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François Houtart critica a agroenergia como solução para a crise climática e energética no livro "A agroenergia: solução para o clima ou saída da crise para o capital?". Ele argumenta que as energias renováveis beneficiam principalmente o capital e ignoram fatores sociais e ambientais. O livro analisa os impactos econômicos, geopolíticos e ambientais dos agrocombustíveis e propõe soluções baseadas em fontes renováveis, redução do consumo de energia fóssil e desenvolvimento pós-capitalista
Originalbeschreibung:
Texto sobre as relações entre mudanças climáticas e enrgia.
Originaltitel
A Agroenergia: Solução para o Clima ou Saída da Crise para o Capital?
François Houtart critica a agroenergia como solução para a crise climática e energética no livro "A agroenergia: solução para o clima ou saída da crise para o capital?". Ele argumenta que as energias renováveis beneficiam principalmente o capital e ignoram fatores sociais e ambientais. O livro analisa os impactos econômicos, geopolíticos e ambientais dos agrocombustíveis e propõe soluções baseadas em fontes renováveis, redução do consumo de energia fóssil e desenvolvimento pós-capitalista
François Houtart critica a agroenergia como solução para a crise climática e energética no livro "A agroenergia: solução para o clima ou saída da crise para o capital?". Ele argumenta que as energias renováveis beneficiam principalmente o capital e ignoram fatores sociais e ambientais. O livro analisa os impactos econômicos, geopolíticos e ambientais dos agrocombustíveis e propõe soluções baseadas em fontes renováveis, redução do consumo de energia fóssil e desenvolvimento pós-capitalista
HOUTART, Franois. A agroenergia: soluo para o clima ou sada da crise para o capital? Francisco Mors (trad.). Petrpolis: Vozes, 2010.
A agroenergia e a crise climtica sob o olhar sociopoltico e
crtico de Franois Houtart NEILO MRCIO SILVA VAZ*
Franois Houtart nasceu em 7 de maro
de 1925 em Bruxelas. Cursou Filosofia e Teologia no Seminrio de Malines (1944-1949), sendo ordenado sacerdote nessa mesma localidade em 1949. Em 1952, licenciou-se em Cincias Polticas e Sociais pela Universidade de Louvain. urbanista pela Universidade de Bruxelas e ps-graduado em Sociologia pelas universidades de Chicago e Indiana. doutor em Sociologia pela Universidade de Louvain. Foi professor visitante nas Universidades de Montreal (1953), Buenos Aires (1954), Tilburg (19561957), Birmingham (1970), Sherbrooke (1972) e de Mangua (1983-1990). professor Emrito da Universidade Catlica de Louvain e doutor honoris causa das universidades de Notre Dame (USA) e La Havana (Cuba). Seus trabalhos de pesquisa e consultorias centram-se na Sociologia da Religio, tendo trabalhado em pases dos cinco continentes. Nos ltimos anos, tem se dedicado a estudos de Sociologia Rural e mais recentemente Sociologia da Mundializao.
Na obra A agroenergia: soluo para o
clima ou sada da crise para o capital? traduzido por Francisco Mors e publicado no Brasil em 2010, apresenta um olhar ampliado e crtico acerca da crise energtica e climtica, formulando questionamentos em torno das novas energias, principalmente no que tange o problema dos agrocombustveis. Com um carter interdisciplinar, dialoga com reas fora do mbito das Cincias Sociais como Bioengenharia, Cincias Agronmicas e Comunicao Social, mantendo uma centralidade analtica de cunho sociopoltico acerca da relao das novas energias e da crise climtica, constituindo-se em um exerccio crtico, que matiza, luz da cincia, essa temtica que suscita to diversificadas opinies, experincias e interpretaes ao redor do mundo. O livro est organizado em trs partes, desenvolvidas ao longo de nove captulos, nos quais aborda as dimenses econmicas, geopolticas e ambientais envolvidas. As duas primeiras tratam do clima e das energias ditas renovveis, especialmente os
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agrocombustveis no mbito dos pases
em desenvolvimento. Na terceira parte, tece uma anlise acerca dos elementos sociopolticos estruturantes dessa nova produo, culminando com a apresentao daquilo que denomina como uma proposta de solues radicais (HOUTART, 2010, p. 10). No primeiro captulo energia e desenvolvimento realizada uma contextualizao histrica acerca da relao entre a temtica da energia e do desenvolvimento do processo de reproduo do sistema capitalista. A argumentao centra-se na demonstrao das evidncias acerca da estreita relao entre os temas e de como historicamente as externalidades ambientais e sociais, envolvidas nos processos produtivos, so relegadas a um segundo plano. Segundo Houtart, h evidncias para afirmar que a ignorncia dos fatores nacionais e sociais, como foi o caso do carvo, do petrleo ou do arroz, corre o risco de se repetir na agroenergia, caso no acionemos em tempo o sinal de alerta (HOUTART, 2010, p. 31). No segundo as crises energtica e climtica em um primeiro momento o autor discorre sobre os principais elementos que compem a questo da crise energtica, focando a discusso em torno das energias no renovveis, no caso, o petrleo, o gs, o carvo e o urnio. Num segundo momento, trata da crise climtica, enfocando o papel do gs do efeito estufa, o enfraquecimento dos poos de carbono, o aumento das temperaturas, a questo dos clorofluorcarbonos, os efeitos das mudanas climticas e o papel da Organizao das Naes Unidas. No terceiro captulo, intitulado o discurso neoliberal sobre as mudanas climticas,
realizado um desvelamento dos posicionamentos
neoliberais sobre a questo da crise
climtica. Inicialmente o autor demonstra que apesar da notoriedade da questo, h uma tentativa de deslegitimao do vis cientfico e a imposio de uma viso neoliberal sobre a temtica que, na viso de Houtart, relaciona-se incorporao da questo ambiental no mbito mercadolgico, de forma que os mecanismos econmicos sejam capazes de geri-la, significando a reproduo das desigualdades norte/sul construdas historicamente. Ao final deste captulo, o autor aponta as lacunas dessa perspectiva neoliberal, dizendo respeito: a) pretenso de um regime de reduo baseado em direitos de propriedade, em detrimento de responsabilidades; b) orientao para eficcia e no para equidade na partilha dos encargos; c) incapacidade em estimar os dividendos ou as penalidades em funo da ao ou inao sobre as mudanas climticas e d) desconsiderao das diferentes condies histricas dos pases em desenvolvimento. No captulo quatro, so discutidas as principais caractersticas dos agrocarburantes e dos diversos tipos de energia, tendo-se uma diferenciao entre os agrocarburantes de primeira e segunda gerao. No quinto, h a contextualizao da situao do etanol nos casos dos pases do norte, do Brasil e de outros pases do Sul. O sexto trata da produo do agrodiesel a partir da palmeira oleaginosa, da jatropa curcas (oleaginosa adaptada s savanas e ecossistemas marginais dos pases em desenvolvimento) e similares. Ainda neste captulo traa um quadro sobre os programas de produo desenvolvidos contemporaneamente na sia e frica. O stimo captulo trata dos efeitos colaterais dos agrocarburantes sobre as guas, os solos, o meio ambiente global, bem como os seus efeitos sociais. O
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oitavo captulo as dimenses
socioeconmicas da agroenergia destinado anlise dos principais aspectos socioeconmicos envolvidos na produo dos agrocarburantes, articulando a discusso da agroenergia com a ideia de modelo de desenvolvimento. Na nona e ltima seo, apresentado o conjunto das pistas de soluo da crise, implicando adoo de medidas relacionadas diminuio do consumo de energia fssil, o uso de fontes energticas renovveis e uso comedido dos agrocarburantes. Ao final, apresenta um conjunto de pressupostos de ordem sociolgica, econmica e filosfico-
poltica que, no seu entendimento,
devero compor uma lgica de desenvolvimento ps-capitalista, marcada pelo uso durvel dos recursos naturais, na prioridade do valor de uso sobre o valor de troca, na generalizao da democracia e na interculturalidade. A ampla abrangncia analtica e a interdisciplinariedade so marcas centrais da proposta desenvolvida pelo autor, o que confere obra a densidade e abrangncias necessrias para que se constitua em uma importante ferramenta para compreenso sociopoltica crtica da questo socioambiental contempornea.
NEILO MRCIO SILVA VAZ
mestrando em Cincias Sociais junto ao PPGCS/UFPEL.
A Economia Circular Como Instrumento para o Desenvolvimento Econômico, Ambiental e Social Sustentável - Desafios para A Gestão e Gerenciamento Dos Resíduos Sólidos