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Comentários:
O Poder Constituinte que deriva da própria constituição é o Poder Constituinte Derivado (ou
Reformador), que é estabelecido, disciplinado e limitado pela própria Constituição. Já o Poder
Constituinte Originário é constituído quando da elaboração de um novo texto constitucional, em
substituição ao existente, não guardando qualquer vínculo ou relação com o texto constitucional que
futuramente irá substituir. Pode-se até pensar que a existência do Poder Constituinte Originário é
mesmo incompatível com o texto constitucional vigente, que só prevê o Poder Reformador.
Geralmente o poder constituinte originário surge como fruto de uma mudança política. No Brasil,
momentos marcantes como a tomada do poder por Getúlio Vargas (anos 30) e a Revolução (ou Golpe)
dos militares (anos 60), provocaram o surgimento de novas Constituições. Neste caso, as constituições
foram outorgadas, ou seja, foram impostas à população sem que esta participasse de sua elaboração.
Quando a população participa, por meio da eleição dos membros responsáveis pela elaboração do
novo texto constitucional, diz-se que a constituição é popular.
Desta forma, dificilmente o poder constituinte originário popular poderá ser exercido sob estado
de sítio, entretanto, nada impede que, na vigência de tal situação, seja outorgada uma nova
constituição à população.
Da mesma maneira, por não guardar respeito ao status quo ante, pode perfeitamente
determinar a existência da pena de morte. Aliás, esta possibilidade existe mesmo em nosso texto
o
constitucional, elaborado de forma popular: o art. 5 , XLVII, a, estabelece: “não haverá penas de morte,
salvo em caso de guerra declarada...”.
Gabarito: D
Comentários:
A prestação de contas e dever de qualquer pessoa – física ou jurídica – que se encontre na
administração de bens públicos (CF 70 § único). A administração é função típica do poder executivo,
e a prestação de contas se dá em dois estágios: um primeiro, chamado de controle interno, onde o
próprio poder executivo verifica a concordância entre os gastos realizados e os previstos no orçamento,
através da prestação de contas de sua administração.
Em um segundo momento, esta prestação de contas é submetida a um controle externo, que
de acordo com o art. 71 CF cabe ao poder legislativo. Neste contexto, os Tribunais de Contas são
órgãos auxiliares do poder legislativo, na tarefa de fiscalização do poder executivo, encarregados da
fiscalização contábil e financeira da administração direta e indireta (71, IV, CF), dentre outras
atribuições (71 CF).
Gabarito: D
Comentários:
o
A constituição federal garante aos cidadãos a inviolabilidade do domicílio (art. 5 , XI). Neste mesmo
inciso, prevê ainda três hipóteses em que fica afastado tal direito:
- no caso de flagrante delito ou desastre (e não no caso de haver sido cometido um crime);
- no caso da prestação de socorro;
- por determinação judicial, desde que se dê “durante o dia” (e não a qualquer tempo).
Entretanto, diante de grave crise institucional, ou diante de guerra, a constituição prevê uma espécie de
regime de exceção legalizado, que é o estado de sítio. Na vigência do estado de sítio pode ocorrer a
suspensão de garantias constitucionais, inclusive, expressamente, a de inviolabilidade de domicílio (139 V).
Já a intervenção federal visa, sobretudo, a manutenção do pacto federativo, não se caracterizando pela
supressão de garantias constitucionais dos indivíduos.
Gabarito: C
Comentários:
o
Com o intuito de preservar a ordem social, o inciso XXXVI do art. 5 estabelece que “a lei não prejudicará o
direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. Sendo assim, qualquer alteração na legislação
vigente, através de qualquer espécie de norma jurídica, sem exceção, não pode ter efeito retroativo de
modo a alterar o que foi legalmente constituído – seja uma sentença, um negócio ou qualquer outro direito.
Particularmente com relação ao direito adquirido, que possui um conceito muito mais impreciso do que a
coisa julgada e o ato jurídico perfeito, dando margens a boas discussões, em muitas ocasiões tem sido alegada
a violação destas garantias pelo legislador. Foi o que ocorreu no caso da reforma administrativa, e também no
caso da reforma da previdência, onde o governo alterou regras que, para grande parte dos envolvidos,
representou sob seus pontos de vista uma perda de direito adquirido (fim da estabilidade, alteração nos critérios
para aposentadoria, por exemplo).
A LICC declara que se consideram adquiridos os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa
exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo prefixo, ou condição preestabelecida inalterável, a
arbítrio de outrem (art. 6º, § 2º); se o direito subjetivo não foi exercido, vindo a lei nova, transforma-se em direito
adquirido, porque era direito exercitável e exigível à vontade de seu titular, independente na natureza
hierárquica do novo texto legal.
Gabarito: A
Comentários:
O transporte coletivo municipal de passageiros é, efetivamente, um assunto de interesse local dos
municípios, e como tal, a competência de legislar sobre ele compete ao próprio município (30, I, CF), em função
de sua autonomia política (legislativa).
Evidentemente, pode-se pensar que, em regulamentando a matéria, o município estará suplementando a
legislação da União, e de certa forma está, na medida em que tal regulamentação deve atender o Código
Nacional de Transito, a Lei das Licitações, etc.
Entretanto, deve-se lembrar que a autonomia dos estados e municípios, seja ela administrativa, política,
financeira ou legislativa, será sempre relativa, pois estará sempre condicionada ao disposto na Constituição
Federal. Mas isto, de forma nenhuma, afasta a competência dos municípios para legislar sobre os assuntos de
interesse local. No caso da questão, a ênfase em transporte coletivo municipal vai de encontro à idéia de
assunto de interesse local, fornecendo indícios da resposta desejada pelo examinador e afastando eventuais
recursos ao gabarito.
Gabarito: C
Comentários:
O art. 173 CF estabelece as exceções em que o Estado poderá atuar como empresário, estabelecendo
como regra a não intervenção do estado no domínio econômico como empresário. São duas as
hipóteses: a) quando necessária a intervenção aos imperativos da segurança nacional (fábrica de armas, por
exemplo), e b) por relevante interesse coletivo (os Correios, à época de sua criação, poderiam ser enquadrados
como tal). Em ambas situações, as circunstâncias que motivam a intervenção do estado como empreendedor
devem ser definidas em lei como tais.
Adicionalmente, o art. 177 CF estabelece o monopólio de atividades – relacionadas à pesquisa,
processamento e transporte do petróleo e de materiais radioativos - por parte da União, estabelecendo que
tais atividades possam ser desempenhadas por empresas estatais ou privadas (concessionárias,
permissionárias), adicionando uma nova exceção ao art. 173.
Com relação às alternativas, o imperativo de serviço público é incumbência do Estado (175 CF), não
se caracterizando como atividade empresarial. Desta forma, quando o estado o realiza não está agindo como
empresário, e sim realizando seu papel de Estado. Da mesma forma, poderá agir por determinação de lei
infraconstitucional apenas nas hipóteses previstas pela constituição, que não abrangem a defesa da função
social da propriedade, que é um princípio geral da atividade econômica (170, III), que o estado visa assegurar
através de outros meios, como a desapropriação (184 CF).
Gabarito: B
Comentários:
o
O art. 3 IV da CF proíbe a discriminação em razão de origem, raça, sexo, cor e idade, dentre outras
formas de discriminação existentes. Por outro lado, o art. 37, I, estabelece o livre acesso aos cargos, empregos
e funções públicas aos brasileiros que atendam os requisitos fixados em lei. Ora, se não existe o requisito de
idade nem na esfera da União e nem na esfera do Estado, desde que o advogado cumpra os demais requisitos
estabelecidos em lei, nada impede que ele seja nomeado. De qualquer forma, ele será aposentado,
compulsoriamente, aos 70 anos de idade (93, VI e 40, II).
Gabarito: B
Comentários:
o
O art. 36 §1 da CF estabelece que o decreto de intervenção seja submetido à aprovação do Congresso
Nacional (e não do STF) no prazo de 24 horas. No caso em questão, a intervenção não se dá em razão de
uma ação do Estado-Membro, mas sim de uma omissão – deixar de pagar os precatórios – de forma a não
haver ato a ser suspenso.
o
Realmente, a constituição prevê esta modalidade (suspensão do ato) de intervenção (36 §3 ), que inclusive
dispensa a apreciação do decreto pelo Congresso, caso o problema possa ser resolvido através da suspensão
do ato que motiva a intervenção, que não é o caso.
Finalmente, a aprovação de Emenda Constitucional para adequar o art. 100 à condição específica de um
Estado-Membro, por si só, não se justifica no contexto da questão (Posto isto:...). Embora seja inegável que o
Congresso tenha competência para realizar tal tarefa, é implausível que o faça movido pelo interesse exclusivo
de um Estado-Membro.
Gabarito: A
Comentários:
O art. 24 CF estabelece as hipóteses de competência comum (ou concorrente) entre os Estados, Distrito
Federal e a União. Dentre elas, incluem-se as do inciso IX: educação, cultura, ensino e desporto. Logo, pode o
Estado-Membro legislar amplamente sobre a nova modalidade. Entretanto, se supervenientemente a matéria
o
for disciplinada pela União, fica a lei estadual revogada no que lhe for contrário (§ 4 ).
Sobre o desporto, a União editou, recentemente, lei que estabelece normas gerais sobre o desporto (Lei
8672/93), ficando os Estados-Membros, desde então, limitados a legislarem suplementarmente sobre o tema,
observando as normas gerais estabelecidas na lei.
Gabarito: C
10. Projeto de lei estadual, disciplinando as atribuições dos órgãos integrantes da Administração
Pública Estadual, é vetado pelo Governador do Estado por vício de iniciativa. A rejeição do veto
governamental pela Assembléia Legislativa
A. convalida eventual vício no processo legislativo.
B. usurpa a iniciativa legislativa exclusiva do Governador.
C. restaura a autonomia do Poder Legislativo.
D. traduz vício jurídico que impede a vigência do ato legislativo.
Comentários:
Quando um projeto de lei é aprovado pelo poder legislativo, em certos casos (de acordo com a
Constituição do Estado-Membro) a lei resultante será submetida à sanção ou veto por parte do chefe do
executivo. A sanção – que pode ser tácita ou expressa – equivale à concordância do administrador com o
conteúdo da lei, enquanto que o veto, que sempre é expresso, equivale à sua discordância. O veto pode ser
parcial ou total, caso a discordância seja referente ao texto como um todo ou a apenas alguns itens (apenas
itens inteiros: alíneas, parágrafos, artigos, etc...). Uma vez sancionado, o projeto segue para promulgação e
publicação, tornando-se uma lei. Entretanto, quando o projeto de lei é vetado pelo executivo, o parlamento
pode, mediante aprovação da maioria absoluta de seus membros (no caso do Congresso Nacional a votação
é em sessão conjunta), derrubar o veto, anulando seu efeito. Uma vez rejeitado o veto, o projeto de lei segue
para promulgação e publicação, gerando efeitos de forma idêntica ao sancionado.
Entretanto, a lei estará sempre submetida ao controle de constitucionalidade, uma vez que, por ser
lei, necessariamente se submete à constituição. O controle de constitucionalidade – em nosso país exercido
pelo poder judiciário (nas modalidades difuso e concentrado) – irá aferir a existência de vícios na lei, que se
constatada pode acarretar a nulidade absoluta ou relativa da lei (dependendo da modalidade de controle de
constitucionalidade empregada). Estes vícios poder ser com referência à forma – os vícios formais – ou com
referência à matéria abordada pela lei – os vícios materiais.
Os vícios formais podem ser objetivos – no caso em que não obedecem ao processo de elaboração
da norma, por desrespeito ao processo ou ao procedimento legislativo específico, ou subjetivos, quando se
refere à competência para propor ou executar a elaboração da norma, como é o caso da questão, o chamado
vício de iniciativa.
Gabarito: B