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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSO TC N.º 03380/09

Objeto: Prestação de Contas Anuais


Relator: Auditor Renato Sérgio Santiago Melo
Responsável: Célio Cordeiro Alves
Advogado: Rodrigo dos Santos Lima
Interessado: Sérgio Marcos Torres da Silva

EMENTA: PODER LEGISLATIVO MUNICIPAL – PRESTAÇÃO DE


CONTAS ANUAIS – PRESIDENTE DE CÂMARA DE VEREADORES –
ORDENADOR DE DESPESAS – CONTAS DE GESTÃO – APRECIAÇÃO
DA MATÉRIA PARA FINS DE JULGAMENTO – ATRIBUIÇÃO DEFINIDA
NO ART. 71, INCISO II, DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA
PARAÍBA, E NO ART. 1º, INCISO I, DA LEI COMPLEMENTAR
ESTADUAL N.º 18/93 – Divergência entre o valor da receita corrente
líquida informado no Relatório de Gestão Fiscal do segundo semestre
do exercício e o calculado na análise da prestação de contas –
Carência de empenhamento, contabilização e pagamento de
obrigações patronais devidas ao instituto de previdência nacional –
Insuficiência de disponibilidade financeira para saldar os
compromissos de curto prazo – Ausência de realização de
procedimento de licitação para a locação de veículo – Transgressão a
dispositivos de natureza constitucional e infraconstitucional – Eivas
que comprometem o equilíbrio das contas – Necessidade imperiosa
de imposição de penalidade, ex vi do disposto no art. 56, inciso II,
da Lei Orgânica do TCE/PB. Irregularidade. Aplicação de multa.
Fixação de prazo para pagamento. Recomendações. Representações.

ACÓRDÃO APL – TC – 00238/10

Vistos, relatados e discutidos os autos da PRESTAÇÃO DE CONTAS DE GESTÃO DO


PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO VICENTE DO SERIDÓ/PB, relativas ao
exercício financeiro de 2008, SR. CÉLIO CORDEIRO ALVES, acordam, por unanimidade, os
Conselheiros integrantes do TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA PARAÍBA, em sessão
plenária realizada nesta data, na conformidade da proposta de decisão do relator a seguir,
em:

1) JULGAR IRREGULARES as referidas contas.

2) APLICAR MULTA ao gestor da Câmara de Vereadores de São Vicente do Seridó/PB,


Sr. Célio Cordeiro Alves, no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), com base no que dispõe o
art. 56, inciso II, da Lei Complementar Estadual n.º 18/93 – LOTCE/PB.

3) ASSINAR o lapso temporal de 30 (trinta) dias para pagamento voluntário da penalidade


ao Fundo de Fiscalização Orçamentária e Financeira Municipal, conforme previsto no art. 3º,
alínea “a”, da Lei Estadual n.º 7.201, de 20 de dezembro de 2002, cabendo à Procuradoria
Geral do Estado da Paraíba, no interstício máximo de 30 (trinta) dias após o término daquele
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período, velar pelo total adimplemento da deliberação, sob pena de intervenção do Ministério
Público Estadual, na hipótese de omissão, tal como previsto no art. 71, § 4º, da Constituição
do Estado da Paraíba, e na Súmula n.º 40 do eg. Tribunal de Justiça do Estado da
Paraíba – TJ/PB.

4) ENVIAR recomendações no sentido de que o Presidente da referida Edilidade não repita


as irregularidades apontadas no relatório dos peritos da unidade técnica deste Tribunal e
observe, sempre, os preceitos constitucionais, legais e regulamentares pertinentes.

5) Com fulcro no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, caput, da Constituição Federal, COMUNICAR
à Delegacia da Receita Federal do Brasil, em Campina Grande/PB, acerca da carência de
pagamento ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS da maior parte das contribuições
previdenciárias patronais devidas pela Casa Legislativa de São Vicente do Seridó/PB, relativas
à competência de 2008.

6) Também com base no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, cabeça, da Carta Magna,
REPRESENTAR ao Conselho Regional de Contabilidade na Paraíba – CRC/PB a respeito da
conduta profissional adotada pelo responsável técnico pela contabilidade do Poder
Legislativo da Urbe de São Vicente do Seridó/PB, Dr. Sérgio Marcos Torres da Silva (registro
no CRC/PB n.º 3.091), de maneira especial, em razão do registro indevido do valor de
R$ 11.328,59 (Gastos com Combustíveis) no ELEMENTO DE DESPESA 319013 (Obrigações
Patronais), conforme destacado pelos peritos da Corte.

7) Igualmente com apoio no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, caput, da Lex Legum, REMETER
cópia das peças técnicas, fls. 196/202, 218/220 e 296/298, do parecer do Ministério Público
de Contas, fls. 300/306, e desta decisão à augusta Procuradoria Geral de Justiça do Estado,
para as providências cabíveis.

Presente ao julgamento o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas


Publique-se, registre-se e intime-se.
TCE – Plenário Ministro João Agripino

João Pessoa, 24 de março de 2010

Conselheiro Antônio Nominando Diniz Filho


Presidente

Auditor Renato Sérgio Santiago Melo


Relator

Presente:
Representante do Ministério Público Especial
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RELATÓRIO

AUDITOR RENATO SÉRGIO SANTIAGO MELO (Relator): Tratam os presentes autos do


exame das contas de gestão do Presidente da Câmara Municipal de São Vicente do
Seridó/PB, relativas ao exercício financeiro de 2008, Sr. Célio Cordeiro Alves, encaminhadas
a este eg. Tribunal mediante o Ofício OF/GP/PCA n.º 001/08, datado de 31 de dezembro de
2008, fl. 02, e protocolizadas em 06 de abril de 2009, após a devida postagem no dia 31 de
março do referido ano.

Os peritos da Divisão de Auditoria da Gestão Municipal II – DIAGM II, com base nos
documentos insertos nos autos e em inspeção in loco realizada no período de 06 a 10 de
julho de 2009, emitiram relatório inicial, fls. 196/202, constatando, sumariamente, que: a) as
contas foram apresentadas ao TCE/PB no prazo legal; b) a Lei Orçamentária Anual – Lei
Municipal n.º 047/2007 – estimou as transferências e fixou as despesas em R$ 330.000,00;
c) a receita orçamentária efetivamente transferida, durante o exercício, foi também da
ordem de R$ 330.000,00, correspondendo a 100% da previsão originária; d) a despesa
orçamentária, realizada no período, atingiu igualmente o montante de R$ 330.000,00,
representando 100% dos gastos inicialmente fixados; e) o total da despesa do Poder
Legislativo alcançou o percentual de 7,24% do somatório da receita tributária e das
transferências efetivamente arrecadadas no exercício anterior pela Urbe – R$ 4.558.767,08;
f) os gastos com a folha de pagamento da Câmara Municipal abrangeram a importância de
R$ 176.631,48 ou 53,52% dos recursos transferidos (R$ 330.000,00); g) a receita
extraorçamentária, acumulada no exercício financeiro, atingiu a soma de R$ 57.811,54; e
h) a despesa extraorçamentária executada durante o ano compreendeu, da mesma forma,
um total de R$ 57.811,54.

No tocante à remuneração dos Vereadores, verificaram os técnicos da DIAGM II que: a) os


Membros do Poder Legislativo da Comuna receberam subsídios de acordo com o disciplinado
no art. 29, inciso VI, alínea “b”, da Lei Maior, ou seja, inferiores aos 30% dos estabelecidos
para os Deputados Estaduais; b) os estipêndios dos Edis estiveram dentro dos limites
instituídos na Lei Municipal n.º 005/2004, quais sejam, R$ 4.000,00 para o Chefe do
Legislativo e R$ 2.000,00 para os demais Vereadores; e c) os vencimentos totais recebidos
no exercício pelos referidos Agentes Políticos, inclusive os do Presidente da Câmara,
alcançaram o montante de R$ 144.000,00, correspondendo a 2,59% da receita orçamentária
efetivamente arrecadada no exercício pelo Município (R$ 5.560.165,88), abaixo, portanto, do
percentual de 5% fixado no art. 29, inciso VII, da Constituição Federal.

Especificamente, no tocante aos aspectos relacionados à Lei de Responsabilidade Fiscal


(Lei Complementar Nacional n.º 101, de 04 de maio de 2000), assinalaram os inspetores da
unidade técnica que: a) a despesa total com pessoal do Poder Legislativo alcançou a soma
de R$ 176.631,49 ou 2% da Receita Corrente Líquida – RCL da Comuna (R$ 8.817.920,73),
cumprindo, por conseguinte, os limites de 6% (máximo) e 5,7% (prudencial), estabelecidos,
respectivamente, nos arts. 20, inciso III, alínea “a”, e 22, parágrafo único, ambos da
supracitada lei; e b) os Relatórios de Gestão Fiscal – RGFs referentes aos dois semestres do
período analisado foram devidamente publicados e encaminhados ao Tribunal dentro do
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prazo estabelecido na Resolução Normativa RN – TC – 07/2004, contendo todos os


demonstrativos exigidos na legislação de regência (Portaria n.º 574/07 da Secretaria do
Tesouro Nacional – STN).

Ao final, os analistas da Corte apontaram as irregularidades constatadas, quais sejam:


a) insuficiência financeira para saldar os compromissos de curto prazo no valor de
R$ 23.100,26; b) incompatibilidade entre o montante da Receita Corrente Líquida – RCL
registrado no último RGF do período e o apurado com base nos dados da prestação de
contas; c) ausência de realização de procedimento de licitação para o aluguel de veículo na
soma de R$ 20.400,00; d) carência de empenhamento de parte das despesas com pessoal
na importância de R$ 23.100,26; e e) falta de recolhimento de contribuições previdenciárias
devidas ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS também no valor de R$ 23.100,26.

Em seguida, os técnicos do Tribunal complementaram a instrução do feito, fls. 218/220,


informando que as contribuições previdenciárias não recolhidas ao INSS atingiram, na
verdade, o montante de R$ 34.428,85, tendo em vista o registro indevido de gastos com
combustíveis, R$ 11.328,59, no ELEMENTO DE DESPESA 319013 – OBRIGAÇÕES
PATRONAIS. Além disso, aumentaram a insuficiência financeira para saldar os compromissos
assumidos de R$ 23.100,26 para R$ 34.428,85, haja vista o não recolhimento das referidas
contribuições securitárias ao INSS.

Processadas as devidas citações, fls. 222/227, o Contador da Câmara Municipal durante o


exercício financeiro de 2008, Dr. Sérgio Marcos Torres da Silva, deixou o prazo transcorrer
sem qualquer manifestação acerca das falhas contábeis apontadas. Já o Presidente do Poder
Legislativo, Sr. Célio Cordeiro Alves, apresentou contestação, fls. 230/293, alegando, em
síntese, que: a) o RGF do segundo semestre foi devidamente corrigido e republicado,
conforme cópia juntada aos autos; b) a suposta insuficiência financeira corresponde a
contribuições previdenciárias patronais devidas ao INSS; c) o Município de São Vicente do
Seridó/PB parcelou o débito com o INSS, englobando o total da dívida dos Poderes Executivo
e Legislativo, consoante documentação acostada ao álbum processual; e d) o procedimento
de licitação reclamado pelos peritos do Tribunal foi anexado ao feito.

Ato contínuo, os autos foram encaminhados à unidade de instrução, que, examinando a


referida peça processual de defesa, fls. 296/298, considerou elidida a eiva concernente à
carência de realização de licitação para o aluguel de veículo, diante do encarte do certame
licitatório na modalidade Convite n.º 02/2005 e do Termo Aditivo ao Contrato n.º 02/2005.
Por fim, manteve in totum o seu posicionamento exordial relativamente às demais máculas.

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, ao se pronunciar acerca da matéria, emitiu


o parecer de fls. 300/306, opinando pela: a) declaração de atendimento parcial dos
dispositivos da Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF; b) irregularidade das contas
sub examine; c) aplicação de penalidades ao Presidente da Câmara Municipal; d) remessa de
representação à Receita Federal do Brasil – RFB; e d) expedição de recomendações para
evitar as falhas apuradas no presente exercício.
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Solicitação de pauta, conforme fls. 307/308 dos autos.

É o relatório.

PROPOSTA DE DECISÃO

AUDITOR RENATO SÉRGIO SANTIAGO MELO (Relator): Após minuciosa análise do conjunto
probatório encartado aos autos, constata-se que as contas encaminhadas pelo Presidente da
Câmara Municipal de São Vicente do Seridó/PB, relativas ao exercício financeiro de 2008,
Sr. Célio Cordeiro Alves, revelam diversas e graves irregularidades remanescentes. Com
efeito, impende comentar, ab initio, que, segundo relato dos peritos deste Sinédrio de
Contas, fl. 200, o valor da Receita Corrente Líquida – RCL consignado no Relatório de Gestão
Fiscal – RGF do segundo semestre do período, devidamente apresentado juntamente com a
prestação de contas, atingiu a soma de R$ 9.605.417,95, enquanto que o dispêndio
calculado no exame técnico alcançou o montante de R$ 8.817.920,73.

Tal fato, além de demonstrar um certo desprezo da autoridade responsável aos preceitos
estabelecidos na lei instituidora de normas gerais de direto financeiro para elaboração e
controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito
Federal – Lei Nacional n.º 4.320/64 –, prejudica sobremaneira a transparência das contas
públicas pretendida com o advento da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar
Nacional n.º 101/2000), onde o RGF figura como instrumento dessa transparência, conforme
preceituam seus dispositivos, tendo em vista que o novo demonstrativo foi republicado
apenas no dia 27 de novembro de 2009, senão vejamos:

Art. 1º. (omissis)

§ 1º A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e


transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de
afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas
de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições
no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da
seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de
crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e
inscrição em Restos a Pagar.

(...)

Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será
dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os
planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de
contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução
Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas
destes documentos. (destaques inexistentes no texto de origem)
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Quanto à ausência de empenhamento, contabilização e pagamento de obrigações


previdenciárias patronais, concorde destacado, da mesma forma, pelos técnicos do Tribunal,
fls. 218/219, constata-se que as contribuições securitárias devidas ao Instituto Nacional do
Seguro Social – INSS atingiram o montante de R$ 38.858,93 (22% sobre o total da despesa
com pessoal – R$ 176.631,49) e que o Poder Legislativo contabilizou como contribuições
previdenciárias patronais a soma de R$ 15.758,67. Contudo, conforme atestaram os
inspetores da Corte, a Câmara Municipal transferiu para o instituto, na verdade, apenas a
importância de R$ 4.430,08, visto que o valor de R$ 11.328,59 (Gastos com Combustíveis)
foi indevidamente registrado no ELEMENTO DE DESPESA 319013 (Obrigações Patronais),
fls. 204/217.

Por conseguinte, evidencia-se a ausência de repasse ao INSS no montante de R$ 34.428,85,


caracterizando flagrante transgressão ao disposto no art. 195, inciso I, alínea “a”, da
Lex Legum, c/c os arts. 15, inciso I, e 22, incisos I e II, alínea “b”, da Lei de Custeio da
Previdência Social (Lei Nacional n.º 8.212/91), respectivamente, in verbis:

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e
das seguintes contribuições sociais:

I – do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da


lei, incidentes sobre:

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados,


a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviços, mesmo sem vínculo
empregatício;

Art. 15. Considera-se:

I – empresa - a firma individual ou sociedade que assume o risco de


atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como
os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e
fundacional;

Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social,


além do disposto no art. 23, é de:

I – vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou


creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e
trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o
trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos
habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de
reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo
tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da
lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou
sentença normativa.
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II – para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da


Lei n.º 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do
grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos
ambientais do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas,
no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos:

a) (omissis)

b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante


esse risco seja considerado médio; (grifos nossos)

É importante frisar que a situação ora descrita, que diz respeito às contribuições
previdenciárias devidas pelo empregador e não recolhidas à Previdência Social, pode ser
enquadrada como ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública, conforme estabelece o art. 11, inciso I, da lei que trata das sanções
aplicáveis aos agentes públicos – Lei Nacional n.º 8.429, de 02 de junho de 1992 –,
verbatim:

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os


princípios da Administração Pública qualquer ação ou omissão que viole os
deveres da honestidade, imparcialidade, legalidade e a lealdade às
instituições, e notadamente:

I – praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso


daquele previsto, na regra de competência; (grifamos)

Em seguida, fl. 219, os especialistas deste Pretório de Contas apontaram uma carência de
disponibilidade de recursos para liquidar os compromissos assumidos no curto prazo. Ou
seja, após a inclusão das obrigações patronais não recolhidas ao INSS no cálculo dos
encargos a pagar de limitado período, informou a existência de uma insuficiência financeira
ao final do exercício na soma de R$ 34.428,85, tendo em vista a inexistência de saldo
disponível em 31 de dezembro de 2008.

Considerando ser 2008 o último ano do primeiro mandato do Vereador Célio Cordeiro Alves
como Chefe do Poder Legislativo da Urbe de São Vicente do Seridó/PB, tem-se caracterizada
flagrante transgressão ao estabelecido no art. 42 da reverenciada Lei Complementar
Nacional n.º 101/2000, verbo ad verbum:

Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos
últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair obrigações de
despesas que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que
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tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente
disponibilidade de caixa para este efeito.

Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa serão


considerados os encargos e despesas compromissadas a pagar até o final do
exercício. (destaques ausentes no texto de origem)

Além disso, é necessário salientar que a mácula ora mencionada, de tão grave, constitui
crime contra as finanças públicas previsto no art. 359-C do Código Penal brasileiro
(Decreto-lei n.º 2.848, de 07 de dezembro de 1940), incluído pela Lei Nacional n.º 10.028,
de 19 de outubro de 2000, verbum pro verbo:

Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois últimos


quadrimestres do último ano do mandato ou legislatura, cuja despesa não
possa ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste parcela a ser
paga no exercício seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de
disponibilidade de caixa:

Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

Em referência ao tema licitação, os técnicos desta Corte, fl. 196, entenderam inicialmente
como despesas não licitadas a importância de R$ 20.400,00, referente ao aluguel de um
automóvel ao SR. MÁRCIO MANOEL DE BRITO FILHO, e, em seguida, acolhendo a
documentação trazida aos autos pelo interessado, consideraram sanada a irregularidade.
Entrementes, em que pese o entendimento dos analistas do Tribunal, cabe destacar que o
Contrato n.º 02/2005, decorrente do procedimento de licitação na modalidade Convite
n.º 02/2005, não poderia ter seu prazo de vigência prorrogado, em 05 de dezembro de
2006, até 31 de dezembro de 2008, porquanto a locação de veículos não pode ser
enquadrada como despesa de natureza continuada da Câmara Municipal, ficando, portanto,
evidente o descumprimento ao disposto no art. 57, caput, da Lei Nacional n.º 8.666/93.

Logo, é importante assinalar que o gestor deveria ter realizado o devido certame licitatório,
pois a licitação é meio formalmente vinculado que proporciona à Administração Pública
melhores vantagens nos contratos e oferece aos administrados a oportunidade de participar
dos negócios públicos. Quando não realizada, representa séria ameaça aos princípios
constitucionais da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, bem
como da própria probidade administrativa.

Nesse diapasão, traz-se à baila pronunciamento da ilustre representante do


Parquet especializado, Dra. Sheyla Barreto Braga de Queiroz, nos autos do Processo TC
n.º 04981/00, ipsis litteris:
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A licitação é, antes de tudo, um escudo da moralidade e da ética


administrativa, pois, como certame promovido pelas entidades
governamentais a fim de escolher a proposta mais vantajosa às
conveniências públicas, procura proteger o Tesouro, evitando
favorecimentos condenáveis, combatendo o jogo de interesses escusos,
impedindo o enriquecimento ilícito custeado com o dinheiro do erário,
repelindo a promiscuidade administrativa e racionalizando os gastos e
investimentos dos recursos do Poder Público.

Merece ênfase, portanto, que a não realização do mencionado procedimento licitatório


exigível vai, desde a origem, de encontro ao preconizado na Constituição de República
Federativa do Brasil, especialmente o disciplinado no art. 37, inciso XXI, vejamos:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
e, também, ao seguinte:

I – (...)

XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,


compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação
pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com
cláusulas que estabeleçam obrigação de pagamento, mantidas as condições
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as
exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações. (grifo nosso)

Saliente-se que as hipóteses infraconstitucionais de dispensa e inexigibilidade de licitação


estão claramente disciplinadas na Lei Nacional n.º 8.666/93. Logo, é necessário comentar
que a não realização do certame, exceto nos restritos casos prenunciados na dita norma, é
algo que, de tão grave, consiste em crime previsto no art. 89 da própria Lei de Licitações e
Contratos Administrativos, verbum pro verbo:

Art. 89 – Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei,


ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à
inexigibilidade:

Pena – detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.

Parágrafo Único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo


comprovadamente concorrido para a consumação da ilegalidade,
beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ilegal, para celebrar contrato
com o Poder Público.
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Ademais, consoante previsto no art. 10, inciso VIII, da referida lei que dispõe sobre as
sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de
mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou
fundacional – Lei Nacional n.º 8.429, de 2 de junho de 1992 –, a dispensa indevida do
procedimento de licitação consiste em ato de improbidade administrativa que causa prejuízo
ao erário, in verbis:

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao


erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda
patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens
ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:

I – (...)

VIII – frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo


indevidamente; (destaque ausente no texto de origem)

Assim, diante das diversas transgressões a disposições normativas do direito objetivo pátrio,
decorrentes da conduta implementada pelo Chefe do Poder Legislativo da Comuna de São
Vicente do Seridó/PB, Sr. Célio Cordeiro Alves, durante o exercício financeiro de 2008, resta
configurada a necessidade imperiosa de imposição da multa de R$ 2.000,00, prevista no
art. 56, inciso II, da Lei Orgânica do TCE/PB (Lei Complementar Estadual n.º 18, de 13 de
julho de 1993) e devidamente regulamentada no Regimento Interno do TCE/PB – RITCE/PB,
pela Resolução Administrativa RA – TC – 13/2009, sendo o gestor enquadrado no seguinte
inciso do art. 168, do RITCE/PB, verbatim:

Art. 168. O Tribunal poderá aplicar multa de até R$ 4.150,00 (quatro mil,
cento e cinquenta reais) aos responsáveis pelas contas e pelos atos
indicados a seguir, observados os seguintes percentuais desse montante:

I – até 100% (cem por cento), por ato praticado com grave infração a
norma legal ou regulamentar de natureza contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial;

II – (...)

§ 1º. A multa prevista no caput deste artigo é pessoal e será aplicada


cumulativamente, com individualização de seu montante por irregularidade
apurada.
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Ex positis, proponho que o Tribunal de Contas do Estado da Paraíba:

1) Com fundamento no art. 71, inciso II, da Constituição Estadual, e no art. 1º, inciso I, da
Lei Complementar Estadual n.º 18/93, JULGUE IRREGULARES as contas de gestão do
ordenador de despesas da Câmara Municipal de São Vicente do Seridó/PB, durante o
exercício financeiro de 2008, Vereador Célio Cordeiro Alves.

2) APLIQUE MULTA ao gestor da Câmara de Vereadores de São Vicente do Seridó/PB,


Sr. Célio Cordeiro Alves, no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), com base no que dispõe o
art. 56, inciso II, da Lei Complementar Estadual n.º 18/93 – LOTCE/PB.

3) ASSINE o lapso temporal de 30 (trinta) dias para pagamento voluntário da penalidade ao


Fundo de Fiscalização Orçamentária e Financeira Municipal, conforme previsto no art. 3º,
alínea “a”, da Lei Estadual n.º 7.201, de 20 de dezembro de 2002, cabendo à Procuradoria
Geral do Estado da Paraíba, no interstício máximo de 30 (trinta) dias após o término daquele
período, velar pelo total adimplemento da deliberação, sob pena de intervenção do Ministério
Público Estadual, na hipótese de omissão, tal como previsto no art. 71, § 4º, da Constituição
do Estado da Paraíba, e na Súmula n.º 40 do eg. Tribunal de Justiça do Estado da
Paraíba – TJ/PB.

4) ENVIE recomendações no sentido de que o Presidente da referida Edilidade não repita as


irregularidades apontadas no relatório dos peritos da unidade técnica deste Tribunal e
observe, sempre, os preceitos constitucionais, legais e regulamentares pertinentes.

5) Com fulcro no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, caput, da Constituição Federal,
COMUNIQUE à Delegacia da Receita Federal do Brasil, em Campina Grande/PB, acerca da
carência de pagamento ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS da maior parte das
contribuições previdenciárias patronais devidas pela Casa Legislativa de São Vicente do
Seridó/PB, relativas à competência de 2008.

6) Também com base no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, cabeça, da Carta Magna,
REPRESENTE ao Conselho Regional de Contabilidade na Paraíba – CRC/PB a respeito da
conduta profissional adotada pelo responsável técnico pela contabilidade do Poder
Legislativo da Urbe de São Vicente do Seridó/PB, Dr. Sérgio Marcos Torres da Silva (registro
no CRC/PB n.º 3.091), de maneira especial, em razão do registro indevido do valor de
R$ 11.328,59 (Gastos com Combustíveis) no ELEMENTO DE DESPESA 319013 (Obrigações
Patronais), conforme destacado pelos peritos da Corte.

7) Igualmente com apoio no art. 71, inciso XI, c/c o art. 75, caput, da Lex Legum, REMETA
cópia das peças técnicas, fls. 196/202, 218/220 e 296/298, do parecer do Ministério Público
de Contas, fls. 300/306, e desta decisão à augusta Procuradoria Geral de Justiça do Estado,
para as providências cabíveis.

É a proposta.

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