Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
período, velar pelo total adimplemento da deliberação, sob pena de intervenção do Ministério
Público Estadual, na hipótese de omissão, tal como previsto no art. 71, § 4º, da Constituição
do Estado da Paraíba, e na Súmula n.º 40 do eg. Tribunal de Justiça do Estado da
Paraíba – TJ/PB.
5) Com fulcro no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, caput, da Constituição Federal, COMUNICAR
à Delegacia da Receita Federal do Brasil, em Campina Grande/PB, acerca da carência de
pagamento ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS da maior parte das contribuições
previdenciárias patronais devidas pela Casa Legislativa de São Vicente do Seridó/PB, relativas
à competência de 2008.
6) Também com base no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, cabeça, da Carta Magna,
REPRESENTAR ao Conselho Regional de Contabilidade na Paraíba – CRC/PB a respeito da
conduta profissional adotada pelo responsável técnico pela contabilidade do Poder
Legislativo da Urbe de São Vicente do Seridó/PB, Dr. Sérgio Marcos Torres da Silva (registro
no CRC/PB n.º 3.091), de maneira especial, em razão do registro indevido do valor de
R$ 11.328,59 (Gastos com Combustíveis) no ELEMENTO DE DESPESA 319013 (Obrigações
Patronais), conforme destacado pelos peritos da Corte.
7) Igualmente com apoio no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, caput, da Lex Legum, REMETER
cópia das peças técnicas, fls. 196/202, 218/220 e 296/298, do parecer do Ministério Público
de Contas, fls. 300/306, e desta decisão à augusta Procuradoria Geral de Justiça do Estado,
para as providências cabíveis.
Presente:
Representante do Ministério Público Especial
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
RELATÓRIO
Os peritos da Divisão de Auditoria da Gestão Municipal II – DIAGM II, com base nos
documentos insertos nos autos e em inspeção in loco realizada no período de 06 a 10 de
julho de 2009, emitiram relatório inicial, fls. 196/202, constatando, sumariamente, que: a) as
contas foram apresentadas ao TCE/PB no prazo legal; b) a Lei Orçamentária Anual – Lei
Municipal n.º 047/2007 – estimou as transferências e fixou as despesas em R$ 330.000,00;
c) a receita orçamentária efetivamente transferida, durante o exercício, foi também da
ordem de R$ 330.000,00, correspondendo a 100% da previsão originária; d) a despesa
orçamentária, realizada no período, atingiu igualmente o montante de R$ 330.000,00,
representando 100% dos gastos inicialmente fixados; e) o total da despesa do Poder
Legislativo alcançou o percentual de 7,24% do somatório da receita tributária e das
transferências efetivamente arrecadadas no exercício anterior pela Urbe – R$ 4.558.767,08;
f) os gastos com a folha de pagamento da Câmara Municipal abrangeram a importância de
R$ 176.631,48 ou 53,52% dos recursos transferidos (R$ 330.000,00); g) a receita
extraorçamentária, acumulada no exercício financeiro, atingiu a soma de R$ 57.811,54; e
h) a despesa extraorçamentária executada durante o ano compreendeu, da mesma forma,
um total de R$ 57.811,54.
É o relatório.
PROPOSTA DE DECISÃO
AUDITOR RENATO SÉRGIO SANTIAGO MELO (Relator): Após minuciosa análise do conjunto
probatório encartado aos autos, constata-se que as contas encaminhadas pelo Presidente da
Câmara Municipal de São Vicente do Seridó/PB, relativas ao exercício financeiro de 2008,
Sr. Célio Cordeiro Alves, revelam diversas e graves irregularidades remanescentes. Com
efeito, impende comentar, ab initio, que, segundo relato dos peritos deste Sinédrio de
Contas, fl. 200, o valor da Receita Corrente Líquida – RCL consignado no Relatório de Gestão
Fiscal – RGF do segundo semestre do período, devidamente apresentado juntamente com a
prestação de contas, atingiu a soma de R$ 9.605.417,95, enquanto que o dispêndio
calculado no exame técnico alcançou o montante de R$ 8.817.920,73.
Tal fato, além de demonstrar um certo desprezo da autoridade responsável aos preceitos
estabelecidos na lei instituidora de normas gerais de direto financeiro para elaboração e
controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito
Federal – Lei Nacional n.º 4.320/64 –, prejudica sobremaneira a transparência das contas
públicas pretendida com o advento da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar
Nacional n.º 101/2000), onde o RGF figura como instrumento dessa transparência, conforme
preceituam seus dispositivos, tendo em vista que o novo demonstrativo foi republicado
apenas no dia 27 de novembro de 2009, senão vejamos:
(...)
Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será
dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os
planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de
contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução
Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas
destes documentos. (destaques inexistentes no texto de origem)
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e
das seguintes contribuições sociais:
a) (omissis)
É importante frisar que a situação ora descrita, que diz respeito às contribuições
previdenciárias devidas pelo empregador e não recolhidas à Previdência Social, pode ser
enquadrada como ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública, conforme estabelece o art. 11, inciso I, da lei que trata das sanções
aplicáveis aos agentes públicos – Lei Nacional n.º 8.429, de 02 de junho de 1992 –,
verbatim:
Em seguida, fl. 219, os especialistas deste Pretório de Contas apontaram uma carência de
disponibilidade de recursos para liquidar os compromissos assumidos no curto prazo. Ou
seja, após a inclusão das obrigações patronais não recolhidas ao INSS no cálculo dos
encargos a pagar de limitado período, informou a existência de uma insuficiência financeira
ao final do exercício na soma de R$ 34.428,85, tendo em vista a inexistência de saldo
disponível em 31 de dezembro de 2008.
Considerando ser 2008 o último ano do primeiro mandato do Vereador Célio Cordeiro Alves
como Chefe do Poder Legislativo da Urbe de São Vicente do Seridó/PB, tem-se caracterizada
flagrante transgressão ao estabelecido no art. 42 da reverenciada Lei Complementar
Nacional n.º 101/2000, verbo ad verbum:
Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos
últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair obrigações de
despesas que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente
disponibilidade de caixa para este efeito.
Além disso, é necessário salientar que a mácula ora mencionada, de tão grave, constitui
crime contra as finanças públicas previsto no art. 359-C do Código Penal brasileiro
(Decreto-lei n.º 2.848, de 07 de dezembro de 1940), incluído pela Lei Nacional n.º 10.028,
de 19 de outubro de 2000, verbum pro verbo:
Em referência ao tema licitação, os técnicos desta Corte, fl. 196, entenderam inicialmente
como despesas não licitadas a importância de R$ 20.400,00, referente ao aluguel de um
automóvel ao SR. MÁRCIO MANOEL DE BRITO FILHO, e, em seguida, acolhendo a
documentação trazida aos autos pelo interessado, consideraram sanada a irregularidade.
Entrementes, em que pese o entendimento dos analistas do Tribunal, cabe destacar que o
Contrato n.º 02/2005, decorrente do procedimento de licitação na modalidade Convite
n.º 02/2005, não poderia ter seu prazo de vigência prorrogado, em 05 de dezembro de
2006, até 31 de dezembro de 2008, porquanto a locação de veículos não pode ser
enquadrada como despesa de natureza continuada da Câmara Municipal, ficando, portanto,
evidente o descumprimento ao disposto no art. 57, caput, da Lei Nacional n.º 8.666/93.
Logo, é importante assinalar que o gestor deveria ter realizado o devido certame licitatório,
pois a licitação é meio formalmente vinculado que proporciona à Administração Pública
melhores vantagens nos contratos e oferece aos administrados a oportunidade de participar
dos negócios públicos. Quando não realizada, representa séria ameaça aos princípios
constitucionais da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, bem
como da própria probidade administrativa.
I – (...)
Ademais, consoante previsto no art. 10, inciso VIII, da referida lei que dispõe sobre as
sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de
mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou
fundacional – Lei Nacional n.º 8.429, de 2 de junho de 1992 –, a dispensa indevida do
procedimento de licitação consiste em ato de improbidade administrativa que causa prejuízo
ao erário, in verbis:
I – (...)
Assim, diante das diversas transgressões a disposições normativas do direito objetivo pátrio,
decorrentes da conduta implementada pelo Chefe do Poder Legislativo da Comuna de São
Vicente do Seridó/PB, Sr. Célio Cordeiro Alves, durante o exercício financeiro de 2008, resta
configurada a necessidade imperiosa de imposição da multa de R$ 2.000,00, prevista no
art. 56, inciso II, da Lei Orgânica do TCE/PB (Lei Complementar Estadual n.º 18, de 13 de
julho de 1993) e devidamente regulamentada no Regimento Interno do TCE/PB – RITCE/PB,
pela Resolução Administrativa RA – TC – 13/2009, sendo o gestor enquadrado no seguinte
inciso do art. 168, do RITCE/PB, verbatim:
Art. 168. O Tribunal poderá aplicar multa de até R$ 4.150,00 (quatro mil,
cento e cinquenta reais) aos responsáveis pelas contas e pelos atos
indicados a seguir, observados os seguintes percentuais desse montante:
I – até 100% (cem por cento), por ato praticado com grave infração a
norma legal ou regulamentar de natureza contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial;
II – (...)
1) Com fundamento no art. 71, inciso II, da Constituição Estadual, e no art. 1º, inciso I, da
Lei Complementar Estadual n.º 18/93, JULGUE IRREGULARES as contas de gestão do
ordenador de despesas da Câmara Municipal de São Vicente do Seridó/PB, durante o
exercício financeiro de 2008, Vereador Célio Cordeiro Alves.
5) Com fulcro no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, caput, da Constituição Federal,
COMUNIQUE à Delegacia da Receita Federal do Brasil, em Campina Grande/PB, acerca da
carência de pagamento ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS da maior parte das
contribuições previdenciárias patronais devidas pela Casa Legislativa de São Vicente do
Seridó/PB, relativas à competência de 2008.
6) Também com base no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, cabeça, da Carta Magna,
REPRESENTE ao Conselho Regional de Contabilidade na Paraíba – CRC/PB a respeito da
conduta profissional adotada pelo responsável técnico pela contabilidade do Poder
Legislativo da Urbe de São Vicente do Seridó/PB, Dr. Sérgio Marcos Torres da Silva (registro
no CRC/PB n.º 3.091), de maneira especial, em razão do registro indevido do valor de
R$ 11.328,59 (Gastos com Combustíveis) no ELEMENTO DE DESPESA 319013 (Obrigações
Patronais), conforme destacado pelos peritos da Corte.
7) Igualmente com apoio no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, caput, da Lex Legum, REMETA
cópia das peças técnicas, fls. 196/202, 218/220 e 296/298, do parecer do Ministério Público
de Contas, fls. 300/306, e desta decisão à augusta Procuradoria Geral de Justiça do Estado,
para as providências cabíveis.
É a proposta.