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- CONTEXTO: No hospital psiquiátrico, o grupo formado por Sandra Fagundes (Ministério da Saúde),
Neuza Guareschi (Conselho Regional de Psicologia - CRP/07), e Károl Cabral (Fórum Gaúcho de Saúde
Mental – FGSM) foi recebido por uma psicóloga e pela responsável administrativa pela psiquiatria.
Ambas estavam bastante abatidas, pois além da tragédia vivida estavam sem dormir. Na conversa
apareceu o reconhecimento do despreparo da instituição e da equipe para atender adolescentes
dependentes de drogas, já que esse não é o trabalho cotidiano deles. Falaram do que foi feito para salvar
as pacientes: uma técnica de enfermagem entrou no quarto enrolada em um cobertor encharcado de água,
mas não conseguiu retirá-las. Sobre a evitabilidade e o que poderia ter sido feito, não foi possível falar,
estavam muito tomadas pela situação. Em seguida o grupo conversou com o Sr. Rodolfo de Brito, diretor
administrativo do complexo da Santa Casa. O administrador estava acompanhado pelo médico psiquiatra
Márcio Silveira. Rodolfo apresentou a defesa já constituída por eles. Relatou que o serviço é ótimo (tem
equipe multiprofissional, foram bem avaliados no PNASH, tem residência em psiquiatria), que são
referência (para todo estado e Santa Catarina) e que esta tragédia só ocorreu porque o judiciário manda
internar de forma compulsória e eles são obrigados a acatar a ordem do juiz. Mostrou os ofícios enviados
pelo judiciário e também as comunicações que eles (administração e psiquiatras) haviam feito, pois duas
das meninas estavam de ALTA e os juízes de Nonoai e de Cruz Alta ordenaram a permanência no
hospital. Também foi apresentada uma foto aérea do local (para mostrar que os bombeiros não tiveram
dificuldades de acesso, como estava escrito nos jornais) e explicada desta forma o ocorrido: <...> às
22h50 começou o incêndio. A equipe estava completa. A médica de plantão que estava realizando um
atendimento foi auxiliar o recepcionista e a técnica de enfermagem, assim como outros profissionais a
retirar os pacientes. As gurias que colocaram fogo estavam dentro do quarto, foram convocadas
verbalmente, mas não quiseram sair. Os profissionais abriram a porta, mas aí o fogo aumentou e não foi
possível o resgate. Uma das técnicas tentou entrar, mas não conseguiu e ainda está com ferimentos de
queimadura (ficou chamuscada, não ferida). Os bombeiros, assim como eu e outros profissionais
também chegamos e em 20 minutos o fogo foi debelado, mas as meninas estavam carbonizadas. A perícia
interditou os quatro últimos quartos da enfermaria e os demais já estão sendo habilitados: pintura,
arrumações necessárias (o que se constitui em problema para uma fiscalização ou nova avaliação. A
equipe deu 12 altas na sexta. Nenhum momento fez alguma reflexão sobre as decisões tomadas: colocar
as meninas no mesmo quarto, se tiveram os cuidados necessários (os trabalhadores fizeram, mas estavam
na defensiva para falar mais).
- FONTE DAS INFORMAÇÕES: Relatório elaborado pela comitiva formada pelo CRP/RS, Ministério
da Saúde e Fórum Gaúcho de Saúde Mental, realizado no dia 7/7/2006 para averiguar o caso de incêndio
no Hospital Psiquiátrico da Santa Casa de Rio Grande.