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TEMPO PASCAL. TERCEIRA SEMANA.

SÁBADO

67. O EXAME PARTICULAR


– Para sermos fiéis ao Senhor, temos que lutar todos os dias. O “exame particular”.

– Fim e matéria do “exame particular”.

– Constância na luta. A fidelidade nos momentos difíceis forja-se todos os dias naquilo que
parece pequeno.

I. A PROMESSA da Sagrada Eucaristia na sinagoga de Cafarnaum


provocou discussões e escândalos. Perante uma verdade tão maravilhosa,
uma boa parte dos discípulos do Senhor deixou de segui-lo: Desde então –
relata São João no Evangelho da Missa – muitos dos seus discípulos se
retiraram e já não andavam com Ele1.

Diante da maravilha da sua entrega na Comunhão eucarística, os homens


respondem virando-lhe as costas. Não é a multidão, mas os discípulos que o
abandonam. Os Doze permanecem, são fiéis ao seu Mestre e Senhor.
Possivelmente, eles também não compreenderam bem naquele dia o que o
Senhor lhes prometia, mas permaneceram com Ele. Por que ficaram? Por que
foram leais naquele momento de deslealdade? Porque uma profunda amizade
os unia a Jesus, porque conversavam familiarmente com Ele todos os dias e
haviam compreendido que Ele tinha palavras de vida eterna; porque o
amavam profundamente. Aonde iremos?, diz Pedro quando o Senhor lhes
pergunta se eles também querem ir-se embora: Senhor, a quem iríamos nós?
Tu tens palavras de vida eterna. E nós cremos e sabemos que tu és o Santo
de Deus2.

Nós, cristãos, vivemos numa época privilegiada para dar testemunho dessa
virtude tão pouco valorizada que é a fidelidade. Vemos com frequência como
se quebra a lealdade na vida conjugal, nos compromissos assumidos, como
se é infiel à doutrina e à pessoa de Cristo. Os Apóstolos mostram-nos que
esta virtude se baseia no amor; eles são fiéis porque amam a Cristo. É o amor
que os induz a permanecer ao lado do Senhor no meio das deserções. Só um
deles o trairá mais tarde, porque tinha deixado de amar. Por isso o Papa João
Paulo II nos aconselha: “Procurai Jesus, esforçando-vos por conseguir uma fé
pessoal profunda que informe e oriente toda a vossa vida; mas sobretudo que
o vosso compromisso e o vosso programa sejam amar a Jesus, com um amor
sincero, autêntico e pessoal. Ele deve ser o vosso amigo e o vosso apoio no
caminho da vida. Só Ele tem palavras de vida eterna” 3. Ninguém mais fora
d’Ele.

Enquanto estivermos neste mundo, a nossa vida será uma luta constante
entre amar a Cristo e deixar-nos levar pela tibieza, pelas paixões ou por um
aburguesamento que mata todo o amor. A fidelidade a Cristo forja-se na luta
contra tudo o que nos afasta d’Ele, no esforço por progredir nas virtudes.
Então seremos fiéis tanto nos momentos bons como nas épocas difíceis,
quando nos parecer que são poucos os que permanecem junto do Senhor.

Para nos mantermos numa fidelidade firme ao Senhor, é necessário que


lutemos a cada instante, com espírito alegre, ainda que as batalhas sejam
pequenas. E uma manifestação desse desejo de nos aproximarmos todos os
dias um pouco mais de Deus, de amá-lo cada vez mais, é o exame particular,
que nos ajuda a combater com eficácia os defeitos e obstáculos que nos
separam de Cristo e dos nossos irmãos, os homens, e nos permite adquirir
virtudes e hábitos que limam as nossas arestas no relacionamento com o
Senhor.

O exame particular concretiza-nos as nossas metas da vida interior e leva-


nos a atingir, com a ajuda da graça, uma quota determinada e específica
dessa montanha que é a santidade, ou a expulsar um inimigo, talvez pequeno
mas bem apetrechado, que causa inúmeros estragos e retrocessos. “O
exame geral assemelha-se à defesa. – O particular, ao ataque. – O primeiro é
a armadura. O segundo, espada toledana”4, de aço penetrante.

Hoje, enquanto dizemos ao Senhor que queremos ser-lhe fiéis, devemos


também perguntar-nos na sua presença: são grandes os meus desejos de
progredir no seu amor? Concretizo esses desejos de luta num ponto
específico que possa ser objecto do meu exame particular?

II. MEDIANTE O EXAME GERAL, chegamos a conhecer as razões últimas


do nosso comportamento; através do exame particular, procuramos os
remédios eficazes para combater determinado defeito ou para crescer em
determinada virtude. Este exame, breve e frequente ao longo do dia, em
momentos concretos, deve ter uma finalidade muito precisa. “Com o exame
particular tens de procurar directamente adquirir uma virtude determinada ou
arrancar o defeito que te domina”5.

Por vezes, o seu objecto será “derrubar o nosso Golias, isto é, a paixão
dominante”6, aquilo que mais sobressai como defeito no nosso
comportamento, aquilo que mais prejudica a nossa amizade com o Senhor ou
a caridade com o próximo. “Quando alguém se vê especialmente dominado
por um defeito, deve armar-se somente contra esse inimigo, e tratar de
combatê-lo antes de lutar com os demais [...], pois, enquanto não o tiver
vencido, deitará a perder os frutos da vitória conseguida sobre os demais”7. É
por isso que é tão importante conhecermo-nos bem e darmo-nos a conhecer
na direcção espiritual, que é o momento em que normalmente determinamos
a matéria desse exame.

Como nem todos temos os mesmos defeitos, “torna-se necessário que


cada um batalhe conforme o tipo de dificuldade que o acossa”8. Podem ser
temas do nosso exame particular: cuidar de ser pontuais a todo o momento, a
começar pela hora de nos levantarmos, de iniciar a nossa oração, de assistir
à Santa Missa...; ser pacientes connosco próprios, com os defeitos dos
nossos familiares ou dos que colaboram connosco no trabalho; suprimir pela
raiz o hábito de murmurar e contribuir para que não se murmure na nossa
presença; combater as nossas brusquidões no relacionamento ou a falta de
interesse pelas necessidades do próximo; crescer na virtude da gratidão, de
tal maneira que saibamos agradecer também os pequenos serviços da vida
quotidiana; ser ordenados na distribuição do tempo, nos livros ou
instrumentos de trabalho, nas coisas de uso pessoal...

Ainda que por vezes o objecto do nosso exame particular possa ser
formulado em termos negativos, como uma resistência ao mal, o melhor meio
de alcançá-lo será praticarmos a virtude contrária ao defeito que procuramos
desarreigar: cultivar a humildade para vencer a ânsia de ser o centro de tudo
ou de receber contínuos elogios e louvores; procurar viver habitualmente na
presença de Deus para evitar as palavras precipitadas, as faltas de caridade...
Deste modo a luta interior torna-se mais eficaz e atractiva. “O movimento da
alma para o bem é mais forte do que aquele que se propõe afastá-la do mal”9.

Antes de fixarmos a matéria do nosso exame particular, devemos pedir


luzes ao Senhor para saber em que coisas Ele quer que lutemos: Domine, ut
videam!10, Senhor, que eu veja!, podemos dizer-lhe como o cego de Jericó. E
pedir ajuda ao sacerdote a quem confiamos a direcção da nossa alma.

III. A MANEIRA DE CONCRETIZAR o exame particular é uma tarefa


pessoal. Para uns – pela sua tendência para as coisas vagas e para as
generalidades –, será necessário detalhá-lo muito e montar uma contabilidade
rigorosa; para outros, isso poderia ser motivo de complicações e criar
problemas onde não deve havê-los. Se nos esforçarmos por dar-nos a
conhecer, a direcção espiritual poderá vir em nossa ajuda neste ponto.

Não nos devemos surpreender se demoramos um certo tempo a alcançar o


objecto do nosso exame particular. Se estiver bem escolhido, o normal será
que incida sobre um defeito arraigado, e que, portanto, seja necessária uma
luta paciente, que nos leve a recomeçar muitas vezes, sem desânimos. Nesse
começar novamente, com a ajuda do Senhor, vamos firmando bem os
alicerces da humildade. Só saberemos manter vivo o exame particular se
tivermos uma constância humilde. O amor – que é inventivo – achará todos os
dias a maneira de tornar novo esse mesmo ponto de luta, porque nele
procuraremos não tanto superar-nos como amar o Senhor, tirar todos os
obstáculos que dificultam a nossa amizade com Ele e, portanto, o que nos
separa dos outros. Teremos ocasião de fazer muitos actos de contrição pelas
derrotas e de dar graças pelas vitórias.

A luta num exame particular concreto, dia após dia, é o melhor remédio
contra a tibieza e o aburguesamento. Que grande coisa seria se o nosso Anjo
da Guarda pudesse testemunhar no fim da nossa vida que lutamos todos os
dias, ainda que nem tudo tenham sido vitórias!

A fidelidade cheia de fortaleza nos momentos difíceis forja-se naquilo que


parece pequeno. “Devemos convencer-nos de que o maior inimigo da rocha
não é a picareta ou o machado, nem o golpe de qualquer outro instrumento,
por mais contundente que seja: é essa água miúda, que se infiltra, gota a
gota, por entre as fendas do penhasco, até arruinar a sua estrutura. O maior
perigo para o cristão é desprezar a luta nessas escaramuças que calam
pouco a pouco na alma, até a tornarem frouxa, quebradiça”11.

Ao terminarmos a nossa oração, dizemos ao Senhor como Pedro: Senhor,


a quem iríamos nós? Tu tens palavras de vida eterna. Sem Ti ficamos sem
Caminho, sem Verdade e sem Vida. É uma esplêndida jaculatória que
podemos repetir muitas vezes, mas especialmente à hora da luta.

Pedimos a Nossa Senhora, Virgo fidelis, que nos ajude a ser fiéis, a lutar
todos os dias por tirar os obstáculos, bem concretos, que nos separam do seu
Filho.

(1) Jo 6, 66; (2) Jo 6, 69; (3) João Paulo II, Discurso, 30-I-1979; (4) São Josemaría Escrivá,
Caminho, n. 238; (5) ib., n. 241; (6) J. Tissot, A vida interior; (7) São João Clímaco, Escada
do paraíso, 15; (8) Cassiano, Colações, 5, 27; (9) São Tomás, Suma Teológica, 1-2, q. 29, a.
3; (10) cfr. Mc 10, 48; (11) São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 77.

(Fonte: Website de Francisco Fernández Carvajal AQUI)

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