mações sistemáticas, é possível compor
prevenir tal iatrogenia. Presta-se também, relatórios analíticos que revelam os
para apoiar decisões orientadas por séries problemas prevalentes e relevantes, assim
históricas de cada hospital, embasando como demonstram, historicamente, os
por um lado, o planejamento e a cons- efeitos das intervenções em minimizá-los
trução do projeto institucional ou, por ou não.
outro, apontando a necessidade de inter- A partir da constatação da inexis-
venções imediatas para debelar surtos ou tência de um sistema nacional de in-
epidemias. formações das infecções hospitalares ou
No presente trabalho, busca-se seu controle, e a partir da Portaria GM-
identificar fontes de dados clínicos de MS 2.616/984, que considera a neces-
pacientes hospitalizados nos diversos sidade de sistematização dessas infor-

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mações, além de determinar a constituição Material e métodos


de Comissões de Controle de Infecção Para chegar aos dados secundários
Hospitalar para assessorar o dirigente do desejados, realizou-se um screening
hospital, foi realizado inicialmente um (separação) e um estudo avaliativo, em
estudo,8 na tentativa de encontrar soluções duas etapas distintas.
alternativas.
A primeira etapa consistiu em
Neste estudo 8 preliminar, foram selecionar, dentre os sistemas de infor-
então analisados os sistemas de avaliação mação ativos, quais os que se referiam
hospitalares, já instituídos no SUS ao paciente hospitalizado ou contendo
(Auditoria, Acreditação, Inspeções dados da hospitalização pregressa, sendo
Sanitárias, etc). O objetivo era localizar esse o nosso critério inicial de inclusão
indicadores ou itens de verificação que dos sistemas no estudo. Desta maneira,
pudessem suprir uma avaliação da participaram do screening o Sistema de
magnitude ou gravidade das infecções Informações sobre Mortalidade (SIM),10
hospitalares ou de seu controle, dentro
o Sistema Nacional de Nascidos Vivos
dos moldes propostos pela Portaria
(SINASC),10 o Sistema de Informações
anteriormente referida. Concluiu-se haver
Hospitalares (SIH-SUS ), 1 0 o Sistema
insuficiência e repetitividade dos indi-
Ambulatorial (SIA), 10 o Sistema de
cadores na maioria dos sistemas e, para
Atenção Básica (SIAB) 10 e o Sistema de
no máximo, avaliarem a regularidade de
Gerenciamento Hospitalar (HosPUB). 11
obtenção de um ou dois indicadores, sem
importar os valores relativos e o sig- Os sistemas que se enquadraram
nificado destes. nos critérios pré-definidos (referentes à
Em nenhum desses sistemas foi hospitalização) foram o SIH-SUS e o
encontrado o dado sobre óbito associado HosPUB, porque eram os únicos que
com infecção hospitalar. continham dados referentes ao paciente
hospitalizado, alvo de nosso interesse. Os
Mediante a insuficiência de dados demais não participaram da avaliação.
que pudessem compor uma fonte única
ou mesmo integrada de coleta de dados Depois que os sistemas de infor-
ou informações do controle de infecção, mação foram selecionados por serem
que satisfizesse as necessidades indicadas considerados aptos, a segunda etapa,
na legislação brasileira, 3,4,9 b u s c a - s e referente à avaliação, busca identificar
analisar neste trabalho os sistemas de nestes sistemas os dados que possam
informação do SUS . A tentativa é de preencher o FMVEIH (Figura 1).
integrar um sistema secundário de Dessa maneira, foram analisados o
informações, compatível com a “vigilân- SIH-SUS e o HosPUB. O propósito deste
cia epidemiológica sistemática das estudo foi identificar os campos nos
infecções hospitalares”. 4 Nesta perspec- formulários desses sistemas que possam
tiva propõe-se a valorizar todas as fornecer dados para o preenchimento de
possibilidades de dados já coletados ou uma versão modificada da ficha de
informações geradas com outras finali- vigilância epidemiológica das infecções
dades, para compor tal sistema. hospitalares do Estudo Brasileiro da
Assim, objetiva-se identificar Magnitude das Infecções Hospitalares em
fonte(s) para a coleta de dados secun- Hospitais Terciários 12 (Figura 1), que
dários nos Sistemas de Informações do adotamos.
SUS, capaz(es) de preencher um for-
mulário mínimo de vigilância epide- Esta técnica de seleção de campos
miológica das infecções hospitalares para preenchimento do Formulário
(FMVEIH), composto com a finalidade Mínimo foi inspirada na meta-análise.13
de vigiar o fenômeno e avaliar os Julgamos importante esclarecer
resultados qualitativos da assistência algumas características dos sistemas
hospitalar prestada. escolhidos, a seguir.

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Formulário Mínimo de Vigilância Epidemiológica das Infecções Hospitalares

1) Paciente no 2) No AIH 3) (Privado) (convênio) 4) Código Avaliador/Gerente (sigla hosp)-uf-dd/mm/aaaa


5) HOSPITAL
5.1) Nome do Hospital: ................................................................... 5.2) CGC: ......................................................

5.3) Endereço: ........................................................... ..................... 5.4) Telefone: .................................................


5.5) Município: ............................................... 5.6) UF: ............. 5.7) Natureza ( )
6) PACIENTE
6.1) Unidade de Serviço: ( ) Clínica ( ) Cirurgia ( ) Obstetrícia ( ) UTI1-Adulto
( ) UTI2-Pediátrica ( ) UTI3-Neonatal ( ) Emergência ( ) Queimados ( ) Pediatria
6.2) Transferências: ( )dd/mm/aaaa>>>( )dd/mm/aaaa>>>( )dd/mm/aaaa >>>( )dd/mm/aaaa

6.3) Dias de Internação: _____ dias 6.4) Saída: dd/mm/aaaa 6.5) ( ) Óbito

6.6) Idade: ____ (Dia/Mês/Ano) 6.7) Sexo: Masculino ( ) Feminino ( )

6.8) Diagnósticos: 1 o 2o 3o 4o 5o

7) TOPOGRAFIAS DE INFECÇÃO HOSPITALAR/GERMES


7.1) Respiratória: (1) (2) 7.2) Sangue: (1) (2) 7.3) Cirúrgica: (1) (2) (3)

7.4) Urinária: (1) (2) 7.5) Outras: (1) (2) (3) (4) (5) (6)
7.6.) Germes: ( ) código ( ) código ( ) código ( ) código ( ) código ( ) código

8) PROCEDIMENTOS DE RISCO PARA INFECÇÃO HOSPITALAR

8.1) Antibióticos (códigos) 8.2) (Função-Profilática/Terapêutica/Inadequada) 8.3) Sonda vesical demora ( )

8.4) Drenagem fechada ( ) 8.5) Tubo endotraqueal ( ) 8.6) Respirador ( ) 8.7) Traqueostomia ( )

8.8) Cateter vascular central ( ) 8.9) Cateter vascular periférico ( ) 8.10) Drenagem toráxica ( )

8.11) Cirurgia ......................................... 8.12) dd/mm/aaaa 8.13) Tipo ( ) L* ( ) PC* ( ) C* ( ) I*


8.14) Anestesia ( ) 8.15) Endovenosa ( ) 8.16) Inalatória ( ) 8.17) Outros ( )
9) OUTRAS INFORMAÇÕES
9.1) Peso nascimento: ........................ gramas 9.2) Idade gestacional: ........................ semanas
o o
9.3) Temperatura (a) > 37,8 C ou (b) < de 36 C/data ............................................
9.4) Infecção comunitária ( )
9.5) Resultados de exames (tipo/data/resultado)
9.6) Outros sinais e sintomas:
9.7) Outros procedimentos:

Fonte: Ministério da Saúde.14 Modificado.


* Siglas: L=limpa; PC=potencialmente contaminada; C=contaminada; I=infectada.
Legenda: Campo em negrito: pode ser preenchido a partir da AIH e do HosPUB;
Campo em itálico: foi incorporado ao formulário a partir da AIH e do HosPUB. Esse campo pode ser preenchido a partir da AIH e do HosPUB.

Figura 1 - Formulário Mínimo de Vigilância Epidemiológica das Infecções Hospitalares absorvendo as


propostas finais de compatibilização com o Sistema de Gerenciamento Hospitalar (HospPUB) e a Autorização
de Internação Hospitalar (AIH)

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O SIH-SUS 10 incorpora todas as HosPUB, por se adequarem aos critérios


internações financiadas pelo SUS, com definidos.
escassas exceções para hospitais Na avaliação do Manual da AIH
públicos. A Autorização de Internação o
conjuntamente com a Portaria n 212/9916
Hospitalar (AIH) é o formulário preen- (que atualiza a AIH), encontrou-se a
chido para cada paciente internado sob o possibilidade de utilizar os dados daquelas
SIH-SUS.
fontes, e que basicamente consiste na:
No SIH-SUS foram analisados
a) identificação do hospital;
todos os campos dos formulários que são
preenchidos para cada paciente internado. b) identificação do paciente;
Para tal, estudou-se o Manual e os c) identificação da clínica de internação
campos da AIH, contidos no CD-Rom e diagnóstico principal; e
Movimento Hospitalar15 e na legislação d) alguns procedimentos.
que a atualiza: a Portaria GM-MS 212/
Vale ressaltar que procedimentos
99,16 que altera seu preenchimento e,
específicos de risco para infecção hos-
também, na portaria que instala a coleta
pitalar, além de cirurgia e anestesia,
de dados dos hospitais não pertencentes
ao SUS (Portaria GM-MS 213/99).17 requerem aprofundamento da busca de
dados e informações, pois sondagens
O HosPUB11 é um sistema auxiliar vesicais, uso de tubo endotraqueal, cateter
da gerência de unidades, departamentos vascular central e outros, são compo-
e serviços hospitalares. É um sistema nentes de procedimentos diagnósticos e
“online”, multiusuário, modular e de do- terapêuticos, que também compõem
mínio público. “atos médicos”. Não fica claro através
No HosPUB, foram analisadas as desta fonte de dados (o Manual da AIH),
informações geradas pelos módulos do a quantidade destes procedimentos e
sistema de gerenciamento hospitalar, tempo de uso, informação essa necessária
através do Manual de Apresentação deste para analisar a associação de risco com
Sistema. infecção hospitalar.
A intenção era valorizar as fontes Encontrou-se importante fonte de
de dados para satisfazer o preenchimento dados no Laudo Médico que está no
máximo possível do Formulário Mínimo prontuário do paciente. Este traz muitas
de Vigilância Epidemiológica das Infec- informações para o preenchimento do
ções Hospitalares adotado como instru- Formulário Mínimo de Vigilância Epide-
mento de vigilância epidemiológica, miológica das Infecções Hospitalares,
que contém os campos que satisfazem porque identifica hipóteses diagnósticas,
as exigências da Portaria GM-MS 2.616/ resultados de exames preliminares e
98.4
história pregressa. Tais informações são
Todas as consultas foram feitas a necessárias para diferenciar a classifi-
partir da Internet e do CD-Rom Movi- cação das infecções comunitárias e as
mento de Autorização de Internação hospitalares, em função das condições de
Hospitalar do SUS.15 internação do paciente (Portaria GM-MS
2.616/98).4
Resultados o
Na Portaria n 212/9916 encontra-se
O estudo foi realizado em maio de
a mesma indicação de preenchimento dos
2000 e, na primeira rodada de avaliações,
mostrou que o SIAB, SIA, SIM e dados da AIH, mas adiciona-se um campo
SINASC eram inaptos aos objetivos com a informação de que o paciente tem
propostos, porque não se referiam às ou não infecção hospitalar.
informações hospitalares desejadas ou A partir do HosPUB 18 é possível
não continham campos que pudessem ser preencher, além da identificação do
aproveitados. Na segunda rodada de paciente e diagnóstico principal, os dados
avaliações, estudou-se o SIH-SUS e o sobre procedimentos de risco para

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infecção hospitalar e também para os tipos d) grande parte dos dados contidos nos
de exames colhidos e seus respectivos sistemas de informação estudados
resultados, desde que o hospital acione o visam ao controle de custos e gastos
módulo exames e programe-o dentro de com procedimentos, tempo de in-
suas necessidades. ternação e serviços profissionais; e
O HosPUB dispõe também de taxa e) alguns dados se repetem nos sistemas
de pacientes-dia e a média de permanência de informação estudados e, no entanto,
no boletim de movimento hospitalar, além se referem predominantemente à fatura
dos dados individuais de cada paciente da conta hospitalar, e não ao registro
referentes ao tempo de internação, idade de dados e informações clínicas
e código diagnóstico. relativas a cada paciente, asseme -
lhando-se a um prontuário.
Para registrar os procedimentos
realizados a partir dos registros da AIH e Chamou a atenção a falta de infor-
do HosPUB, é necessário conduzir a mações e dados clínicos e epidemio-
outras pesquisas que detalham a com- lógicos nos Sistemas de Informação do
posição de cada procedimento autorizado SUS que foram estudados.
para a internação hospitalar no SUS. Achados curiosos foram encon-
Assim, poderá ou não ser usado res- trados a partir da análise da Portaria SAS-
pirador num procedimento de clínica MS 213/9917 que regulamenta o forne-
médica, em diagnóstico de pneumonia. cimento de informações hospitalares de
pacientes não atendidos pelo SUS, e não
Discussão contempla a necessidade de informar
Analisando o grau de preenchimento quem teve ou não infecção hospitalar (se
do Formulário Mínimo de Vigilância é nacional a necessidade de vigiar o
Epidemiológica das Infecções Hospita- fenômeno e seus acometidos!) e foi
lares a partir dessas duas fontes, como o promulgada no mesmo momento que a
g r i f a d o e m n e g r i t o na Figura 1, Portaria SAS-MS 212/9916, que implanta
observou-se que: o campo Infecção Hospitalar na AIH.
a) os dados oriundos dessas fontes não Observa-se também, nos resultados
completam o Formulário; no entanto, dos exames do HosPUB, que “só podem
o HosPUB é uma fonte de dados mais ser acessados por médicos”, enquanto
ampla do que a AIH; que outros profissionais e principalmente
b) os dados oriundos da nova AIH o controlador de infecções hospitalares
introduzem o campo que somente in- necessitam analisar tais exames e seus
forma se o paciente teve ou não resultados (campos 7 e 9.5 da Figura 1),
infecção hospitalar, sem, no entanto, para desencadear investigações, instalar
classificá-la e quantificá-la. Mas isolamentos ou outros procedimentos
também, não estão disponíveis nos de controle da disseminação de mi-
sistemas de informação na Internet; croorganismos no hospital, e também, de
prevenção.
c) quantitativamente, a antiga AIH
preenche mais campos do Formu- Com tal análise por um lado, e, por
lário; no entanto, com os dados outro mantendo a necessidade (ou
gerados pelo HosPUB, é possível obrigatoriedade ainda não cumprida), de
encontrar dados referentes ao acom- âmbito nacional, de levantar dados para
panhamento da internação do gerar informações de infecção hospitalar,
paciente e possível follow up ambu- é possível pensar em duas soluções:
latorial. Tais dados compõem a vigi- a) a primeira é a incrementação do SIH-
lância de pacientes egressos do SUS e do HosPUB no sentido de
hospital para infecções que se ampliar o detalhamento clínico dos
manifestem após esta, como previsto pacientes assistidos, assim como
na Portaria GM-MS 2.616/98;4 compatibilizá-los entre si e implantá-

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los em todos os hospitais próprios e apto para coletar dados é o gerente do


conveniados do SUS. E também, de controle de infecções hospitalares com
capacitá-los em novas versões, para presença indispensável em todos os
abrigar dados clínicos, terapêuticos e hospitais brasileiros, conforme prevê a
diagnósticos que sustentem esta ne- legislação fiscal. 9 O processamento de tais
cessidade de dados e informações; e dados deve necessariamente ser eletrô-
b) a segunda alternativa, e possivelmente nico, porque o volume de análises e a
a de menor custo e esforço, é a quantidade de dados impede qualquer
criação de um módulo informacional contribuição em tempo real, se for
especialista ou exclusivo de infecção processado manualmente.
hospitalar que comporte os dados Para uma produção sistemática e
epidemiológicos e de qualidade as- fidedigna de informações que expressem
sistencial relacionada, cujos dados se o grau de magnitude e gravidade das
originem diretamente do prontuário do infecções hospitalares e seu controle,
paciente e do ambiente de cada tornando-os compreensíveis como pro-
hospital. blema, aos níveis decisórios da saúde, é
Pela insuficiência de dados e in- necessária uma plataforma exclusiva de
formações, os sistemas estudados são obtenção de dados. Isso porque, a tentativa
inaptos para fornecer dados que vigiem de aproveitamento de dados coletados de
as infecções hospitalares, de acordo com outros sistemas parece despender mais Alguns dados
dos sistemas
o o
a Portaria n 2.616/984 e a Lei n 9.431/ esforços para pouca efetividade dos
97. 3 No entanto, alguns dados dos resultados, do que construir um módulo estudados são
sistemas estudados são úteis para realizar especialista com conteúdo e critérios úteis para
interfaces e, possivelmente, checagens, próprios e exclusivos. Tal iniciativa deve realizar
cruzamentos e detalhamentos e, para tal aproveitar as possibilidades de interfaces interfaces e,
foram incorporados ao Formulário com os sistemas hospitalares estudados, possivelmente,
Mínimo (Figura 1: campos em itálico). baseando-se nos padrões definidos pela checagens,
Esta é uma intenção inicial de criar Rede Interagencial 10
de Informações em cruzamentos e
interfaces com os Sistemas mais compa- Saúde (RIPSA), pelo Systematized detalhamentos, e
19
tíveis, para o fornecimento de alguns Nomenclatures of Medicine (SNOMED), para tal foram
dados apropriados ao Controle de ou outro adequado. incorporados ao
Infecção Hospitalar. Os efeitos da construção de uma Formulário
ferramenta informacional para o Controle Mínimo de
Entretanto, para um completo
das Infecções Hospitalares deve reper- Vigilância
preenchimento do Formulário Mínimo de
cutir na melhor compreensão do fenô- Epidemiológica
Vigilância Epidemiológica das Infecções
meno como problema e, possivelmente vir das Infecções
Hospitalares é requerido que os dados
a integrar as agendas decisórias do setor; Hospitalares.
secundários tenham origem impreterível
novas providências decorrerão da
no prontuário do paciente, para que as magnitude e gravidade do fenômeno
decisões e a classificação de infecções relacionadas aos fatores de risco do
(hospitalares ou comunitárias), anti- processo assistencial, à proficiência dos
bióticos (profiláticos, terapêuticos, atores profissionais e aos custos e
inadequados) e procedimentos de risco desperdícios.
decorrentes sejam válidas e o sistema
de vigilância sistemátic o, f a c t í v e l e Referências bibliográficas
confiável. 1. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria
Mas, enquanto se discute um n. 196, de 24 de junho de 1983.
prontuário eletrônico único nacional, a Expede instruções para o controle e
busca de dados deve ser focalizada no prevenção das infecções hospitalares.
prontuário atual dos hospitais, podendo Diário Oficial da União, Brasília, p.113-
ser complementado pelas informações e 119, 28 jun. 1983. Seção 1.
dados do SIH-SUS e HosPUB. O agente 2. BRASIL. Ministério da Saúde.

volume 10, nº 3
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Informe Epidemiológico
do SUS
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