Biofísica para Biologia

Aula 15 – A hipótese Gaia

Prof. Mauro Rebelo
Como encontrar evidências de vida
em Marte?
 Vernadsky, 1929
“A vida é um grande, permanente e contínuo infringir da
inoperante dureza química da superfície do nosso planeta… A
vida, portanto, não é um acontecimento externo e acidental na
superfície terrestre. Ao contrário, ela se relaciona
intimamente a constituição da crosta terrestre, participa do
seu mecanismo, e executa nele funções de extrema
importância, sem a qual ele não existiria.”
 No início dos anos 1960…
•  O biólogo James Lovelock foi convidado pela NASA para
participar na pesquisa científica para encontrar evidência de
vida em Marte.
•  Seu trabalho era projetar os instrumentos que pudessem ser
enviados em uma nave espacial a Marte, capazes de
detectar a presença da vida.
•  Mas “testar o que?” As formas de vida em Marte poderiam
ser radicalmente diferentes daquelas na Terra.
 O que constitue a vida e como ela
pode ser detectada?
•  A principal característica da vida era que ela consumia
energia e matéria, descartando rejeitos.
•  Organismos usariam a atmosfera como um meio para esta
troca cíclica, da mesma forma como nós respiramos O2 e
expiramos CO2.
•  Assim a vida deixaria uma ‘assinatura’ química detectável na
atmosfera de Marte que talvez pudesse ser detectado da
Terra.
•  Não seria necessário nem mesmo enviar uma nave espacial.
A atmosfera de Marte
•  Lovelock e Dian Hitchcock começaram
então as analises e encontraram grandes
contrastes:
–  A atmosfera de Marte, como a de Venus,
era ≈ 95% CO2, algum O2 e nenhum metano.
–  A Terra era 77% N2, 21% O2, e bastante
metano.

•  Marte estava quimicamente morto:

–  todas as reações poderiam ocorrer já
tinham ocorrido.

•  A terra, entretanto, era longe do equilíbrio

químico.
–  Metano e o oxigênio reagirão facilmente, e
no entanto ambos estão presentes na
atmosfera.
 Lovelock concluiu então que…
•  Na Terra os gases (metano e oxigênio) estavam em
circulação constante e que a bomba que movia esta
circulação era vida.
 Há muito, muito tempo atrás...
•  Há três bilhão anos, bactérias e algas fotossintéticas
começaram a remover o CO2 da atmosfera, produzindo O2
como rejeito.
•  Ao longo do tempo geológico, este processo mudou a
composição química da atmosfera.
–  ao ponto dos organismos começarem a sofrer envenenamento por
oxigênio!

•  A situação foi aliviada somente com o advento dos

organismos movidos pelo consumo aeróbico.
 Quem manda em quem?
•  Era a ‘Vida’, através das ações cumulativas de uma
infinidade de organismos, que estava controlando a
atmosfera.
 Lovelock e Margulis, 1974

•  Hipótese: A biosfera - a atmosfera, os

oceanos, o clima, a crosta da Terra e a biota
(os organismos vivos) - é regulada como um
sistema homeostatico, nas circunstâncias
confortáveis para os organismos vivos?
•  Mas se a Terra não é uma unidade de seleção, então
não poderia ‘evoluir’.
•  Como poderiam aparecer propriedades regulatórias?
 Controle ‘por e para a biota
•  Do grego ‘Telos’ = propósito
–  Enquanto os ‘vitalistas’ acreditam que exista uma força
vital não casual, os mecanicistas acreditam que a
natureza se comporta como uma maquina.
 Teleológico
Os críticos de Lovelock “Nem Margulis, nem eu, jamais
acreditavam que ele estava propusemos que a auto-
sugerindo que existia uma regulação do planeta é
força vital controlando ‘proposital’. Ainda assim,
ativamente o clima, etc temos sido persistentemente,
de maneira quase dogmatica,
criticados que nossa hipótese
é teleológica” (Lovelock,
1991)
 Uma nova visão geofísica da vida
•  Mas Lovelock (completamente inocente) fazia uma
abordagem ecologica, vendo a biosfera como um todo
apresentando propriedades específicas das criaturas vivas: a
habilidade homeostatica de se auto- regular.
 Mundo das Margaridas
•  Margaridas claras
–  refletem luz (albedo);
absorvem menos energia e
dissipam menos calor

•  Margaridas escuras
–  Absorvem mais luz e energia,
dissipam mais calor
 Mundo das Margaridas
•  O planeta órbita em torno de um
sol
•  Dinâmica populacional real de
margaridas
•  Dissipação de calor para o
espaço de acordo com Stefan-
Boltzmann
•  Cada espécie está preocupada
apenas com a sua sobrevivência
Mundo das Margaridas
•  Sem a hipótese de Gaia, um
observador poderia pensar que o
planeta possui uma temperatura
pré-estabelecida e que as
margaridas apenas evoluíram para
se adequarem àquela temperatura
•  Mas com Gaia, não há como
inverter causa e conseqüência
 Um mundo com Gaia
•  A principal idéia que aparece do
modelo do mundo das margaridas é
que as espécies em um
ecossistemas podem estar
preocupadas com nada além da sua
sobrevivência, e ainda assim, suas
ações, influenciarão todo o sistema.
Assim, a auto-regulação é uma
propriedade emergente do sistema.
•  Um claro exemplo da dicotomia
entre a abordagem reducionista
(quebrar um sistema em partes) e
holística (observar o sistema como
um todo).
Hipótese (previsões) da teoria de Gaia
Não há vida em Marte (evidência atmosférica –
1968)
Elementos são transferidos do oceano a terra pelos
gáses biogenic (1971).l
Regulação do clima através do aumento da erosão
biológica de rochas (1981).
Gaia é envelhecido (1982)
Regulação do clima pelo controle do albedo das
nuvens ligado às emissões de gases por algal (1987)
A química da atmosféra Arqueana foi dominada pelo
metano (1988)
O oxigênio não variou de 21 ± 5% nos últimos 200
milhões de anos (1989)
As florestas Boreais regulam seu clima regional em
uma maneira de Daisyworld (1988).
O Biodiversidade é parte necessária da auto-
regulação do planeta (1992)
A atual era interglacial é um exemplo de falha de
sistema em um sentido fisiologico (1996).
Teste e resultado
Forte confirmação pela missão Viking (1977)
Sulfeto de dimetila, selenito de dimetila e iodeto de
dimetila são encontrados em 1973 (e 2000)
Microorganismos podem aumentar em muito a
erosão de rochas
Amplamente aceita
ainda em teste
ainda em teste mas tender a ser aceitado
ainda em teste
Aceito como parte dos modelos climáticos globais
testado por modelos, mas ainda não em campo
Ainda controverso