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QUARTA-FEIRA
– Jesus Cristo trouxe-nos a salvação. Todos os demais bens devem ordenar-se para a vida
eterna.
I. ELE NOS TRANSFERIU para o reino do seu Filho muito amado, no qual
temos a redenção, a remissão dos pecados1.
II. HOJE A LITURGIA das Horas proclama: Vultum tuum, Domine, requiram:
Procurarei, Senhor, o teu rosto7. A contemplação de Deus saciará as nossas
ânsias de felicidade. E isso acontecerá quando acordarmos, porque a vida não
passa de um sono. Esta é a imagem que São Paulo emprega muitas vezes8.
O meu reino não é deste mundo, dissera o Senhor. Por isso, quando
declarou: Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância9, não se
referia a uma vida terrena cómoda e sem dificuldades, mas à vida eterna, que
começa já nesta. Ele veio libertar-nos principalmente do que nos impede de
alcançar a felicidade definitiva: do pecado, único mal absoluto, e da
condenação a que o pecado conduz. Se, portanto, o Filho vos libertar, sereis
verdadeiramente livres, diz-nos o Senhor no Evangelho de hoje10. E
poderemos também vencer as outras consequências do pecado: a opressão,
as injustiças, as diferenças económicas gritantes, a inveja, o ódio..., ou
saberemos sofrê-las por Deus, com alegria, quando não as pudermos evitar.
O preço que Cristo pagou pelo nosso resgate foi a sua própria vida. Mostrou-
nos assim a gravidade do pecado e o valor da salvação eterna, bem como os
meios para alcançá-la. São Paulo lembra-nos: Fostes comprados por um
grande preço; e a seguir acrescenta, como consequência: glorificai, pois, a
Deus e trazei-o no vosso corpo11.
Mas se o Senhor quis chegar tão longe, foi sobretudo para nos demonstrar o
seu amor, pois ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos
seus amigos12, e a vida é o que o homem tem de mais precioso. Cristo chegou
até esse ponto por nós. Não se contentou com tornar-se um de nós, mas quis
dar a sua vida em resgate por nós: amou-nos e entregou-se a si mesmo por
nós13. “Ele nos transferiu para o reino do seu Filho muito amado, no qual temos
a redenção, a remissão dos pecados”14. Qualquer homem pode dizer: O Filho
de Deus amou-me e entregou-se por mim15.
Que valor dou, pois, à vida da graça que Cristo nos conquistou no Calvário?
Esforço-me por aumentá-la por meio dos sacramentos, da oração e das boas
obras?
Recorremos à Virgem para que nos ensine a viver a nossa vocação de co-
redentores com Cristo no meio da nossa vida diária. “Que sentiste, Senhora, ao
veres assim o teu Filho?, perguntamos-lhe na intimidade da nossa oração.
Olho para ti, e não encontro palavras para falar da tua dor. Mas entendo que,
ao veres o teu Filho que necessita dessa tua dor, ao compreenderes que os
teus filhos necessitamos dela, aceitas tudo sem vacilar. É um novo «faça-se»
na tua vida, um novo modo de aceitares a co-redenção. Obrigado, minha Mãe!
Dá-me essa atitude decidida de entrega, de esquecimento próprio absoluto.
Que diante das almas, ao aprender de ti até onde chegam as exigências da co-
redenção, tudo me pareça pouco. Mas lembra-te de vir ao meu encontro, no
caminho, porque sozinho não saberei seguir adiante”19.